Oh, a dúvida!
Posso comprar o CD do álbum As Quatro Estações (1989), do Legião Urbana, e colocar pra tocar no meu notebook sem problemas. Posso comprar um DVD do filme Twister (o primeiro lançado nos EUA, em 1996) e rodar tranquilamente em meu blu-ray player. Mas se eu colocar o disco de God of War II (2007) no meu PS3 comprado ano passado, vou receber uma mensagem de erro. Um dos grandes problemas do mercado de games sempre foi essa falta de compatibilidade geral – haja sistemas, consoles, códigos e mídias diferentes dando dor de cabeça nos gamers. Como ficam os saudosistas e curiosos pela indústria nessa história toda?
Felizmente, há salvação. Desde a era 16 bits já era possível ver a preocupação das empresas com seus games antigos. E desde os anos 90 os próprios gamers vêm descobrindo meios de reviver seus clássicos através de emuladores. Hoje, em plena segunda década do século 21, não tem mais desculpa para deixar de conferir os games do passado. Confira aí algumas das alternativas:
– Coletâneas
Há quatro anos tivemos o lançamento de uma das melhores coletâneas para fãs da Sega (e de games em geral): é o Sonic’s Ultimate Genesis Collection, que saiu para PS3 e X360 em 2009 incluindo games como a trilogia Streets of Rage, Bonanza Bros, Comix Zone, Golden Axe e todos os Sonics que saíram para a plataforma, totalizando 40 jogos. Hoje, esse pacote sensacional pode ser encontrado a preços muito em conta por aí.
– PC
O grande contra da jogatina no PC é o teclado, que claramente não foi feito com games em mente. Ouvi relatos de gente que inclusive estranha o fato de as setas estarem localizadas do lado direito, e não no esquerdo como estão acostumadas. É até tranquilo jogar games da era 16 bits no teclado, pois o número de botões é reduzido; por outro lado, emular PS1 no teclado é um castigo digno do Tártaro.
– PSP
A estreia da Sony nos mundo dos games portáteis não foi exatamente um sucesso. A alta aposta em hardware robusto não foi o suficiente para derrotar as inovações que a Nintendo trouxe com o DS, e a empresa terminou por ficar num amargo segundo lugar. Mas as boas configurações técnicas do aparelho fizeram a alegria da turma da emulação, e a prova disso são os vários softwares disponíveis na internet capazes de emular diversos consoles (caso seu PSP seja desbloqueado, obviamente). A boa construção do aparelho (com botões firmes e boa pegada) e sua tela grande foram atrativos a mais para a galera saudosista.
É um portátil que oferece quase todas as opções de emulação do PC, tendo ainda a enorme vantagem da jogatina on the go.
– Smartphones
É possível emular vários consoles nos nossos pequenos celulares multitarefas de hoje, mas o grande calcanhar de Aquiles da plataforma é a falta de botões físicos, que torna games de raciocíno ágil (principalmente os de plataforma) impossíveis de se jogar. Por conta disso, a emulação em smartphones é mais indicada para jogar RPGs por turno – eu, por exemplo, estou jogando Pokémon Emerald num Motorola Defy+ e não estou tendo problemas.
Quem ainda quiser insistir na emulação de games mais ágeis pode correr atrás de joysticks bluetooth voltados para smartphones, como o bem avaliado Gametel.
– Redes online dos consoles atuais
De olho no filão, as empresas apostam no saudosismo para vender games antigos em seus serviços online. A Nintendo tem o Virtual Console, onde oferece, além de games antigos próprios, títulos de outras plataformas como TurboGrafx-16 e Neo Geo.
A Sony oferece algo parecido na seção Classics da PSN, onde é possível encontrar a nata dos games lançados para PS1 e PS2 a preços bastante convidativos (o jogo mais caro, GTA San Andreas, sai por quinze dólares).
As redes online também proporcionaram o lançamento de versões remasterizadas em alta definição de jogos de sucesso. Beyond Good & Evil, sucesso de crítica e fracasso de vendas de 2003, ganhou uma segunda chance com seu relançamento digital em HD para PS3 e 360. A Capcom curtiu bastante essa alternativa e relançou dois grandes games da geração passada em high definition: Resident Evil 4 e Okami.
– Consoles originais
Há, ainda, aqueles que preferem ter em casa os consoles originais. Não é uma tarefa fácil – todo o processo de procurar consoles e jogos em bom estado, sem contar o tempo gasto para manter a coleção bem conservada pode ser bem cansativo. Outro problema é a compatibilidade: os consoles antigos ficam com uma imagem péssima nas atuais TV’s HD, então é certo que você precisará de uma TV tubão extra para rodar as antiguidades.
Mas é inegável o charme que consoles antigos possuem. A sensação de jogar Pac Man num Atari com aquele joystick travadão de alavanca é algo que nenhum software jamais conseguirá emular. Eu, quando pequeno, jogava bastante num SNES de um primo. Já mais velho, só jogava os games da plataforma pelo grandioso ZSNES, e pensava que era o bastante. Isso, até o dia em que visitei uma amiga que até hoje tem (e joga com frequência) um Super Nintendo e percebi que a experiência é realmente outra. É o método preferido no Mauri (não à toa, ele é o membro da equipe que mais tem consoles).
E vocês, leitores? Como fazem para relembrar/descobrir clássicos do passado?