Quando o Deus da Mentira saiu vitorioso
Loki, coitado, passou a vida toda sofrendo. Perdeu o pai quando ainda era bebê e foi levado para ser criado entre o poderoso povo asgardiano. O que seria uma benção para uns, no entanto, se revelou um maldição para Loki: cresceu sempre à sombra do filho legítimo de Odin, Thor, para com quem sempre nutriu uma inveja esmagadora. Já adulto, assumiu-se como vilão e passou a usar de sua grande inteligência para criar artimanhas malignas que pudessem fazê-lo assumir o trono do reino dos deuses. Mas seus esforços foram em vão: por mais que tentasse, o resultado era sempre o fracasso.
Mas uma vez… Uma única vez, o resultado foi diferente.
A graphic novel Loki, de autoria de Robert Rodi e ilustrada por Esad Ribic, teve a ideia de inverter o padrão massificado há anos nos quadrinhos e há pouco tempo nos cinemas (Loki já foi vencido duas vezes na telona). É como se o Cebolinha finalmente conseguisse pegar o coelhinho da Mônica após décadas de “planos infalíveis”. O que ele faria em seguida? No caso de Loki, somos levados a conhecer o vilão pelo seu interior, suas mágoas, as suas motivações. É uma oportunidade rara de conhecer o famoso vilão pelo ponto de vista do próprio. A história foi originalmente publicada bem antes do lançamento dos filmes Thor e Vingadores, mas agora, com seu relançamento em terras tupiniquins, considero o momento ideal para conferi-la, por duas razões.
O preço é a primeira delas. Quando chegou no Brasil pela primeira vez, em 2008, a história de 94 páginas custava mais de quarenta reais e apesar dos elogios, houve falta de timing por culpa da Panini – como você bem lembra, 2008 foi o ano em que Homem de Ferro chegou às telas, então não sobrou muito espaço na mídia para outros personagens da “Casa das Ideias”. Agora o momento é perfeito. O universo Marvel foi devidamente apresentado ao mundo e os olhos de todos estão sobre o Capitão América e sua turma. Há muitos heróis, mas e vilões? Loki até o momento é o maior deles, e infelizmente o Deus da Mentira não teve tempo para ter sua personalidade aprofundada. E aí entra a segunda razão: para quem tem contato com a Marvel mais pela Sétima do que pela Nona Arte, a HQ é um ótimo ponto de partida para conhecer o chifrudo.
Sabe aquele Thor e aquele Loki novinhos dos filmes? Esqueça. Aqui o desenhista Esad Ribic optou por deixar os personagens mais velhos, uma forma de dizer aos leitores que a história se passa após muito tempo – informação que jamais é passada através de palavras, provando que bons desenhistas fazem muito mais do que apenas que ilustrar roteiros. Outro detalhe que vale menção é que não há cores fortes e nenhuma das 94 páginas de quadrinhos. Até mesmo cores que tradicionalmente chamam mais atenção, como vermelho ou amarelo, aparecem “lavadas”. A justificativa fica para a interpretação de cada um, e eu encarei isso como um sinal de que a turma de de Asgard já estava cansada, sem forças para nada. É meio estranho falar assim, mas leiam que tudo ficará claro! 😉
E como toda HQ que baseada em universos mitológicos que se preze, “Loki” aproveita para expandir os horizontes do mundo que tem como base. Friso aqui novamente: falo como alguém que não conhece todos anos de história que o personagem tem na Marvel. Portanto, para mim foi curioso ver a aparição de um ser feminino super poderoso que queria a alma de Thor, e que aparentava ser tão (ou quem sabe até mais) poderoso que os asgardianos da história.
Então é isso, pessoal. Quer saber mais sobre Loki, ir além de Tom Hiddleston e seus cabelos ensebados? Já sabe onde encontrar!