O meu primeiro passo (errado) na franquia…
Veja só, finalmente terminei há algumas semanas atrás o primeiro Halo, aquele jogo lançado em novembro de 2001 para o primeiro Xbox. Demorei apenas 13 anos para conhecer como uma das maiores franquias dos games atuais começou.
A minha jornada em Halo: Combat Evolved começou em 2011 na verdade, quando a versão de aniversário foi lançada no Xbox 360. Foi ali que tive o contato com esse clássico, mas não sei porque cargas d’água não cheguei nem a terminar o capítulo 1 do game na época. Provavelmente porque havia coisas melhores a serem jogadas na ocasião.
Somente no fim de 2014, com o lançamento de Halo: The Master Chief Collection é que fui retomar novamente essa jornada cronológica pelo mundo de Halo.
O meu caso com esse universo deve ser muito semelhante ao de muitos outros jogadores hoje em dia que não tiveram o primeiro console da Microsoft, aquele que carinhosamente é chamado nos dias de hoje de Xbox Caixão. Então o meu primeiro contato com Halo começou pelo primeiro game da franquia lançada no Xbox 360: Halo 3.
Eu me lembro muito pouco da história de Halo 3, e justamente porque o game arremessava o jogador num mundo que não fazia muito sentido na época para quem estava acabando de chegar por ali. Não entendia direito o que era os Spartans, porque a humanidade estava em guerra contra aquele monte de alienígenas diferentes ou nem mesmo o que era o tal Halo que o jogo dizia ser tão perigoso. Eu apenas me recordo do final do game, quando Master Chief salva o dia, mas acaba perdido no espaço e resolve entrar no freezer e se manter congelado ali até ser chamado para Halo 4, alguns anos depois.
Só fui entender o universo de Halo posteriormente. Quando assisti aos animês, quando vi o filme e quando joguei – e encerrei – o brilhante Halo Reach. Hoje eu sei quem são os Covenants, sei bastante sobre o projeto do super soldado, os Spartans, entendo porque o Halo é uma das maiores armas do universo e porque deve-se temer o Flood. Mas vou deixar para explicar o mundo de Halo um outro dia, ok?
E aí sim, o começo (correto)!
Retorno então para Halo: Combat Evolved. A primeira coisa que precisa ser mencionado a respeito da experiência de se jogar esse game hoje é que ela nem de perto deve emular a experiência de ter jogado isso em 2001. Dá para dizer que o primeiro Halo é um game parcialmente envelhecido e que jogá-lo nos dias de hoje pode ser uma tarefa um tanto quanto penosa.
Agora que eu o terminei, entendo o porque o game fez sucesso em 2001 e porque ele simplesmente não morreu como qualquer FPS daquele tempo.
O primeiro Halo é mecanicamente o mais diferente de todos da série. Quase todas as armas não possuem zoom, as fases consistem em locais enormes mas que constantemente se repetem, os inimigos são absurdamente resistentes e ainda que a versão clássica seja visualmente pobre, é inacreditável naquela época ele conseguir construir um mundo tridimensional tão orgânico e vivo. Eu me lembro da minha experiência com o Turok nessa época era tudo limitado, pequeno e falso. A imersão do primeiro Halo é algo inacreditável.
Bem, não tem como eu continuar comparando jogar o game hoje com qualquer coisa que tenha jogado em 2001. Não é justo. Até porque sei que a versão que terminei agora, 13 anos depois, é uma versão remasterizada, jogada num console de ponta, num controle que pra mim é o melhor do mercado atualmente, e com o trabalho gráfico aprimorado da forma que você não sinta tanto assim o peso de um jogo de 13 anos de idade.
O que tenho para compartilhar aqui é que a minha experiência com esse Halo: Combat Evolved não foi das mais amigáveis. Que jogo difícil! Tudo bem fui meio teimoso e optei por jogar no nível Heroico (1 acima do normal), porém nem imagino quão insano deve ser o Lendário, o maior nível de dificuldade do game.
O grande problema do primeiro Halo é o sistema de energia, que difere totalmente dos outros games da série que saíram posteriormente. No primeiro game a energia não é regenerada. O jogador tem um escudo que protege a energia, e que se recupera, mas quando ele cai e você começa a perder energia, já era! Ela não volta! E para isso, se faz necessário ficar de olho em kits médicos que existem em dois a três pontos das fases apenas. Isso impede o jogador a todo momento de ficar como um louco matando tudo que estive em seu caminho e o exige ter mais cautela nos combates.
Eu tive sérios problemas também em entender como é que se realmente deve jogar esse primeiro Halo. Não que haja um jeito certo de se jogar, mas há um conceito muito errado de que Halo é um game de arena. Ele nem sempre é!
Talvez no início se tenha essa vontade de enfrentar e matar tudo que o jogo lhe dá como oponente, mas depois dos capítulos iniciais fica claro que Halo é um game estratégico e que só atirar nem de longe é a melhor das ideias.
Houve alguns pontos durante toda a campanha do game que me travaram. Mas travar mesmo! Há quantos anos isso não acontecia? Não sei! Coisa de ficar mais de 60 minutos numa área e simplesmente não conseguir passar. Há um momento no capítulo 2 ou 3 na qual eu simplesmente reiniciei o capítulo todo para poder chegar a esse exato ponto na qual não conseguia passar com armas diferentes e mais munição, porque no jeito que o checkpoint me deixava nesse momento não tinha como avançar.
