Ou será que não existem problemas?
Vivemos hoje num mundo que é marcado pela tecnologia em todas as suas formas, seja ela aquela utilizada rotineiramente de forma simples, como o tablet para ler as notícias da manhã enquanto toma o seu café, ou aquele seu E-Reader que você gosta de ler enquanto vai ao trabalho nas manhãs complicadas de segunda-feira (muitas vezes enfrentando um trânsito difícil, ou então aquela viagem de metrô interminável). Ou mesmo essas tecnologias que vêm surgindo com a proposta de fazer o que nós fazemos, e muitas vezes prometendo fazê-lo de forma melhor e mais rápida. É inegável, a tecnologia nos cerca e já faz parte das nossas vidas de uma forma que torna quase impossível simplesmente “desplugar”.
Essa ânsia de tentar ligar as coisas de uma forma tão digital, por assim dizer, fez com que várias ferramentas muitíssimo interessantes fossem surgindo para facilitar ou mesmo integrar de alguma forma o nosso antigo mundo com o novo. O que antes era tido como cult, se torna popular, pois os “tentáculos” da Internet conseguiram pegá-lo lá onde ele estava escondido, nas sombras, e expô-lo para o mundo. É isso que a Internet faz, integra, traz tudo que você conhece e tudo aquilo que você nunca ouviu (e vai ouvir) falar.
As Redes Sociais cumprem uma parcela significativa dessa tarefa. Hoje parece estar na moda falar essas duas palavrinhas, tanto positivamente, ou negativamente, não importa. Mas elas sempre estão na boca das pessoas, das tais pesquisas, e da mídia, porque não? A mídia que gosta de explorar tudo que é tão falado e digerir, digerir e tornar aquilo tão cansativamente repetitivo em sua cabeça quanto aquela “música” do… Ah, vocês sabem!
Integrar, de fato é um dos papéis primordiais da Internet, e é um atributo-chave hoje em dia. Pegando esse gancho, que as Redes Sociais vieram integrando as mais diversas tribos e pessoas que você pudesse imaginar. Para o pessoal que gosta de ler, temos o excelente Skoob, para os que gostam de um entretenimento mais visual-artístico temos o Filmow (que nunca experimentei, mas tenho vontade de dar uma olhada), e assim sucessivamente, cada uma buscando atrair aquele público específico e reunir todos sob um mesmo teto, ou melhor sob uma mesma Rede. No caso do Skoob, eu mesmo já fiz um post aqui no Portallos apontando as coisas legais da rede, as reviews escritas pelos usuários, e todas as suas outras qualidades.
Nem todas as redes são tão específicas assim. O Facebook, por exemplo, é uma Rede Geral, não sendo voltada somente para um tipo de público, mas sim tendo um enfoque nas pessoas. Sim, basicamente falando, é o que o Facebook é hoje em dia, uma Rede Social e nada mais, um local sobre pessoas, sobre o que elas são, sobre o que elas gostam e o seu comportamento. Pelo menos é o que deveria ser. E antes de mais nada, não me pintem como crítico de Rede Social, nem nada. Aliás, não curto muito reclamar das coisas. Encarem esse texto mais como um ponto de vista diferente sobre o tema.
São as pessoas que fazem uma Rede Social, como o próprio nome diz. Como num romance, são os personagens que fazem com que ele se movimente, saia do lugar, que haja, enfim, uma história a ser contada. Sem pessoas, uma Rede nada mais é do que um lugar vazio, abandonado. Certo, isso é óbvio, e porquê estou batendo tanto nessa tecla? Para justamente dizer de antemão, que não, não tenho intenções de criticar aquilo que é o “combustível” das Redes.
Eu acho que como toda tecnologia, as Redes possuem suas vantagens e desvantagens, e aqui, ironicamente, elas estão interligadas mais com o usuário, do que com a Rede em si. Só pra citar alguns dos inúmeros benefícios que o Facebook, por exemplo, trouxe para a minha vida foi reencontrar pessoas com quem eu estudei na escola, retomando o contato, pessoas que muitas vezes nem estão mais na mesma cidade, mas que por intermédio dessa integração, que acabou falando mais alto, acabam conseguindo voltar ao ponto de onde saíram. A possibilidade de encontrar pessoas com gostos comuns, e fazer laços que podem durar toda uma vida. São ferramentas maravilhosas, nas mãos certas e com as intenções certas. Sem falar no benefício econômico que muitas empresas têm como marketing, divulgação, entre outras coisas. Há um mar de benefícios que as Redes podem trazer, mas que não é bem o assunto do post, portanto não me aprofundarei tanto.
Tá bom… E qual é o problema então? O problema é quando não sabemos separar o que é real, do que é “social” por assim dizer. Há uma tênue linha que coloca limite nas duas áreas, e por isso para alguns, ultrapassá-la pode gerar dores de cabeça, não só para eles, como para os seus “vizinhos”.
Você, com certeza, pode ter aquele amigo seu que adora postar tudo que faz durante o dia, não é?
Tocaram na campainha?
