Antes de começar esse singelo review é preciso estabelecer uma coisa. Snoopy’s Grand Adventure não é um game hardcore, com um orçamento milionário e desenvolvido para um público gigantesco. Ao menos esta é a minha impressão. É um game de nicho, produzido e pensado na galerinha mais nova que foi aos cinemas agora em novembro conferir The Peanuts Movie (estreou nos Estados Unidos em 1º de novembro) e ficou afim de um game baseado nestes icônicos personagens. É realmente um game para a garotada, e tem toda aquela simplicidade que os games antigos possuíam, ainda que traga boas ideias ao logo de seus seis mundos.
Talvez você diga que é um game oportunista e se aproveitando da animação dos cinemas, tal como tantos outros games já foram no passado. Não posso lhe culpar, mas ainda que ele tenha vista uma oportunidade óbvia, isso não significa que o jogo obrigatoriamente precise ser mal feito. A meu ver ele é justamente o contrário. Não tenho detalhes do tempo em que a Behavior teve para o produzir ou o que ele tinha do filme original para usar como base, porém no final das contas, ela entregou um plataforma simpático, que me fez lembrar de antigos games de plataformas e da simplicidade que os games tinham quando era criança e não ficava percebendo como existiam elementos que não se linkavam com nada ou como a repetição era um processo que fazia parte destes games. Alias se você for pensar, a repetição ainda é uma grande muleta para muitos blockbusters atuais, não vá achando que Halo, Gears of War, Uncharted, God of War, Call of Duty ou Destiny não possuem essas muletas de repetição! Todos os games possuem, uns mais visíveis, outros nem tanto, uns mais irritantes, outros imperceptíveis.
Para os pequenos ou grandões com pequenos ao redor!
De fato eu topei o desafio de dar uma olhada em Snoopy’s Grand Adventure porque me interessei em compartilhar a experiência do game com o meu filhinho de 3 anos, o Thales. Ele começa a se interessar por games, como BattleBlock Theater ou Rayman Legends. Jogos simples, e que não sejam shooter realistas onde estou jorrando litros de sangue pela tela. Ele tem apenas três anos, ainda não é o momento para lhe mostrar games assim! Ainda que ele me veja eventualmente jogando Gears of War (e ok, eu estou matando monstros, eles são ruins, certo?) ou Destiny (são bichos e gente bizarra de armaduras espaciais, atirando com armas lasers – é tudo faz de conta, digamos assim).
Voltando ao Snoopy, o que me chamou a atenção no game a princípio foi o fato dele ter um modo cooperativo onde o segundo jogador controla o Woodstock, o passarinho amarelo, amigo do Snoopy. Assim eu joguei algumas fases com o Snoopy e o Thales me seguia pelas fases com o Woodstock, colhendo balinhas coloridas (que parecem feijões coloridos) e ativando plataformas que somente o Woodstock pode ativar. Jogando sozinho você não consegue ativar essas plataformas, porém elas são meros atalhos, dá para avançar sem utilizá-las. É realmente um game pensado para jogar com uma criança ao lado, participando da aventura.
Quando a semelhança com a animação, que nos cinemas aqui do Brasil só deve estrear em janeiro de 2016, eu não acho que tenha qualquer semelhança além do visual gráfico utilizado. O jogo meio que não tem uma história. A turma do Charlie Brown sai para brincar, espalhando estes feijões coloridos pelo chão e o Snoopy sai atrás deles colhendo. Porém como o Snoopy tem essa coisa de imaginar mundos, o jogo se passa por 6 mundos meio que da cabeça do cãozinho: floresta (baseado na árvore do quintal), templo (toca de um coelho), lunar (um foguete espacial de papelão), céu (na qual você joga voando em cima da casinha vermelha dele, tal como nos clássicos), esgoto (porão da casa do Charlie Brown) e mansão (dentro da casa). Cada mundo tem 5 fases e um chefe, que pode consistir em acertar ele algumas vezes ou apenas fugir, mas no geral eles até são bem engenhosos para um joguinho simples.
Mecânicas, jogabilidade e habilidades
Os dois primeiros mundos são bem lentos. Eu demorei um pouco a me tocar que as fases não podem ser completadas 100% já que elas possuem caminhos e trechos bloqueados por habilidades que só podem ser destravadas conforme o jogador for avançando nos mundos do game. Então o melhor é não se preocupar a princípio em colher todos os feijões encontrados nas fases. Apenas chegue ao final delas para abrir todas as habilidades do personagem. Alias uma crítica aqui é que o objetivo de colher os 300 feijões e os 6 membros da tropa do Woodstock escondidos em cada level meio que perde sentido após você perceber que eles não te recompensam em nada. O jogo deveria ter uma galeria de artes ou mini games que lhe bonificassem por ser um colecionista, caso contrário há pouco incentivo para voltar e pegar tudo. Faltou um pouco de planejamento nesse departamento.
As habilidades consistem em trajes que o Snoopy veste e que lhe concede habilidades. E todos meio que são famosas roupas que o personagem já utilizou nos quadrinhos ou nos desenhos. O traje de escoteiro o permite escalar, o de astronauta o faz pular em grandes alturas, o de detetive deixa ele ver através da parede, o de super herói o permite atravessar paredes feitas de caixas de papelão e assim por diante. São habilidades bacanas, que podem ser ativadas e desativadas encontrando os baús de trajes ao longo das fases. O Snoopy normal, sem traje, pode planar (tal qual o Rayman), enquanto todos os outros trajes não fazem isso, o que também é um boa ideia para incentivar o jogador e usar ele em sua versão normal.
