O que pensamos quando alguém fala em quadrinhos em formato digital?
Hoje mais cedo escrevi alguns parágrafos sobre o assunto no Facebook do Calisota BR, mas achei o assunto tão pertinente que vale sua reprodução aqui no blog com certeza. A pauta surgiu porque a Editora Abril oficializou nesse fim de semana num evento em São Paulo que há planos para quadrinhos Disney em formato digital aqui no Brasil e se possível veremos os primeiros passos da iniciativa ainda no final deste ano.
Você pode não curtir Disney, mas precisa admitir que já era hora de alguém bater na mesa e dizer “vamos começar a experiência nas Bananas“. A Panini ainda não publica Marvel e DC em formato digital, muito menos mangá. O que pra mim é uma pena, pois faz anos que acompanho DC nesse formato porque simplesmente não aguentava mais montanhas de gibis DC em casa ocupando espaço. Há quadrinhos que curto colecionar e há quadrinhos que não. Não é porque leio de tudo um pouco, que sou obrigado a colecionar tudo. É um elemento importante nessa equação.
Enfim, o texto está logo após o continue lendo. Possui pequenas reflexões pessoais e argumenta um pouco esse conceito errado que algumas pessoas possuem, de que o formato digital vai acabar com o formato impresso (não vai) ou que quadrinhos digitais significa apenas ler quadrinhos no PC (não mais!).
Certamente é um assunto cheio de incertezas, preconceitos e polêmicas, mas é importantíssimo ver que o Brasil parece estar se preparando para esse modelo de mercado que já causas debates lá fora. O modelo ainda não é perfeito e muita coisas ainda depende de outros mercados e formatos, mas é errando que se aprende. E se não começarmos de alguma forma, nunca aprenderemos. E se já temos no país revistas como Veja e Superinteressante em ambos os formatos, é mais do que justo que os quadrinhos também comessem a dar seus primeiros passos.
(Texto do Calisota BR – Link original)
QUADRINHOS DIGITAIS!!
O que vem na sua cabeça quando alguém grita isso? Uma pessoa sentada no PC lendo scans de HQs?
Esse é um cenário que parece que grudou na mente dos brasileiros. Faz sentido dada a realidade em que vivemos, mas esse não é um modelo único. Hoje há outros meios e são graças a eles que o mercado de quadrinhos digitais vem crescendo lá fora e que nunca iria crescer no Brasil se alguém não começasse a inserir eles no país. Por isso é importante esse anúncio da Editora Abril de que os quadrinhos digitais Disney estão nos planos da editora (agora finalmente oficializados ao público).
Quadrinhos Digitais não significa a extinção dos Quadrinhos Impressos. Esse é outro equívoco comum. Um formato não mata o outro. A internet não acabou com a TV, assim como a TV não acabou com o rádio. O serviços de TV por streaming não vão acabar com o mercado de DVD ou BD ou com a TV a cabo. São modelos que se encaixam em situações e públicos diferentes e podem coexistir sem ameaças de um extinguir o outro.
O modelo digital traz praticidade, enquanto o modelo impresso traz a experiência tátil, o colecionismo, o “ter pra sempre”. São formatos que na conjectura do mundo atual se completam.
Quando penso em Quadrinhos Digitais penso na imagem que ilustra esse post. A praticidade que tenho hoje em dia em ler quadrinhos no meu tablet e que não tenho com os gibis impressos.
O formato digital é um modelo de investimento. Você precisa querer investir. Assim como nos videogames, onde você precisa de um console, precisa de acessórios, para usufruir a experiência completa. Não foge da ideia de um PC. Você não vai na loja e compra o PC mais vagabundo, você compra aquele que lhe dará mais benefícios, que lhe proporcionará as melhores vantagens. Você pode ler quadrinhos no PC, mas a experiência é muito mais rica e completa num tablet. Sim, os tablets são caros, mas não tanto quanto eram há 2 anos atrás e é provável que eles estarão ainda mais baratos conforme os anos forem passando, de acordo com sua popularização. Aparelhos de blu-ray hoje em dia custam o que os aparelhos de DVDs custavam anos atrás, assim como estes eram caros quando existiam os extintos videocassetes. Então, investir é preciso e todo mundo ganha conforme o mercado cresce e melhora nestes pontos. Quanto mais conteúdo digital e modelos de negócios, mais os aparelhos que casam com esses aspectos se popularizam e ficam mais baratos. Eu comprei um tablet inicialmente para ler quadrinhos digitais. Hoje em dia tenho mil utilidades pra ele, o investimento valeu a pena.
