Saint Seiya Sanctuary Battle – Aí sim fomos surpreendidos novamente!

Quer dizer… ao menos eu fui!

Quando as notícias sobre esse jogo começaram a chegar eu não perdi tempo em torcer o nariz para a proposta que vinha junto com ele. Afinal é Dynasty Warriors travestido de Saint Seiya, Dynasty Warriors travestido de One Piece, Dynasty Warriors travestido de Bleach (a pior de todas as experiências diga-se de passagem) e eu não tenho dúvidas de que a gente ainda vai ver muito anime pegando essa fila.

Só que o tempo passou e os vídeos foram amolecendo esse meu coração de fã incondicional dessa série, até que pouco a pouco eu me vi totalmente hypado esperando pelo lançamento oficial por aqui. Quem estava mais atento ao blog na época deve ter visto essa postagem aqui feita um dia depois de eu garantir a minha cópia no mesmo dia em que o evento na Saraiva do Shopping Center Norte rolava.

A partir dali eu me toquei que não valia muito a pena criticar as produtoras japonesas por apostar sempre nessa mesma moeda. Primeiro porque uma coisa é você jogar pelo YouTube (se é que vocês estão me entendendo) e outra bem diferente é ter o jogo em mãos, conferir de perto a ambientação, sentir as mecânicas e coisa e tal. Segundo pela questão do apelo que um jogo desse tipo provoca em cada um. A coisa pode ser a maior porcaria do mundo pra geral e mesmo assim, se tu for fã de VERDADE, você não vai deixar de conferir, nem mesmo por um decreto ou que te amarrem pra que isso não aconteça.

E foi assim que eu resolvi encarar Saint Seiya Sanctuary Battle. Com a mente aberta e totalmente disposto a relevar o que quer que eu visse que não fosse do meu agrado. Mas eu tive uma grande surpresa durante o processo. Aliás uma não, duas, três, quatro…

A primeira coisa que eu preciso elogiar nesse jogo e que me surpreendeu de forma extremamente positiva é o gameplay. Ele nunca cai na mesmice. E não é só porque você tem cinco cavaleiros diferentes com movimentos totalmente distintos entre si pra jogar, mas sim porque o game é muito mais versátil e dinâmico do que os vídeos de divulgação aparentam.

A mistura dos botões para a grande maioria dos combos (SIM, temos combos e muitos) não é nenhum bicho de sete cabeças. Com o quadrado e o triângulo qualquer um se diverte fazendo até o que não pretendia fazer. Fora que a medida que o jogo avança novas combinações vão aparecendo. Eu mesmo ainda não consegui ver tudo que o jogo tem pra mostrar, mas acredito que pelo menos uns 6 combos envolvendo golpes físicos estão na lista de comandos de cada cavaleiro de bronze. A rapaziada de ouro também deve seguir pelo mesmo caminho, mas como não joguei com nenhum deles não posso afirmar.

Também tem os especiais, 3 pra cada com direito a 1 que abre as animações do jogo e lembram muito os jogos do PlayStation 2. O Seiya é o único que já começa tendo todos à sua disposição: Meteóro de Pégaso, Cometa de Pégaso e o Turbilhão de… Pégaso também, oras (e o que mais seria?). O resto do pessoal segue com apenas 2 especiais, o último só vai ser desbloqueado lá pro final do jogo afim de respeitar a cronologia dos fatos pertinentes à saga do santuário como a bem conhecemos.

Os produtores também bolaram um sistema simples, mas bem meia sola, de evolução dos personagens com vários atributos que não me convenceu muito. Lá tinha força, cosmo e… sorte (?) para serem evoluídos, mas a grande questão é que essas melhorias não parecem fazer diferença em momento nenhum do jogo. Nem na hora em que o couro come solto pra cima dos soldadinhos de chumbo do santuário e menos ainda contra os chefões (também conhecidos como os cavaleiros de ouro, tá gente?).

Na verdade o que se ganha de experiência (aqui chamados de pontos PC se bem me lembro…) foi tão pequeno que quando eu olhei toda a lista de atributos a serem evoluídos desisti na mesma hora e resolvi me concentrar só nos ataques especiais. O resto realmente não parecia e continua não parecendo fazer muito sentido. Nem mesmo depois de terminar o jogo e continuar usufruindo do seu EXCELENTE fator replay.

Se bem que quando eu falo de fator replay eu não estou falando exatamente dos modos extras bem feijão com arroz que os produtores fizeram pro game. Eu juro que tentei me entreter com eles, lá inclusive tem até uma saga separada contando um pouco da fuga do Aioros com a pequena Atena nos braços e os diálogos são muito bons, mas fora isso achei todo o resto muito massante. Quando eu me refiro ao fator replay, falo mesmo é do prazer que dá jogar tudo de novo, voltando lá pra casa do Mu e recomeçando toda aquela caminhada desgraçada até o confronto final com o Saga.

