.
Stoker não é um filme para mostrar as crianças.
Aqui temos uma criação de Park Chan-Wook (Oldboy), um cara que normalmente relaciona a sexualidade com a violência, e dessa vez insere os temas dentro de um contexto familiar, rodeando a família Stoker. Mais óbvio que isso, apenas o nome do filme aqui no Brasil, Segredos de Sangue.
O filme conta a história de uma garota e sua mãe lidando de formas diferentes com a morte recente do pai. A mãe, Evelyn (Nicole Kidman) pretende passar pela fase fúnebre o mais rápido possível, enquanto a filha, India (Mia Wasikowska) se prende a lembranças e devido ao sua falta de relacionamento com a mãe, não tem como se livrar do luto, ou evita livrar-se dele.
Para completar um tio distante, Charlie (Matthew Goode) aparece cheio de mistérios e com poucas explicações.
Não demora muito para que a tensão sexual se instale entre a Evelyn e Charlie, provocando em India certa repulsa.
O filme é muito mais que uma birra familiar, trata da descoberta da “vida adulta” de India, do anseio de Evelyn por estar envelhecendo, o desejo de ser desejada e anseio por violência ou dominação, se preferir.
O interessante é que temos flertes de vários gêneros no filme, referenciando grandes cineastas como Hitchcock em Janela Indiscreta ou Psicose ou até mesmo Kubrick em Lolita. Começamos com uma apresentação bem concisa, passamos ao suspense e logo ao mistério, dando voltas pelo terror e chegamos à típica vingança.
É interessante como pra mim pareceu que o final estava ótimo, a sensação de que tudo estava bem, nos conformes.
Andei dando uma olhada em algumas críticas, a maioria elogiando, até encontrar uma da Folha com o título: “Repleto de citações sem coesão, “Segredos de Sangue” vira exercício de estilo”.
O título mostra o estilo de Park Chan-Wook usado no filme como se fosse algo ruim, mas na verdade todos os efeitos e artimanhas usadas não são gratuitas, como por exemplo, as cenas de hand cam pra demonstrar a urgência e desespero da cena, as filmagens de baixo pra cima ou de cima pra baixo demonstrando superioridade ou inferioridade e que é usado em uma cena pra demonstrar que o discurso pode mudar esse status em segundos.
Stoker também marca a estreia do diretor sul-coreano Park Chan-wook em Hollywood, sendo o seu primeiro filme em inglês.