Mangás Vs HQs americanas

Quadrinhos americanos versus quadrinhos japoneses… “É tudo quadrinho”!!!

Estive conversando recentemente no fórum da equipe do Portallos sobre qual seria o motivo que leva muitas vezes os fãs de quadrinhos americanos a não gostarem de mangás e vice versa.

Porque a maioria dos leitores não consegue simplesmente consumir produtos dos dois nichos?

Vamos bater um papo sobre isso após o Continue Lendo!

Talvez o título apropriado para o post seria quadrinhos japoneses versus quadrinhos americanos, mas para ilustrar melhor decidi manter como foi publicado, digo isso porque no fim das contas os dois estilos são quadrinhos e apenas conceitos artísticos e culturais separam os dois mundos. Não conheço os quadrinhos europeus o suficiente para incluir na discussão, por isso já peço desculpas aos fãs destes. Também não incluirei aqui os quadrinhos brasileiros e Disney, mas os fãs destes estão convidados a participar dos comentários. Vamos lá…

Pelo fator histórico é justo dizer que as HQs americanas de super heróis surgiram primeiro e ajudaram a influenciar os primeiros autores de mangás, no entanto a partir do momento em que os mangás se firmaram como quadrinhos relevantes no cenário mundial, as HQs americanas também passaram a “pegar” influências dos mangás, inclusive no traço de alguns artistas consagrados.

O que vou dizer agora não é um fato científico ou um estudo realizado, mas me arrisco a dizer que a garotada mais jovem hoje no Brasil, que tem entre 6 a 25 anos de idade, tem uma preferência pelos mangás, enquanto o pessoal acima de 25/30 anos costuma curtir mais HQs. Veja bem, não estou generalizando, nem afirmando nada, mas escrevo para dois sites de entretenimento e vejo a molecada mais nova muito mais ligada aos mangás, enquanto ao ouvir os principais podcasts do Brasil como o MRG, Jovem Nerd, MDM, etc, que possuem participantes um pouco mais velhos, percebo que estes tem uma preferência maior pelas comics americanas.

Aqui mesmo em nossa equipe (incluindo os que já saíram) podemos perceber essa tendência, os mais jovens curtem mangás e HQs em menor escala, enquanto os mais velhos geralmente curtem apenas HQs. Acredito que isso se deve ao fato que a época de ouro, prata e bronze das HQs americanas foram antes dos anos 90, enquanto a era de ouro dos mangás veio após os anos 80 e 90. Lembrando que levo em consideração neste post a realidade do Brasil, o momento em que recebemos esses materiais e não quando foram lançados originalmente.

Enfim, não pretendo dizer qual formato é melhor (ou talvez pretenda), mas acredito que aqui no Brasil a explosão da Manchete teve grande participação em iniciar uma geração inteira no mundo dos animes (principalmente com Cavaleiros do Zodíaco e YuYu Hakusho) e aqueles jovens acabaram se interessando por mangás a medida que foram tomando gosto pela leitura. Várias emissoras compraram a ideia dos animes, alguns exemplos foram a Band com seu Band Kids, o Cartoon Network, Locomotion, a Globo com Dragon Ball Z, Record com Pokémon e SBT com Naruto só para citar alguns dos principais, o que acabou ajudando a enraizar a cultura japonesa entre os jovens nascidos nos anos 90 e 2000.

Por outro lado me lembro que pouco antes desse “boom” de cultura japonesa tivemos excelentes desenhos dos X-Men e Homem Aranha (na Globo) que ajudaram a popularizar esses heróis por aqui (e pelo mundo todo), além dos desenhos mais recentes da Liga da Justiça e do Batman, ambos transmitidos pelo SBT.

Eu mesmo colecionei Homem Aranha por muitos anos, quando ainda tínhamos o “formatinho” e dividido em duas revistas: Teia do Aranha e Homem Aranha.

Também colecionei Batman, Liga da Justiça entre outras.

Mas por que eu parei de colecionar essas revistas?

Falta de continuidade!!!

