Texto com spoilers comentando sobre os eventos dos primeiros 50 capítulos do mangá! Se você não acompanha a série este texto irá estragar ela pra ti? Não o fiz com essa intenção. Pelo contrário, escrevi para lhe convencer a acompanhar caso ainda não o faça!
Foi em novembro do ano passado que apresentei Boku no Hero Academia aqui no blog. Na ocasião falei apenas do quanto tinha gostado do primeiro capítulo, apresentando um mangá com um universo incrível e com um protagonista cativante.
Me lembro que foi na época em que Naruto estava se despedindo deste mundo, ainda que ele tenha voltado em 2015 para nos assombrar algumas vezes. Hoje já posso afirmar que Boku no Hero Academia é o meu segundo shonen favorito dos atuais que acompanho, perdendo apenas para One Piece. Mas talvez seja a minha saudades de outros mangás como Hunter x Hunter, Katekyo Hitman Reborn, Naruto, Dragon Ball, Yu Yu Hakusho e afins.
A escassez do Shonen (de batalhas)…!
É fato que hoje rola uma certa carência de bons shonens, aquele gênero batuta de mangás de batalhas que meninos (de qualquer idade) tanto adoram. Fairy Tal está aí, porém acho-o uma montanha russa de bons momentos com tediosos arcos. Há também The Seven Deadly Sins (Nanatsu no Taizai) de 2012, que tem um animê animal e o mangá começou recentemente a ser lançado no Brasil pela JBC, porém acho que parte do universo construido para a série relativamente batido. E calma que num futuro, talvez nem tão distante, falarei mais de The Seven Deadly Sins aqui no blog. Tem Blue Exorcist, que teve um bom animê que não me motivou a ir para o mangá depois que acabou, apesar de ter aqui na prateleira as edições lançadas pelas JBC. Assassination’s Classroom não é exatamente um shonen (se for, consideraria fraco dentro desse gênero, pra mim ele é mais comédia escolar). Que mais? Eu apenas vi pessoas falando bem de Ubel Blatt, mas não deu para conferir ainda, apesar de ser um mangá de fantasia, tanto quanto shonen, como Fairy Tail e Nanatsu são. Attack on Titan é shonen ou é drama? Talvez um shonen dramático. Eu gosto, mas acho-o muito sério, não o colocaria no mesmo saco que estes mangás que já citei. Alias, se você acompanha um bom mangá shonen atualmente, me recomende nos comentários! É sério mesmo, estou a procura de novos shonens bacanas.
Talvez tenha dado a impressão de que Boku no Hero Academia só é bom porque a concorrência atual anda fraca. Não é bem assim. É verdade que as opções atuais andam fraquinhas na minha opinião, mas Boku no Hero Academia tem a mesma pegada dos clássicos mangás deste gênero e um potencial enorme para se tornar um carro chefe da Jump num futuro, já que os outros títulos atual da revista não parecem ter o mesmo tamanho e proporção que um Naruto teve e que One Piece possui.
E digo potencial porque o mangá é realmente muito novo. Ele surgiu em Julho do ano passado. Acabou de atingir a barreira dos 50 capítulos. Ainda se encontra naquela fase onde uma única mancada do autor pode destruir sua reputação e a série ser cancelada num estalar de dedos. E torço muito para que isso não ocorra.
Agora se Boku no Hero Academia anda se dando tão bem com apenas 50 capítulos e não existe ainda nenhum projeto para ele se tornar um animê, imagina quando tiver capítulos o suficiente para virar uma animação na TV japonesa? Então espere que o boom de sucesso de Boku No Hero Academia ainda vai acontecer. Eu aposto que lá para o segundo semestre de 2016, quando o mangá passar de 100 capítulos.
Sem tempo a perder!
O mais legal é que com apenas 50 capítulos, o autor, Kōhei Horikoshi já conseguiu criar ótimos e épicos momentos na série. O piloto surge como algo simples, um menino que nasceu num mundo onde todo mundo tem superpoderes menos ele. Um mundo onde vilões e super-heróis são tão comuns quanto médicos ou professores. Como então desenvolver arcos e tornar tudo típico de um universo de mangá e ser atraente para essa nova geração de leitores que já sabem o que é um One Piece, Naruto e afins? Fácil, não enrole e dê uma narrativa com adrenalina constante!
Parece que a história de Boku no Hero Academia nunca desacelera. Não importa que o protagonista é uma criança e que contracena com crianças. Todo mundo ali tem superpoderes e precisam lidar com o risco de vida num mundo que é perigoso a seu modo vilanesco de ser!
Deku (Midoriya Izuku), o personagem principal da história, acaba conhecendo no primeiro capítulo do mangá seu herói favorito após certos eventos e isso muda a sua vida quando esse herói, o All Might resolve que Deku será seu sucessor. Foi exatamente aí que deixei os leitores nas impressões do mangá ano passado.
