Conferência gravada revela boas coisas, mas não salva alguns problemas.
Segundo dia de E3 é um daqueles dias onde você aproveita para ver todos os trailers e vídeos das quatro conferências do primeiro dia com mais calma e atenção enquanto espera pela conferência da Nintendo no período da tarde e depois disso ficamos naquele sentimento de “é… a Nintendo ainda tem coisas legais, mas por que diabos ela não é como a Sony ou Microsoft em tudo que está errado nela?“.
É fato de que o Wii U está muito mal das pernas, numa geração que mal começou. Enquanto o Xbox One e PlayStation 4 ainda nem completaram um ano desde o seu lançamento, o Wii U está indo para o seu segundo ano de vida (dá pra imaginar que o aparelho foi lançado em 2012?!). Isso significa que é totalmente normal que nesse estágio da vida do console haja bons títulos e lançamentos exclusivos com uma performance mais chamativa do que a primeira onde de jogos lançados na plataforma.
E bons títulos realmente forma demonstrados em um bem humorado Nintendo Direct, disfarçado de conferência. O meu problema é que a Nintendo pra mim chegou num ponto em que trazer apenas bons títulos não é mais suficiente. Há muitos outros problemas reais que tornam o Wii U um porre pra mim. Você se lembra da E3 de 2012, quando a Nintendo apresentou seu console-tablet mostrando como seu novo console era bacana pois ao contrário do Wii, ele conseguia ter todos os multiplataformas que na época o PS3 e X360 tinham, mas o Wii não tinha músculo suficiente pra aguentar? Pois é, dois anos depois já se tornou claro que o Wii U agora se encontra na mesma situação em relação ao Xbox One e PlayStation 4, ou seja, não aguenta basicamente nada do que diz respeito aos multiplataformas que estão surgindo para a nova geração. Novamente a Nintendo se encontra uma geração defasada em relação a sua concorrência. E não estou tão certo assim de que o Wii U não aguente alguns games da concorrência, pelo contrário, deveria aguentar.
Isso traz novamente um problema que a Nintendo enfrentou no Gamecube, quando sua plataforma tinha poucos exclusivos além de suas franquias, e muita coisa que saia na concorrência não saia em sua plataforma. No final o Gamecube é um console memorável pelos próprios games da Nintendo, onde praticamente todas as suas franquias de peso conseguiram seu merecido destaque, dentre eles títulos como Metroid e F-Zero, que estão de molho atualmente e talvez não devessem estar.
Pra mim isso é um problema real, onde não basta apenas que os títulos da Nintendo importam. Isso não é suficiente para trazer gamers do One e do PS4 para sua plataforma. Talvez seja para segurar aqueles que não a abandonaram, só que estes já provaram que não são mais suficientes, a Nintendo precisa expandir. E apenas fazer o que ela vem fazendo não me parece mais suficiente.
Me incomoda, particularmente, pensar em ter um Wii U e imaginar que preciso de trocentos controles para uma experiência total com o aparelho. Precisa ter o controle gamepad, precisa de um wiimote, precisa de um pro controller e agora até mesmo o controle do Gamecube vai ser adaptador para que a experiência de Super Smash Bros seja potencializada. Sinto falta de um controle universal num sistema da Nintendo. Só um para tudo, da forma mais tradicional possível. Sem frescuras, sem firulas, sem pensar em tentar reinventar a roda. Torço muito para que o próximo console da empresa aposente essa badernada e fique apenas com um único e simples controle. Desde quando a gente precisa de algo além disso para curtir Super Mario ou The Legend of Zelda? Nunca precisamos.
Eu vejo as novidades anunciadas para a próxima leva do Wii U como a cartada definitiva para decidir a longevidade do console. Estamos em 2014, indo apenas para o primeiro ano da oitava geração basicamente. Quanto tempo você acha que o One e o PS4 irão ficar no mercado? 8 anos no mínimo? Você acha que o Wii U aguenta 8 anos? Eu duvido muito. e não me surpreenderia se lá pra a E3 de 2016 a Nintendo não aposentasse o Wii U e mostrasse um novo aparelho, mais parrudo, menos inventivo, suportando os multiplataformas desta geração e com seus games que são sempre a cereja do bolo de suas plataformas. Afinal, muito do que andou fazendo sucesso nos mercado atual, não foi preciso de uma plataforma exclusiva ou única. O Kinect e o PS Move são provas disso. Skylanders e Disney Infinity com seus bonequinhos não estão faturando numa plataforma exclusiva. E se você pensar, os bonequinhos do programa Amiibo que a Nintendo apresentou hoje, irão funcionar até mesmo no Nintendo 3DS. O diferencial da era Wii acabou, não precisamos mais disso. A Nintendo criou um ponto interessante e verdadeiro na geração passada, de que precisamos e podemos inventar novas jogabilidades e tecnologias, só que isso não precisa literalmente ver atrelada num console limitado exclusivamente a isso. E eu duvido muito que o próximo console da empresa vá tentar novamente seguir essa linha de pensamento.
