Atari: O Messias dos Videogames

No Principio era o Pong…

Nós, representantes da primeira geração de Gamers praticamente nascemos com um primitivo joystick de Atari na mão, e por isso vemos hoje o quanto os videogames evoluíram desde nossa infância. Considerando que a história da “sociedade moderna” fosse divida entre Antes de Atari/Depois de Atari (AA/DA), podemos dizer que estamos vivendo o Novo Testamento e fazer uma paralelo entre os games primitivos da primeira geração e os games atuais.

A evolução gráfica dos videogames é um processo natural, considerando que ela acompanha e busca estar sempre na vanguarda tecnológica, então, creio que nem é necessário citar essa evolução, citarei aqui mudanças, evoluções, revoluções, avanços, coisas que aqueles meninos que jogavam Atari nem imaginariam que poderiam acontecer.

Então vamos a eles!!

Pause:

Quem é da geração do Atari sabe que os joysticks eram muito simples, e que nessa época nem imaginávamos o quão fantástico seria poder pausar um jogo para atender o telefone, ir ao banheiro, assaltar a geladeira, etc. para o pessoal da nova geração é o mesmo que estar numa partida online, enquanto seu telefone toca, sua mãe chama pra comer, sua bexiga começa a doer, seu nariz começa a coçar, e você nada pode fazer.

Lembro que o jogo mais viciante do Atari na minha opinião era o Frostbite, jogo onde você era um esquimó, e tinha que ir pisando nos blocos de gelo de um rio, para que o seu iglu fosse sendo construído, depois de completo você tinha que entrar no iglu para passar de Fase, porém, tinha um maldito urso polar que não facilitava nem um pouco as coisas. Falando assim, o jogo parece bobinho (pode até ser nos dias atuais), mas pra época o jogo era muito Hardcore e frenético, então, antes de jogar eu tinha que me preparar, comer alguma coisa, tomar uma água, um xixizinho, e depois ligar o Atari.

Essa evolução chegou somente na era dos 8 bits, e como era algo ainda meio indefinido, no Master System, por exemplo, o botão de Pause ficava no Console e não no Joystick, não muito prático, mas ainda era só o inicio.

Botões A, B, C, X,Y, L, R, Triangulo, Quadrado, Bolinha, etc:

Os primeiros Joysticks possuíam somente um direcional tipo manche e um botão de ação, esse botão tinha que servir pra tudo, atirar, pular, acelerar, soltar Hadouken, dar socos “ou” chutes, etc.

Mesmo nessa época, algumas empresas lançaram uns Joysticks em formato de manche de avião mais ergonômicos, melhorando a empunhadura, com 2, 4, 6, 8 botões, porém, todos os botões tinham a mesma função, eu tive um desses da Dynacon, era bem legal, lindão e tudo, mas era só tamanho (hihihi), pois, voltando um pouco no assunto, nem Pause tinha.

Uma curiosidade sobre os controles, é que quando foram inseridos mais funções para os botões de ação, e o manche foi substituído pelo direcional, algumas marcas desenvolveram controles onde o direcional era do lado direito e os botões de ação no lado esquerdo, isso é interessante por 2 motivos: 1- Ainda não havia um padrão definido para a configuração dos controles; 2- considerando que os controles da era do Atari eram empunhados de forma que o manche (direcional) era movido com a mão direita, enquanto o botão de ação era acionado pelo polegar da mão esquerda, esse controle tentou ser somente a evolução direta de algo pré definido. Porém, bem sabemos que isso não vingou.

Conversor TV Videogame:

Nas TVs antigas não havia nenhum canal chamado “vídeo” ou algo parecido, pra você jogar seu videogame, você tinha que colocar a TV no canal 3 e acionar o Conversor que era instalado atrás da TV e somente depois disso, você poderia jogar o seu game.

Esse conversor era tão fodão, que se meu vizinho sintonizasse a TV no Canal 3 enquanto eu estava jogando videogame, a TV dele recebia a mesma imagem do jogo que eu estava jogando, sinistro heim.

