Season Finale | Grimm – 1×22 – Cry Havoc (Opinião & Spoliers)

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Esta parte não contém Spoilers, siga sem medo!


Semana passada comentei lá no Facebook do blog da saudades que Buffy – A Caça Vampiros deixou em muita gente quando a série acabou lá no distante ano de 2003. Foi uma série que ajudou a modelar o formato que existe hoje para muitas séries de mistério e fantasia sobrenatural, reunindo um grupo de pessoas que lutam contra as “forças do mal” (lá nos EUA esse grupinho de pessoas costuma ser apelidado de Scooby Gang, sim por causa do desenho Scooby-Doo). O grande mérito de Buffy era saber trabalhar seus personagens, como um grupo com personalidades e carismas diferentes, onde cada um cumpria uma função importante que fortalecia o elo entre todos (tal qual era em Scooby-Doo, entendeu?). Não é para menos que Joss Whedon, criador de Buffy, é uma importante figura para tornar Vingadores um dos maiores sucessos dos cinemas desta década!

Bem, o tempo passou, e existe uma turma talentosa que trabalhou com Whedon nos tempos de Buffy, Angel e Firefly (outra série incrível) e que estão produzindo e co-produzindo novos conteúdos para cinema e televisão. No caso de Grimm, série da NBC que terminou sua quarta temporada agora no dia 15 de maio, já renovada para a quinta rodada ano no segundo semestre deste ano, há dois nomes na co-produção do seriado que estiveram presentes nas séries de Joss Whedon: David Greenwalt (Buffy & Angel) e Jim Kouf (Angel). E é por isso que se torna impossível não sentir a nostalgia destes seriados do final da década de 90 presentes na narrativa e na construção atual de Grimm!

Não é a primeira vez que menciono esta série aqui no blog. Ela já participou de uma postagem do final do ano passado, quando estava escrevendo sobre séries atuais baseadas em contos de fábulas e como isso é meio que modinha nos dias de hoje. E hoje resolvi comentar com os apropriados spoilers a respeito desse corajoso final de quarta temporada na qual a história continua evoluindo e mudando para algo que não achei que Grimm seria capaz de se transformar.

É diferente, por exemplo, de Supernatural, que também já foi pauta aqui, e que existe há 10 temporadas e que não muda muito seu formato, seus personagens ou situações atualmente. É quase sempre a mesma coisa desde o final do quinto ano (planejado pelo criador do show, que pulou fora da produção da série depois disso).

Para aqueles que estão chegando agora e não me viram recomendar Grimm anteriormente: a série narra as histórias de um policial, Nick Burkhardt que descobre ser de uma linhagem de seres, chamados de Grimm, que possuem a habilidade de enxergar outros seres presentes no mundo em que vivemos. Criaturas e seres que se disfarçam de humanos normais e eventualmente cometem crimes ou são vistos por outros humanos normais, e daí se originam os contos de fábulas que muitos pensam ser apenas contos da carochinha, mas que na verdade são reais. Ao menos para Nick!

Esse vídeo abaixo resume bem a história, mas pare o vídeo depois de dois minutos, porque o narrador (Bud, um dos personagens da série) vai narrando os eventos até quase o final do quarto ano! E se você quiser ver o show, há detalhes nessa recapitulação que você vai se divertir se surpreendendo ao assistir os episódios.

A verdade é que Grimm não era uma série tão divertida e bacana assim no primeiro ano. Ela começou com aquela fórmula bem fraca e manjada do crime sobrenatural da semana, sem muito background ou falta de explorar com riqueza e sutilezas esse universo de criaturas disfarçadas entre os humanos. Pense que Supernatural também teve um primeiro ano sofrido até conseguir criar ritmo e Grimm passou pelo mesmo problema em seu primeiro ano. Alias, muitas séries sofrem com esse problema de encontrar o ritmo e química certa em suas primeiras temporadas, só que isso é discussão para um outro dia.


ATENÇÃO! A seguir começa a Zona com Spoilers, vá por sua conta e risco!


Hoje, nas temporadas avançadas, o grande mérito de Grimm são seus personagens coadjuvantes que auxiliam Nick a resolver os problemas e mistérios oriundos de se viver num mundo onde você consegue ver muito além do que está diante de seus olhos. A tal Scooby Gang mencionada no primeiro parágrafo da postagem. No começo ninguém sabia que ele era um Grimm, e, pra “ajudar”, a tia que lhe contou a verdade morre no começo da série! Nick teve que passar por um exaustivo processo narrativo de aprendizagem durante o começo da série. Hoje, treinado e hábil para lidar com diversas situações, a série ficou muito mais emocionante!

O fato de que agora praticamente todos ao seu redor saberem o que ele é deixa a série muito menos clichê, sem aquelas situações de “identidade secreta” que por mais que seja um elemento desse tipo de show, acaba se tornando repetitivo ao longo dos anos. Grimm agora se parece muito mais com Buffy a Caça Vampiros, e o seu conceito de Scooby Gang!

Agora indo para esse quarto ano e especificamente para o Season Finale, tive que parar meus afazeres neste final de semana para assistir os três últimos episódios do quarto ano – “You Don’t Know Jack“, “Headache” e “Cry Havoc” – já que a história basicamente foi contínua nestes últimos capítulos da série. E que final corajoso!