Quanto aos mundos e fases, comentei mais acima que os dois primeiros são bem simples, não possuem muita distinção entre si, mas a partir do terceiro mais elementos de cenários começam a fazer parte da brincadeira. No mundo lunar, o Snoopy pula através de bolhas de gás azul, fica rápido em plantas de fumaça verde ou lento em plantas de fumaça laranja. São elementos que adicionam outra dinâmica no modo plataforma das fases. No mundo do esgoto há muitos canos de vento que jogam ele para cima e na mansão, há obstáculos, inimigos, cordas, trampolins aos mundos, e sento o último mundo do game, é o que mais perdi energia, que são os pequenos corações no canto superior a esquerda da tela do game.
Outra sacada interessante é que o Snoopy meio que não mata os inimigos, apenas os deixam desacordados. Sendo assim eles sempre voltam, mas não daquela forma estranha dos games anteriores, onde você saia de uma tela e voltava e lá estava o inimigo de volta. Aqui o personagem pula e o inimigo apenas desmaia. Acordando após alguns segundos. A perda de energia também tem outra sacada, pois ao ser atingido, o Snoopy perde um coração, mas este apenas sai voando de sua cabeça. Você pode pular e pegá-lo de volta. Contanto que tenha como fazê-lo.
Concluindo
Apesar do game ser um plataforma 2D, as fases não são tão lineares como Rayman Legends, para dar um por exemplo. Está mais para o Sonic the Hedgehog 3 do Mega Drive. Elas possuem as vezes dois ou três caminhos. Por cima ou por baixo, depende de quão bem o jogador se der com o pulo e as plataformas. Porém diferente de Sonic 3, o jogador pode ir por baixo de uma fase e depois voltar por cima, pegando o que deixou para trás. Não são caminhos de uma única via. Mas é legal que o game tenha esse tipo de cuidado para ter fases grandes, ainda que ele sempre bifurque em um local certo.
É um jogo simples, porém em grande parte bem produzido. Não é difícil ou frustrante, já que parece deixar claro que ele foi desenvolvido para os jogadores mais novinhos, porém tem um charme único, na qual adultos com filhos, ou jovens com priminhos ou sobrinhas podem se divertirem juntos. É uma maneira de chamar a atenção de uma criança aos videogames e joguinhos que muitos adultos hoje curtiam quando criança.
O level design de fases é legal, a ideia dos trajes me lembra muito de um antigo game do Mickey Mouse do Super Nintendo onde ele também trocava de roupas várias vezes ao longo das fases (esqueci o nome, Disney Magical Quest 3 talvez…?) e o modo cooperativo com o Woodstock é perfeito para os mais novinhos, que ainda não possuem muitas habilidades com plataformas ou senso de direção já que o game exija que você siga certos caminhos e plataformas.
Não é um jogo para todo mundo, mas é um bom joguinho para os mais novinhos. E isso não o faz dele um jogo ruim, apenas que a gente precise entender o seu nicho, independente que seja um game feito no embalo de uma animação nos cinemas.
(só um porém)
O problema do preço no Brasil…
Só acho uma pena que aqui no Brasil, ao menos digitalmente (Xbox One e PlayStation 4), ele esteja custando atualmente R$ 230 reais. Lá fora o game foi lançado por 49 dólares, 10 a menos do que os grandes blockbusters e acho que poderia até ter saído por menos, porém considerando que ele chegou as lojas junto com o filme nos cinemas, até entendo. Aqui não há lógica que resolva essa equação. É muito por um game como ele, ainda mais na época dos grandes blockbusters do ano. Jogos assim, simples e planejados para a garotada mais nova não pode custar tudo isso. Infelizmente isso é muito errado!
Independente do preço absurdo, não é por conta dele que tudo que eu disse acima precisa ser anulado. É um game legal para a galerinha mais nova e para os adultos que gostam de jogar com os pequeninos e as vezes se sente encurralado com uma prateleira apenas com games violentas de uma faixa etária maior. Certamente vale esperar um dia uma promoção ou uma queda de preço. A Xbox Live Gold muitas vezes traz promoções com títulos com até 70%, em uma situação assim, o game custaria 67 reais. Acharia válido aí! É esperar e ver se isso eventualmente acontece.
Enquanto isso, resta esperar a estreia de Snoopy e Charlie Brown: Peanuts, O Filme aqui no Brasil, dia 14 de janeiro (veja o trailer aqui)! Ao menos levar o filho(a), primo(a) ou sobrinho(a) pra conhecer a Turma do Charlie Brown na telona não custa tanto assim! E você ainda entope a molecada de pipoca!
Funciona com um público mais novinho
Woodstock no cooperativo é uma excelente ideia
Visualmente é muito bonito, bem semelhante a nova animação
A partir do 3º mundo, as fases ficam mais engenhosas
Colecionáveis inúteis, não destravam nada
Trajes para o Snoopy causam um bom mix na jogabilidade
Preço no Brasil é totalmente incompatível com a proposta do mesmo
Snoopy's Grand Adventure é um game simples, mas tem seu charme e é uma boa para brincar com a criançada.