As câmeras não podem ser controladas, os cenários nem de longe são vastos e os gráficos, ah… os gráficos, merecem até um corte no assunto pra destaque. Sim, ao vivo a coisa é ainda mais abismante do que realmente parecia nos trailers. A Namco Bandai definitivamente deveria tomar vergonha na cara por apresentar um jogo em plena 7º geração com cara de PlayStation 2.0. Se ainda estivéssemos lá em 2006 poderíamos com toda compreensão desse mundo relevar o fato. Mas em final de geração fica difícil engolir uma dessa.

Além de já ser triste olhar para os dedos aquadradados dos personagens, é meio escroto você olhar pro Shiryu sem camisa e enxergar um pivete ao invés de um homem crescido. As CG’s são outra coisa de cortar o coração, cada um ali mais parece um bonequinho sem vida e dá pra notar o quanto isso pesou, pois a limitação é tanta que a tentativa de recriar alguns momentos marcantes com algo não exatamente igual, mas próximo daquilo, ficaram extremamente sem graça. E eu só não achei a parte gráfica ainda mais sofrível porque o desenho e os efeitos nas armaduras são muito bonitos e tem muitas cenas onde o foco da câmera esconde bem os defeitos de modelagem.

Só que mais surpreendente que a total falta de preocupação da empresa com a qualidade gráfica do jogo, é o fator diversão que ele tem. Quando eu olhei esse game pela primeira vez me deu vontade de xingar muito a Namco Bandai pela “GRANDE” consideração que ela estava tendo com os fãs, mas a real é que o grande barato desse jogo não está na parte gráfica e sim nas batalhas. Elas tem um dinamismo sem igual, o despertar do sétimo sentido é feito com a ajudinha do famoso efeito do bullet time. E pra mim, esse efeito de câmera lenta casou perfeitamente bem com a idéia de que os cavaleiros de bronze só conseguiam enxergar os movimentos dos cavaleiros de ouro por poucos instantes.

Não foi nada inovador, a artimanha já está mais do que conhecida, mas achei essa uma saída genial pra retratar o clima do anime. Porque os cavaleiros de bronze que eu sempre conheci não perderam a sua essência aqui, eles continuam sendo mais fracos que os cavaleiros de ouro, reconhecem isso o tempo todo e pra rivalizar com os mesmos o único meio é despertando um poder maior que os faça enxergar uma saída. Nem que seja por um décimo de milésimo de segundos como diria o finado Siegfried de Dubhe (aos 17:40).

Afinal é dos cavaleiros da esperança que estamos falando. E a esperança é a última coisa que pode morrer, certo?

E é engraçado dizer isso, porque esse sistema automaticamente já me provocou antes um dos maiores prazeres que já tive em jogos desse estilo, que foi com Bayonetta. Quem já jogou sabe que a única maneira sensata de não gastar o seu valioso temp0 se aborrecendo com o jogo da Platinum Games é usar da sua maior defesa que é o bullet time. Só que a bruxinha era tão frenética e o clima do jogo tão envolvente que vez outra eu me empolgava demais e saia facilmente do script de batalha, descendo pontapés e socos em todo mundo. Até que vinha um infeliz e num golpe só acabava com o que me restava de vida.

E o que eu acontecia depois disso? Bem… só após ver a probezinha esticada no chão envolta por pétalas de rosa e a contagem das caveiras subindo é que eu me lembrava de como as coisas realmente funcionavam ali. Que eu tinha que baixar a bola às vezes ou ia morrer a esmo sempre e sempre. E pra minha total surpresa (mais uma, quantas foram já?) com esse jogo eu voltei a sentir a mesma coisa. Só que em cinco dozes diferentes.

Como eu disse mais acima não testei o gameplay com os cavaleiros de ouro, mas sei que cada um ali recebeu a devida atenção e características só pelo que foi feito com os cavaleiros de bronze. O Seiya pra mim foi o mais divertido de jogar, o Cometa de Pégaso é o ataque “arrasa-quarteirão” dele, mas pegar um chefão no Turbilhão de… Pégaso é a coisa mais divertida que você pode fazer com ele. Já no Shiryu eu não curti muito o que fizeram nos especiais dele, ele é um dos poucos que não me deu vontade de abusar dos especiais. Achei muito ruins, principalmente o Colera do Dragão que só se atira pra cima (eu sei, o Dragão sempre subia aos céus, mas…) e não serve pra muita coisa quando você está cercado.

