O Pequeno Príncipe (2015) | Uma animação sobre percepções!
Eu queria muito ter ido assistir a animação do O Pequeno Príncipe quando mesmo estreou por aqui em agosto desde ano, porém não fui. As razões para não ter ido talvez se entrelacem um pouco em uma das muitas mensagens que a animação passa: nós crescemos e nos tornamos adultos e não temos mais tempo para sermos crianças novamente.
Há talvez outra coisa que se lamentar aqui: eu nunca li o livro O Pequeno Príncipe, que basicamente é um dos livros mais famosos do mundo todo, escrito pelo francês Antoine de Saint-Exupéry lá em 1943 e é altamente popular até os dias de hoje. Como eu gostaria de ter conhecido esse livro enquanto estava na escola… e olha que nem é um livro enorme! Pesquisando por aí vi que ele tem aproximadamente 90 e poucas páginas dependendo da versão escolhida. De literatura escolar só consigo me lembrar do quanto odiava o fato dos meus professores só passarem aqueles livros de literatura nacional antigos e altamente datados – que até hoje acho um saco por essa imposição escolar – enquanto na biblioteca da escola me deliciava com os livros de Júlio Verne – adoro Viagem ao Centro da Terra – e outros livros de ficção que encontrava por lá. No geral eu não tive uma boa educação literária, nem pela minha escola, nem pelos meus pais.
Enfim, voltando ao Pequeno Príncipe, o que conhecia desse personagem era apenas que ele tinha um desenho animado quando criança, que nem era um dos meus favoritos. Ficava naquela escala perto de O Cavalo de Fogo (lembra?), eu assistia enquanto esperava os meus desenhos favoritos começarem, como Ducktales, Ursinhos Gummies, O Pequeno Scooby-Doo e por aí vai. E no fim, também não me recordo muito bem as histórias que eram contadas no desenho do Pequeno Príncipe.
Quanto a animação de 2015 já dei uma olhada por aí e descobri que ela não é uma adaptação literal do livro de 1943, mas faz uma deliciosa costura do conto original com uma nova história, envolvendo a garotinha que está sendo preparada para o mundo adulto e seu vizinho, um velhinho maluco que se recusa a se tornar um adulto.
O que me surpreendeu na animação é que ela não é exatamente uma animação exclusivamente infantil. Ela conversa muito com os adultos em um nível assustador, provendo reflexões e interpretações em questões sobre o amadurecimento das crianças, dos problemas que os adultos enfrentam, como vaidade, ganancia, falta de tempo para os filhos e até mesmo sobre amor, fé e morte. E a animação acaba sendo muito mais intensa e emotiva do que achei que seria. A minha esposa chorou e se emocionou em vários momentos da história, que apesar de ser um pouco triste, porque tem esse pé na realidade sobre a vida e a morte, também há um bonita mensagem sobre acreditar e aprender com tudo que a vida oferece, até mesmo com a morte.
O filme se divide em alguns atos. No primeiro ato temos a visão do velhinho, o piloto do conto original, explicando para a garotinha quem ele era e como ele conheceu o Pequeno Príncipe, e todas as lições que dali vieram e como ela deveria tomar cuidado em querer crescer demais e se tornar um adulto sem graça como o que existem em sua sociedade, incluindo sua mãe, que trabalha demais e mal tem tempo para ela. Há várias lições nessa parte e muitas são verdadeiros cutucões em nossa sociedade e naquela velha questão do “viver para trabalhar ou trabalhar para viver?“. Vale aqui elogiar as belíssimas animações Stop Motion do conto do velhinho, que coisa soberba!
No segundo ato a história é vista sobre o ponto de vista e interpretação da garotinha, que descobre que o Pequeno Príncipe cresceu (!!) e se esqueceu de quem ele realmente é! Nessa parte o filme faz o contraponto de tudo que o velhinho ensinou a garotinha. Li algumas críticas que reclamaram desse momento do filme, como se os produtores tivessem resolvido pegar algumas das interpretações do primeiro ato e entregar mastigadinho algumas dessas reflexões para o espectador. Eu discordo sobre esse segundo ato fazer isso, pois o tornaria banal e gratuito. De fato eu acho o contrário. Achei importante a garotinha ter essa “digestão” de reflexões por tudo que a história apresentou até então e por todas as questões que ali ela estava enfrentando. Seria muito ruim se a animação não mostrasse a lição que ela precisava entender.
O terceiro ato, o mais rapidinho, faz o fechamento da história, e também faz o laço emocional do filme. Eu realmente fiquei encantadíssimo com a história e com todas as propostas e mensagens que o filme aborda. E aí eu passo a entender a importância da figura do Pequeno Príncipe e tudo o que ele representa até ali. E sinto aquela felicidade contida porque ao fim os personagens aprendem a dura lição da vida e a lidar com coisas que ainda não estavam necessariamente preparados.
Fica nos meus planos adquirir o quanto antes a animação em Blu-ray, pois essa é uma animação que quero muito ter aqui na estande, até para apresentar ao meu filhinho quando ele estiver um pouco maiorzinho. E quanto ao livro, entrou na minha extensa lista de “livros para ler algum dia“. Fiquei realmente curioso pela obra original depois da animação.
Fiquei até pensando se essa não é a animação que deveria ganhar o Oscar de 2015 de melhor animação. Porém aí lembrei que este ano teve Pixar com Diverdida Mente, que também possui uma grande história e é um conto original e criativo, fora que O Pequeno Príncipe é uma produção da França, e eu sempre acho que a bancada do Oscar sempre puxa sardinha para as produções dos Estados Unidos na hora da premiação. Enfim, ganhando ou não o Oscar de 2015, acho que pelo menos a indicação de melhor animação O Pequeno Príncipe merece sem a menor dúvida!
Quem ainda não assistiu, por favor, assista!
Onde encontrar:
Blu-ray | O Pequeno Príncipe – Submarino – Americanas – Ponto Frio – Extra – Livraria Cultura – Saraiva – Ricardo Eletro – Casas Bahia – Walmart – Shoptime – Magazine Luiza – FNAC
DVD | O Pequeno Príncipe – Submarino – Americanas – Ponto Frio – Extra – Livraria Cultura – Saraiva – Ricardo Eletro – Casas Bahia – Walmart – Shoptime – Magazine Luiza – FNAC
As animações de Stop Montion são fenomenais!
Gostei da costura entre o conto original e a história da garotinha
A animação parece conversar melhor com adultos do que com crianças em alguns aspectos
O segundo ato, com a visão da garotinha pra mim é excelente
O filme tem muitas mensagens e reflexões de vasta interpretação
A trilha sonora do filme é fantástica!
O Pequeno Príncipe passou sem um grande barulho, mas é uma das melhores animações que vi em 2015
Eita Thiago, essa animação já estava na minha lista, mas agora depois de sua indicação já vou ver antes de outros bons filmes que estavam na frente dele. Só pra constar, o desenho do Pequeno Príncipe que você citou ver na infância é muito bom até hoje. Era uma produção japonesa e os roteiros eram bem profundos, tinha um ar de melancolia. Recomendo ver porque ao contrário de muito desenho antigo, envelheceu bem, e com o olhar amadurecido de hoje, é possível notar coisas profundas que a gente ainda novo não compreendia tanto. Valeu.