Oyasumi Punpun Vol.01 + Divagações da Vida (Opinião)
Uma dose de realidade as vezes faz bem.
Como prometido, este é o post focado no volume 01 de Oyasumi Punpun. Para aqueles que viram a indicação anteriormente feita, e se interessaram em acompanhar ao menos o primeiro volume do mangá, surge a oportunidade para deixar o feedback sobre a obra, e também para verificar se minha linha de pensamento bate com a sua.
Para quem não leu, seja porque não quis, ou porque não teve tempo, este post não será desperdiçado. Aproveitei alguns acontecimentos da história para divagar um pouco sobre: a vida, os acontecimentos do cotidiano, o comportamento da sociedade e as mudanças que ocorreram no mesmo de uns anos para cá.
Punpun é uma criança normal, frequenta a escola, tem seus amigos, sua família, um primeiro amor, e alguns sonhos (a como são hilários os sonhos de criança). Os adultos/adolescentes talvez não param para lembrar dos tempos de criança, da alfabetização, da 3º, 4º, 5º série do ensino fundamental, enfim, do passado. É gratificante lembrar que naquela época nossa maior preocupação era esperar chegar a hora do recreio. Decidir do que brincar com os colegas de classe. Planejar o que fazer depois da escola. (Para os meninos) ficar imaginando coisas sobre as meninas. (Para as meninas) ficar cochichando coisas sobre os meninos. Ah! como era bom ser criança.
A infância de Punpun na escola é muito serena, e o melhor, é totalmente compatível com realidade brasileira. O mangá não foca nas coisas “de japonês” que são exageradamente forçadas em outras obras (tais como garotas de saia curta, garotos reprimidos e sem atitude, exemplos de perfeição e comprometimento, crianças totalmente dedicadas ao futuro, etc). Aquilo retrato no mangá, é com certeza compatível com nossa realidade. As crianças que ali se encontram são ingênuas, mas não idiotas. São inocentes, mas não reprimidas. São dedicadas, mas não são máquinas programadas para prestar atenção em tudo e todos.
Do ponto de vista lógico, retratar a realidade em qualquer que seja a situação não gera interessa alheio, afinal, quanto o assunto é entretenimento as pessoas costumam fugir de suas realidades em busca de coisas novas, diferentes. Em Oyasumi Punpun isso não acontece, pois ali você não encontra nada diferente. Tudo é normal, e com direito a “eu já fiz isso quando era criança”.
Um exemplo bacana do fator “realidade” observado na obra, provêm da maneira como Punpun e seus amigos lidam com a sexualidade. Eles não têm nenhuma noção do assunto, e também pudera, são crianças que nunca tiveram qualquer contato com o tema. Movidos pela curiosidade eles discutem, organizam uma seção “pornô” (que não dá certo), procuram revistas masculinas, encontram, observam, e no final ficam sem entender nada do que aquilo significa… O mais engraçado em tudo isso é que eles tem plena consciência de que aquilo não é correto do ponto de vista moral, tanto que é algo extremamente embaraçoso até mesmo entre eles próprios. O ápice da inocência sobre o tema é retratado com Punpun ao sonhar com as imagens da revista e acabar… bem… vocês sabem. O que é impagável nessa passagem é a conclusão de Punpun sobre o que lhe ocorreu… vale a pena conferir o mangá só pra ver essa parte, kk.
Fora da escola e do convívio com seus amigos, Punpun tem problemas em casa. Muito embora ele desconfie, sua inocência e falta de malícia o impedem de enxergar a realidade que não é nada feliz. Seu pai agride sua mãe, é preso, ela fica internada e ele é forçado há passar um tempo com seu tio. Infelizmente essa é uma realidade que alcança mais e mais famílias. No caso de Punpun todos tentam esconder o fato, inventando várias situações para justificar os acontecimentos. Ele, por ora, acaba aceitando as explicações e por isso, consegue viver sem esse peso nas costas.
Punpun também se aventura no campo do amor, ou pelo menos naquilo que ele imagina ser o amor. Ele se apaixona a primeira vista por Aiko, uma garota que entra para sua classe logo no início do mangá. Aiko também tem uma vida difícil, e tem como objetivo fugir para algum lugar distante em busca de liberdade. Como não é tão ingênua quanto Punpun, Aiko acaba o influenciando ao longo da história, forçando o garoto a tomar decisões que de certa forma o traumatizarão para o resto da vida.
No mundo de hoje, pessoas como Punpun, que são muito ingênuas e inocentes, estão fadadas a serem enganadas. Isso também é retratado no mangá, porém, de forma mais amena. Ele é uma criança e como tal, não conhece nada da vida, não possui opinião sobre certos assuntos, vive no mundo da fantasia. A vida é muito injusta com aqueles que sonham demais, e Punpun vive em um mundo de sonho. Um mundo criado pela mentira de seus pais, que é guiado pelos desejos de seus amigos, e decidido pelas escolhas de Aiko. É difícil acreditar que algo bom possa sair disso tudo.
Bom, por ora, isso é o que tenho para dizer sobre o volume 01 de Oyasumi Punpun. Acabou que não abordei os acontecimentos específicos do mangá como a mensagem oculta no filme pornô, a promessa feita a Aiko, o primeiro beijo, o momento pai e filho, a vergonha do sonho impossível, a declaração de amor e o mistério da fábrica abandonada.
Se quiserem acompanhar a evolução e o amadurecimento de Punpun como pessoa, sigam a leitura dos demais volumes, que, reforçando, podem ser encontrados aqui para Download, ou aqui para leitura online.
Esperando os próximos, eu realmente adorei pela infância dele ser realmente parecida com a nossa, e aquela parte de ele levar o que aprendeu com o tio dele, no caso o “Deus que pisca pisca lá no céu” (se não me engano era isso) e aí aparece um homem lhe fazendo várias perguntas, cara, aquilo é sensacional!
Gostei bastante da Review do primeiro volume, comecei a ler Oyasumi Punpun, atualmente estou no volume 5, e não me arrependo de ter lido nenhuma página.
É uma leitura tranquila, porém, com uma estória bem pé no chão.