Texto sem spoilers!
Uma cidade no meio do nada, mistérios e fenômenos estranhos que acontecem com os habitantes da cidade e um protagonista que chega perdido em meio a esse cenário bizarro. Essa é uma fórmula batida, seja para filmes ou seriados americanos. Nesse ponto Wayward Pines não é diferente de muita coisa que já foi produzida nesse ramo do entretenimento. Porém o importante nem sempre é ser 100% original, e sim ser apenas interessante e divertido. E nisso a série acerta muito bem seu tom.
Wayward Pipes é uma das estreias da Summer Season da TV americana, produzido pela Fox. A Summer Season é aquele momento entressafra, na qual as séries mais badaladas terminaram suas temporadas e só retornam daqui alguns meses. Enquanto isso para os canais de TV não ficarem reprisando os mesmo programas, acontece esse período de testes e apostas em novos programas, formatos e séries que geralmente não teriam peso ou força para estrear na Fall Season, o período das grandes estreias.
Isso não quer dizer que todas as estreias da Summer Season sejam medianas ou fadadas ao fracasso. Pelo contrário, há muitos casos de seriados que surgiram nesse período e, após serem bem sucedidas, acabaram migrando para o período nobre das séries.
Um dos grandes méritos dessa janela de exibição é que geralmente as séries estreantes possuem uma primeira temporada enxuta, geralmente com 13 episódios. Modelo que vem até mesmo migrando para a Fall Season nos últimos anos. No caso de Wayward Pines, esta temporada inicial terá, já confirmados, somente 10 episódios, sendo que 4 deles já foram exibidos nos EUA. (não faço ideia se a série já está em exibição no Brasil)
Deixando de lado a tecnicalidade a respeito do formato de exibição e criação de séries da TV americana e voltando a Waynard Pines, a série é baseada nos livros Blake Crouch e conta com alguns produtores executivos, dentre eles o M. Night Shyamalan, que até mesmo dirigiu o episódio piloto. A série também conta com um nome de peso no papel do protagonista da história, o ator Matt Dillon. O clima é exatamente como descrevi lá no inicio, uma pequena cidade recheada de mistérios com aquele místico de fantasia.
A história começa com esse agente do Serviço Secreto americano, Ethan Burke, que acorda no meio de uma floresta, após um acidente de carro com seu parceiro. Resumidamente, ele depois vai parar num hospital dessa pequena cidade que dá nome ao show. Todo mundo é meio estranho, ele não consegue encontrar seus pertences pessoais e nem contatar as pessoas fora da cidade. Ele estaria investigando o desaparecimento de uma agente, e acaba que seu parceiro some também e logo no início descobrimos que o mesmo está morto.
Paralelamente, a história também mostra algumas pessoas fora da cidade, como a família de Ethan. O Serviço Secreto também fica sabendo do acidente de carro envolvendo Ethan e seu parceiro, porém não conseguem localizar Ethan, que sumiu da cena ou melhor, não há indícios de que estaria no carro no momento do acidente! Isso preocupa a esposa e o filho de Ethan, que começam a se preocupar com o que teria acontecido com ele.
Nisso a série começa a jogar algumas coisas que abrem dúvidas ao espectador. As pessoas de Waywarn Pines agem de forma estranhas. O contato externo se prova como uma mentira. O Xerife da cidade debocha de Ethan. E logo ele descobre que as coisas não são o que aparentam ser. Ninguém pode sair da cidade, que é cercada por um muro enorme. As datas na qual as pessoas começam a dizer que foram parar na cidade e que estão por ali não batem umas as outras. E logo fica claro que há pessoas por trás de tudo que está acontecendo.
Um ponto aqui. A série pode dar pistas de que talvez todo mundo ali esteja morto, mas eu quero acreditar que não é nada disso! Lost fez isso, mesmo afirmando que não faria, e é duramente criticado até hoje! Quero acreditar que Wayward Pines não é sobre purgatório!
É uma série de mistério e suspense, na qual não adianta você esperar que tudo seja respondido ou esclarecido. O grande lance da série é realmente trabalhar bem com seus personagens e instigar a todo momento que há muito mais coisas do que estamos vendo.
Vi os primeiros quatro episódios e apesar do piloto ser bem clichê nos elementos da trama, os episódios seguintes são bem mais animadores, com extremos acontecendo e mortes rolando. Ethan é um personagem que parece a todo momento ligar o botão do “foda-se essa merda” e está sempre indo contra as regras que estão sendo impostas ali. O final do episódio 4 me lembrou muito aquele clima de “wow, série que isso aconteceu?” que Lost tinha em seu início.
Enfim, Wayward Pines me pareceu uma série divertida. Com aquele clima bacana de série de fim de noite, para assistir na cama antes de ir dormir. Com bons mistérios, ainda que voltados a fantasia e tirando a trama da realidade factível, e com certos elementos de suspenses feitos na medida do tom sombrio que a série provoca. Matt Dillon está muito bem fazendo o papel de um cara teimoso e até meio esquentado, que não se acovarda no meio do inexplicável. Apesar de ser um personagem meio bocó no que diz respeito ao lado amoroso da trama, já tem essa história de ser apaixonado pela agente desaparecida, enquanto ainda se mantém casado.
Recomendo Wayward Pines! São apenas 10 episódios e é uma boa opção para sair um pouco dessa bolha de séries de super-heróis. Um thriller familiar de mistério com um tom sombrio e adulto cai bem em meio a tanta coisa do gênero fantasia absurda e adolescente juvenil que vem sendo produzido. A fórmula pode ser velha e batida, mas se é divertida e nos prende em frente a TV, lembrando um bom livro de suspense. Funciona e te puxa para dentro do universo ali proposto.
Fica a dica!