Há quem não se incomoda de ler no PC. Há quem odeia. Há quem precisa a revista impressa. Há quem adore o cheiro de papel. E há aqueles com “pré-conceito” a coisas novas, mas que nunca experimentaram outras formas de usufruir um meio de entretenimento.
Eu adoro os dois mundos. Digital e impresso. Mas eu consigo ler 52 revistas da DC por mês no iPad e não consigo ler as 6 mensais Disney impressas que ficam aqui na minha mesa. Por que? Há várias razões particulares, cada um vai ter a sua.
Meu tablet é minha ferramenta de trabalho e entretenimento. Ele está sempre comigo. Meus gibis não. O tablet funciona perfeitamente no escuro, quando estou no quarto com o meu filhinho de 11 meses dormindo. Posso passar horas ali com ele, lendo no tablet e vendo-o dormir com as luzes apagadas. Para os gibis eu preciso de luz. Posso estar na rua ou na casa de algum parente e me sentar pra ler alguma das dezenas de títulos que deixo no tablet, mas jamais poderia sair de casa com mais do que 3 gibis talvez. Fora que manter revistas em mochilas, bolsas e transitar com elas pra baixo e pra cima sempre haverá aquele risco de amassar, molhar ou esquecer em algum lugar. Um aparelho eletrônico temos muito mais cuidado, além de não amassar! Mas eu ainda adoro meus gibis impressos. Folheio, leio quando posso e o momento me proporciona isso, adoro guardar eles na prateleira. Mas sou realista, não é tão pratico assim ler esses gibis diante da minha agitada vida. Queria ter mais tempo, mais espaço, mais sossego para passar horas estirado no sofá lendo gibis. Mas não tenho mais isso. Não com a TV, PC, videogames, filho, esposa e tantas outras coisas que fazem parte da vida adulta.
Quadrinhos Digitais então são algo interessante. Não porque eles vão extinguir o modelo impresso, e sim porque eles são adaptáveis aos tempo em que vivemos, onde a tecnologia é essencial e é muito mais fácil você ter tempo para jogar um Angry Birds no seu celular do que sentar no sofá para ler um gibi de 300 páginas numa só “sentada”. E eu passava tardes inteiras deitado na rede em finais de semanas lendo pilhas e pilhas de gibis quando tinha lá meus 14 anos. Hoje nem rede eu tenho mais!
O anúncio da Abril vem então num momento oportuno. Eu quero meus gibis impressos, mas adoraria que eles também existissem no formato digital. Certamente não estaria meses com a leitura atrasada se tudo já estivesse no meu tablet. Eu espero que possamos assinar os gibis Disney no mesmo modelo de uma Veja ou Superinteressante, onde você pode ter o modelo impresso e o digital. Tal qual a Itália fez com a Topolino lá.
E nada impede que materiais sem espaço para serem impressos aqui, saiam primeira no formato digital e depois quando puderem sair no papel, saiam também. Crônicas do Planeta X por exemplo seria interessante ver no digital já que está difícil ver a saga no papel. Sagas cronológicas como Donald Duplo também não seria de todo mal em formato digital pra quem perdeu as primeiras histórias.
Enfim, o formato digital não veio pra estragar a festa. Veio para animar mais ainda. Complementar, adaptar o modelo impresso a uma nova realidade. O papel nunca irá se aposentar, mas ele precisa aprender a coexistir com o digital, porque ainda gostamos de guardar e colecionar gibis, mas quando crescemos, o tempo para estacionar no sofá ou levar conosco e lê-los não é tão simples assim como nos tempos de infância.
Pensem nisso…