Talvez seja um exagero chamar One Punch-man de o melhor animê da temporada? Talvez sim, talvez não. Não sei. Considerando que 2015 tem sido um ano meio fraco de novos sucessos instantâneos na animação japonesa, pra mim One Punch-man vem se mostrando uma diamante bruto. Um nível de empolgação que só tive em 2013 quando o animê de Attack on Titan surgiu (e que está demorando demais para voltar).
Até porque há uma diferença quando você já acompanha algo em mangá e o vê posteriormente se tornando uma animação. Quando você descobre um animê de qualidade excepcional, de um mangá na qual você não acompanha, o prazer de “descobrir” a animação é exponencialmente maior. E tem sido assim com One Punch-man.
De fato ano passado eu fiquei muito perto de pegar o mangá de One Punch-Man para acompanhar. Fiquei entre ele o Boku no Hero Academia na ocasião e bem, você já sabe qual escolhi. Não acho que errei, pois ambos são realmente incríveis e 2016 vai ser a vez de My Hero Academia virar um animê. Na torcida pela mesma qualidade que One Punch-man está apresentando. Enfim, não consegui pegar o mangá, porém já no começo desse ano se tornou notícia que ele ganharia o animê e assim esperei ansioso por essa estreia e cá estou hoje para falar um pouco dela!
Porém, antes de One Punch-Man, tenho que abrir um parênteses aqui e para falar da Daisuki!
O que é Daisuki?
A melhor maneira de explicar o que é a Daisuki é uma comparação. Pense que que a Netflix está para a Crunchyroll assim como o Crackle está para a Daisuki. Trata-se de uma plataforma gratuita de streaming oficial de animês. É como a Crunchyroll (que também tem a opção de ser gratuita, mas eu particularmente prefiro pagar pela assinatura premium), porém a Daisuki é 100% gratuita. Não tem plano de assinatura paga. E só exibe animês!
E tal como o Crackle, é um serviço com um catálogo pequeno e algumas limitações, o mesmo ocorre com a Daisuki. E é um serviço oficialmente japonês. Criado no Japão em parceria com vários estúdios e licenciadoras de lá, com a proposta de distribuir animês por lá e mundialmente, em diversos idiomas, de forma legal e oficial. Não deixa de ser uma resposta dos estúdios, licenciadores e empresas de animação à pirataria e distribuição ilegal de animês que existe pelo mundo inteiro. E é um serviço relativamente novo. Suas atividades se iniciaram em 2013 e ao poucos vem se expandindo globalmente.
Tanto que não faz tanto tempo assim que se começou a distribuir alguns animês legendados em nosso português, sendo que o que mais o chamou a atenção aqui no Brasil foi recentemente terem legendado o mais novo animê dos Cavaleiros do Zodíaco: Saint Seiya Soul of Gold. E agora, claro, One Punch-Man, que ao contrário de Soul of Gold, a Crunchyroll não conseguiu os direitos de distribuição e exibição, perdendo assim mais uma das grandes e pertinentes estreias do ano. Infelizmente isso vem acontecendo muito com a Crunchyroll, que nunca chegou a ter, por exemplo, Attack on Titan, e não conseguiu também Assassination Classroom ou Dragon Ball Super. Situação meio chata para um serviço que até então era uma das únicas opções oficiais aqui no país para assistir animês, mas da Crunchyroll falo mais sobre em uma outra ocasião.
Então posso dizer que a Daisuki ainda está em estágio embrionário. É um serviço relativamente novo, porém bem interessante. Novamente, é um serviço gratuito, porém que vale fazer um cadastro lá para ter maior opções de qualidade de streaming. O cadastro é rápido e indolor. Infelizmente por ser justamente novo, suas limitações de telas também ainda são pequenas. Você pode assistir estes animês na tela do seu computador, direto pelo site oficial. Além disso há um app oficial, disponibilizado para Android e iOS, que permite ver os animês em celulares e tablets. Porém a coisa fica por aí. Ainda não tem um app para smart TVs ou para consoles como PlayStation e Xbox, o que permitira ver esses animês em TVs grandes e na comodidade do sofá de casa.
