Novos animês estrearam no serviço, mas não aqueles que todos esperam…
Acima, as últimas adições na Netflix na categoria Animês. Conhece algum deles? Vamos bater um papinho após o continue lendo sobre essa categoria de conteúdo dentro da Netflix e do fato deles não entenderem direito o que fazer para tornar a categoria expressiva?
Falar de animês e dos problemas de inclusão desse gênero no mercado oficial do entretenimento é dose. TV aberta, TV por assinatura e mercado de DVDs e Blu-Rays. Todos já tiveram seu auge, sua queda e possuem inúmeros problemas em tornar a coisa um sucesso no mercado nacional.
Os problemas são tantos que é até difícil relacionar. A internet é um facilitador para que possamos acompanhar animês com áudio original, com legendas em português, sem cortes, sem censura e o mais importante na minha opinião, em tempo hábil, sem ter que esperar anos por novos episódios. Lembro dos tempos de tortura com Cavaleiros dos Zodíacos na TV Manchete e suas intermináveis reprises. Por sinal a quantas anda Naruto por aqui? Parou em algum momento da fase clássica e não terminou ainda, né? E Bleach no Animax foi até qual saga antes do canal da Sony ser decretado morto? Os fãs brasileiros do gênero perderam a fé e confiança com os canais da televisão. Em DVD a coisa não é muito diferente. Até hoje não acredito que a Playarte conseguiu terminar de lançar por aqui todos os DVDs de Yu Yu Hakusho e ainda assim levou anos, e até houve um período em que tinha perdido as esperanças de ver os últimos boxes.O mercado de mangás atualmente é recheado de opções e o índice de títulos cancelados ou abandonados é baixo, então o consumidor apoia e dá os devidos méritos a editoras como JBC e Panini por estarem cumprindo com suas obrigações com os fãs, mas essse reflexo ainda não conseguiu renovar o espírito dos canais de TV ou mercado de Home Video. Quando alias foi o último animê que entrou em cartaz no circuito dos cinemas brasileiros? Ponyo? Lembro dos tempos onde até mesmo Pokémon era possível ir ver na telona.
Mas aí chegou um sistema novo de entretenimento televisivo: a TV por Streaming. A Netflix vem abrindo as comportas desse serviço aqui no Brasil e talvez nos próximos anos possamos ver concorrentes que chamem a nossa atenção pelos serviços e conteúdo que possam oferecer. A Globo já está começando a se mexer por um serviço assim, depois de muito desdenhar a Netflix. Semana passada a Claro revelou um serviço que deve estrear em 2013 que é muito semelhante a Netflix. E a coisa não deve parar por aí. É verdade que a Ancine já andou causando polêmica e querendo taxar os programas e filmes desse tipo de serviço que ainda tem muito que crescer no país. Mas não acredito que isso deve interromper o crescimento. Talvez o desacelere um pouco.
Agora programas por streaming parece uma sensacional ideia para o gênero dos animês. Ora quem acompanha atualmente já o faz pelo PC, com episódios via fansubs. Muitos talvez baixem e assistam em suas TVs, mas atualmente todas as produções de qualidade do gênero podem ser acompanhadas via web. Seria ótimo se eu não precisasse ficar baixando os episódios da semana, com medo dos links de downloads expirarem ou serem tirados do ar (e ter que ficar caçando novos links) e ao invés disso, entrassem num serviço como Netflix e escolhesse ali alguns dos maiores e melhores animês da atualidade.
Clássicos também ficariam ótimos ali. Recentemente troquei o serviço de TV por assinatura em casa (farei uma matéria especial sobre o caso) e tive contato com o canal Tooncast. Que maravilha poder rever as primeiras temporadas de Pokémon ali. Seria melhor se tivesse na Netflix, para assistir na ordem, em qualquer horário, qualquer momento. Yu Yu Hakusho, Sakura Card Captors, Sailor Moon, Cavaleiros do Zodíaco, Dragon Ball, Guerreiras Mágicas de Rayearth e assim por diante. Clássicos do meus tempos de infância que dificilmente acho-os na Net de forma como gostaria (com a dublagem original por exemplo).
