Quando iremos nos livrar dessa tecnologia antiga?
O 3D “assombra” o Cinema há bastante tempo – mas só no fim da última década que o efeito evoluiu o bastante a ponto de ser utilizado em larga escala. Sejamos francos: quando se trata da arte cinematográfica, novas tecnologias são introduzidas somente quando os grandes estúdios percebem que estão perdendo dinheiro e precisam ganhar mais de alguma forma. Foi assim com o som, foi a assim com as cores e agora estamos acompanhando o 3D passar pelo mesmo ciclo.
E deu certo. O 3D, com seus ingressos mais caros, tem feito os estúdios ganharem mais dinheiro – é só conferir a grande quantidade de filmes que alcançaram a marca de um bilhão de dólares em bilheteria nos últimos anos.
Mas tem um pequeno detalhe que os grandes estúdios estão deixando de fora nos cálculos: a experiência do consumidor, que é o elemento que gira toda a indústria do Cinema. Com o 3D antigo não havia muito com o que se preocupar, pois raros são os filmes que utilizaram o efeito para dar algum significado à obra (alguém conhece algum?). Com o 3D estereoscópico (ou Digital), a história é outra. Estúdios e diretores de renome estão fazendo uso da tecnologia de forma que assistir a certos filmes em 3D ou 2D faz uma diferença absurda. As Aventuras de Tintim, por exemplo, simplesmente não é o mesmo quando visto em 2D.
Se os estúdios querem que apreciemos seus filmes na forma ideal, eles deveriam facilitar o nosso acesso às mesmas, e não deixar tudo nas mãos das grandes redes cinema. Já perdi a conta das vezes que fui ver um filme em 3D e, quando coloquei os óculos, percebi que eles estavam completamente sujos! Falta de concientização dos consumidores – que parecem ignorar o fato que outras pessoas utilizarão os óculos depois dela. Isso também demonstra um descaso muito grande das redes de cinema, já que um material utilizado por centenas de pessoas diariamente deveria ser constantemente higienizado.
Assitir a filmes em 3D é especialmente problemático para mim por conta da minha miopia. Sem os óculos, enxergo tudo embaçado e não consigo sequer ler as legendas. Ou seja: em sessões 3D preciso usar DOIS óculos, algo que se revela ainda mais incômodo quando o longa não faz uso da profundidade extra (algo ainda raro, são poucos os diretores que a dominaram).
Mas a gota d´água aconteceu comigo na última terça-feira, quando fui assistir As Aventuras de Pi. Após tirar os óculos do plástico, percebo que além da habitual imundice, uma das lentes estava ARRANHADA. Isso mesmo. Por sorte o arranhão não era no centro, então não chegou a atrapalhar muito a experiência, mas imagino que outros consumidores possam não ter tido a mesma sorte. E acabou que o meu esforço foi em vão: por mais bonito que a aventura de Pi com seu tigre de bengala seja, é perceptível que o 3D não é explorado como poderia ter sido.
Acredito que veremos a solução para esse problema ainda nesta década: telas que não precisem de óculos para que o efeito 3D seja visualizado Isso já é realidade em alguns campos: o Nintendo 3DS possui essa função, e as primeiras TVs 3D glasses-free estão chegando ao mercado. Seria uma solução boa para todos: para os consumidores, que não sentirão mais o tradicional incômodo proporcionado pelos óculos, o que consequentemente levará mais pessoas às salas de exibição – para a felicidade dos estúdios e das redes de Cinema.
E você, o que acha disso tudo? Gosta do 3D com óculos? Acha que filmes 3D são uma tendência passageira? Ou você acha que 3D é coisa do passado, e o negócio agora é HFR?
[Imagem de abertura via Gizmodo Australia]