Primeira Hora | Azure Striker Gunvolt (3DS)

Sessenta minutos cravados! Esse foi o tempo em que fiquei jogando Gunvolt nesse final de semana que passou. E não que tenha sido uma tortura bater a primeira hora experimentando o game, mas foi porque não queria jogar demais para preservar com calma a belíssima experiência de jogo. Sim, Azure Striker Gunvolt é um game competente como não pensei que seria. Pena que por ser indie, custar 15 dólares e ter saído apenas para o 3DS é notável que o orçamento era pequeno e por isso o jogo aparenta ser curto. Mas por enquanto só posso dizer que ele aparenta ser, porque como disse, apenas o joguei por uma única hora.


Vacilo da eshop BR

Talvez antes de começar a escrever um pouco sobre o game, seja necessário dizer que é uma tremenda infelicidade que a eshop brasileira do Nintendo 3DS não deve lançar o game para nossa região. Isso só demonstra aquilo que muitos blogs e sites andam dizendo já a algum tempo a respeito do pouco caso que a Nintendo tem por aqui, deixando tudo bem precário e mal servido quando se compara com a inclusão nacional que a Microsoft e as Sony promove por aqui, incentivando não só seus próprios games, como também os demais da plataforma.

Dei sorte por ter configurado meu Nintendo 3DS para a região dos Estados Unidos quando saiu, meses atrás, o update que travou o eshop do portátil – ao incluir a Nintendo Network no 3DS – , não permitindo a mudança de região num mesmo aparelho (que furada isso, alias). E jamais teria deixado meu 3DS na eshop BR sabendo que games que lá fora custam 39 dólares, aqui no Brasil eles são vendidos oficialmente na loja digital por 149 reais. Vai te catar Nintendo! É por estas e outras de custo Brasil versus lá fora que tenho cartão internacional desde os 16 anos. E pra encerrar esse assunto, teve um leitor que comentou dias atrás que ficou com a eshop Brasil por medo daquele crash que rolou tempos atrás com cartões de créditos em lojas internacionais, mas veja bem, isso só estava acontecendo com lojas que cobravam em reais em seus ambientes de compra e depois convertiam em dólares na fatura. A eshop nacional faz isso, a eshop americana vende em dólares e cobra em dólares, ela sempre esteve isenta desse problema específico dos bancos que começaram a barrar compras internacionais no cartão de crédito. Quem ficou na eshop Brasil por causa desse fator, ficou errado e até hoje está suscetível a esse problema que até hoje não foi resolvido pela Nintendo. O melhor certamente seria ter pulado para a americana. Fica esse alerta para os futuros donos de 3DS, setem a eshop sempre para a americana, que tem todos os lançamentos possíveis e preços que competem tranquilamente com os preços nacionais.


Cara e jeitão de Mega Man

Agora voltando a Azure Striker Gunvolt! Que jogo agradável. Quando ele foi anunciado, meses atrás, até tinha ficado com a impressão de oportunismo, pois o Keiji Inafune já estava trabalhando em Mighty No. 9, que é uma espécie de sucessor espiritual de Mega Man e de repente surge uma nova parceria dele com a Inti Creates, responsável por ótimos games da franquia Mega Man, como Mega Man Zero e Mega Man ZX, novamente criando um game que justamente se assemelha a estes citados. E sempre há aquela questão: será que apenas se assemelhar a Mega Man é realmente suficiente? Fora toda a polêmica de que Mega Man só não é mais ativo no mercado hoje em dia por alegações de que não vende tão bem como tantos outros títulos modernos da atualidade, dando a entender que sua fórmula talvez esteja meio datada e está difícil renová-la para ter um melhor vigor ao público atual. Azure Striker Gunvolt responde um pouco estes enigmas, mas ainda dá a sensação de que nem de longe consegue atingir um potencial completo.

De qualquer forma achei o game surpreendentemente bem feito. E como ele lembre muito a Mega Man. Inclusive o jogo tem início com uma fase introdução, e após fechado esse ato o jogo abre uma seleção de seus fases, cada um com seu respectivo chefe, para que o jogador escolher por onde começar. Te lembro algo, né? Foi nesse momento que fiquei com a aperto no coração. Apenas seis fases? Sendo que em um hora venci o mundo introdutório e derrotei dois chefes. Restou mais quatro fases e o que tiver de fases finais após isso. Pois é, a sensação de que é um game curto demais, ainda que custe apenas 15 dólares. Entendo o risco, as razões de ter um orçamento baixo e é por isso que aposto minhas fichas que Mighty No. 9 vai conseguir renovar o conceito de game Mega Man sem ficar fadado a um dos grandes problemas do gênero: ser curto demais frente aos games que existem atualmente.