Por outro lado, os caras meio que exploraram um pouco mais esse lado de aprendiz de artes marciais do personagem, com golpes tanto de soco quanto de chute. E isso me agradou mais, o que inclusive me lembra que eu vi muito nego por aí falando mal do jogo antes do lançamento simplesmente porque criaram movimentos que nunca foram vistos no anime. MAS PERA LÁ… como diabos esse pessoal queria exatamente que esse jogo se comportasse? Como um jogo de hack’n slash dinâmico e empolgante ou como uma releitura perfeita do mangá onde os personagens se limitavam a lançar poderes uns nos outros à distância e aparecer fazendo sempre as mesmas poses laterais que o Kurumada insiste em repetir em todo santo mangá que ele desenha?

Tenha dó, né? Dos males esse é o menor, isso se é que eu posso classificar isso como algo ruim. O jogo não é uma invenção dos produtores, ele apenas adequa o mundo dos cavaleiros e o torna mais abrangente pra que a proposta de um jogo como esse dê certo. Coisa que já foi feita a anos atrás quando tiveram a idéia de transpor o mangá para o anime. E o jogo mantém a identidade de tudo o que os fãs conhecem do mesmo jeito. Um exemplo pequeno, mas muito bom sobre isso é o Ikki. Todos os cavaleiros costumam concentrar o cosmo (ou carregar a barra de energia, como queira) parados e fazendo os movimentos peculiares a cada um.

Mas como Ikki sempre teve fama de ser o mais forte dos cavaleiros de bronze, ele faz a pose da fênix e logo em seguida sai caminhando coberto de fogo e queimando qualquer um que tocar nele, como se fosse o cavaleiro mais badass do pedaço. Quer outro exemplo? O Shun. Você não vai ver ele socando ninguém enquanto as correntes estiverem lá pra ajudar (e nem perder aquela cena triste que coloca em dúvida a opção sexual do rapaz até hoje). Na verdade jogar com ele é quase tão bom se não melhor do que jogar com o Seiya, já que você não precisa correr pra cima da galera e correr o risco de ficar preso no meio da confusão. E o leque de opções é tão grande e caprichado que o tempo voa enquanto você brinca com as correntes e faz os NPC’s de bobos.

E eu não elogio o jogo só pelas suas mecânicas, até porque ainda é mais fácil você entender tudo jogando ao vivo e a cores do que ler o que eu escrevo ou… jogar pelo YouTube. Mas outra surpresa que eu tive foram os diálogos que rolam no meio das batalhas. Se a Namco Bandai não mostrou tanto esmero na parte gráfica, acho que o mesmo eu não posso dizer quanto ao clima que reconta a historia toda. Grande parte dos dubladores já não são mais os mesmos, seja por motivos de falecimento ou simplesmente porque o Kurumada resolveu brigar e posteriormente mandar demitir com a grande maioria deles (e o resultado foi a sequência porca da fase santuário de Hades, chamada Inferno e Elíseos, os quais só salvo a abertura).

Mas essa emoção que os dubladores japoneses colocam em cada cena sempre me chamou atenção e no meio das lutas isso ficou espetacular. Deu inclusive um destaque bacana para as questões pessoais de alguns personagens, tenham sido elas abordadas no anime ou não. Um bom exemplo é a trajetória do Hyoga nessa primeira saga do santuário. Lembro que na luta final contra o Camus na casa de Aquário ele mostrou pro cisne o quanto ele era fraco por se apegar demais às memórias do passado e toda aquela história com a mãe dele.

Mas eu só fui sentir isso quando o momento dessa luta chegou, não antes. Já no jogo, algumas falas do Hyoga denunciam isso logo no primeiro encontro dele com o Camus ainda na casa vazia de Libra. E isso dá um destaque a mais, deixa os acontecimentos com mais cara de drama, principalmente quando a luta final chega e começa uma nova discussão entre os dois sobre o assunto que parece interminável. E DETALHE: isso tudo acontece com o gameplay rolando, então mal dá pra tomar um fôlego, tentar ler o que diabos os 2 estão berrando e ao mesmo continuar jogando.

E esses momentos se extendem pros outros personagens, como por exemplo o Shiryu dizendo que vai tomar uma posição definitiva sobre o que existe entre ele e a Shunrei quando voltar para os cinco picos antigos (e essa volta acabou não rolando tão cedo). Ou o Shun tentando provar pra todo mundo o quanto é forte e ganhando não uma, mas sim as duas lutas mais bacanas do jogo todo. Afinal o primeiro game over por causa da maldita Outra Dimensão ninguém, NINGUÉM esquece.

