I love you
| Texto recomendado para quem está acompanhando os capítulos semanais de Naruto e que já tenha lido até o de número 689, ou para aqueles que não se importam com spoilers |
Caraca e agora, o que falo que já não tenha comentando no meu último Conversa de Mangá de Naruto? Que alias gerou excelentes comentários dos leitores. É esse tipo de experiência que torna o CDM tão maneiro, e não apenas a minha opinião semanal. Eu apenas atiro algumas coisas no ar na esperança que o pessoal participe e traga mais ideias e pontos que muitas vezes nem mesmo eu percebo. Essa é a real brincadeira aqui.
Tipo, o Kabito (Kakashi + Obito) tá level máximo. De repente o Kakashi, que mal conseguia fazer coisa alguma, fica com todos os créditos por criar um plano de ataque perfeito que resolve uma batalha contra um ser que sozinhos, ninguém ali conseguiria dar conta. Fora que Kabito a todo momento faz um Susanoo ali, abre a porta da dimensão e joga as coisas lá, fica em modo transparência e por aí vai. Caraca, se não fosse o selo na mão do Naruto e o do Sasuke, só precisaria do Kabito ali pelo visto. Eu achei tudo isso um super exagero do Kishimoto.
E entendo perfeitamente que tem aquele raciocínio de que o Kakashi é o adulto do grupo, o que tem maior experiência em batalhas e em ser um ninja, mas é impressionante que do nada, ele não só fica totalmente overpower como volta a ser aquele estrategista que impressionava a todos no começo do mangá. Mais uma vez acho que é o Kishimoto querendo de qualquer forma criar pequenas referências lá das origens, apenas para justificar a impressão de que tudo que ele pensou lá no início já preparava terreno para essa batalha. Só que eu não vejo estes pequenos lampejos como algo inserido de forma natural e orgânica. Parece pra mim muito forçado estas pequenas inserções, feitas apenas pra enganar e dar uma falsa sensação de planejamento da obra como um todo.
A verdade é que Naruto saiu um pouco dos trilhos quando começou essa coisa de “rá! eu manipulei você! não, eu é que te manipulei! não, seu trouxas, eu, a Deusa mãe do chakra é que manipulei!”. Sendo que tudo que nós, leitores, queríamos era ver o Naruto dando um sarrafo no Sasuke. Só isso. O Madara quando surgiu veio como um bônus, tipo, “caraca chefe extra da fase em nível insano”. Vamos lidar com isso. Só que aí, também de forma abrupta, Madara sai de cena e nem foi derrotado completamente! Tá de sacanagem isso.
Mimimis a parte, o capítulo dessa semana é mais ação, com um ataque planejado a Kaguya, no melhor estilo clássico de Naruto. Pena que não achei nada engenhoso. Vários clones do Naruto pra todo lado, a conveniência do Kamui que deixa todo mundo fantasminha camarada, pegadinha do Malandro com o Naruto e seus clones, e de repente, todo mundo esquece da Sakura que chega na última hora pra dar um peteleco na Kaguya. E tudo no melhor estilo Dragon Ball Z, com todo mundo voando, sem qualquer noção de gravidade e foda-se as leis da física, já está tudo zoado mesmo.
Um leitor do blog comentou semana passada a sua frustração com o mangá de Naruto no sentido de que parece que a história do mangá emburreceu com o passar dos anos. No sentido de que no início era algo sério, maduro, e com o passar dos anos, o mangá ao invés de crescer com seus leitores, parece que ele regrediu um pouco suas bases e premissas para fazer exatamente o efeito contrário: buscar leitores cada vez mais jovens, que curtem algo mais simplório, mais dinâmico, sem tantas regras ou densidade narrativa. E parece que isso é verdade, somando a clara ideia de que quanto mais tempo uma história em quadrinhos perdura, maiores são as chances dela se tornar algo cansativo. E veja que isso não é uma regra fixa, sendo que há exceções, como One Piece, que em suas origens era algo bem simples e infantil e, com o passar dos anos, a obra foi crescendo com os leitores e amadurecendo as próprias questões apresentadas, e não apenas criando situações estapafúrdias e fazendo fanservice generalizado.
E eu sinto que Naruto teve esse problema. De que certa parte de sua história, o autor perdeu contato com uma parte do público alvo, que cresceu e abandonou o mangá e ao invés dele correr atrás para convencer esses leitores a voltarem, o autor resolveu buscar leitores ainda mais novos. Tanto é que Naruto tem spin-offs ( como aquela versão com eles cabeções, com o Rock Lee como protagonista) em que busca um público ainda mais jovem, do tipo crianças mesmo, para que assim que elas se cansarem dos spin-offs infantis, elas possam pular para o mangá principal direto. O problema é quanto tempo esse leitor vai aturar o Naruto. Talvez mais do que deveria, afinal estamos (quase) todos aqui ainda, não? Torcendo pra acabar logo tudo, porque já deu, mas ainda aqui, acompanhando essa bagunça.