Tem jeito melhor de começar uma revolução contra um tirano ditador do que surfando em um avião, com uma bazuca de munição infinita em mãos podendo atirar à vontade? Se tem eu não saberia dizer, já que é exatamente assim que Just Cause 3 dá o controle ao jogador nesta nova aventura sandbox que está, provavelmente, encerrando a grande biblioteca de jogos de 2015!
A proposta de Just Cause 3 pra mim parece bem simples e honesta: dar ao jogador uma ilha inteira para tocar o terror, usando veículos terrestres e aéreos, com armas e fontes de munição inesgotáveis, um sistema de gancho, planador e paraquedas que literalmente o faz voar para qualquer lugar em segundos e destruir tudo aquilo que conseguir, mas o mais importante: divirta-se fazendo tudo isso!
Como o título da postagem alerta, joguei apenas a primeira hora do game, talvez um pouco mais, já que enquanto o game ficou o final de semana inteiro baixando seus 40GB (o que é um valor considerável diga-se de passagem), fiquei brincando um pouco com o sistema de locomoção pelo gancho, planador e paraquedas que o Rico Rodriguez, o protagonista do game, possui, chutando cabras, explodindo coisas e me esborrachando no chão. E mesmo vendo apenas um pedaço de Just Cause 3, sinto que é um excelente título para a zoeira que o gênero sandbox às vezes pede.
O game nem se preocupa muito em ter uma história complexa ou profunda ou sequer dramática. Rico Rodriguez após anos depois de Just Cause 2, volta a sua terra natal, uma ilha fictícia que não existe de verdade, e encontra um ditador escroto no poder e assim decide se juntar aos rebeldes e tirar o cara do poder! Como você me pergunta? Destruindo suas bases, conquistando cidades e tocando o terror! E o aliado de Rico já deixa bem claro uma coisa: esta é a sua Terra natal sim, porém destrua, exploda, queime o que tiver que ser para encontrar esse tirano e desestabilizar suas tropas, pois o que for destruído, será reconstruido após a liberdade de todos ser reconquistada. É uma excelente maneira de justificar ao jogador que ele irá explodir muita coisa em nome da liberdade, porque não não dá para entrar na lama sem se sujar, né? Funciona bem no mundo ideológico do faz de conta, já que no mundo real não somos capazes de tomar 50 tiros, não morrer e após se esconder por alguns segundos sua saúde voltar a 100%. Apesar de que seria incrível se isso pudesse acontecer, não? Eu certamente estaria ali também, de pé naquele avião, com uma bazuca em mãos se assim fosse!
Uma coisa que talvez você ainda não saiba: o game está totalmente em português! E não estou falando de legendas apenas (como mostram as imagens desta postagem), mas o game está todinho dublado também! E é aquela dublagem meio de Sessão da Tarde, saca? Me pareceu combinar com o tom de zoeira do game. Eu adorei!
Bem. A primeira hora de Just Cause 3 é uma bela apresentação do que o game deve vir a ser, mas não totalmente. Você começa no topo de um avião, escala uma montanha, foge em alta velocidade com um jipe pelo litoral da ilha, depois explode um posto de gasolina, sai voando em um helicóptero, protege uma vila com uma mega metralhadora de munição infinita, atira mísseis teleguiados em quatro helicópteros, explode uma ponte gigante (aquela dos trailers), depois explode uma estação de combustível, aprender a voar e usar o gancho e por fim o jogo te libera para começar a tomar algumas decisões sem mais tutoriais. Ufa!
O legal é que tudo isso te dá a dimensão e a proporção de Just Cause 3. Não é um game de uma coisa só. É uma caixa de areia mesma, brinque como quiser, do jeito que quiser. A ideia de ter armas de vários tipos e poder de fogo nem se compara com o gancho do Rico, que lhe permite subir em qualquer lugar, assim como atravessar grandes distâncias, e também utilizar para atacar e destruir coisas, pois você pode enganchar duas pontas em dois objetos e depois retraí-los magneticamente, sendo que o objeto mais leve vai de encontro ao mais pesado. Por exemplo, um soldado pode ser retraído para uma parede, enquanto um barril inflamável vai de encontro com um carro ou um soldado, explodindo ao colidir. A mobilidade permitida em Just Cause 3 é incrível, faz jus aos elogios que já existiam em Just Cause 2.