E se as CG’s não serviram muito bem pra me emocionar novamente com os melhores momentos, aos menos as lutas fizeram isso. Pra começar, a Outra Dimensão do Saga foi uma das coisas mais irritantes e ao mesmo tempo desafiadoras no jogo, já pra derrubar o Aldebaran além de ativar o sétimo sentido você ainda tem que esperar o maldito descruzar os braços, o Shaka quando entra na Rendição Divina não há cristo que deixe o homem ser tocado, o Shura te faz correr a beça pra fugir da maldita Excalibur que pega praticamente o cenário todo, com o Máscara da Morte se você não tiver cuidado perde tempo caindo no mundo dos mortos e lutando contra o Miro na casa de Escorpião não há infeliz que consiga fugir da por@#$ da Agulha Escarlate.

Acabou por aí? NÂO, lembra do Cassius morrendo por amor? Do Shiryu duelando contra o Máscara da Morte e tendo a luta mais longa e chata de todas? Do Seiya subindo o mar de pétalas de rosas momentos antes de ficar cara a cara com o Saga na casa do mestre? Do Ikki roubando a cena não muito depois e tendo a luta mais foda e rápida de todo o anime? Dos minutos finais mais angustiantes dos quais já se teve notícia? Até os cavaleiros negros entraram na dança e foram inseridos de uma forma bacana no jogo. E sendo escroto ou não, cada coisinha me empolgou, cada coisinha me fez lembrar da época em que eu tinha hora marcada pra perder horas e mais horas no sofá rasgado da sala, ligadinho na TV Manchete.

Então sinceramente e com todo respeito… mas ao fã, e fã de longa data mesmo, que deixar de jogar isso pelo simples pretexto dos gráficos vagabundos, O S   M E U S   M A I S   S I N C E R O S   P Ê S A M E S.

As músicas também fazem lá a sua parte, muito embora logo de cara você reconheça algumas que foram retiradas na cara dura dos jogos já lançados no PlayStation 2 e reaproveitadas aqui. Mas acho que tem sim umas faixas inéditas lá e elas passam longe de ser aquela guitarrinha escrota e enlouquecida que tenta dar uma clima de jogo frenético e falha miseravelmente (sim, eu estou falando de você). NÃO, são sons variados e quando a guitarra se apresenta, ela não é qualquer coisa, ela não decepciona, também não chega a se igualar, mas lembra demais o som que se ouvia lá em 1986, quando anime dava os seus primeiros passos.

Quanto aos cenários, eles até que não são tão feios ao vivo. São simples, mas cumprem bem o seu papel. Eu só achei uma pena os produtores não terem explorado algumas possibilidades. No capítulo da casa de Sagitário por exemplo não tem nenhum cavaleiro pra enfrentar, então os caras modificaram a exploração do cenário de modo que parecesse um game plataforma, mesmo que por poucos minutos. Variação essa que não existe em nenhuma outra parte do jogo.

Dublagem infelizmente não teve, mas eu não tenho nada pra reclamar das legendas feitas pelo pessoal da Cavzodiaco. Sem elas eu importaria e jogaria o game todo em japonês do mesmo jeito, mas tenho certeza que um dia elas ainda vão me fazer voltar a jogar o game de novo só pra saber o que cada um falou ali. Nem que pra isso eu deixe os cavaleiros apanharem dessa vez.

E enfim, não sei se há algo mais pra ser dito (na verdade eu já passei da conta, de novo…). Todo conjunto deu uma clima bom, trouxe de volta tudo aquilo que me fez fã desse negócio. E com um investimento maior por parte da Namco Bandai essa seria sem sombra de dúvida a segunda melhor franquia baseada num anime dessa geração. Sei que os produtores já gastaram as fichas todas lançando DLC atrás de DLC das roupas quando podiam segurar o doce e lançar mais duas sequências, melhorar o que deixou a desejar nessa edição e aproveitar esse que pra mim foi um tiro certeiro. Mas não custa ter esperança.

No mais, fecho o assunto dizendo que de onde eu menos esperava veio não só uma boa dose de nostalgia, mas também um bom motivo pra acreditar que o novo game de One Piece prometido pro fim desse ano na PSN vai ser tão bom se não melhor do que o meu pessimismo conseguiu prever. Mas enfim… depois de enfrentar Saga de Gêmeos, de salvar a vida da deusa Atena, com direito a Turbilhão de Pégaso e ao som de Pegasus Fantasy fechando o jogo com chave de ouro, eu prometo que vou passar a ter mais fé na humanidade.

Prometo.

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