Além de Legends of Tomorrow, tive a oportunidade de assistir essa semana o episódio piloto de Colony, produzido pelo canal americano USA Network, e que já está em exibição aqui no Brasil desde o dia 18 de janeiro pelo canal TNT (também disponível no TNT GO). E que série bacana!
Colony é protagonizado pelos atores Josh Holloway (Lost) e Sarah Wayne Callies (Prison Break e The Walking Dead) e conta a história de um futuro não tão distante na qual Los Angeles, Califórnia fora invadida pelo que tudo indicar ser uma força alienígena. Só que a série não tem a pretensão, ao menos agora, de trabalhar a invasão. No piloto a ocupação extraterrestre já aconteceu e a humanidade perdeu.
A população foi dividida entre aqueles que colaboram com estes aliens, que nunca são mostrados e ninguém nunca os viu (como então eles invadiram e venceram?), e aqueles que resistem a ocupação. Um muro foi construido em volta da cidade, prendendo todo mundo lá e vivendo sobre um regime autoritário, com suprimentos escassos, controlados por uma força policial humana que colabora com os invasores.
Aqueles que resistem são presos e enviados para “a fábrica”, seja lá o que isso significa. No piloto mostra apenas uma grande estrutura decolando verticalmente acima das nuvens, levando aqueles que foram presos pela força de colaboração dos humanos. E isso cria castas nessa sociedade, entre aqueles que possuem benefícios e mordomias por colaborarem e aqueles que vivem quase sem nada, resistindo ou apenas tentando levar a vida sem “trair” a raça humana.
É uma série com um plot bem interessante, e gostei dela não ficar mastigando ou explicando demais seu universo. Ela não começa do zero, então é como um quebra cabeça onde você vai encaixando e entendendo a sinopse que expliquei acima. Também é instigante ela não ser exagerada, sem ficar mostrando naves, armas lasers, alienígenas como por exemplo Falling Skies meio que exagerou após sua primeira temporada. Acaba preservando uma certa sobriedade e mistério em torno do que realmente está acontecendo em seu mundo.
Josh Holloway e Sarah Wayne Callies estão bem em seus papéis, ainda que não façam uma interpretação diferente das que as pessoas conhecem pelas séries que lhes deram fama, como Lost (Sawyer) e Prison Break (Sara). Isso não significa algo negativo, mas é o jeitão dos atores, fica sempre algo meio parecido com personagens que ambos tinham em outras séries, mas isso é normal no mundo dos seriados americanos. Nem todo ator consegue ou precisa fazer algo extremamente diferente de seu papel anterior. É só questão de se acostumar com o novo personagem. Afinal Gotham, por exemplo, tem Ben McKenzie, que é um ator que conheci assistindo The O.C. e quando a série começou era difícil fazer a diferenciação e hoje já reconheço que McKenzie faz um ótimo Jim Gordon no universo de Gotham. Enfim, é se reordenar o cérebro para se acostumar com “Sawyer” e “Sara” em um outro universo, de uma outra série.
Falando do piloto especificamente, há algumas cenas bem legais. Gosto da cena da escola, com os jovens trocando comidas entre si, como se este fosse o novo sistema de moeda e trocas após a invasão. A economia ruiu e o dinheiro não existe mais. As pessoas precisam aprender a se virar como podem, e a conseguir o que precisam. Para isso elas precisam conseguir ter algo de valor, que pode até mesmo ser frutas, como a laranja nessa cena.
Há outra cena também, envolvendo a personagem da Sarah na qual ela tenta conseguir insulina para alguém da família que tem diabete (acho que era esse o remédio e essa a doença, me deu um branco agora) e ela chega ao lugar falando em código, há todo esse caminho por dentro da casa, que é muito bem filmado por sinal, até chegar a senhora vendendo o remédio de qualidade duvidosa. É muito tenso a cena.
Outro momento ótimo do piloto é mais ao final, quando o personagem de Josh está falando com um dos altos figurões da força governamental de Los Angeles, que é interpretador pelo Peter Jacobson, que é bem famoso hoje em dia pelo papel que ele fez nas temporadas finais de House M.D., no personagem do Dr. Chris Taub. O Peter está ótimo no papel de Governador, fazendo essa diálogo de malvadão, porém que dá a impressão de ser meio covarde, dizendo que ele prefere trabalhar com os aliens do que morrer ou ser enviado para um lugar que ninguém sabe como é. A humanidade já perdeu, porque continuar resistindo. Seu personagem tem ótimos argumentos, mas o problema é que ao colaborar, você também ferra com quer estiver abaixo dessa casta. É uma questão de moralidade muito boa e o ator faz um papel incrível no episódio piloto.
E episódio termina com essa questão da dualidade: colaborar ou resistir? Josh é encurralado pela força policial, forçado a colaborar e descobrir mais sobre os rebeldes, enquanto se descobre que a própria Sarah está dentro dessa organização. Como a série vai trabalhar nessa história, nas motivações dos personagens, e no plot principal ainda é incerto, porém para um piloto a qualidade narrativa, os momentos chaves da trama e os personagens estão todos incrivelmente bem encaixados.
A série me ganhou. Quero ver a continuar acompanhando! Fica aqui a recomendação!