E quanto aos títulos demonstrados na conferência? Animadores até certo ponto. Hyrule Warriors parece sensacional, porém me pego pensando se eu já não joguei algo parecido com isso, na geração passada, quando comprei um 360 e me fui apresentado a franquia N3- Ninety Nine Nights, que talvez hoje seja ruim, mas na época era de se impressionar, Algumas coisas envelhecem muito rápido. Da mesma forma que imagino se alguém estaria pagando pau pra esse jogo se ela não tivesse a skin do universo de Zelda. Se fosse apenas um Dynasty Warrior você se importaria? Eu acho que não.
Também me preocupa um pouco a ideia de títulos como Yoshi’s Wooly Word, aquele jogo que segue a textura e efeitos de um mundo de lã mostrado em Kirby Yarn (excelente título por sinal e que poucos jogaram). Na prática é um belíssimo game com um visual de cair o queixo, mas mecanicamente me parece mais um Yoshi’s Island. E isso não é necessariamente positivo. Me choca que a versão de Yoshi’s Island do Super Nintendo cause tão boas lembranças pessoais pra mim e que até hoje são poucos os títulos inspirados nessa franquia realmente causem o mesmo efeito. O DS teve o horrível Yoshi Touch, o 3DS agora teve um novo Yoshi’s Island que não me motivou nem mesmo a terminar o primeiro mundo. É tudo igual, a mesma experiência, sem nada relativamente genial. É uma sensação diferente de quando havia um novo Super Mario Bros e cada um era mecanicamente e esteticamente diferente, quase como se fosse algo totalmente inédito. E só pra não ser injusto, eu gostei muito do Yoshi’s Island do Nintendo DS onde era possível jogar com bebês diferentes e cada um tinha um poder diferente. Eu achei que a franquia estava indo pra um ótimo caminho nessa versão, só que ficou por aí mesmo. A nova versão do 3DS é totalmente inspirada no original e essa novo do Wii U nem bebês parece ter! Eu espero estar errado, mas pra mim é um título que vai ser esquecido em questão de semanas, assim como já esquecemos que tem um Donkey Kong no Wii U. São franquias que não marcam mais uma geração como conseguiram marcar no passado.
E esse é um raciocínio que permeia outros títulos até então revelados, como o Captain Toad ou Mario Party 10 (mostrado depois da conferência). Não seria mais legal que tudo isso fosse trocado por um novo Super Mario de mundo aberto? 3D World vai realmente se o Super Mario dessa geração do Wii U? Ele não me pareceu chegar aos pés do efeito que Super Mario Galaxy teve geração passada.
Preciso também comentar sobre Super Smash Bros. Pequenas novidades anunciadas e demonstradas. Porém nem de longe tiveram o mesmo peso ou efeito que, por exemplo, tiveram o último Nintendo Direct dedicado ao títulos quando Greninja e Charizard foram revelados como jogáveis. Miss? Fala sério. E a personagem-deusa de Kid Icarus talvez seja uma boa notícia, mas que banho de água fria muitos tiveram ao descobrir que aquela inacreditavelmente foda animação no melhor estilo animê era só uma desculpa para apresentar a personagem. Eu estava quase chorando de alegria com a possibilidade da Nintendo anunciar um longa ou até mesmo um curta animado em animê baseado em Super Smash Bros. Se a Capcom fez quando Super Street Fighter IV foi lançado, por que a Nintendo não poderia? Mas não era nada disso. Apenas uma perfumaria pra apresentar um personagem novo. Que broxada linda tomei nessa hora.
