Texto sem Spoilers!
Achei bizarro várias críticas negativas ou medianas que Jurassic World recebeu em sua semana de estreia. Tive a oportunidade de ir conferir o filme por conta própria sábado passado e o que encontrei foi um excelente blockbuster da temporada 2015 que conseguiu finalmente honrar a memória de Jurassic Park lá do distante ano de 1993!
E tenha como base que sou um enorme fã do primeiro Parque dos Dinossauros. É um dos meus filmes prediletos. Entra naquela categoria de filmes que se estiverem passando na TV, paro o que estiver vendo para vê-lo, independente do trecho em que estiver. São raros os filmes que conseguem isso. Ver quantas vezes for possível e jamais cansar.
Quando digo que Jurassic World honrou a memória do primeiro filme, estou querendo dizer que as sequências de Jurassic Park, de 1997 (The Lost World: Jurassic Park) e de 2001 (Jurassic III) são divertidas, porém bem inferiores ao que dá início a todo esse universo magnífico de dinossauros clonados e sendo atrações de um parque! Não tenho como dizer que odeio os filmes de 97 e 2001, afinal são dinossauros enormes querendo comer pessoas, porra! Além de gostar muito da ideia de ambos trabalharem com personagens do primeiro filme ao invés de usarem novos protagonistas, mostrando o que aconteceu com eles depois dos eventos do primeiro filme e as consequências que os arrastam a vivenciar o terror dino mais uma vez. Mas ok, são filmes fracos e com roteiros que em nada fazem para engrandecer o universo proposto.
Algumas das críticas que li a respeito de Jurassic World foram um pouco nessa direção, de um filme vazio, cheio de referências ao clássico e que não consegue sair em momento algum da sombra do original ou criar o vislumbre que todos tivemos em 1993 quando Jurassic Park estreou. Acho estes argumentos uma tremenda bobagem! Jurassic World possui sim alguns problemas, mas não são exatamente estes.
O filme de 2015 tem como proposta ser quase uma releitura do filme de 1993, então sim, pra mim sempre ficou claro que muito do roteiro original e referências estariam em Jurassic World. Não foi surpresa alguma pra mim. E achei o máximo que tenha sido exatamente isso, ao mesmo tempo em que ele tenta se encaixar, a sua própria maneira, num mundo do cinema em que precisa competir com a febre dos superpoderes da geração Vingadores.
Fazer o que Jurassic Park fez em 1993 é impossível nos dias de hoje. Um dos maiores problemas dos filmes hoje em dia é que são raro os efeitos especiais que nos surpreendem. Um homem voar? Fácil. Aliens invadindo o planeta? Basta escolher a cor do ET. Gigantes metálicos destruindo cidades inteiras? Só é difícil fazer a câmera ficar imóvel. Enfim, surpreender não é tarefa fácil. Alguns podem dizer que o trailer de Jurassic World entregou demais e é verdade. Algumas das grandes cenas do filme estão no trailer, mas será que não era preciso isso para convencer as pessoas e irem ver um novo Parque dos Dinossauros? Especialmente depois das sequências que demoraram anos e que nunca cumpriram as expectativas. Nesse caso acho que foi um marketing necessário, muito mais do que prejudicial ao filme.
Quanto a história, também não tenho do que reclamar. Disseram dos estereótipos exagerados e tal, mas caraca, o filme de 1993 também não era assim? O exagero de personalidades faz parte desse tipo de filme catástrofe. Há o núcleo infantil, com a dupla de irmãos, há o caçador que acha um absurdo o que estão fazendo ali, há os administradores que acreditam no parque e os técnicos que estão ali no suporte de tudo. Sobra até tempo para um vilão sacana e traiçoeiro, que entra ali para fazer a pequena cota de tipos, tal como Dennis Nedry (o eterno Newman de Seinfeld) no clássico.
Os pontos de debates estão ali, mas não precisam ser trabalhados, afinal é um filme pipoca oras. Afinal você queria mesmo que o filme trabalhasse no divórcio dos pais dos irmãos? Ou que fosse maior a reflexão da Tia que só pensa em trabalho? Ou do exército querer transformar dinossauros em arma? Ou do absurdo de um parque com Dinossauros precisar de atrações mais mortais porque as pessoas já enjoaram de dinossauros? Não precisa se aprofundar nada disso! Estas coisas são jogadas na história para dar caldo, mas não significa que tudo precisa ser minimamente dramático. Estamos todos ali querendo ver dinossauros correndo atrás de pessoas e ponto!
Para ser justo há sim coisas que não achei tão impactantes quanto haviam em Jurassic Park. Quem não se lembra da clássica cena dos carros e do T-Rex no filme de 1993? Não há nada tão icônico assim em Jurassic World. A cena da esfera nos estegossauros não chega perto na comparação. O elenco infantil também me parece não ter o mesmo carisma das crianças do primeiro filme, talvez até seja proporcional isso, já que o adolescente atual é meio assim mesmo. Também não há uma cena no novo filme que dê aquele frio na barriga quanto as crianças se escondendo dos raptores na cozinha do primeiro filme. E aqui talvez seja um dos pontos que Jurassic World poderia ter trabalhado melhor: o suspense, o silêncio e o terror.
