Guillermo Del Toro (O Labirinto do Fauno, Hellboy, Kronos) parece ter o espírito de uma criança quando cria seus filmes, mas não digo isso em um tom pejorativo, afinal as crianças é que trazem um pouco de luz ao nosso mundo tão cheio de dilemas.
Em suas obras anteriores Del Toro já nos presenteou com filmes criativos, visualmente interessantes e Círculo de Fogo é o ápice desse espírito infantil e imaginativo do diretor.
POST SEM SPOILERS!!!
Sinopse: Do fundo do oceano, começa uma invasão de monstros gigantes conhecidos como Kaiju. Em resposta, os países do mundo se unem e cada um cria seu próprio robô gigante para salvar a humanidade.
Quando tive um primeiro contato com os trailers e informações desse filme fiquei com receio que seria mais um genérico de Transformers, não que os filmes de Michael Bay sejam totalmente descartáveis pois divertem naquelas duas horinhas e pouco no cinema, mas são totalmente esquecíveis a curto prazo e um genérico de algo que já não é tão bom assim, tende a ser um lixo total.
No entanto, quando vi o trailer em que os robôs lutam na cidade já tinha decidido ir assistir por aparentemente as lutas serem bem mais ferozes do que vimos em Transformers. Até então ainda não acreditava no roteiro pois os trailers insistiam em mostrar apenas as situações de alívio cômico envolvendo os dois cientistas principais do filme, que por sinal funcionam muito bem apesar da galhofagem que está presente em quase todas cenas desses personagens.
Ao assistir o filme percebi que mesmo com todos os clichês da jornada do herói e dos filmes catástrofe embutidos, Del Toro conseguiu ao lado de Travis Beacham (Fúria de Titãs) trazer muita emoção e sentimentos aos personagens, além de dar aos vilões da trama uma motivação básica que nos faz querer eles mortos e ao mesmo tempo entender o porque deles causarem aquilo tudo, já que segundo as explicações do filme as atitudes dos KAIJUS é o que move sua raça e acreditem os monstros são bem mais interessantes do que o trailer sugere. Não entrarei em detalhes para não entrar na zona de spoilers!
O casal principal do filme formado por Raleigh e Mako tem uma química excelente, não só no sentido amoroso (que não é tão explorado), mas sim no sentido ideológico e de combate. Essa química em alguns momentos é auxiliada pelo “poder do protagonismo”, mas não desmerece a atuação dos dois e funciona muito bem.
Vale destacar um personagem em especial: o marechal Stacker (Idris Elba). Que personagem incrível!!! Por mais que ele caia em alguns momentos no clichê de personagem militar padrão (até mesmo para reforçar sua importância), ele é o verdadeiro herói da trama na minha visão e sempre que aparece em cena dá um show, fiquei realmente fã desse cara, talvez se o filme fosse um pouquinho mais profundo, Idris Elba seria um candidato ao Oscar. Atuação memorável!!!
A trilha sonora do filme é na medida certa, com vários momentos épicos e o mais importante, sem precisar ser “over estoura tímpanos”. Ela casa tão bem com o filme que em muitos momentos você nem a nota e de repente está mergulhado nela novamente pois acompanha perfeitamente o ritmo do filme.
Sem dar spoilers, peço que prestem atenção e me digam depois de assistir, o que acharam da cena em que é mostrado o passado da pequena Mako!!! Poucas vezes senti um medo tão verdadeiro vindo de uma personagem, e melhor, passando toda essa carga emocional para as pessoas que estavam assistindo. Incrível!!!
Os Jaegers e os Kaijus são os seres mais selvagens e impressionantes que já vi no cinema, enquanto os primeiros são a representação perfeita do que já vimos em animes como Evangelion, Gundam, Code Geass, os segundos tem uma agressividade assustadora, diferente de Transformers onde os robôs não passavam um sentimento tão brutal, nesse filme as batalhas são animais e destruidoras, quando temos cenas nas cidades a coisa fica mais impressionante ainda, já que no mar não temos coisas sendo destruídas.
O FILME DO ANO também tem suas falhas, como por exemplo o excesso de clichês, momentos galhofa em situações que não precisam (incluindo a cena pós crédito), vários momentos Deus Ex Machina em favor dos protagonistas, etc, mas nada disso é relevante se comparado ao nível de diversão, sensações e sentimentos que o filme transmite.
Tem muitas coisas que gostaria de dizer sobre esse filme, mas para que a experiência de assisti-lo ser completa é bem interessante que a pessoa não seja bombardeada por spoilers, por isso termino a minha recomendação e descrição de experiência por aqui.
Não deixem de assistir Círculo de Fogo no cinema ou irão se arrepender, é uma das experiência mais marcantes que tive na minha vida, mesmo não sendo exatamente o melhor filme que já vi. Ressalto que assistam em 3D pois a imersão é incrível, apesar de não ser usado para ficar jogando coisas na nossa cara como alguns gostam, eu senti que os Kaijus ficam mais amedrontadores nesse formato.
Finalizo batendo palmas para Guilhermo Del Toro, esse cara que sabe despertar nossa imaginação e só não terá a bilheteria que merece porque os americanos não aceitam nada que não seja “deles” ou fale sobre eles!!! Se algum filme blockbuster desse ano for indicado ou merecedor de premiações, Círculo de Fogo é o nome… o melhor!!!
Nota: 10/10