Chegou a hora de voltar a falar um pouquinho mais dos webmangás nacionais que estão sendo publicados no portal Lamen – Quadrinhos Bem Servidos! Para quem está chegando agora e perdeu os Conversas de Mangás anteriores, vale lembrar que já escrevi aqui no site sobre Super & Dragon’s Tale e também sobre Digude & Engrenagem Cristal.
Hoje ao invés de continuar na sequência da primeira fase das publicações, resolvi mudar um pouco as coisas. Peguei um webmangá da fase 1, Aventura de Gally de Fabio Lino, e já parti para outro mangá da fase 2, Lunchtime de Nilton Simas, já qeu a fase dois está com alguns títulos com capítulos completos. A minha vontade é acelerar um poucos os reviews lá do portal, mas admito que anda difícil acompanhar tudo que está saindo por lá, somado a tantas outras coisas que já acompanho. Mas independente de conseguir ou não, para você que acompanha alguma série lá e que ainda não comentei aqui pode ficar tranquilo que pretendo comentar todas as séries do Lamen!
E pra quem ainda não acompanha, reforço que acompanhe oras! O Lamen não cobra nada para que você tenha acesso aos webmangás nacionais. É tudo gratuito, num sistema que nem precisa de download, você lê diretamente na página do navegador ou no tablet. Tudo rodando de forma bem funcional!
Aventura de Gally #1 – O Soldado!
Assim… eu me recordo que quando o portal anunciou todos os títulos da primeira fase, sem mostrar muito do que se tratavam, esta, Aventura de Gally, foi o que mais me pareceu diferente. Não tinha aquela cara de mangá, e me remetia muito mais a uma espécie de conto que eu poderia muito bem encontrar em um livro de história infantojuvenil, sabe, aquele com pequenos textos e muitas gravuras?
E agora que li o primeiro capítulo, posso afirmar que até agora foi um dos títulos que mais gostei no Lamen, e talvez justamente porque ele faça essa mistura de um quadrinho de fantasia, com elementos de mangá e um pouco também desses livros infantojuvenis. E não há qualquer problema nisso!
Me lembrou qualquer desenho animado que viu quando era criança, na década de 90, que contava uma história em um universo fantástico, de fantasia, com animais antropomorfizados e pequenos elementos de RPG. E pra mim, isso foi incrível!
Aventura de Gally conta a história dessa ratinha, que perdeu seu pai quando ainda criança para um gato grotesco, e agora, alcançada uma certa idade, já jovem, segue pelo mundo em busca de seu lugar, enquanto também está atrás desse gato que lhe tirou o pai. Ao menos é essa a minha leitura deste primeiro capítulo.
É uma personagem leve, não tem sangue nos olhos, ensejando vingança ou conjurando que o mundo é um inferno por ter lhe tirado seu pai. Gally se tornou uma boa pessoa no final das contas. E o primeiro capítulo mostra um pouco dessa sutileza da personagem, até uma certa inocência. Parece infantil e bobo, mas não é. Porém é diferente de outros títulos, já que quando penso em mangá, penso em algo mais exagerado e barulhento.
Se houver algo a reclamar aqui, diria que seria o quão curtinho foi o primeiro capítulo, com apenas 14 páginas. As vezes parece que a narrativa dá uma acelerada em consequência de suas poucas páginas. Ou talvez isso seja um belo poder de síntese do autor da história, de querer ser ágil e não cansar e se foi isso, é um ótimo acerto.
Há que se elogiar também os belíssimos desenhos do mangá. É incrível o nível da qualidade de tudo. Expressões, cenários, movimentação e até o enquadramento da história que segue um estilo mais clássico combinou com o clima da história.
Talvez a única coisa que não tenha visto propósito foram nas piadas na qual Gally fica meio atiradinha pra cima do outro personagem (ele é um lagarto? não cheguei a pensar muito nisso, não me incomodou não saber exatamente o que ele é). Como ela é uma jovem adolescente, até entendo o porque da piadinha, mas achei um pouco fora do contexto do que estava acontecendo, e até meio clichê de um estereótipo feminino meio ultrapassado (mas que o gênero do mangá adora reforçar). No fim, é só algo meio bobo de dizer, mas meio que já foi agora. E tem outro detalhe, já disse isso nas resenhas anteriores, eu não sou o público alvo de algumas das histórias publicadas no Lamen, eu com meus 30 anos já estou velho pra certas coisas, então é meio natural ter pontos que não gosto, mas a galera mais nova goste.
Para terminar, reforço que gostei muito mesmo da história. Espero que saia em breve novos capítulos, pois quero continuar a acompanhando e descobrir o que Gally irá encontrar em sua jornada.