OK, o dinossauro mutante do filme é absurdamente insano. É um bicho do mal mesmo. Mas voltou um outro dinossauro mais sorrateiro, que também preocupasse os protagonistas. Os raptores estão ali, mas não metem mais tanto medo quanto metiam em 1993. Talvez seja até uma brincadeira de quarta parede, afinal nós não temos medo mais dos raptores da mesmo forma que na história do filme as pessoas meio que estão cansadas de ver dinossauros.
Todavia se você ficar apenas comparando os filmes, vai cair nestes conflitos de melhor ou pior. Jurassic World não precisa superar Jurassic Park. E caramba, como eu vibrei lá no fim do filme e o garotinho chega na melhor conclusão possível para resolver o problema ali presente. E que confronto surge diante disso. Eu sei que vibrei com o absurdo ali presente no final. “Foi isso que eu vim ver” – pensei. E esse momento supera um momento similar do clássico. Ou seja, acertam aqui, erram ali. Está tudo bem assim.
Outro mimimi que encontrei por aí foi em relação a base científica. Isso porque o filme de 1993 foi pesquisado e baseado da forma como os paleontólogos acreditavam que os dinossauros fossem. Hoje sabe-se muito mais e eles talvez sejam bem menos interessantes. Tu realmente queria ver um Jurassic World com dinossauros parecendo galinhas gigantes? Tenha dó, né? Tem que ter a liberdade criativa da fantasia. Ou tudo bem Tartarugas mutantes que são ninjas e robôs que viram carros, mas dinossauros lagartos é o cúmulo do absurdo?! Aí também não. É cinema, é fantasia, é entretenimento. Tudo pode. E o filme ainda brinca um pouco com a teoria das aves, o comecinho logos nos primeiros minutos do filme deixa claro isso, só que não dá para abraçar totalmente a ciência quando ela talvez estragasse o visual na qual o imaginário tem dos dinossauros. Eles não eram assim? Vai levar algumas décadas para tirar isso de nossas cabeças, ou talvez seja preciso novos seres humanos aprendendo diferente enquanto todos nós morreremos achando diferente. Não dá para colocar um T-Rex galinha assim!
Agora uma coisa que achei impressionante é que após sair do cinema, já em casa, resolvi rever o filme de 1993, que está disponível na Netflix. Engraçado como só agora percebo como Jurassic Park envelheceu pra caramba. Os efeitos especiais e visuais estão bem mais feios depois de Jurassic World. Talvez seja uma percepção pessoal, mas fiquei prestando mais atenção em como há muita coisa que já parece falsa no filme de 93. Além de que também percebo que há bem menos cenas com dinossauros do que sempre achei. Fora a quantidade de cenas escuras para esconder as limitações dos efeitos na época. Também há bastante enrolação e momentos alongados no filme de 93 e só percebo isso graças a dinâmica mais acelerada de Jurassic World. É a forma como o cinema evoluiu e mudou para uma audiência que precisa de mais ação e menos enrolação, além do que, antigamente os efeitos eram tão caros que enrolar era uma forma de economizar na produção.
Achei que Jurassic World fez a mesma coisa que Amazing Spider Man fez com os filmes Homem-Aranha do Tobey Maguire em relação ao visual e seus efeitos – envelheceu imediatamente, tornando claro a defasagem do tempo entre um e outro. No caso do Jurassic Park é bem mais óbvio isso já que a distancia entre os filmes é de mais de 20 anos! Jurassic Park se segurou por um excelente tempo então, mas Jurassic World mostrou como é legal o cinema de hoje e o quão mais ele pode fazer com estas releituras, ainda que não precise jogar toda a cronologia no lixo (como Homem Aranha imbecilmente fez), afinal Jurassic World aceita que existiu um Jurassic Park e isso reflete perfeitamente na história do filme.
Enfim. Diante de tudo isso, digo que adorei Jurassic World. Me diverti horrores, fiquei felizão com a quantidade de referências que o novo filme faz com o primeiro Parque dos Dinossauros, gostei da adrenalina em várias cenas, gostei bastante dos personagens Owen Grady (interpretado pelo Chris Pratt) e Claire Dearing (interpretado pela atriz Bryce Dallas Howard), que tomam quase todo o tempo do filme no plot dos humanos. E adorei a pontinha solta que deixaram para uma futura sequência, o que talvez aconteça já que a bilheteria inicial do filme foi muito positiva, mesmo com tantos críticos chorões e rabugentos.
Vale a pipoca e ver na experiência de uma tela gigante!
Escolha do Elenco
Homenagens ao Jurassic Park de 1993
Pouco se inovou e muito se recriou
Dinossauros sempre são legais!
Velociptors camaradas?
Parque em si!
Superior as sequências anteriores
Indominus Rex
Nota? Quem se importa! São Dinossauros no cinema!