Texto com spoilers!
Terminei de assistir neste final de semana, com um certo atraso, o fim de The Following, mais uma daquelas séries de assassinos em série e após três temporadas chegou ao fim.
É uma série que teve um grande destaque quando surgiu em 2013, por trazer atores de peso para a trama – Kevin Bacon e James Purefoy – chegando a ter uma primeira temporada de grande audiência nos Estados Unidos, com uma média em torno de 8 milhões de telespectadores por episódio.
E The Following terminou agora, em maio de 2015, suando sangue para conseguir a média de 3 milhões de espectadores. O resultado não poderia ser outro: cancelada sem dó e nem piedade. O que aconteceu para ter essa queda gigante de audiência?
Qualidade claro! E olha que a série não seguia o modelo americano de temporadas enormes. Ela termina com apenas 45 episódios produzidos. Sim, cada temporada tem apenas 15 episódios.
A trama degringolou após o primeiro ano. The Following estreou com uma brilhante trama, envolvendo um ex-agente do FBI que prendeu um famoso serial killer anos atrás e que é chamado a ativa novamente quando se descobre que o mesmo serial killer criou uma seita de assassinos, mesmo estando atrás das grades e com isso consegue escapar da prisão!
Claro que apenas esse plot não dá todos os méritos do primeiro ano da série. O suspense e as reviravoltas do primeiro ano são brilhantes. Fora a dança entre o agente do FBI, Ryan Hardy, e o serial killer, Joe Carroll, que mescla um passado onde Joe ajudou Ryan a resolver casos do FBI até se revelar como um serial killer e depois quando Joe já preso, Ryan se relacionou com a ex-mulher de Joe, criando esse estranho e bizarro círculo familiar entre todos os personagens ali presentes.
A série fecha um primeiro ano com um clímax de filme de suspense. Há ganchos para um segundo ano, mas as grandes pontas da trama são resolvida no primeiro ano. E talvez seja por isso que o público dispersou.
O segundo ano de The Following parece algo diferente. Novos personagens surgem e a série que antes era sobre Joe Carroll e o quão sedutor seu personagem conseguiu atrair pessoas para sua seita bem elaborada, para ser sobre caçar o serial killer da temporada. Joe Carrol ainda está lá, mas num personagem totalmente deslocado daquilo mostrado no primeiro ano. Foi um segundo ano fraco, ainda que os personagens do time dos mocinhos, a prima de Hyan, Max Hardy, e seu parceiro, Mike Weston, tenham ganhado um maior peso ao universo da série, enquanto Ryan vai se mostrando um personagem mais complexo e mais amargurado. Ryan acaba desenvolvendo o complexo de personagens como Jack Bauer (de 24 Horas), onde não há finais felizes e os fins sempre justificam os meios. Nada dá certo para ele e sua vida é prender/matar assassinos em série. Ponto.
Quanto ao terceiro ano de The Following, o considero muito melhor do que a segunda temporada. A série tentou entrar nos eixos. Trabalhou com Ryan para ele ter uma chance de ser feliz, deixando Mike seguir o papel de amargurada pelos eventos do segundo ano do show, ao menos até metade da temporada. Tirou totalmente Joe Carroll da trama até que ele fosse realmente necessário, fazendo assim com que o personagem não fosse sub utilizado de forma pífia. E trabalhou com origens e o com o quão escondido podem estar as pessoas que são assassinos em série.
Esta temporada final encerrou várias pontas que The Following criou em sua história. Temos um excelente capítulo com a execução por injeção letal de Joe Carroll que é de arrepiar a alma. E tudo que ele faz Ryan admitir nesse episódio reflete até o fim da trama.
Theo, o grande serial killer do terceiro ano também se mostra um grande vilão, ao menos inicialmente, sabendo manipular o jogo e o episódio onde ele mata sua família é aquele momento chave onde você sabe que em nenhum momento o espectador vai ter empatia ou torcer por ele. Sim, porque as vezes o vilão é tão bom que você torce para ele não morrer de vez e voltar num futuro para atormentar o herói. Pena que mais próximo ao fim, Theo se torna cheio de clichê, se juntando a turma de vilões fraquinhos em pró da mera vingança. Se ele tivesse desaparecido, Ryan eventualmente não o teria encontrado, o problema é que isso não funcionária numa série como The Following, onde a chave de tudo é a caçada do gato e rato.
O que mais gostei nessa terceira temporada foi justamente ver Ryan se transformar naquilo que ele nunca quis, mas Joe sempre sabia que ele se transformaria: Ryan pode não sentir deliberadamente o prazer em matar, mas o faz sem pestanejar, sem qualquer remorso. E achei digno um fim sem ser legitimamente feliz. Ryan abandonou sua vida e vai se tornar um justiceiro, caçando e matando assassinos em série e finalmente vai perseguir aqueles que estão no todo da cadeia de poderosos assassinos, que talvez tivesse sido o plot do ano 4 que nunca acontecerá.
A série tratou de matar todos seus vilões. Alguns mocinhos escrotos, como aquele namorado covardão da Max, e deixou aqueles que importam vivos. Não teve que trazer uma grande tristeza no fim de temporada, exceto por deixar Ryan se transformar nesse personagem sombrio, resolvido a mudar o jogo a sua maneira, sem mais depender das travas e moralidade do FBI, que por sinal se mostrou tão corrupto quanto qualquer clichê desse tipo de trama.
Sendo assim, The Following, foi uma série que durou três temporadas e que escorregou um pouco em seu segundo ano, mas conseguiu recuperar parte da qualidade que mostrou em seu primeiro ano. Terminou com culhões de não dar um final feliz ao seu protagonista, mesmo que os produtores ainda tivessem a esperança de uma quarta temporada. Não fez feio e fica na memória como uma excelente série de serial killer que encerra antes de se tornar irrelevante ou totalmente escrota, como Dexter tristemente se tornou após 96 episódios em 8 temporadas.
E se você nunca viu The Following veja, pois mesmo com os pequenos spoilers que dei no texto há ainda muito que lhe surpreenderá nestes 45 episódios.
Fica a despedido ao Ryan Hardy! Que ele continue aí nas sombras, caçando e eliminando assassinos em série, tal qual Jack Bauer que também continuou por aí, evitando atentados terroristas. Quem sabe um dia Ryan não volte e termine mais um pedaço da sua história? Jack voltou e ninguém esperava por isso. Em 2016 será a vez de Mulder e Scully. Nestes tempos de retornos, nunca se sabe!
Trama cheia de reviravoltas
Personagens vilões e mocinhos complexos
Boas cenas de suspense
Violência e sanguinolência precisas ao tema
Escorregôes e clichês entre temporadas
Ryan Hardy como um herói problemático
Joe Carroll como o melhor serial killer da série
Series Finale (para um cancelamento)
Merece descansar por alguns anos! Porém torço para voltar um dia!