Ah! Somente uma última coisa, e talvez seja má interpretação minha, mas eu fiquei na dúvida nos dizeres da Gally no último quadrinho (este acima). Estes novos amigos não vão seguir o caminho do bem? Achei estranho essa preocupação, principalmente o carinha que ficou com a espada, já que em nenhum momento ele deu algum indício de ser mau. No fim fiquei pensando se no “não” não está a mais no parágrafo (e aí os amigos seriam do bem) ou se o “seguiram” não deveria ser “seguirão” (aí no futuro o mal ganha). Enfim… descubro no futuro.
Lunchtime #1 – (capítulo sem título)
Rá! Admito que esse webmangá me pegou de surpresa. Não sei o que esperava dele apenas olhando sua capa, mas enquanto o lia fui percebendo que havia algo muito bom nele. O autor soube criar um universo bem divertido onde tudo é possível, onde monstros e humanos coexistem quase como uma coisa só. E daí vem as situações absurdas e engraçadas da história.
Em um certo ponto acabei lembrando um pouco de Rosario + Vampire, que também tem essa pegada de monstros das mais diversas formas vivendo juntos e um humano acaba chegando nesse mundo maluco. Lunchtime vai um pouco mais além, provendo uma realidade que por si só já é maluca, e sem monstros escondidos de um outro mundo mais realista, e isso é bom.
A impressão desse primeiro capítulo é que a história irá girar em torno desse restaurante e seus personagens exóticos que trabalham por ali, até mesmo pelo título em si do mangá. Este início apresenta um dos empregados que num dia normal de trabalho, pescando alguns peixes na baía da cidade, acaba pescando uma sereia. Confusão vem, confusão vai, a Sereia vai para o restaurante, se prova uma ótima chef de cozinha e resolve ajudar e a ficar por ali mesmo.
Pode parecer chato explicando assim, e percebo que acabei soando como tal, porém não se deixe enganar. Lunchtime é bem divertido, não pela trama em si, mas pelo bom tom do humor desse mundo de monstros e seres extraordinários. Não é uma aventura épica como Gally soou acima, mas um mangá de comédia, utilizando elementos fantásticos de ficção para torna as coisas engraçadas.
Lunchtime também acabou me impressionando pelos desenhos e a forma original do estilo da disposição dos quadros em diversas páginas. Tem uma qualidade impressionante de efeitos, cenários, efeitos de movimento e detalhes das feições dos personagens. Achei sensacional o traço do autor do mangá.
Gostei dos personagens e aqui achei justificável a sensualidade das personagens femininas. É um tom mais de brincadeira, de comédia, até por se tratar de uma sereia e uma vampira, e até mesmo uma certa homenagem ao gênero e influência dos mangás japoneses, e ainda assim não soou vulgar, o que é um ponto positivo.
Se for para dizer algo que não me agradou, ainda que não tenha incomodado tanto, há um momento neste primeiro capítulo onde a vampira Asuka não tem o que cozinhar para os fregueses que acabaram de chegar e a sereia Yumiko se oferece para fazer a refeição com as sobras e o que tiver na geladeira. E ela o faz com perfeição e os fregueses adoram e devoram tudo. Nesse ponto, entendo que é um recurso do roteiro de meio para um fim, fazer a Yumiko se tornar a cozinheira do restaurante, porém os eventos são rápidos e pouco é realmente mostrado no sentido do que ela realmente fez. O que ela cozinhou a ponto de ficar tão bom com apenas sobras? Tem que rolar uma certa presunção de que ela fez bonito e OK, mas espero que mais a frente, num cenário onde se tem uma história que tem base em um cenário culinário, que o autor explore um pouco esse mundo da cozinha, sem soar como um recurso de “ok, ela apenas o faz muito bem e ponto”. Talvez seja eu sendo chato, ou por adorar Toriko, que explora muito bem essa coisa de o que cozinhar, como cozinhar e como discutir sabor. E eu sei que esse tipo de comparação é um pouco escrota, mas fica como uma sugestão ao autor, que se for mexer com essa parte culinária, que possa mostrar mais detalhes em si. Ou se a história for para outros rumos, isso não vai incomodar mais.
E na real? O divertido de uma série assim nem é a parte do restaurante, mas a comédia dos absurdos de várias criaturas e monstros vivendo em uma cidade, em uma rotina semelhante a realidade, onde o potencial de humor é gigantesco. Espero mais a exploração de criaturas extraordinárias num dia e dia de uma sociedade em si, do que do ritual culinário realista. Não precisa pensar demais por esse lado, se a estrutura funciona a serviço do bom humor.
No fim, o que mais era essencial, o tom da comédia, sem soar clichê ou preguiçoso, foi muito bem executado para um primeiro capítulo. Lunchtime então abre muito bem essa segunda rodada de novos títulos no Lamen. Excelente!
Ah, sabe uma coisa que me intrigou? Hahaha é bobeira, mas sei lá. A Sereia ficando em pé, ok! Mas como é que ela sai andando de boa? Quero ver o autor desenhar a Yumiko andando! Como?! Será que ela rasteja como uma serpente, porém com o dorso ereto? Brrr… arrepiante! Hahaha.