Bem, será que preciso falar do novo The Legend of Zelda? Continuo achando que o fã da Nintendo não aprende e não ter um certo bom senso. O que vi de gente escrevendo hoje na web coisas como “morri, quero esse novo zelda pra agora.”. Caraca a Nintendo não mostrou nada do novo Zelda. Me faz pensar em todo aquele hype infernal que Twilight Princess recebeu por anos e anos, até ser lançado e todo mundo chegar a conclusão de que o jogo era um dos mais fracos Zeldas já produzido. Gráficos lindos e mundo aberto já eram meio que esperado e óbvios. Uma das melhores críticas em torno de Between Worlds lançado no 3DS ano passado era justamente nessa mecânica de liberdade para ir onde quiser e fazer o que quiser. Seria burrice não seguir nessa direção no próximo Zelda. Mas ficar na expectativa nível pau duro por um jogo que vai sair em 2015 se não atrasar (o que duvido muito) é muito exagerado. O Wii U vai ter que segurar o fôlego até lá. E por mais lindo que esse Zelda seja, e com suas mecânicas bacanas, ainda fico triste em pensar que pra jogar ele, teria que usar aquele trambolho do gamepad do console. Imagine jogar esse Zelda no estilo mais tradicional de controle, que maneiro seria. Você pode até dizer que o Wii U tem o Pro Controller pra isso, mas já percebeu que ninguém fala desse controle? Me pergunto o porque.
Que mais? Ah requentaram Kirby Rainbow Curse para o Wii U. Um título que foi excelente no começo da vida do DS. Me fez lembrar que o Wii U também tem a porcaria de uma Stylus. Putz, e pensar que eu tenho um 3DS e praticamente quase nunca usei a caneta. Poucos jogos dão utilidade pra esse acessório hoje em dia e os que dão geralmente fazer isso de uma forma muito errada (Kid Icarus). Esse é outro ponto, meu chute é que o próximo portátil da Nintendo não vai ter stylus (ainda vai ter tela de toque, mas não acho que “dual screen” faz mais sentido hoje em dia).
Falando em requenta e 3DS, mostraram um pouco do remake de Pokémon 3ª Geração. Parece ótimo, mas sei lá. Eu já me chafurdei em Pokpemon X e Y ano passado com tais gráficos e mecânicas. Consegui todos os benditos 700 pokémons. Preciso mesmo jogar esse remake com pokémons que já conheço e possuo? Sei lá. Segundo semestre vai ter tanta coisa mais interessante. Se ainda inventassem uns novos pokémons. E fora isso, mais NADA de novo e inédito foi mostrado para o Nintendo 3DS. O que não significa que mais nada será feito no portátil, apenas quer dizer que a Nintendo precisa realmente tirar o Wii U de seu coma, que dá pra deixar o 3DS ali no cantinho, momentaneamente claro. Uma pena que não anunciaram um remake de Majora’s Mask pro 3DS, eu ainda estou na espera.
Será que deixei algum ponto importante de fora? Não sei. Alguém ainda está naquela expectativa inicial de quando Bayonetta 2 foi anunciado? Eu tenho a impressão que o tempo passou e a ansiedade esfriou um pouco, ainda mais agora sabendo que a Platinum está trabalhando num exclusivo novo pro Xbox One, sendo uma IP totalmente nova. A lembrança e boa diversão de Bayonetta 1 na geração 360 já foi suficiente pra mim nessa altura do campeonato. teve um novo Xenoblade com gráficos meio vencidos ali, não acharam? Mario Maker? Porque New Mario já não é enfadonho e chato o suficiente e agora você vai poder fazer fases no mesmo estilo.
Enfim. Super Smash Bros? Comprarei no dia do lançamento, para Nintendo 3DS. Os bonequinhos Amiibo? Terei todos na prateleira aqui em casa, para enfeitar, porque pra mim esse é o barato desse tipo de produto. Usar pra jogar? Não preciso, obrigado. E sim, considero ainda comprar um Wii U remotamente lá pra 2015, caso meu filhinho se interesse por games e queira conhecer esse mundo colorido e fechado da Nintendo. Mas como um console secundário, sendo que o mal desse tipo de aparelho é que ele sempre vai passar mais tempo juntando pó do que me divertindo tanto quanto deveria. Porque essa é a Nintendo de hoje em dia. Ainda sendo excepcionalmente foda com suas franquias, num ritmo cada vez mais lento, problemático e com baixa relevância para com os grandes blockbusters de verão.
É isso! Que venham as pedradas daqueles que precisam defender a Nintendo com garras e dentes!
Bonus Round: quer se aprofundar um pouco mais nessa reflexão sobre os problemas que assolam a Nintendo, os gamers e essa geração de jogadores? O Gamasutra lançou um excelente texto sobre o tema. Está em inglês, mas se isso for um empecilho, pede um auxílio pro google tradutor! 😉 (leia aqui) – dica marota do Mauri Link!