Tive um medo na época que o mangá fosse dar superpoderes ao Deku e que ele acabaria se tornando idêntico a todos os outros personagens. O que só aconteceu de forma parcial. Ele ainda é um garoto normal, porém com um superpoder emprestado que ele não sabe usar direito e que quando utilizado causa uma enorme destruição em seu corpo. Isso é genial para manter as bases do mangá e permitir o crescimento e amadurecimento do personagem.
Dou meus elogios também ao fato do autor não ter criado arcos ou fases de treinamento do Deku. Sim, há o treinamento, mas ele é fechado num ciclo de pouquíssimos capítulos, sendo que a parte em que Deku precisa aprender, ele acaba aprendendo na hora do vemos ver, na hora em que ele precisa realmente saber fazer ou caso contrário ele se daria muito mal.
Só para não dizer que o autor não trabalha com arcos de treinamento… agora, 50 capítulos depois, Deku se encontra novamente tentando entender os poderes que ele ganhou e está aprendendo com uma figura importante para o All Might, porém quem já chegou no capítulo 50 já sabe que, do nada, a adrenalina do mangá já começou a pulsar de novo e o autor ligou o “foda-se o treinamento e vamos aprender no mundo real“. Isso é um elemento muito comum neste mangá. A hora de aprender é aqui e agora, no calor dos eventos que precisam acontecer.
Admito que quando comecei a ler os primeiros capítulos após o primeirão, fiquei apreensivo e desconfiado de que o mangá iria murchar, pois a história leva Deku para uma escola de super heróis, outro clichê de quase todo gênero de mangá. Entendo que esse recurso é utilizado justamente para o público alvo – que não sou eu – do mangá se identificar.
Felizmente Boku no Hero Academia não passa por nenhuma fase como Katekyo Hitman Reborn que teve sua fase Normal Days. Logo que ele chega a escola fica claro que não há nada de normal ali e até mesmo qualquer tipo de competição escolar consegue deixar o leitor tenso e nervoso de acordo com a desvantagem de Deku para com seus amigos e rivais que nasceram com poderes e o controlam de forma natural.
Há um exercício de uma simulação de captura logo nos primeiros arcos na qual o autor estabelece muito bem a rivalidade de Deku com um ex-amigo de infância, o Bakugō Katsuki. Alias, estou escrevendo “Deku”, porque esse é um apelido que ele ganha nestes momentos iniciais da escola e se torna muito mais natural reconhecer o personagem por Deku do que Midoriya Izuku. Mas voltando, essa simulação de captura estabelece os amigos do protagonista, cria o rival, que é um recurso que todo shonen obrigatoriamente precisa ter, e demonstra que qualquer brincadeira dentro desse universo é como jogar bola em um campo minado.
Fora que o autor manda muito bem na criação de personagens e seus super poderes. E por incrível que pareça em nenhum momento fiquei pensando que se um personagem ou outro, seria muito semelhante com personagens famosos dos quadrinhos americanos, como os X-Men e seus mil mutantes com superpoderes. Difere totalmente da pegada do universo de super heróis americanos, ainda que seja claramente uma inspiração e referência do autor em alguns momentos. O que quero dizer é que não parece uma paródia em mangá dos quadrinhos americanos de super seres com poderes fantásticos. Boku no Hero Academia conseguer ser algo original e com sua própria identidade, brincando sim com essa mística do mundo dos super heróis.
Imagino que o mangá se já não fizer pela internet e seu mangá, fará muito sucesso nos Estados Unidos quando se tornar uma animação. Especialmente pela febre que esse gênero possui hoje em dia.
A explosão da adrenalina!
Aí você segue acompanhando o mangá, achando que ele vai ficar começar a esfriar, afinal são rotinas escolares, você já conhece os personagens e tem professores legais ali que são super heróis, incluindo o All Might. Quando de repente, o autor cria um mini arco onde vilões absurdamente animais em termos de design de criação de personagens, surgem e isso te manda de novo para o mundo real e perigoso que Boku no Hero Academia pode ser.
Os capítulos que seguem com o mangá apresentando o conceito de vilões que o autor quer que a história tenha é incrível, em alguns momentos até surreais. Você tem professores rendidos e colocando os garotos em uma situação de vida ou morte, com toda aquela tensão e apreensão que um mangá sabe ter. Divide todo mundo em grupos e cada um precisa aprender a lidar com uma situação na qual nunca vivenciaram.
O clímax dessa batalha de pequenos heróis contra colossais gigantes é animal! Deku mostra um potencial tão bom quanto um Luffy mostrava lá no começo, quando enfrentava qualquer um sem pensar duas vezes. Cada reação do Deku nesse arco me fazia pular da cadeira e pensar “isso, vai, caralho“. Quase bati palmas quando o All Might chega e está tudo tenso e complicado.
