Começando pelo óbvio: se você adorou o primeiro Vingadores, não há que ter dúvidas a respeito do segundo filme. Era de Ultron segue totalmente a fórmula do filme de 2012, se esforçando cada vez mais nas cenas megalomaníacas e na diversão que um pipocão Marvel merece ser nos cinemas. E isso não é uma crítica negativa antes que alguém me entenda errado.
Vingadores 2 é um incrível blockbusters e ainda num tema e universo que não é tão recorrente assim aos fãs de quadrinhos e de super-heróis nos cinemas, que é a reunião de universos de personagens que normalmente trabalham sozinhos em seus próprios dramas e histórias. A reunião desse grupo num projeto como esse ainda é algo grandioso e isso por si só já vale o ingresso aos cinemas.
Sai satisfeito da sessão de sábado na qual fui conferir o filme. Me diverti com as cenas de ação do filme, que estão presentes do começo ao fim do filme, sem dar tempo para que você recupere o fôlego entre uma e outra. Fiquei a todo tempo procurando pistas aqui e ali sobre o futuro da franquia e destes personagens para os futuros filmes e projetos da Marvel Studios. Claro que também me perguntei se este Vingadores conseguiu superar o primeiro filme de 2012 ou se superou os filmes anteriores do universo que a Marvel vem construindo nas telonas.
Talvez a comparação seja desnecessária, ainda mais se o filme é ótimo, porém é da nossa natureza as vezes pesar medidas e valores diferentes. Por exemplo, em termos de enredo, gostei muito mais de Capitão América 2, que trabalha num ritmo próprio com uma história legal. O primeiro Vingadores também tem um valor diferente nessa comparação, pois foi o primeiro filme, e portanto tudo ali foi novidade, então é meio que razoável que tenha saído do primeiro filme embasbacado com os méritos da produção, enquanto no final de Era de Ultron sai mais aflito com os próximos filmes, querendo saber como este ponto da trama iria interligar com os próximos filmes do Capitão América e do Thor, ou até mesmo aonde o Hulk vai entrar nisso tudo ou se só o veremos no próximo Vingadores. O ponto é que não sai totalmente impressionado ou satisfeito. Sai dos cinemas com a sensação de “quero mais disso”, sentimento muito semelhante a quando estou lendo os quadrinhos de super-heróis. Ponto para Vingadores 2 por conseguir esse efeito em mim? Talvez.
Admito que fui ao cinema sem saber ao certo o que esperar de Era de Ultron. Sabia que seria um blockbuster e um pipocão desta temporada, mas há alguns pontos que esperava que fossem diferentes. A Marvel pareceu que estava acertando alguns pontos desse universo em relação a oferecer diversão, mas também boas tramas. Vingadores 2 acerta em cheio em ritmo e diversão, mas a trama ainda derrapa em vários momentos. Não há aquele problema de ritmo que Homem de ferro 3 teve, porém não acho que Ultron foi esse vilão que o marketing tentou vender antes da estreia do filme e digo mais, alguns dos melhores momentos de vingadores 2 foram – infelizmente – estragados pelos trailers divulgados previamente. Há muito ali que eu preferia ter descoberto no próprio filme. É a velha maldição do hype, de querer saber demais antes de algo estrear.
Fora a há algumas coisas mal exploradas ou arremessadas no filme, sem tempo para trabalhar em cima. É o caso dos personagens Pietro e Wanda Maximoff que entram em cena, após toda aquela polêmica de que estes personagens não poderia ser Mutantes do universo das HQs da Marvel X-Men, e portanto são apenas “humanos aprimorados” e que é provável que a Marvel só expanda e trabalhe com esse universo futuramente, pensando se irão ser encaixados no universo dos Inumados mais a frente. Não que esse tipo de acontecimento não seja possível dentro do universo criado pela Marvel nos cinemas, pois é totalmente passível de credibilidade, ao mesmo tempo em que isso torna algumas coisas fáceis demais em termos narrativos.
Fora que problemas criados em filmes anteriores continuam sem uma resolução e apenas passam superficialmente em Vingadores 2, como todo aquele drama do Homem de Ferro em seu terceiro filme ou a queda da S.H.I.E.L.D. e do ressurgimento da HYDRA em Capitão América 2. O problema aqui é ligado diretamente ao primeiro Vingadores, que resulta num novo problema e que acaba sendo resolvido – felizmente – neste filme. E nesse sentido a Marvel começa a ter aqueles mesmo pontos polêmicos que os quadrinhos as vezes são tão criticados: as pontas soltas e muitas histórias que não se fecham 100%. Não que isso me deixe insatisfeito com a franquia ou os filmes. É só algo que me preocupa com o crescimento desse universo em sua terceira fase: o de ficar ainda mais megalomaníaco e com mais e mais acontecimentos que não precisam necessariamente de um ponto conclusivo.
Pro futuro, Era de Ultron costura muito bem alguns pontos que vão ser trabalhados em futuros filmes. E mal posso esperar para o momento onde Guardiões da Galáxia pode (e deve) encontrar com os Vingadores. Entretanto o que mais fica visível nesse segundo filme dos heróis mais poderosos da Marvel é que os próximos Vingadores precisam de novos personagens, e não é pra menos que Homem Aranha e tantas outras figurinhas do universo Marvel estão sendo costurados para subir ao posto de Vingador.
Homem de Ferro, Capitão América, Hulk e Thor precisam de suas filmes solos e de um maior tempo de trama para elaborarem histórias mais densas e condizentes com o universo de cada um. Também acho que a S.H.I.E.L.D. no ponto em que se encontra merecia um filme próprio, com Gavião e Viúva Negra, já que tanto Nick Fury quanto Maria Hill não vão resolver qualquer trama que a série de TV da organização vá criar. Alias eu fui ao cinema torcendo para que alguma menção, mesmo que minúscula, ao seriado fosse feita e infelizmente nada disso aconteceu… enfim, talvez a S.H.I.E.L.D. vá ser trabalhada com maior atenção em Guerra Civil.
Pra terminar, Vingadores – Era de Ultron é um dos grandes pipocões de 2015. Vai ser o melhor blockbuster do ano? Difícil dizer. Tenho a impressão de que o segundo filme não me causou o mesmo impacto que o primeiro. Ainda é impressionante e divertido, mas não me surpreendeu como o primeiro o fez. Não me deixou sem fôlego ou em êxtase de ver algo que sempre imaginei impossível nos cinemas acontecer. Ele apenas aposta suas fichas nos mesmos artifícios do primeiro filme, sem ser mais ou menos grandioso. É apenas um novo inimigo – não aterrorizante como gostaria que fosse – e muitas cenas de ação megalomaníacas como um filme de super-heróis precisa ser.
O primeiro Vingadores foi uma conclusão de um projeto que começou com o primeiro filme da Marvel Studios. Vingadores – Era de Ultron é exatamente o contrário: é uma sementinha que promete crescer e render bons frutos com os próximos projetos do estúdio. E essa é uma grande diferença, ainda que não comprometa estruturalmente as expectativas deste segundo filme dos Vingadores. É um excelente novo começo!
É isso!