Cheguei a perguntar no Facebook oficial da Daisuki se há planos para que seu app seja disponibilizado nos consoles da atual geração. Eles não confirmaram e nem negaram, apenas disseram que há realmente um número grande de pessoas pedindo por esse tipo de compatibilidade e que estavam estudando a viabilidade disso. Torço para que consigam, pois seria uma mão na roda.
Então como estou vendo One Punch-Man? No meu iPad, sempre no balcão da cozinha, geralmente no calmo e silencioso café da manhã em casa, antes de acordar o pequeno Thales para levá-lo a escolinha. E é bem prazeroso ver o animê desta maneira. Porém também gostaria de vê-lo na TV da sala, mas sem paciência e saco para baixar ele pela web para codá-lo e colocá-lo no Xbox One, sendo que ele está aqui, a um clique na tela do meu iPad para começar o episódio da semana.
Faço meus elogios ao app da Daisuki, pois funciona perfeitamente, sem travadas ou problemas. Posso escolher a qualidade do streming, posso escolher a legenda. Não há do que reclamar. Os episódios não engasgam e as legendas estão em ótima qualidade de tradução. Sem erros de digitação ou ortográficos.
Também pretendo, mais à frente, dar uma olhada melhor nos outros animês que a Daisuki está disponibilizando por aqui. Por enquanto ainda não deu tempo. (Se tivesse um app na TV, já teria olhado). Mas quando o fizer, quero voltar aqui para comentar sobre outros títulos.
Por último, mas não menos importante, agradeço a Tatiana Mika Hirano, que é faz parte da pequena turma de apoiadores oficiais do Portallos, e participa lá do nosso grupo secreto no Facebook e que me indicou a Daisuki. Eu já tinha ouvido falar do serviço, mas já havia esquecido (ou ignorado) completamente. Foi graças a Tatiana que resolvi testar e assistir One Punch-Man por lá!
One Punch-Man – Um soco e tudo se resolve!
– Fique tranquilo Saitama, não irei me alongar muito para falar de One Punch-Man. Por sinal, texto sem spoilers, ok? Assim todo mundo pode ler sem medo!
Apesar de ouvir muita gente falar bem de One Punch-man acabei não indo atrás do mangá quando tive a oportunidade e agora que o animê lançou não irei. Ao menos pela internet. Admito que estou gostando tanto do animê que caso a editora JBC ou Panini resolva trazer o mangá ao Brasil certamente o colecionaria. Até porque ele não tem muitos volumes, estando no nono volume lá no Japão.
E é curioso que a série surgiu em 2009 como uma webcomics, ou seja um mangá distribuído apenas pela internet, tal como o Lamen acabou de começar aqui no Brasil, e em 2012 após viralizar e fazer muito sucesso no Japão, o mangaká Yusuke Murata (conhecido por ser o desenhista de um clássico da Jump: Eyeshield 21) entrou em contato com o autor de One Punch-Man, que é apenas conhecido como ONE (um pseudônimo claro) para trazer a webcomics para a Shueisha, a editora da Week Shonen Jump, e One Punch-man começou a ser publicado, também digitalmente, com o auxílio do Murata nas ilustrações, na Young Jump Web Comics e assim está sendo feito desde 2012. Com os volumes sendo impressões de tempos em tempos, por isso apenas 9 volumes até então. E agora, após todos estes anos, a série se tornou um animê. Incrível, não? E pensar que tudo começou com uma webcomics gratuita.
