Que amor
Olá 🙂 jeito diferente de começar o texto eu sei, mas acredito que esse será o meu texto mais estranho aqui no Portallos e pra falar a verdade, nem tenho certeza se segue o estilo que temos aqui, mas fiquei com vontade de fazer algo assim e farei. Espero que seja algo bom quando colocado na balança.
Ontem estava sem nada pra fazer, claro que teve apresentação do Xbox One, tenho em atraso várias séries, os mangás vem acumulando e nem da embalagem eu tiro, livros então, nem se fala, cheguei a pegar Satori em Paris do Jack Kerouac, mas não passei da 20ª página. Um dia bem chato, diria até que os últimos dias estavam assim.
Então abri o NetFlix no computador mesmo, procurei por alguma comédia romântica pra que eu me deitasse e acabasse caindo no sono. Cheguei então a um filme que classifico como dramédia, feito com maestria pelo Woody Allen, Para Roma com Amor (To Rome With Love). Um filme com Woody Allen interpretando, Alec Baldwin, Penélope Cruz, Jesse Eisenberg (que eu jurei ser o Michael Cera o filme inteiro), Ellen Page, Alison Elizabeth Pill (que eu conheci de forma sensacional em NewsRoom), Roberto Benigni e mais alguns.
O filme conta várias histórias que começam bem, dão algumas voltas, mostram algumas mudanças e terminam bem. hahaha. Eu sei como isso é genérico. Mas nem o pessoal no Wikipédia conseguiu muita coisa.
Mas o post continua…
Se o filme é tão genérico assim, então porque trazer aqui pro Portallos? Apenas pro prazer do meu monólogo rs (e vamos lá gente, uma discussãozinha sobre o assunto).
Assisti o filme fascinado com cada cena, tudo porque o humor do Woody Allen é sútil, porém certeiro e também porque andei lendo coisas que me levaram a entender de forma diferente o filme. Andei lendo algumas coisas de Jacques Lacan, um psicanalista francês que tem suas teorias quanto ao desejo do ser humano, algumas citações de Sigmund Freud e Carl Jung, entre outros que acabava esbarrando. O importante é que fui pegando um pouco de cada e acabei vendo muito de tudo isso no Para Roma com Amor.
Pra começar a parte séria (chata), vale uma explicada bem esdruxula de como é visto o desejo na psicanálise segundo o Lacan: O desejo se manifesta de formas diferentes, que levam pra caminhos as vezes distintos, por exemplo quando você sente desejo por alguma pessoa, mas não entende o porque, ou você quer ter um carro que só quem é muito foda tem, mas no fundo o que você quer é ser muito foda, ou quando você odeio um vizinho e um dia ele se muda, mas você sente vontade de sentir aquela raiva dele de novo e até quando você satisfaz o desejo e pensa “pronto, e agora!?”. Ou seja, existem várias formas de desejo. Ficaria muito feliz se vocês chegassem a ouvir esse podcast que trata justamente desses articulações do desejo.
Agora acho que consigo explicar do que se trata o filme ou do que eu vi no filme:
Para Roma com Amor trata de várias histórias românticas, aparentemente perfeitas e que por algum motivo são postas por outra perspectiva, na maioria das vezes por uma articulação do desejo. Não vou falar de todos, pra não entregar os finais.
01. Antonio e Milly formam um casal que viajou para conhecer os tios de Antonio e tentar a sorte de ter uma vida melhor. Antonio é preocupado, ansioso, cheio de anseios e Milly é simples, recatada e “sem açúcar”. Entretanto, esse é um casal perfeito, até que o desejo do algo novo aparece. Milly sonha com atores, com os beijos de novela, com os galãs e um dia se perde em Roma e esbarra em um grande ator. O que pode fazer seu casamento com Antonio sucumbir. Antonio, por sua vez, é confundido por uma prostituta e depois de várias vezes fugir, ele acaba fazendo o que não deveria por puro desejo, mas a satisfação de um desejo, costuma trazer outro desejo e no final os fins podem justificar os meios.
02. Leopoldo Pisanello é um pai de família que acorda sempre no mesmo horário, reclama das mesmas coisas, mantém os hábitos e é extremamente monótomo, então o desejo de mudança aparece, e Pisanello é confundido com um artista. Sua vida se torna incrível, com paparazzi, entrevistas, mulheres, dinheiro, convites, mas ele chega ao que pode ser chamado de Gozo de Morte, que é quando você realiza o desejo, mas você desejou tanto aquilo, que tudo acabou sendo brochante. Esse é um plot divertidíssimo do filme.
03. Jack é um estudante que mora com sua namorada Sally. Um dia ele encontra um homem (infelizmente não posso dizer muito sobre esse cara) que se chama John e que começa a alertar Jack sobre os perigos de um acontecimento, a melhor amiga de sua namorada, Monica, recém solteira, sexualmente aberta, inteligente, charmosa, interessante e que tem aquele toque especial que desperta o desejo esta para chegar e ficará alguns dias com eles. O namoro de Jack e Sally que era perfeito, parece ter acabado de avistar a grama mais verde do vizinho e o desejo também é articulado pela inveja ou a falta de algo, ou seja Jack vai precisar escutar os conselhos de John.
Existem mais alguns plots, mas que são mais complicados ou apenas repetitivos no que diz respeito aos desejos, por isso vou parar por aqui.
Sei que escrevendo isso corri o risco de destruir um filme maravilhosos do Woody Allen, entretanto também existe a possibilidade de melhorar muito o aproveitamento dele.