Piloto | Scream Queens me pareceu dolorosamente ruim…

Olha só, acho bom começar dizendo que é sempre complicado escrever uma resenha que leve a crítica mais para o lado negativo do que positivo. Cada um tem um gosto e o que é ruim pra mim, pode não ser ruim para outra pessoa. Sem mencionar os fatores como público alvo e linguagem do produto, que podem simplesmente não terem sido feitos para agradar uma específica audiência. Ou seja, é tudo uma questão de ponto de vista. Dito isso, que pesadelo foi conseguir terminar o piloto de Scream Queens.

O seriado tem o dedos dos mesmos criadores e produtores de Glee, que por si só é uma série que causa divergências entre as pessoas. Uns gostam, outros odeiam. Eu vi Glee (falta apenas uns poucos episódios da última temporada para terminá-la) e apesar de muitos momentos estranhos e até ruins, acho que a série tem excelentes pontos de comédia e agrega valor em um tempo de piadas e nonsense que a TV americana perdeu um pouco na última década. Há momentos de humor de Glee que me remetem ao estilo pastelão e tosco de, por exemplo, Corra que a Polícia vem aí ou Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu. Aquele humor errado, inesperado e as vezes surpreendente, ainda que tudo esteja dentro de um clima de um grupo de coral rejeitado por todas as pessoas da escola. Havia uma crítica pontual em Glee, um humor que desafia a fórmula americana atual e números musicais bem ensaiados. A história era a única coisa ruim em Glee. Enfim, chega de  Glee!

Fiz essa volta porque Scream Queens tem um pouco daquela pegada do produto anterior destes produtores,  Ryan Murphy, Brad Falchuk e Ian Brennan, mas parece que aqui a coisa não funcionou como gostaria que tivesse funcionado, e talvez parte disso seja um elenco sem carisma e personagens clichês e estereotipados demais.

A história envolve uma fraternidade de uma típica universidade americana, Kappa Kappa alguma coisa (who cares?). Os primeiros minutos da série, quando ela está em um flashback em 1995 até me deixou curioso para onde diabos a história iria, com uma aluna tendo um bebê na fraternidade e morrendo longo em seguida porque as patricinhas do lugar não a socorreram porque estavam dando uma festa.

Tudo se perde quando a história avança 20 anos no futuro, com um outro elenco. Novamente, patricinhas comandando a fraternidade, tudo naquele clima irritante de O Diabo Veste Prada, e a história segue com todos os tipos de estereótipos possíveis, empregada sendo escrotizada pelas garotas, um nova personagem que chega para ser parte da fraternidade é a mocinha da história, politicamente correta aos montes, tem o carinha que é escrotizado pelas patricinhas e vai se interessar pela mocinha da história, tem o elenco de candidatas da fraternidade que parece ter saído do grupo de perdedores do universo de Glee (a atriz Lea Michele está ali, num horrível papel, novamente de uma rejeitada sem qualquer popularidade) e tem atém a atriz hollywoodiana Jamie Lee Curtis num papel de reitora badass que odeia a fraternidade da patricinhas, num trejeito de personagem muito parecida com a que Jane Lynch tinha em Glee no papel da Sue Sylvester, mas sem ter o carisma que Sue tinha com seu timing perfeito de comédia, provando o quão incrível Lynch era em sua performance (ela carregou nas costas boa parte dos méritos do tom de humor de Glee).

O problema com Scream Queens nem é o plot em si, mas os intermináveis diálogos chatíssimos dessas personagens sem carisma, com estereótipos forçadíssimos, sem qualquer esforço para fugir dos clichês. A série se perde constantemente entre um humor sem noção, terror trash e na maior parte do tempo piadas ruins e personagens tediosos por serem exatamente o que o crachá de cada um diz que são. Foi realmente doloroso terminar o piloto. Não consegui tem ver o segundo episódio para ver se a série melhora um pouco que seja.

O piloto se esforça em criar um mistério quando uma das patricinhas mata sem querer a empregada da fraterniada e convence todas suas minions a esconder o assassinato. E nisso tem alguém fantasiado de diabo matando as garotas pela universidade. Poderia ser algo interessante se a roupagem de toda a série não fosse tão ruim. Há cena do diabo e da garota conversando por mensagens de texto é quase engraçada, mas muito mal dirigida. Existe uma tentativa de tentar criar aquele humor trash de um Todo Mundo em Pânico (Scream Movie), porém é tudo muito mal executado.

No fim, após 44 minutos, acredito que alguns dos meus neurônios me alertaram que se eu continuasse vendo essa série, eles iriam se suicidar. Parei e não pretendo ver. Se alguém gostou, por favor me diga o que viu na série que eu não consegui ver. Alias 44 minutos me parece muito tempo para uma série assim. Glee tinha números musicas que justificava o tempo do show, Scream Queens talvez se saísse melhor se fosse apertada em uma sitcom de 22 minutos, tirando toda a extrema gordura que a série possui.

Em um ano onde a MTV veio com uma excelente adaptação da franquia Pânico (Scream), sabendo fazer um suspense de terror adolescente, Scream Queens só me pareceu incrivelmente errado.

Enfim, não consegui gostar. Há dezenas de séries melhores na TV americana hoje em dia. Scream Queens me parece apenas uma perda de tempo, e uma daquelas perdas ruins, onde você realmente poderia estar se divertindo com algo melhor.

Agora se você assistiu, gostou e vai continuar vendo, e se achou que fui injusto e que a história, os personagens e a narrativa de tudo melhora alguns episódios adiante, deixei aí seu comentário. Não sei se consigo dar uma segunda chance a série, mas poderia me esforçar para ver ao menos mais dois ou três episódios só para ver seu ponto de vista sobre o show.

Humor nonsense e terror trash combinam, mas o piloto fracassa em combiná-los apropriadamente
São clichês e esteriótipos sem inovar a fórmula, fica tudo chato demais!
Diálogos tediosos, cansativos e desinteressantes
Jamie Lee Curtis tentando ser Sue Sylvester de Glee? Não!
É uma boa ideia no geral, porém muito mal produzida e executada

Existe um potencial na ideia de Scream Queens, mas a execução matou tudo!

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