Controles sem fio:

Fios nos controles sempre foram um problema, quem nunca derrubou o console no chão porque alguém passou na frente e tropeçou, ou por não calcular direito o comprimento do fio.

Lembro que o primeiro controle sem fio que joguei foi numa coladora perto de casa, e foi num Super Nintendo, claro que o controle não era original, mas a sensação de segurar um controle sem fio foi mágica, porém, o tal controle comia pilha e falhava demais.

Experimentem fazer o seguinte, quando estiverem jogando um videogame atual (sem fio) e passar alguém na frente, grite: CUIDADO COM FIO!!! Certamente essa pessoa vai dar um pulo ou algo parecido, sempre faço isso com minha Sogra 🙂

Serviços Online:

Antes do Nintendo 64, jogar contra mais de uma pessoa era algo impensável, jogar contra alguém que não estivesse na frente da mesma TV que você era praticamente sobrenatural, sem contar ainda que em jogos tipos de corrida a tela da TV ficava dividida ao meio, e olha que estou falando de TVs de 20 polegadas no máximo.

Hoje além de jogar contra gente de toda parte do mundo, podemos fazer downloads de Jogos, Demos, DLCs, além de poder divulgar as conquistas, os recordes, os troféus.

Outro aspecto é poder conversar com os seus amigos (ou inimigos) virtuais durante a jogatina.

Além disso, hoje muitos jogos possuem o foco principal na jogatina online, possuindo um modo campanha curto para poder dar ênfase no universo multiplayer online.

Salvar durante o Jogo:

Parece impossível imaginar um jogo sem modo de salvar durante a partida, através de “check points” ou automaticamente, porém, nos primórdios não existia isso, o termo “Continue” era muito valorizado, pois sabia-se que aquilo era limitado, quando acabassem os continues era Game Over sem dó, daí só começando de novo, ou “talvez” se você conhecesse alguma “Warpzone” ou “Password” você conseguiria uma certa vantagem e não precisaria começar de novo.

Nada melhor para definir a palavra “Frustação” do que depois de vencer um chefe fodão, cair num buraquinho bobo e se deparar com a tela de Game Over e ter que começar jornada tudo de novo.

Falas durante o Jogo:

Uma das grandes incógnitas da minha infância era: Por que tantos inimigos se chamavam “Boss”? Hoje, apesar de saber a resposta de tal questão, as perguntas são outras: Será que o jogo será lançado com dublagem ou legenda em Português do Brasil?

Antigamente a única voz que ouvíamos nos games, era uma voz meio robotizada dizendo  “SEGA” em jogos do Master System e Mega Drive.

Me lembro da primeira vez que liguei o Super Mario 64 no Nintendo 64 e apareceu o Mario dizendo a lendária frase: It’s me Mario!! Foi épico.

Movimento:

Mesmo ainda sendo algo tido como revolucionário, os sensores de movimento pouco úteis se mostraram quando aplicados nos games. Porém, não tenho dúvidas, que essa tecnologia permanecerá nos consoles vindouros, o que falta é que as Publishers tentem fazer algo mais útil do que dançar, acariciar gatinhos e fazer pilates.

Dois momentos épicos da minha vida gamer proporcionados pelos sensores de movimento foi aquele vídeo lançado na E3 de 2006 onde mostrava um cara jogando The Legend of Zelda Twilight Princess em que ele executava os comandos de ataque do Link através do movimento dos braços, e o outro momento foi a epifania de jogar a minha primeira partida de Tênis do WiiSports.

Considerações finais:

É muito gratificante poder acompanhar o quanto os games cresceram, evoluíram, ganharam respeito e hoje fazem parte da cultura mundial, onde pais e filhos, maridos e esposas se divertem através dele.

Triste ver que ainda há gente que assimile violência com videogames, numa sociedade onde o amor e o respeito deram lugar à ganância e à falta de ética, fica fácil justificar dizendo que jogar videogame foi o motivo de alguma pessoa cometer uma barbárie. Porém, nós gamers, cidadãos de bem, continuamos mostrando que valores de caráter e ética não são corrompidos com um Joystick na mão.

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