Foi aí que cheguei a conclusão de que caso Boku no Hero fosse cancelado prematuramente, só por esse arco já valeu a pena conhecer e ler esse mangá. O que viesse dali em diante seria lucro.
E meio que pensei isso quando após encerrado alguns capítulos de euforia e adrenalina, as consequências da batalha abaixaram e, com a rotina escolar, volta tudo ao seu normal. É chegado outro momento clássico dos mangás escolares: o festival de competições entre classes!
Achei que seria meio xarope, mas na verdade não foi. Aqui o Deku começa a entender melhor a dimensão de suas habilidades emprestadas e o autor usa o festival para apresentar novos personagens e alunos, criando uma rede mais complexa dentro da história, além de trabalhar com outros amigos do Deku que já estão tão importantes e inserido na trama, tal como os tripulantes do Luffy são.
Talvez o grande ápice aqui seja o confronto contra o Todoroki Shōto, que é mostrado como filho do segundo super herói mais poderoso do contexto da série, o Endeavor. A história do Todoroki é pesada, o que dá um ar de maduro ao personagem e deixa o leitor dividido, entre ver ele usando suas habildiades de fogo ou preservando seus ideiais de infância. E quando ele luta com o Deku é impossível não pensar no Yusuke lá de Yu Yu Hakusho e seus leigans contados no dedo. E que bom que o autor não é um daqueles que precisa fazer o protagonista ganhar todas suas batalhas.
E também gostei muito quando a Uraraka Ochako é posta para batalhar contra o rival do Deku, o Bakugo. Foi ótimo ver a personagem, que lembra o estereótipo do interesse romântico que Deku pode vir a ter num futuro, querendo se provar a si mesmo e que pode ir além de seus limites. É uma batalha ótima, mesmo que em nenhum momento cheguei a acreditar que ela conseguiria vencer. Porém sutilmente o autor vai trabalhando e amadurecendo o próprio Bakugo, mas não o deixando tão escroto como o Sasuke se tornou no Naruto. Ele é um cara rancoroso e babaca, mas num nível onde ninguém o vê como um cara descolado como era o Sasuke. E pior, por mais odiável que ele seja, você como leitor ainda curte o cara porque ele realmente se importa com as coisas e companheiros, ainda que não transpareça isso.
50 capítulos depois…
Terminando tudo isso, o mangá chega aos eventos atuais e que irei comentar e trabalhar melhor nos próximos textos que farei. Sim, Boku no Hero Academia está oficialmente entrando no rodízio de mangás que comento um pouco semana a semana aqui no blog!
O arco atual tem um potencial bem interessante. Tira um pouco o cenário escolar e coloca o perigo real das ruas, com base nos eventos com o irmão do Ida, outro amigo da classe do Deku, e do vilão Stain, que é inacreditável o traço desse vilão. Não há fodacidade o suficiente para medir o quão incrível é traço do cara. O autor desse mangá é meio maluco por desenhar um personagem com um design tão complexo. Deve tomar um tempo dos infernos desenhar o cara!
Enquanto isso o Deku, como disse lá no começo, está iniciando um treinamento com um mestre que treinou o All Mighty e esse velhinho é um personagem mega simpático. E ver o protagonista começar a entender e controlar seus poderes é fantástico.
Eu parei a leitura exatamente no capítulo 50. Atualmente o mangá está no capítulo 53 enquanto escrevo este texto. A situação se complicou e há vilões colocando os aspirantes a heróis em risco novamente! Stain é um cara tenebroso, mas o cara com a mão no rosto é de dar calafrios! E é dar salvas de palmas ao autor por conseguir criar vilões tão maneiros.
O que vem a seguir em Boku no Hero Academia? Pra mim não precisa correr para contar pontas que o mangá vem deixando por aí. O maior deles talvez seja o All Might, mas a história e os eventos dos arcos criados foram tão divertidos e cheio de ação e adrenalina que não tem pressa em saber alguns segredos da série. O leitor fica mais atento as ações dos garotos e o desenvolvimento deles de acordo com as adversidades que o autor vai colocando na história.
Se você não está lendo Boku no Hero Academia, voce está perdendo um dos melhores mangás de batalha da atualidade. Se tu gosta de mangás como One Piece, Naruto e Katekyo Hitman Reborn, precisa começar o quanto antes a ler Boku no Hero Academia.
Eu já estou aqui na torcida para ele virar um animê em 2016 e da Panini começar a lançar o mangá por aqui o quanto antes! Paro por aqui e até breve, quando passarei a comentar sobre a série semanalmente aqui no blog através do Conversa de Mangá!
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