Jogabilidade

No que diz a jogabilidade de Gunvolt, achei o sistema extremamente inteligente e até mesmo diferente. O protagonista principal possui um pistola que marca os inimigos, podendo marcar em três níveis diferente de intensidade. Se você continuar atirando com a pistola nos inimigos marcados eventualmente você os derrotará, porém leva um pouco mais de tempo do que deveria. E aí é que está a grande sacada de Gunvolt. Marque o inimigo, seja um, duas ou três vezes e ative o ataque elétrico de Gunvolt, pois aí uma aura elétrica toma conta em 360 graus ao redor do personagem e essa aura vai liberando raios mais potentes do que sua pistola e serão direcionados automaticamente aos inimigos previamente marcados pela pistola. Parece complicado explicando, mas quando se executa no controle é bem simples e intuitivo. Se acostuma já no segundo ou terceiro inimigo que você enfrente após entender o mecanismo de marcar e ativar.

Claro que essa força elétrica de Gunvolt é limitada, então o jogador precisa ficar atento a barra de energia elétrica, pois se perder toda a força no meio de um embate com múltiplos inimigos, é bem complicado sair do meio deles apenas com a pistola. O bacana é que a recarga da barra é automática, levando alguns segundos ou de imediato se você acionar o mecanismo manual (colocar para baixo 2 vezes seguidas e rapidamente no d-pad). Fora isso, o personagem possui customizações, com pistolas com tiros diferentes e ataques especiais liberados aos poucos num sistema de níveis (level up), criação de itens, e poderes relacionados a partes de sua armadura. Sim, eu sei o que parece, mas certamente essa foi a intenção do Keiji Inafune, que foi o cara que antes de tudo criou tudo isso e até mesmo o Mega Man.


História e Mighty Gunvolt

O jogo a princípio não me pareceu muito difícil. Admito que já joguei coisas muito mais difíceis em antigos Mega Man, mas também não é tão fácil a ponto de tirar a graça da coisa. Acho que o sistema que dá golpes especiais meio que facilitam demais na hora de enfrentar os chefes de fases, que por sinal são bem legais e diferentes. O jogo possui uma história que ainda não sei exatamente para onde vai. Gunvolt pertence a uma organização do bem que combate caras maus, numa sinopse bem sintética minha, até que descobre uma garota com poderes paranormais (ou algo assim) e que ela apresenta ser uma ameaça a todas as pessoas do mundo, sendo assim a organização do bem manda que Gunvolt a mate. O rapaz se recusa, pega a garota e deserta semi oficialmente da organização. Agora ele caça sozinho caras maus, enquanto descobre o que fazer com a garota, ao mesmo tempo que contata antigos aliados nessa organização para descobrir mais sobre o assunto. Bem, a história não me despertou muito a curiosidade, apesar de também não ter me irritado. Mas Mega Man também tinha isso, de começar uma história de forma opaca e se destacar mais ao fim. O game nem ao menos ainda parece ter um grande vilão por traz de tudo. E um detalhe, o game possui legendas em inglês, mas o áudio (que é quase inexistente) está em japonês, o que pra mim não é problema algum.

Posso comentar também, bem rapidinho, sobre Mighty Gunvolt, o joguinho “pouco bits” que está sendo dado gratuitamente para quem adquirir Azure Striker Gunvolt até dia 28 de novembro. É bacana, tem o maior clima dos primeiros Mega Man, mas é curtíssimo mesmo. A primeira fase, a única que joguei, é bem tranquila e o personagem tem energia o suficiente para chegar até o fim. Como um extra gratuito é totalmente válido, mas não pagaria para ter o joguinho, mesmo se fosse algo como 5 dólares. Achei desnecessário a tela ser fullscreen alias, entendo o apelo nostálgico que ele tem, porém ainda assim teria feito o mesmo em widescreen, ainda mais no 3DS que já tem uma tela pequena.


Poucos inimigos?

Ah e um ponto negativo, voltando a Azure Striker Gunvolt, apesar dos cenários serem bacanas, achei que o game apresenta poucos inimigos diferentes. E todos meio que atacam de forma previsível. Isso não ajuda muito na questão que disse lá no começo, do gamer não apresentar uma dificuldade e desafio muito grande. Poderia ter uma diversidade maior ou ao mesmo alguns ataques mais diferentes. No geral, o formato plataforma side-scrolling é bem mais interessante de percorrer a ponto de me divertir do que os combates com os inimigos em si.

Porém no geral, Azure Striker Gunvolt me parece um excelente início de algo que facilmente poderia se tornar uma franquia, tendo uma sequência maior e mais digna dessa filosofia Mega Man de ser. Compraria fácil uma sequência. E espero que a Inti Creates pense em futuramente lançar o game em outras plataformas, seja numa versão com mais extras, seja apenas mais baratinho. De toda forma, acho que vale a aquisição! Pra um começo e um título que tem uma pegada indie, cumpriu o que deveria cumprir!


Pra encerrar, os primeiros 30 minutos do game, pelo canal Blazzer Sora no You Tube (se não quiser ver a história inicial, pule para 4 minutos e 25 segundos que é onde começa a fase inicial do game):

É isso!

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