É sempre interessante quando os roteiristas resolvem virar as premissas de uma série de pernas para o ar. Nesta temporada foi tudo sobre Juliette ter se tornado uma Hexenbiest, uma espécie de bruxa sobrenatural, graças a toda baderna que Adalind causou durante o final do terceiro ano e início o quarto ano, somado a perda dos poderes de Nick, que só foi revertido após a Juliette topar um feitiço que causou esse terrível efeito colateral que a transformou numa das piores criaturas da série.

Aí o que você espera dessa situação? “Bom, ela vai ter superpoderes e vai passar ajudar o Nick.” Certo, isso acontece! E depois disso? Eu não imaginaria que a entidade presa a Juliette fosse começar a tomar conta dela, a transformando em má e na vilã do final de temporada. Isso me fez lembrar da Dark Willow, novamente a referência de Buffy, onde os produtores pegaram uma das heroínas da história e a tornaram uma vilã quase impossível de ser combatida. Com Juliette foi basicamente a mesma coisa.

A torcida era para que curassem Juliette! Nick & cia estavam progredindo para uma cura, e de repente tudo começa a ruir! Juliette quebra a poção (impossível de ser refeita), alegando gostar de quem ela se tornou e de quebra se alia a realeza, os piores vilões da série (apesar de achar eles fracotes demais). Nesse confronto rola a inesperada traição e a mãe do Nick morre por culpa da Juliette e aí tudo desmorona catastroficamente!

No fim, Juliette morre! E nem foi pelas mãos do Nick, e sim pela Trubel! Putz, eu sinceramente não achei que os produtores iriam ter culhões para matar uma personagem que está presente desde o piloto do show e é meio que a alma gêmea do protagonista. Caraca! O melhor foi que os produtores trouxeram de volta a Trubel, uma jovem Grimm, que surgiu durante o terceiro ano da série e que havia saído do show ao longo do quarto ano. Que retorno incrível da personagem! Citando mais uma referência a Buffy, a criação da personagem de Trubel lembra muito quando Faith entrou no elenco de Buffy, fazendo esse contra-ponto de uma personagem com a mesma habilidade do protagonista! É muita nostalgia…

E agora a série Grimm parece ter encontrado uma alma. Na verdade a série está ótima desde seu terceiro ano, quando começa o esforço da produção em trabalhar mais coadjuvantes, com suas próprias histórias, ao invés de focar a história somente em Nick. O drama aumentou e houveram alguns exageros sim, como a gravidez da Adalind ou toda aquela parte dela na Europa. Todo o drama do Renard ao longo dessa temporada também esperava que fosse ser algo mais interessante do que uma mera possessão (fora que ser possuído pelo Jack Estripador ficou muito bizarro). Porém, no quadro geral, foi uma temporada incrível, com muito mais positivos do que negativos.

Toda a trama com Juliette foi muito bem construido. A atriz que a interpreta, Bitsie Tulloch, mandou muito bem nesse tom entre vilã e mocinha. Eu realmente fiquei dividido em vários momentos da trama, se haveria ou não a redenção da personagem, ainda mais após a traição dela que culminou na morte da mãe do Nick.

Outros pontos de sucesso da temporada foram o drama do pós-casamento entre Monroe e Rosalee, com o julgamento Wesenrein, a participação – ainda que pequena – da Trubel nesse quarto ano, e do Wu finalmente também ter descoberto o segredo do Nick. Agora não ficou mais ninguém na série sem saber que Nick é um Grimm.

E é interessante ver como Grimm se aperfeiçoou de uma série procedimental de crimes sobrenaturais para um drama sobrenatural com história contínua. Quer dizer, o crime e problema da semana ainda estão ali em todos os episódios, entretanto ele ficou muito mais integrado ao plot central desde meados do segundo ano da série. E é bem curioso que a série não tem personagens adolescentes, vivendo dramas juvenis. Os personagens de Grimm são adultos, vivendo problemas de adultos, em meio a criaturas da fantasia. Trubel talvez tenha sido o elemento mais jovem inserido ali, talvez justamente para trazer um pouco da aura jovem que as vezes uma série precisa. Felizmente a série a construiu muito bem!

Agora é esperar a quinta temporada. Provavelmente uma temporada tão pesada quanto esta foi, ao menos inicialmente, com Nick lidando com a perda da Juliette e de sua mãe, enquanto Adalind espera um bebê de Nick e com a realeza em colapso pela morte do rei – pela filha da Adalind, quão foda isso foi!

Não sei por quanto tempo Grimm ainda terá o gás que conseguiu ter nestas últimas temporadas. E parece que a série encontrou seu ápice. Tem como melhorar ainda mais depois desse quarto ano? Ou é manter o padrão e seguir em frente? Aguardo ansioso por esta resposta quando começar o quinto ano!


Extra – veja só a própria NBC liberou o clímax final da temporada em seu canal do You Tube (porque internet é assim e não adianta correr contra a maré). Então pra quem quiser ver novamente (ou ver pela primeira vez e dane-se o spoiler gigante):


Extra II – Ficou curioso, mas bateu a preguiça de correr atrás do começo da série pela internet? Tenho uma BOA NOTÍCIA! As duas primeiras temporadas de Grimm estão disponíveis na NETFLIX! Que beleza, não? Confere lá então!


É isso!

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