O baque da realidade versus o espírito do bom humor… Adeus Robin Williams

Robin Williams

Estou no mínimo há umas três horas pensando se esse texto deveria sair do papel ou não. Resolvi começar a digitá-lo, e bem, se você estiver aqui o lendo, significa que ao seu final, resolvi que valeu a pena expressar tais sentimentos. 2014 não tem sido um ano fácil no departamento de perdas trágicas, seja de celebridades que as pessoas gostam, mas também num nível mais pessoal, também tive perdes (mais de uma) que mexeram comigo. Até escrevi algumas palavras sobre isso lá no meu Facebook, mas na ocasião achei pesado demais para o blog (link). E é triste quando alguém querido vá embora desse plano existencial.

E ontem aconteceu um novo choque de realidade com a triste morte do ator Robin Williams, que para muitos era o símbolo do bom humor nos cinemas e na TV, era um dos que representavam a alegria como meio de se entreter na vida. É difícil descrevê-lo em tão poucas palavras, mas acho que quem teve contato com os filmes do ator, especialmente os mais clássicos, entende o que quero dizer. E assim, do nada, a gente descobre que o mesmo tirou sua própria vida, deixando o sombrio lado da tristeza vencer o estado de alegria na qual as pessoas o descreviam.

Tudo bem que as pessoas nem sempre são aquilo que aparentam ser. Todos temos nossas camadas exteriores que nem sempre condizem com as camadas interiores. Robin Williams aos olhos de muitos era o homem que conseguia transmitir a alegria, o espírito de estar de bem com a vida, mas a vida das celebridades nem sempre contrastam uma realidade verdadeira. Sabe-se que o ator encontrava-se com problemas de alcoolismos, que enfrentou grandes desafios em drogas na década de 80, e segundo a assessoria de imprensa dele, atualmente enfrentava um grave estado de depressão, uma das doenças mais complexas que uma pessoa pode ter porque a sociedade em si não consegue entender o que diabos é sentir um estado de tristeza tão denso a ponto de não ter mais vontade de viver. Por sinal, quem não entende direito o abismo que pode ser uma depressão, procure dar uma pesquisada na internet, fica aqui a indicação de um link em torno do assunto.

E não é de se chocar que uma pessoa pode ter estes dois lados de uma mesma moeda. Porque o mundo não é apenas branco ou preto. Entretanto não deixa de ser um choque ver que estes ícones da humanidade, com esse poder de dar alegria, trazer o bom humor, possuem um lado tão sombrio e escuro, que contradizem aquilo que nossos olhos veem. Nesse ponto, não sei se vou conseguir expressar o quão estranho é esse sentimento, e para tal deixa a indicação desse texto lá do Estadão, feito pelo psiquiatra Daniel Martins de Barros (clique aqui). O conceito da representação do palhaço (no sentido daquele que traz alegria as pessoas) que é apenas uma concha de uma pessoa com muito mais contraste dentro de si do que o que sua concha demonstra não é algo novo na sociedade, mas sempre vai nos chocar essa realidade.

Fico muito triste com a morte de Robin Williams. A imagem que ilustra essa postagem é de um de seus últimos trabalhos, a série The Crazy Ones, que infelizmente antes mesmo da morte do ator já era dada como cancelada pela CBS. E fica ela como um dos últimos retratos de um Robin Williams que me garantiu boas risadas. E tenha pra mim que há muito ali, nas entrelinhas do show, que acredito são do Robin Williams em si, como pessoa.

Não sei se há uma lição em tudo isso, ou até mesmo se a morte de um ator tão icônico deveria ter uma lição a ensinar para quem ficou por aqui. Existe um incomodo inevitável ver um nome que trazia bom humor as pessoas ter um destino assim, tão pesado. Hoje fomos lembrados novamente como o mundo pode ser um lugar triste, onde precisamos ter a força de seguir adiante e não deixar estes sentimentos mais sombrios tomarem conta da gente.

Não é fácil, mas assim é a vida.

Sair da versão mobile