Falando em Just Cause 2, eu não me recordo se joguei o game ou uma demo dela na geração passada. Sei que me diverti com ele, mas foi muito pouco, então não tenho muito material para comparar. Tenho a impressão que Just Cause 3 segue bem fielmente os passos do jogo anterior, sem tentar reinventar muita coisa, focando-se apenas em ser maior e mais bonito visualmente, aproveitando do poderia da nova geração de consoles. E isso não é ruim a meu ver, especialmente porque essa geração ainda não recebeu tantos games dentro dessa proposta e isso lhe dá uma boa vantagem.
Quanto ao fator destruição, ainda estou descobrindo até onde estão as regras e travas do game. Por exemplo, a ponte mostrado nos trailers e na imagem acima faz parte do script do game. Me pergunto se haverá outras e se eu poderei decidir se destruo ou não.
Após os tutoriais e apresentação, o game abre a opção de conquistar uma cidade. Lá nessa cidade eu não percebi a possibilidade de destruir os prédios, por exemplo, ainda que haja alguns pontos onde eu tenho que destruir para tomar a cidade de volta aos rebeldes, como alto faltantes, uma estátua no meio da praça, um outdoor e uma delegacia. Porém na demo que joguei no final de semana, enquanto esperava o jogo instalar, fiquei impressionado ao atirar granadas em meio as árvores e vê-las sendo destruídas, o jogo meio que não indicava a possibilidade disso acontecer, então foi uma grata surpresa ver esse tipo de evento ocorrendo.
Por outro lado durante a apresentação do game, em um ponto onde tinha que defender uma posição junto aos rebeldes, estava ali um posto de gasolina, em meio a saraivada de balas para todo lado. Pensei, “por que não usar essa bela bazuca e mandar tudo para os ares?” Assim o fiz e o posto de gasolina realmente explodiu lindamente com inclusive parte da sua estrutura também sendo afetado. Achei plausível que próxima os inflamáveis, mais coisas tentem a serem destruídas.
E entendo se no final das contas prédios e cenários fixos não sofrerem muitos abalos dentro do game. Crackdown 3 da Microsoft que está em produção e que alardeou que faria isso, na qual toda a sua cidade poderia ser demolida, já andou dizendo que haverá modos onde isso não será possível porque requer muito processamento e que não é algo que essa geração aguente tão fácil assim. Tanto que o game terá que usar processamento da nuvem da plataforma para permitir isso. Assim, é coerente que Just Cause 3 não tenha um ambiente 100% destrutivo e sim pontos apenas onde isso ocorre, e sinto que são bem mais do que eu poderia esperar.
Depois de terminado a conquista da primeira cidade do game, precisei para o game, mas antes disso recebi as mensagens de que novos desafios foram abertos, e missões como de veículos e resgate, o que dá um indício de que o game não é apenas ir de ponto A ao ponto B destruir tudo e acabou. Apesar de que fazer isso é meio que divertido de qualquer forma.
Porém fechei essa primeira hora dentro da experiência de Just Cause 3 bem satisfeito com o que vi. Depois de uma temporada com tantos games sérios e pesados, ou multiplayers online alucinantes, é divertido e bacana um game mais extrovertido, mais brincalhão e mais aberto a experiência solo.
Na semana onde Just Cause 3 compete com Rainbow Six Siege pelo melhor lançamento da rodada, lembrando que experimentei e comentei um pouco de Siege quando testei o game em beta, acho que se tivesse dividido entre um ou outro, certamente escolheria Just Cause 3. Não que o Siege vá ser ruim, alias a experiência de ambos os games são completamente opostas, um focado no single player sandbox e o outro multiplayer online em coordenação com equipes e grupos, mas pela zoeira e compromisso apenas pela diversão extrovertida e maluca, Just Cause 3 parece mais interessante esta semana. Depende mesmo que tipo de jogador você é hoje!
Para encerrar o primeira hora de Just Cause 3, como impressão inicial, não tenho muito do que reclamar do game. Critico talvez a demora dos primeiros loadings, que levam uma eternidade a cada cutscene que precisa acontecer durante os tutoriais. Felizmente após isso, quando o game te solta pela ilha em si, eles param de ocorrer e não mais incomodam. Entretanto em termos de jogabilidade, gráficos, diversão, proposta do game e dublagem, nada disso me incomodou. Está tudo dentro dos conformes e das expectativas criadas.
Só sei que se não fosse a vida adulta me chamando – filho pequeno, cansaço do trabalho, casa para arrumar, sono atrasado – eu teria virado fácil a noite de ontem (uma segunda-feira) jogando Just Cause 3. E considero isso um bom sinal!