A falta de sequência, os intermináveis reboots, a morte e ressurreição constante de personagens fizeram que muitas comics se tornassem extremamente galhofas. Claro que continuam existindo revistas boas, mas o medo da falta de continuidade barra muita gente de começar uma coleção. Além disso temos títulos demais nas bancas o que torna complicado acompanhar as histórias que tem mundos interligados.

Quando a DC lançou Os Novos 52, a intenção era justamente dar uma simplificada na salada, mas a pressão por vendas e mais uma vez a quantidade absurda de títulos, tornou na minha visão essa empreitada em algo sem grande valor de mudança.

Por outro lado a Marvel vem tendo grande sucesso nos cinemas, mas seu setor de quadrinhos ainda continua buscando dias melhores, não que eles estejam fracassando, mas também estão longe do seu auge.

E qual seria o problema dos mangás?

Os mangás tem o lado positivo da continuidade e geralmente tem uma história que terá fim em algum momento, mas nos últimos tempos vem se tornando cada vez mais raro histórias originais de qualidade, sem falar que alguns shonens populares tem histórias que são praticamente intermináveis e travam a chance de serem lançadas coisas novas.

A divisão dos mangás por faixas etárias e estilos pode ser considerado um ponto positivo e que poderia ser “copiado” pelos americanos, já que os leitores já compram uma revista sabendo que esperar dela, temos os shonens, shoujos, seinens, josei, etc, cada um voltado para o seu público alvo, o que não impede que seja consumido por outros públicos, mas ressaltando novamente que estes já sabem mais ou menos o que esperar daquela obra.

Outra vantagem dos japoneses é a maior quantidade de editoras e o formato de seleção de autores independentes, fazendo com que as cabeças criativas sejam renovadas constantemente, mas por outro lado gera nos autores menos consagrados aquele ar de insegurança que podemos ver na obra Bakuman de Tsugumi Ohba e Takeshi Obata.

Mudando um pouco de assunto, um grande problema que fez com que as HQs, principalmente as americanas perdessem um pouco de espaço foi a pirataria na internet, mais especificamente os Scans, veja bem, não estou julgando o trabalho de ninguém, eu mesmo leio semanalmente alguns mangás graças a eles (mas também compro as versões físicas, isso vai de cada um). Acredito que uma mudança boa para todos seria a adoção por parte das editoras de edições em formato digital, o que vem sendo feito aos poucos (MUITO LENTAMENTE).

Agora vejam se concordam comigo e se já pensaram nisso… Os japoneses lançam um mangá, para exemplificar vou falar do que está na moda agora: Shingeki no Kyojin… assim que percebem que o mangá tem potencial e está fazendo sucesso, lançam um anime de qualidade e pronto: MAIS SUCESSO, MAIS VENDAS, MAIS FÃS, etc… Há quanto tempo não vemos uma grande repercussão de um desenho baseado em HQs? Uma de verdade, não coisas meia-boca…

As HQs americanas dificilmente transformam suas grandes sagas em desenhos animados inteiros ou pelo menos filmes animados. São N motivos para que isso aconteça, mas veja como os desenhos americanos baseados em heróis na maioria das vezes são mais infantis e os poucos que se arriscam são grandes sucessos. Isso também é uma questão cultural, mas acaba afetando os consumidores do mundo inteiro.

Eu não acredito em crítica/opinião totalmente imparcial e nessa aqui dá para ver claramente que acredito que o modelo norte americano é falho em diversos pontos, eles acertam na qualidade das histórias em vários quadrinhos, mas falham na continuidade e aproveitamento dessas histórias de sucesso em outras mídias.

Como esse texto é completamente baseado em visão pessoal e opinião, posso estar enganado e certamente muitos fãs de HQs americanas irão discordar, mas no atual momento da indústria de quadrinhos, os mangás estão vencendo… e por muito. Não falo em número de vendas apenas, mas sim em qualidade…

E você, discorda do post? Concorda? Deixe seu comentário e ajude a enriquecer essa discussão!!!

Até a próxima!

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