“Tem gente na porta! Será que é visita pra mim? =D”
Tá chovendo…
“Chuva, e eu esqueci as roupas lá fora no varal, deixa eu ir lá ver isso! =)”
Poxa, tem gente que posta até pra dizer que tá sem Internet, será que o vício de compartilhar tudo que acontece com eles é tão intenso que o mundo não pode existir sem saber dessa informação tão crucial? E daí que o seu gato resolveu aprender a dançar o Gangnam Style, você precisa jogar isso aos quatro ventos… Mesmo?
E não estou sendo ranzinza, nem nada. Eu adoraria ouvir que o gato do meu amigo aprendeu a dançar feito os coreanos, mas numa roda de conversa, em meio à risadas e tudo mais. Na verdade, eu adoraria vê-lo (um gato dançando, que demais!). Mas… Sério… Não consigo entender a importância de compartilhar tal tipo de informação de maneira digital, e nada pessoal.
Aliás, era por isso que eu não curtia o Twitter. É impressionante a tonelada de tweets desnecessários que vemos diariamente. Hoje, aprendi a respeitar mais essa rede, tem lá suas utilidades amparadas principalmente na dinâmica (novamente, falando da rede, não dos usuários), por serem mensagens curtas, mas ainda assim sou quase inativo com minha conta.
E o que falar das marcações constantes em postagens que você não está com a mínima vontade de interagir? Se a postagem é legal, eu prestigio, comento, curto, mas tem alguns casos que prefiro, ignorar do que de fato comentar no post em si. Se a discussão for algo que me chame a atenção ou a curiosidade, eu prefiro falar em privado com esse contato (sendo desde um assunto sério até mesmo descontraído), porque ficar conversando na interface da postagem é algo tão impessoal, e ao mesmo tempo tão… Estranho, que parece que estamos falando para o mundo todo escutar. Novamente, acho que impessoalidade define bem.
Talvez, a pior coisa mesmo, sejam aqueles que não têm convicção sobre determinado assunto, e preferem simplesmente fazerem coro ao que aquele amigo ou determinado grupo fala ou o jeito de se comportar, ou porque são descolados e costumam serem bem populares. Aliás, esse pensamento “maria-vai-com-as-outras” já é muito comum mesmo não se tratando de Redes Sociais e Tecnologias. A falta de convicção ou mesmo falta de opinião está atrelada diretamente à falta de informação e à preguiça de pensar.
Novamente, friso duas coisas. Primeiro, que em momento algum, minha intenção é ser extremista, ranzinza, chato, mal-humorado ou coisa do tipo, não! Mas sim chamar a atenção para o fato de o quanto as pessoas estão se distanciando da “pessoalidade” e rumando para o mundo “social” criado em torno do seu perfil de sua conta. Tornando as coisas mais impessoais, mais insossas, e de certo modo, em alguns casos mais chata. Tá, não tem o menor problema, em no auge da sua empolgação após ter assistido aquele super filme, comentar na sua Linha do Tempo o que achou dele. Uma coisa, é um comentário coeso, outro é analisar a complexidade do bater de asas do mosquito que está acima do seu monitor.
E segundo, que não estou criticando as pessoas, afinal, cada um tem o seu jeito, e sem elas não existiriam as Redes, mas sim estou colocando em evidência a forma de como uma minoria acaba por se comportar dessa forma na Rede, e que por isso acabam se tornando indíviduos “Isolados Socialmente” por quão estranho ou irônico tal expressão pareça.
Afinal, é tão essencial ser impessoal? Vale a pena ficar com essa reflexão…
Redes Sociais são sim úteis, e agradáveis se usadas com inteligência. Quem me tem adicionado (um pessoal da equipe) sabe o quanto quase sempre estou online no bate-papo, mas em geral, fazendo outra coisa no computador. Gosto de usar o Facebook e conversar com meus contatos, é uma forma de estar perto, as vezes estando distante. E quanto aos “problemas”? Cabe a você, leitor e usuário decidir se eles são de fato problemas ou não para você.
E se forem? O que fazer? Que tal se levantar da cadeira um pouco, ir até a estante e pegar um livro para ler? Porque não exercitar as suas habilidades artísticas? Adquira novas ideias, amadureça aquelas que você já tem. Saia com aquela pessoa que é especial para você. Vá assistir aquele filme que você está enrolando desde a semana passada para ver porque simplesmente não consegue tirar os olhos da Rede por um momento, saia um pouco delas se elas lhe limitam, e veja como o mundo pode ser tão mais amplo e tão cheio de possibilidades quando você não tem uma visão limitada sobre ele. Retome de volta aquela “pessoalidade” que você estava perdendo aos poucos, saia com seus amigos, divirta-se. A vida é muito curta, para ficar somente compartilhando imagens de bebês fofinhos. Seja você, apareça para o mundo! E depois, claro, volte para nos contar como foram as suas aventuras, afinal, desplugar é impossível.
E quer saber? Eu acho que vou voltar aqui pro Facebook e compartilhar este post…