One Punch-man certamente tem vários méritos pelo seu sucesso. É engraçado, é cheio de ação, tem um traço muito bonito (a animação pela Madhouse está animal, mas o mangá é muito bem feito também) e tem todo um ritmo de shonen que a juventude de hoje fica maluca. São monstros gigantes, criaturas grotescas, cidades sendo destruídas sem dó e muito, mas muito daquele estilo exagerado de personagens que vociferam quase estourando suas cordas vocais. Tem um que daquele exagero dramático que Dragon Ball Z possui, com inimigos melodramáticos e que apenas querem destruir o mundo e ponto final. E não digo isso na intenção de dizer que é uma história vazia, ela é feita justamente pela diversão e pelo fanservice muitas vezes. É como se fosse um blockbuster do que há de melhor no gênero dos shonens, enquanto sabe zoar de si mesmo no melhor estilo de humor japonês.
Saitama é essa figura bizarra e careca que você encontra ao pesquisar sobre a série. É o protagonista. No animê ele ainda não foi exatamente sincero sobre a sua origem ou como ele se tornou o que ele realmente é. O caso é que no universo da série, monstros e diversas criaturas muito fortes existem e estão constantemente atacando a humanidade. Saitama é um dos muitos super heróis que existem nesse universo, mas que ninguém o conhece. E ele é tão forte, mas tão forte, que apenas com um soco (punch) ele consegue derrotar qualquer ameaça. Qualquer mesmo, independente de quão absurdo possa essa ameaça parecer.
Por ser tão fácil derrotar estes monstros, Saitama meio que agora vive entediado. Ele continua sendo super herói por hobby, com saudades da adrenalina da batalha de vida ou morte. E ele tem sonhos loucos no animê por conta desse tédio. O primeiro episódio ilustra um desses sonhos de forma magnífica. Mas o personagem não é exatamente uma figura melancólica ou depressiva, o autor trabalha com esse lado de sua personalidade sempre com doses de humor, tornando-o caricato e engraçado.
O problema é que ele não só é forte o suficiente para acabar com qualquer problema com um soco, ele basicamente não consegue tomar qualquer tipo de dano. Os inimigos não conseguem feri-lo, mesmo quando o acertam. Hahaha é hilário a série criar um efeito catastrófico de um golpe meteoricamente poderoso e depois de alguns segundos de explosões, nuvens e poeiras está lá no meio de tudo o Saitama com aquela cara de pastel dele, chateado porque nada lhe aconteceu.
É estranho pensar que quando eu li a sinopse do mangá tempos atrás pensei o quão chato uma série assim deve ser. Afinal o Superman da DC Comics tem um quê desse tipo de problema em suas histórias, ele é tão forte que seus inimigos precisa ser igualmente fortes ou tudo perde a graça, mas aqui em One Punch-man é exatamente o oposto, a graça estar em ver ninguém a altura do protagonista e a expectativa que isso cria em torno da história e o quão engraçado as situações estapafúrdias o Saitama se mete.
Também não é o caso de que todo episódio ser a mesma coisa. Eu apenas vi quatro episódios, mas a série trabalhar com ótimos personagens secundários, como um cyborg que aparece no segundo episódio ou um ninja no quarto episódio. São todos ótimos personagens e que criam ótimas situações com ou contra o Saitama. O elenco da série tem tanto peso e importância quanto seu protagonista.
No fim das contas One Punch-man é uma espécie de sátira bem humorada de um monte de coisas, de quadrinhos de super heróis, dos clássicos tokusatsus japoneses, da energia, ação e adrenalina dos bons mangás de batalha shonem, tudo condensado em uma divertida história. É um blockbuster dos mangás e dos animês. O que ele quer é que você se divirta e vibre com as situações que estão ocorrendo. Depois disso ele costura uma história para dar sentido as coisas, e mesmo que não dê, você já foi fisgado e está idolatrando a série!
Se você ainda não assistiu, por favor assista o quanto antes!
Vídeos!
Qualidade Madhouse de animação impecável!
Extremamente afiado no humor!
As batalhas são muito bem boladas dada a condição do protagonista
Trilha sonora e elenco de dublagem perfeitos!
Dá para assistir oficialmente no Brasil via Daisuki o/
Violento, sem ser gratuito desnecessariamente
One Punch-man sem dúvida é a melhor coisa em animê para se assistir em 2015!