O segredo pra mim nessa parte em específica do game foi pegar um rifle de sniper e manter toda a sua munição até a parte em específico. E aí sim conseguir pegar todos os inimigos que estavam num plano elevado para só depois pegar o pessoal de baixo.
E essa é uma característica da série, a quantidade diferente de armas, na qual você fica trocando a torto ao longo do game e que chega um momento na qual ou você está com armas ruins ou tem pouca munição nas armas boas. É preciso administrar a munição em certos momentos.
Havia um outro capítulo, logo depois que Master Chief descobre o Flood na qual o capítulo inteiro consistia em atravessar corredores idênticos e neles sempre haviam inúmeros inimigos. Eu perdi muito tempo tentando limpar esse capítulo. Combatendo tudo que me era apresentado. Depois fui olhar essa mesma fase no You Tube e percebo que poderia ter feito ele inteiro quase sem disparar um único tiro!
Foi nesse momento que o game deu outra volta pra mim. Porque aí eu fiquei imaginando quais seriam os momentos que deveria encarar, quais momentos deveria atacar sorrateiro e quais os momentos na qual eu deveria simplesmente ignorar os inimigos e fugir!
Há um momento próximo ao fim na qual o Master Chief precisa destruir alguns pilares. Esse é um outro ótimo exemplo de rever e entender as prioridades da história e do game. Era crucial a destruição dos pilares, mas não significa que tinha que destruir as hordas de inimigos que apareciam constantemente nas áreas abertas. Eu passei boa parte dessa área apenas correndo e me esgueirando dos oponentes. Não era meu objetivo derrotá-los!
Outro ponto que apanhei um pouco diz a respeito as armas desse primeiro game. Ao contrário dos games posteriores da franquia, as armas do game 1 são realmente ruins no sentido de você não saber o quanto de dano está causando e nem mesmo conseguir dar zoom na mira para atirar de forma mais eficaz. Demorei também para perder o medo de largar as armas principais e secundárias e ir trocando conforme a necessidade surgia. Se tais estratégias, acho que ainda estaria travado em algum lugar do jogo.
E me admira que a história de cara lhe prende. Nem tudo é explicadinho, é claro. O game te joga num universo onde você só precisa entender que a humanidade está no espaço e que ameaças existem contra a nossa mera existência. Não se fala muito sobre os Spartans, não se fala muito sobre as origens da Cortana, e nem mesmo faz muita questão de falar o que são os Covenants, mas ainda a imersão funciona.
Você descobre no primeiro game o que são os anéis de Halo, a ameaça do Flood e você tem o primeiro grande momento da série, que é exatamente a destruição do anel no final do game pelo Chief. Até mesmo a reviravolta do protetor, aquela I.A. que quase engana o Chief é muito bem feita para as limitações da época. Tudo ocorre meio que sem a necessidade de grandes animações, rolando diretamente no game em si!
Foi bom jogar algo meio… velho?
Bem, eu termino esse breve (foi breve?) relato bem satisfeito ao descobrir como Halo se originou, ainda que eu saiba o que ele é atualmente. Já iniciei Halo 2 na coletânea do Xbox e pretendo após ele, terminar novamente Halo 3, conferir o ODST e terminar Halo 4, outro game que comecei no Xbox 360 e não me recordo também porque não o terminei. Posso estar enganado, mas eu parei Halo 4 justamente porque tinha esse desejo de começar a franquia de forma cronológica. E acho que fiz bem!
Claro que esta experiência é apenas sobre o universo das campanhas, personagens e história do mundo de Halo. No multiplayer a conversa é totalmente outra. Joguei muito o multi de Halo 3 e de Halo Reach e foram uma das melhores experiências online no 360, perdendo apenas para Gears of War. Só que este texto não é sobre o multiplayer, isso eu deixo para conversar nos comentários ou quem sabe numa outra ocasião.
É importante jogar o primeiro Halo, mesmo que seja nos dias de hoje? Depende. Lembra daquele meu texto sobre games e seus prazos de validade? Existe uma parte de Halo Combat Evolved que realmente é ultrapassada e arcaica. Se você decidir jogá-lo nestes tempos modernos, certamente precisa ter essa visão, e pensar não em como ele é hoje, mas como ele devia ser em seu auge. Não é para menos que Halo Anniversary foi remasterizado com esse recurso de trocar os novos gráficos pelo antigo, para que seja uma forma de auxiliar o jogador a entender estes parâmetros.
A visão da história e de como ela tudo começou é válida. Mas claro que o jogador que quiser apenas saber da história, pode muito bem assistir a qualquer walkthrough pelo You Tube. Só que ver e vivenciar a experiência do game podem ser coisas bem diferentes. As vezes até frustrantes, dada a dificuldade que o game possui.
Eu joguei, finalizei e sai satisfeito dessa experiência. Entretanto digo uma coisa… não voltarei tão cedo para Halo Combat Evolved. Uma única vez foi mais do que suficiente.
Go, Chief!
Jogar uma remaster de um game de 2001 em 2015
Vivenciar o início de uma histórica franquia!
A dificuldade de uma outra época dos games
Conseguir sobreviver as mecânicas pré-históricas da série
Parcialmente envelhecido, porém ainda relevante
Narrativamente ainda é impressionante!
O começo que sobreviveu (mais ou menos) ao tempo!