Opinião | A evolução ilusória do mangá de One Piece

Há 25 meses esperando por respostas, e ganhando mais perguntas

O universo de One Piece está muito extenso… são tantos personagens, tantos acontecimentos, tantas perguntas sem resposta, tantas pontas soltas… Enfim, às vezes é até difícil se situar e escrever alguma coisa sobre o mangá.

Ultimamente quando indagado por alguém sobre o que acho de One Piece, me limito a dizer que é um mangá “foda”, muito bom, ótimo, etc. Só que refletindo melhor, talvez eu esteja apenas com preguiça de parar e analisar o momento atual que o mangá está passando. Essas características que eu acabei de citar, são com certeza palavras que podem definir a história como um todo, considerando o mangá inteiro, com todas as suas sagas e acontecimentos. Só que, analisando de forma isolada, de uns dois anos pra cá, principalmente com a virada da história, após período de treinamento, uma diferença gritante de ritmo pode ser sentida na evolução da história.

Aliás, evolução é algo que não tem acontecido no mangá, pelo menos eu não tenho percebido isso…

A tripulação desembarcou na Ilha dos Tritões no capítulo 607 do mangá, e lá permaneceu até o capítulo 653, ou seja, naquela ilha foram gastos 46 capítulos, que representam, mais ou menos, uns 10 meses de publicação semanal. Vejam bem, foram 10 meses, e isso é tempo a beça. O pior, em si, não é nem o tempo gasto, é o quanto a história evoluiu nesse meio tempo. Jinbei entrou para a tripulação. Um novo Poneglyph foi descoberto. A princesa sereia é uma arma antiga, chamada Poseidon, e tem a habilidade de falar com os reis dos mares. Existem três armas ancestrais que juntas são capazes de destruir o mundo, elas são Pluton, Uranus e Poseidon (A princesa sereia). O que tirou-se de proveito dessa saga inteira, foram seus últimos 7 capítulos. O restante foi tudo praticamente descartável, ou vão me dizer que toda aquela história de preconceito com os tritões, transfusão de sangue, assassinato da rainha, e etc realmente contribuíram em algo para a história.

Eis então que a tripulação partiu de vez para o novo mundo, e entramos na saga de Punk Hazard no capítulo 655 do mangá, cujo término ocorreu 44 capítulos depois, no de número 699. Praticamente mais 10 meses perdidos em uma saga que, embora divertida, trouxe mais dúvidas que respostas. Tivemos um pouco sobre o passado de Law, a formação de uma Aliança Pirata para derrotar Kaidou (um dos quatro imperadores do novo mundo), um exemplo do poder aterrador de DoFlamingo, mais uma prova de que a estrutura da marinha é falha e que existem piratas lá infiltrados.

A saga atual, Dressrosa, que mais parece uma continuação direta de Punk Hazard, se iniciou no capítulo 701 do mangá, e ontem, tivemos no Japão a publicação do capítulo 716. Já são 15 capítulos que, em razão da doença do Oda e as várias semanas de hiato, foram publicados num intervalo de 05 meses. E o que é pior, assim como nas outras sagas, até então, tivemos poucas revelações e muitas indagações.

Os capítulos semanais não parecem render como antigamente, tem gente demais para meras 17 páginas por semana. Nessa saga, além da tripulação, que já está bem inchada, diga-se de passagem, ainda há o Law, o Samurai e seu filho, fora o Caesar, a gigante tripulação do DoFlamingo, o novo Almirante e os vários lutadores “randon” que apareceram na disputa pela fruta do Ace. Nas sagas anteriores, o Oda sempre dividiu a tributação e foi trabalhando com histórias paralelas que no final chegavam no mesmo ponto onde todos se encontravam para a batalha final. Dessa vez não está sendo diferente, só que em razão dos muitos personagens, a divisão está extremamente maçante. Você mal consegue processar o que está acontecendo com um personagem, que já vem o corte para outra história ou o final do capítulo, aí depois já vem uma nova com outras pessoas, e outros inimigos, e outros mistérios… É como se o autor tentasse dar atenção a todos, e no final, não desse a ninguém. Ninguém se destaca, pois não há tempo.

Enfim, é possível que eu tenha me esquecido de vários aspectos importantes que foram apresentados nessas sagas, ou até que esteja falando muita bobagem (isso vocês me dirão nos comentários), mas esse pequeno desabafo surgiu quando decidi escrever essa semana um apanhado sobre como estava a saga de Dressrosa. Quando sentei para escrever, e fui rever os capítulos antigos, acabei ficando mais confuso do que já estava, chegando ao ponto de não saber nem por onde começar…

Oda, sabemos que você é gênio, mas talvez esteja na hora de rever os conceitos de sua obra, caso contrário os adjetivos que ela merecidamente adquiriu ao longo desses 16 anos de publicação vão sofrer mudanças relevantes.

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