Conversa de Mangá: Bleach 615 [Rei das Almas!]

All is Lost

| Texto recomendado para quem está acompanhando os capítulos semanais de Bleach e que já tenha lido até o de número 615, ou para aqueles que não se importam com spoilers. |

Bleach não passa de 2015! Quer dizer, é o que dá para entender com os últimos capítulos publicados na Weekly Shonen Jump. Agora não tem mais o que fazer, pra onde correr ou o que enrolar. Tite Kubo finalmente meteu o pé na porta e iniciou o derradeiro clímax do mangá. Ao menos é essa a impressão que tenho.

É difícil neste momento tecer argumentos que sirvam como estímulo para todos aqueles que já largaram mão do mangá há tempos. Os momentos de tensão e adrenalina destes capítulos finais não apagam toda a estrada dolorida que foi Bleach, mas ao menos para quem está aguentando aos trancos e barrancos o final do mangá tais momentos são bem menos cansativos do que essa história já se provou ser.

O curioso de tudo isso é que imagino que dentro da cabeça do Kubo todo esse universo de Bleach deve realmente ser incrível. Oras bolas, é sim um universo incrível e apenas narrativamente é que ele se torna um problema. Há muitas histórias de situações e personagens que não foram contatas e explicadas com a dedicação que talvez merecessem. Existem muitas histórias nas entrelinhas, entre leitores que estudam atenciosamente todos os mínimos detalhes e prestam atenção em tudo. Pena que não seja fácil ao grande público essa percepção, o próprio autor não facilita mesmo tal tarefa.

É fato que para um mangá que existe há mais de uma década, certamente há muitos detalhes que esquecemos, e aqueles que nem sequer conseguimos prestar atenção. Tome por exemplo a naturalidade na qual o Rei das Almas foi finalmente revelado. Eu não sei se isso já havia sido mencionado e tal, mas eu achei chocante a forma como tudo ocorreu. Não é uma “pessoa”, mas quase uma “coisa”. Qual a história dele? Talvez o Kubo tenha pincelado outros detalhes a respeito disso no passado e eu sinceramente não me recordo. Mais uma vez, dentro da cabeça do Kubo, Bleach é um mundo fantástico, para o leitor casual, as vezes é bem mais confuso do que gostaria.

Claro que as vezes não se faz necessário entender tais indagações. Eu até tentei lembrar porque Aizen queria tanto subir ao Palácio do Rei das Almas. Faz tanto tempo já e nunca achei que o Kubo foi claro com as reais intenções de Aizen. Me lembro do sentimento de uma conversa dele com o Urahara sobre o quão injusto era o mundo da Soul Society em relação justamente ao Rei das Almas. Estaria ele falando da condição da pessoa em si preso ao tal cristal? Será que o Rei das Almas num passado distante foi uma pessoa (alma) parente do Aizen? Até porque achei o traço de ambos bem semelhante…

E agora, começou a destruição real da Soul Society, Mundo Real e Hueco Mundo. E parece ser sem volta, não tem o que fazer com o atual Rei das Almas, que já foi fatiado em dois. Fiquei com a ideia se o Urahara não vai tirar um coelho dessa cartola que é Bleach, criando um novo Rei das Almas, talvez usando até mesmo o Aizen, já que o próprio autor da série disse antes do arco final começar que ainda voltariamos a ver Aizen.

Enfim, estou me divertindo nesse clima de fim de mundo na qual a história se impôs. Me decepciono um pouco com o Ichigo, que no final das contas não fez muita coisa realmente significativa ainda. Ele vai ser o grande herói no fim? Bem, é isso que manda a cartilha, não? Não sei porque fico esperando algo novo ou incrível de situações assim, mas acho que é esse também outro mandamento da cartilha de um Shonen: “ter expectativas maiores do que muitas vezes se deva ter”.

Só torço para que ao final do mangá, Bleach possa também ser finalizado na TV. Já faz alguns anos que o animê acabou antes de se iniciar o último arco e quanto mais tempo leva, maiores são as chances das pessoas esquecerem que um dia existiu um animê (que não era de todo ruim). Há grandes momentos nesse arco final e acho que a série, por toda a sua história e méritos, merece ter seu último arco animado para a televisão.

E que tudo seja destruído para que algo novo possa surgir!

Sair da versão mobile