Veja só que surpresa interessante foi descobrir que o seriado Scream, produzido pela MTV nos Estados Unidos, se tornou um exclusivo da Netflix para outras regiões além EUA. Ao menos é isso que significa a série receber o selo “Original Netflix” em seu catálogo. Scream chegou completinha, com todos seus 10 episódios agora dia 01º de outubro de 2015.
E é uma pena que as vezes a Netflix não nos avise com antecedência quais séries produzidos por outros canais lá fora trará exclusivamente ao serviço. Digo isso porque já estava assistindo Scream, lá na casa do tio Torrent, quando descobri que a série completa foi disponibilizada pra gente. Aí a minha maratona Netflix virou apenas meia maratona, pois metade da temporada já tinha assistido. Até a comentei por aqui lá, em um post sobre o piloto da série em agosto passado. Se eu soubesse que Scream chegaria via Netflix, teria esperado para ver direto e oficialmente pelo serviço. Enfim, agora já foi!
Enfim, 10 episódios depois, em meio a triste coincidência do Wes Craven, responsável pelo primeiro Pânico de 1996, ter falecido poucos dias antes do episódio final e a missão de criar vínculos e ganchos para uma segunda temporada, saio satisfeito de ter assistido ao primeiro ano do seriado. E foi um pouco melhor do que esperava. Quem não viu, e gosta dos filmes originais, pode ir ver sem medo e estando na Netflix, isso fica bem mais fácil, não? É apertar um botão e sentar para uma maratona de final de semana.
Spoilers à seguir! Se você ainda não assistiu, mas pretende ver, não continue pois vai te estragar a série! Depois não diga que não lhe alertei!
Em um plano geral, a série se saiu muito bem para uma adaptação de um grande hit dos anos 90. E olha que ela corria vários riscos de não ser nada como Pânico (1996), mas conseguiu fazer uma releitura divertida dos velhos clichês de filmes de terror adolescente.
A série usou vários elementos do original, em especial a metalinguagem, estabelecer as regras dessas histórias de assassinato, criar os velhos chavões e acima de tudo conseguir manter o mistério até quase a grande revelação final. E esse quase não está aí sem qualquer propósito.
Já comentei aqui que sou péssimo em histórias de mistério. Raramente adivinho quem é o assassino. Acompanho um monte de séries procedurais de crimes e frequentemente erro até mesmo as soluções dos casos da semana. No caso de Scream foi o contrário, lá pelo penúltimo ou antepenúltimo episódio, eu já havia sacado quem era o Ghostfacer. Talvez isso pudesse ser sacado bem antes, mas eu só fui ter certeza por aí, nos momentos finais da temporada.
A jornalista estava muito intrometida lá pelo final da história, a ponto de virar amiguinha da protagonista. Aí não! errou nesse ponto. Foi aí que comecei a suspeitar dela. E no momento em que a Emma pede para ir na festa onde está rolando o massacre tive certeza absoluta que era ela. Nem quando rola a cena do sangue do carro, sem mostrar um corpo me fez pensar o contrário.
O problema foi exatamente adivinhar o segundo assassino, porque sim, Pânico sempre teve dois assassinos, sem mencionar que se Piper era um dos vilões, a cena da fábrica abandonada quando o Ghostface leva o ex-namoradinho da Emma e a Piper fica lá desacordada se torna óbvio que ela precisaria de um cúmplice naquele momento.
E este é um dos pontos que me desagradou um pouco no final da temporada. Audrey então é a cúmplice, mas por que? A temporada encerra sem deixar claro porque ela participou disso ou qual sua conexão com Piper. Espero que haja uma explicação disso na próxima temporada. Eu ainda considero a possibilidade de que foi apenas uma jogada dos produtores e que Audrey não é realmente a cúmplice (afinal a série somente mostra que ela tinha contato com a Piper por cartas que a Audrey joga na fogueira, isso não quer dizer necessariamente que ela é a segunda Ghostfacer).
Há também um outro problema no final da temporada. Ninguém morre! Não vi motivos para segurar as mortes finais da temporada. Se fosse um filme, onde os personagens precisam ser descartados, não ia sobrar muitos ali. talvez dois ou três. Nem mesmo os figurantes. Apenas um morreu! Achei meio mancada, até porque em uma segunda temporada, você pode trabalhar tranquilamente com novos personagens e a protagonista principal. Apesar que eu torci muito para o Noah não morrer!
Alias eu ainda tenho o palpite de que se Audrey não for realmente a real cúmplice de Piper, certamente o Noah é! Porque de todas as merdas que deu ao longo da temporada, envolvendo eletrônicos, em tudo tinha o dedo dele. Se tinha um hacker que pudesse auxiliar tanto o assassino, seria ele. Eu não me surpreenderia se esse status mudar no ano 2.
E ao longo da temporada, rolaram grandes momentos. Eu achei bem impressionante a morte do Will, ex-namorado da Emma. O cara foi picadinho e dividido em dois em uma escrota máquina lá da fazenda dele. Brrrr… e foi meio que culpa da Emma que pisou na armadilha deixado pelo assassino. Que morte horrível de se ver!
Porém o maior momento de adrenalina mesmo ao longo do ano 1 foi a parte do boliche abandonado. E com ótimas tiradas ali, como o grupo se separando, ou a cena da lança, na qual o Noah enfia ela por uma brecha na porta e o assassino simplesmente a puxa! Rá!
O humor sem noção faz parte da franquia Scream, tal como a metalinguagem. Tudo isso foi muito bem preservado ao longo do primeiro ano. E o mérito talvez seja a curta temporada. 10 episódios foram o suficiente. Não precisava ter mais do que isso. Parabéns à MTV por não ter ficado gananciosa e ter encomendado mais para o ano 1.
Em todo caso, mesmo satisfeito, fico com a sensação de que a série se segurou um pouco, especialmente depois de saber que seria renovada. Não houveram tantas mortes, o próprio Ghostfacer não apareceu tanto quanto deveria, tendo muitas cenas apenas de terror psicológico pelo telefone de Emma e há uns plots bem estranhos ao longo da temporada, como o do prefeito ou da mãe da Brooke. Tudo bem que muita coisa é inserido para criar falsas pistas, mas tem coisas que não casaram tão bem assim, como dois adolescentes bobões chantageando o prefeito da cidade.
Scream no fim foi divertida. Honrou a memória de suas origens e me fisgou por vários momentos. Prova de que esse tipo de história de adolescentes fazendo burradas e um assassino misterioso à solta fazendo a limpa, ainda é divertido e vale ver mais disso, seja na TV ou no cinema. Fica apenas a lição para o segundo ano, mais coadjuvantes para que haja mais mortes no final da temporada, já que o ano 1 ficou apenas devendo o massacre final que todo conto de terror possui.
A série conseguiu manter o ritmo até o fim do ano 1
Houveram grande momentos ao longo da temporada
A revelação do assassino não era tão impossível de se desvendar
Não concordo com o gancho para o ano 2 (ficou no ar o papel do cúmplice)
O episódio final prometia um massacre e não rolou!
No geral, os elementos do clássico de 1996 foram honrados
Teve alguns problemas? Sim, teve, mas mesmo assim eu volto para a segunda temporada!