Agora estas séries que estão no catálogo da Netflix deixam muito a desejar. A impressão que tenho é que são restolhos do antigo Animax. Não que seja ruim a adição deles no serviço. Mas não dá para ficar animado com títulos assim quando tantos outros melhores são esquecidos e ignorados. Pra piorar a Netflix tem que colocar uma coisa na cabeça: aúdio em japonês é essencial para esse tipo de programa. Tudo bem ter uma dublagem em nosso idioma, mas tendo em vista que o brasileiro na última década só sabe ver animê em japonês com legendas em português, essa opção é essencial para conquistar o público dos fansubs. Acho um absurdo, chegando ao cúmulo do ridículo, que Kekkaishi esteja lá no catálogo com aúdio em inglês e legendas em português. Aí não!
Mas para relacionar os lançamentos: Beast Fighter/Maju Sensen – The Apocalypse (2003 – 12 episódios), Genma Wars (2002 – 13 episódios), Gun Frontier (2002 – 13 episódios), Demon Lord Dante/Mao Dante (2002 – 13 episódios0) e Barom One (2002 – 13 episódios). Também foi adicionado um longa animê: First Squad/Pervyy otryad de 2009. Todos apenas com dublagem em nosso idioma. Sem áudio original. Assim não Netflix, sem áudio original não.
O que a Netflix precisa é parar de galhofa, chupando essas animações de distribuidores norte-americanos. Tem que fechar contrato com uma distribuidora japonesa mesmo. Parar de pegar animês do restolho do Animax, via Sony. Ir direto na fonte, o Japão. A Panini e a JBC já negociam mangás direto com os japoneses, por que os animês também não podem ser assim?
Enquanto isso nos Estados Unidos…
A Viz Media, que é uma das maiores (senão a maior) licenciadora de mangás e animês nos EUA lançou nesse mês de outubro um serviço exclusivo de animês por streaming, o Neon Alley. Vejam o trailer dos primeiros programas que o serviço está oferecendo:
A diferença lá é que os americanos não estão acostumados com legendas, então todo o conteúdo está dublado em inglês. Mas é uma característica deles, pois os animês nunca sumiram da programação da TV-USA. O mercado de Home Video lá é fenomenal, com animês com belíssimos Blu-ray e DVDs das mais famosas animações japonesas. O mercado lá é completinho, então todos acostumados a ver animês dublados. Aqui não, nosso mercado se fechou, retraiu e a solução veio pelos fansubs, que nos acostumaram com animês legendados. É estranho pra um grande público a ideia de ver um One Piece com uma dublagem nacional. Não tem como escutar o Ruffy falando em português. Isso é uma coisa enraizada que teria que ser tratada homeopaticamente dentro do público brasileiro.
Mas é um serviço legal o que a Viz Media criou lá fora. E que já está até acessível para o pessoal do PlayStation 3 lá. Aqui no Brasil há aquela promessa do Crunchyroll (serviço similar) chegar por aqui num futuro que parece nunca se realizar. Seria legal, mas enquanto isso porque não torcer para o gênero se solidificar num serviço que está criando parametros para a concorrência em nosso país? A Netflix pode e deve perceber que os animês são algo que podem agregar novos clientes e assinantes, mas pra isso a própria Netflix precisa começar a se mexer e trazer um catálogo que seja a cara do público nacional, com séries que foram história por aqui, assim como séries que fazem sucesso no Japão e todos os brasileiros também acompanhem. Conteúdo com áudio original, em japonês, ainda que existe a opção de dublagem. Jamais trazer um animê com áudio em inglês porque isso é quase um tapa na cara de qualquer fã de animê.
A Netflix chegou no Brasil com um diferencial, mas para esse diferencial continuar existindo é preciso ficar atento a alguns detalhes. Animês tem um grande potencial dentro do serviço, mas mesmo depois de um ano de estréia do mesmo aqui no país, a categoria continua sendo judiada e ignorada.
PRESTE MAIS ATENÇÃO, NETFLIX!
Obs: esse desabafo saiu meio que na surpresa mediante as novidades no serviço, mas ainda quero fazer um bem bolado especial nos mesmo moldes que fiz no post “Quais os desenhos animados deveriam estar no Netflix?“. Quero sim fazer um especial só com títulos e aberturas e argumentos de séries clássicas e atuais que na minha opinião deveriam estar no Netflix. Hoje eu dei apenas alguns exemplos, mas há muito mais para se falar sobre o assunto.