Bakuman: o fim do anime e o fim do mangá!

Finais com aceitações diametralmente opostas.

Eu gostei do capítulo final do mangá de Bakuman (sobre o qual Rackor escreveu aqui); achei merecido o foco no Mashiro e na Azuki depois de tantos capítulos separados para que ambos realizassem seus sonhos. No entanto, não posso negar que o final do mangá deixou muitos fãs descontentes. O final do anime, no entanto, teve efeito oposto! Todos os comentários que li foram extremamente positivos, chegando inclusive a aclamar o último episódio da animação como perfeito. Falarei nesse texto das principais diferenças entre os dois finais.

Creio que o primeiro fator que levou o anime a se sair melhor do que o mangá foi a terceira temporada enxuta. Se não me engano, o mangá terminou antes da estreia da temporada (ou no início, não lembro bem), o que deu aos animadores a oportunidade de analisar a estória como um todo e só inserir na mesma o que realmente interessava. A temporada final teve um ritmo acelerado, contrastando com os episódios mais lentos das anteriores. Além disso, plots irrelevantes, como o segundo arco do Nanamine, foram eliminados, o que foi uma ótima decisão. Ou alguém gostou da fase de enrolação que Bakuman teve antes da reta final do mangá? Essa mesma fase passava a impressão de que a obra já estava sendo feita de má vontade e os autores queriam começar outra estória, o que ficou evidenciado pela meta discussão sobre encerrar um mangá com qualidade, ainda que o mesmo não durasse muito tempo, mostrada no arco do fim de Reversi.

O anime não passou essa sensação. Contando com a vantagem de já saber o final, dava para sentir que a estória se dirigia à conclusão naturalmente, não parecendo arrastada nem acelerada demais. O anime passava uma energia vibrante e positiva, oposta à frustração nas entrelinhas que os mangakás deixavam no quadrinho. Até ganhamos cenas extras que enriqueceram a estória e eram coisas que os fãs queriam ver, como o casamento de Hiramaru e Aoki! Sejamos francos, isso foi muito mais recompensador do que ver o casal escolhendo pratos de casamento. E a cerimônia contou com Aoki chamando o marido de Kazu-tan (Hiramaru não poderia ser mais feliz), Miho pegando o buquê e Eiji acompanhado de Iwase – posso ao menos fingir que esses dois gênios ficaram juntos no final, satisfazendo meu lado shipper.

Falando em Iwase, a equipe de animação deu uma cena final bem mais digna a ela: em vez de ser meramente reduzida à autora que só sabe reclamar, e de Kosugi ser apenas o editor medroso para efeitos de humor (como foi feito no mangá), no anime ele efetivamente deu ideias e demonstrou genuíno interesse em ajudar a mangaká, fazendo com que a mulher não só tivesse uma surpresa positiva como também respeitasse o editor. Foi um bom desenvolvimento para os personagens e que se ateu às características de ambos, mostrando-se bem mais competente do que a cena final deles no mangá.

Nanamine foi outro que teve um destino mais brilhante no anime. No lugar de ser simplesmente o “vilão” que se deu mal, ele aprendeu a lição do primeiro arco e publicou uma série em outra revista. O segundo arco dele no mangá, além de desnecessário, havia jogado fora qualquer possibilidade de redenção em nome do estabelecimento do personagem como uma caricatura de si mesmo.  O anime demonstrou uma preocupação muito maior com os personagens secundários do que o mangá teve (lembrando inclusive de Shiratori nas cenas finais!), o que contribuiu com o sentimento de completude construído nessa terceira temporada. As tramas paralelas foram melhor conduzidas e não houve a sensação amarga de que alguém havia sido esquecido.

O relacionamento de Miho e Moritaka também se fez presente e se destacou no anime. Os fãs puderam ver para onde eles se mudaram (a casa da promessa) e ter a confirmação de que o casal realmente ficaria junto. A cena final, focando na foto dos quatro amigos no estúdio, enfim reunidos, simbolizava a felicidade que o quarteto principal almejara por anos. Todos estavam juntos e assim continuariam, sem se esquecerem de seguir trabalhando com dedicação. Como a narração da cena disse, não bastava apenas sonhar, mas trabalhar para tornar o sonho realidade. Esse foi o grande fechamento da estória. A real lição de Bakuman não era lutar pelo amor, mas batalhar para alcançar os objetivos traçados. Mashiro e Takagi se tornaram mangakás de sucesso, assim como Azuki se tornou uma grande dubladora, sem esquecer dos diversos personagens que, mesmo quando não realizaram seus sonhos, seguiram dando seu melhor. O final do anime foi mais fiel à filosofia da estória e, diferente do fim do mangá, que apenas foi bom, o final da animação foi o melhor possível para Bakuman.

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