Conversa de Mangá: Toriko 294
NEO Descends!!
| Texto recomendado para quem está acompanhando os capítulos semanais de Toriko e que já tenha lido até o de número 294, ou para aqueles que não se importam com spoilers |
Escrevo este conversa de mangá um tanto atrasado, pois amanhã já deve sair outro aí pela internet, mas decidi que valia a pena comentar esse aqui e depois fazer outro CDM para o próximo capítulo. Isso porque o 294 foi um ótimo capítulo, que expressa bem essa sensação de que Toriko é um ótimo shonen da atualidade.
Foi um capítulo com ritmo, ação e aquele toque de urgência e tensão que como um bom shonen simplesmente aconteceu de repente pegando todos os leitores de surpresa, porque esse sim é um elemento importante ao se comprar uma história: inesperada reviravolta de uma situação e o agravante que dá aos personagens uma meta para correr contra o tempo. É uma fórmula famosa e conhecida, mas que ainda funciona.
Fora isso há aquelas áreas cinzas, onde não existe certo ou errado, há apenas uma situação desagradável. Por exemplo, no capítulo passado tinha achado irado a força do Toriko e a forma como ele dizimou os inimigos e ainda deu cabo no Shigematsu com um único golpe. Aí de repente nesse capítulo autor me fez lembrar que estes personagens não estão totalmente vilanescos porque eles são assim, mas porque Joa deu uma zuada bonita neles com um poder que ainda é meio inexplicável pra mim. O capítulo tenta explicar alias, mas é bem confuso e estranho mesmo assim a forma como estes personagens que antes eram aliados do Toriko agora pertencem ao grupo NEO. Enfim, apenas sei que no decorrer das primeiras páginas, ver os mocinhos da história discutir se conseguiriam trazer esse pessoal de volta e de repente no último respiro de sua vida o Shigematsu volta a si e se lembrar das palavras Ichiryu meio que achei tocante mesmo. Tudo isso em meio a uma sequência animal em que o personagem saiu voltando até ser abocanhado e dilacerado por algumas bestas do mundo gourmet. Caraca, fiquei mal pelo personagem.
Nisso a capítulo volta ao Toriko, ainda em fúria e finalmente começa o embate dele com o Teppei, que se mostra um oponente absurdamente poderoso. Alguns podem dizer que as cenas são meio exageradas e forçadas, como braços enormes surgindo assim de repente, como se o mangá não obedecesse as leis da musculatura do corpo humano. Não que o Toriko já não tenha feito algo assim, mas realmente dessa fez foi rápido e bem maior, no caso do Teppei o braços cresceu pela suas habilidades com a parte meio planta de suas habilidades. Mas no fim, tudo pela diversão e entretenimento. Não é como se algo assim fosse realmente impossível no mundo do Toriko, onde há alguns capítulos atrás rolava até mesmo a ideia do poder da criatividade se materializando como um meio de ataque, mesclando algo físico com ilusório. OK, então. E meio que foi pelo momento que precisava de algo assim.
Nisso sobra o gancho do Komatsu, que agora entrou numa situação de corrida para salvar o personagem, outra elemento comum dos shonens e que quando bem utilizado, funciona de forma a injetar bastante adrenalina aos capítulos que seguem a história. Achei interessante o conceito de que Teppei anda roubando um pedaço do espaço, como se sumisse junto com o local onde ele desaparece sem ser detectado. Como ele consegue fazer isso é algo a ser descoberto no futuro, mas mesmo assim é deveras interessante, sendo que até mesmo ele conseguiu deixar o Komatsu numa terrível situação. Agora é correr contra o tempo para salvá-lo, sendo que o que pode fazer isso é um dos ingredientes que “coincidentemente” também seria resgatado pelo Toriko posteriormente. São as amarras do roteiro.
Estou interessado em saber se alguém da culinária bizarra fará a viagem com Toriko e amigos, como o próprio Brunch ou Mappy, que é um personagem que surgiu agora nessa nova fase do mangá e eu curti demais. Por mim ele poderia integrar o elenco principal. Komatsu provavelmente não deve ir junto, ficando aos cuidados dos médicos que estão na vila da culinária bizarra, o que daria motivo para que alguns personagens dali viajassem junto com o Toriko e retornassem depois ao seu lugar de origem.
E com isso Toriko segue com um fôlego excelente para quem quer diversão e nada mais do que isso! É curioso como alguns mangás mais clássicos as vezes buscam filosofar em cima de temas importantes, como ordem, paz e sistemas de governos. Toriko tem sim questões excelentes em torno de como tratamos a questão de alimentos e como desprezamos essa coisa de um mundo que devora a si mesmo, e há momentos em que o mangá fica sério para discutir isso, porém em grande parte ele é apenas uma grande aventura para entreter, com lutas incríveis, bestas e animais com grande pé no universo de fantasia e RPG e personagens diferentes que produzem habilidades e poderes realmente divertidos de se ter num mangá como esse. Não é profundo, mas quem disse que todo mangá precisa ser assim?