UPDATE – 23 de junho de 2016 – Adicionado modo cooperativo (offline) para até quatro jogadores!
Existem vários tipos de games e modos cooperativos no mercado hoje em dia. Uns ressaltam essa qualidade mais do que outros e este é o caso de Lovers in a Dangerous Spacetime, um game de shooter em nave com jogabilidade side-scrolling focado em cooperatividade.
Hum… pensando aqui, talvez quando digo shooter em nave, que no meu tempo de criança era “jogo de tirinho” ou “jogo de navinha“, esteja dando a ideia um pouco errado. Não pense em games como R-Type ou Ikaruga, pensa mais em games como Geometry Wars: há um espaço plano na qual o jogador pode ir para qualquer lado – baixo, cima, esquerda, direita – e os inimigos vem em todas as direções, cabendo ao jogado destruir, desviar e se manter vivo enquanto cumpre objetivos dentro de cada fase.
A grande pegada de Lovers é que a sua nave é uma baita nave, que ocupa um espaço considerável na tela da TV, na qual você não tem a única função de se mover por espaços apertados dentro das enormes fases do game, mas também quatro canhões de tiro, um painel de mapa, um painel de arma especial e um painel de escudo. Ao todo dentro da nave o jogador tem então oito painéis de comando na qual ele só pode controlar um por vez!
Aí está a loucura deste viciante jogo e também a essência do modo cooperativo para dois jogadores. É como nos filmes de ficção científica: um corre para o controle de navegação da nave, enquanto outro corre para a torre de metralhadora! E aí, no meio da ação ambos os jogadores saem correndo para outros painéis de comando. Ataque pela esquerda? Corre para a torreta da esquerda! Mísseis vindo de cima? Corre para o painel de escudo! Inimigos de todas as direções? Use a arma especial que fica em um painel próprio! Enquanto tudo isso acontece, não se esqueça que ainda é necessário movimentar a nave para chegar ao seu objetivo. Qual seu objetivo? Vá para o painel do mapa! E não vai saindo do painel de navegação enquanto a nave não parar por completo, caso contrário é bem capaz dela bater em algum asteroide ou planeta!
Lovers in a Dangerous Spacetime é acima de tudo um jogo de comunicação. Seu companheiro de aventura precisa estar alinhado com você. É um jogo que se você gritar, se irritar ou ser muito mandão, o companheiro de aventura vai se chatear e te largar jogando sozinho (bem… provavelmente). É um jogo que precisa de companheirismo. Não é para menos a jogada no nome do game: lovers (apaixonados) em inglês e não friendship (amizade). É uma sintonia que você pode ter com um amigo é claro, mas o jogo tem toda essa carinha de romance a amor na sua temática. É um excelente game para convidar aquela amiga para jogar, ou sua namorada ou sua esposa (ou vice-versa é claro). Ao menos até um não irritar o outro por causa de não saberem cooperar juntos! Rá!
De fato o jeito mais fácil de jogar Lovers in a Dangerous Spacetime é já dividir tarefas e situações antes de começar o game. Primeiro decida quem é melhor para ficar no comando da navegação da nave e quem é melhor para cuidar da artilharia. Feito esse combinado depois é só um prestar suporte as funções do outro. Fácil… mais ou menos.
A sua nave Chiclete (esse é o nome da primeira nave do game) tem uma barra de energia, então não é por um ou outro erro do companheiro que o game vai dar Game Over. Não é necessário se preocupar ao ponto de se frustrar por perder de primeira, várias vezes, ao longo do gameplay. Claro que tem lá suas exceções. Eu tive uma fase de horda no primeiro mundo que foi necessário umas 3 jogadas antes de pegar o jeitão dela.
PET
Em paralelo a tudo isso eu preciso dizer outra coisa: se você é o tipo de pessoa que se enquadra no jogador solitário, não tem uma parceira ou amigos que vão na sua casa para jogar a qualquer hora do dia, afinal o game não possui um modo cooperativo online – apesar que poderia sem problema ter se o headset fosse um requisito obrigatório -, enfim se você é aquele jogador que não tem como jogar com uma pessoa de verdade ao seu lado? Não faz mal, o estúdio Asteroid Base Inc, desenvolvedora do game também pensou nestas pessoas! Se você não tem ninguém ao seu lado, o game tem um inteligentíssimo sistema de pet! Um animal de estimação, um gato ou um cachorro, pode ser o seu auxiliar na nave do game e acredite, funciona surpreendentemente bem!
Jogar com um Pet é um pouco diferente do que com um jogador real ao lado. Com o Pet você o pode fazer de gato e sapato. Mande para todos os lados porque ele não vai se irritar ou achar ruim, e tem a vantagem que a mira dele é excelente, afinal é um IA eficiente. Se o bot jogasse muito mal o sistema não iria ser muito legal ao jogador solitário.
Mas aí não fica fácil demais o game? Não! O jogo sabe balancear a dificuldade mesmo que seu parceiro seja uma I.A., e mesmo assim não vá pensando que o Pet consegue estar em todo o canto da nave ao mesmo tempo. O jogador também precisa sair do volante da nave para cuidar da retaguarda, usar escudos, verificar o mapa etc, enquanto o animal de estimação está em um canto da nave fazendo o que você o mandou fazer.
O legal é que quando você aciona o Pet, o jogo congela, mas não totalmente. O tempo apenas fica bem lento, o que te permite pensar (rápido, sem lerdeza) o que o Pet deve fazer. Mandou pro lugar errado? Segure o comando do Pet de novo, o game volta a congelar e corrija o caminho. O pet não precisa chegar ao ponto que você mandou primeiro, ele interrompe a trajetória e a se acerta para onde deve ir. É bem engenhoso.
Eu gostei pra caramba do single player. Achei que funciona bem e me permite judiar, sem peso na consciência, do meu auxiliar artificial ficar magoado comigo. E isso não torna a minha experiência solo preguiçosa, pois realmente se faz necessário ficar a todo momento indo e vindo pela nave e saber gerenciar seu ajudante canino (ou felino).
Quanto a outros fatores de gameplay, Lovers in a Dangerous Spacetime cumpre seu papel dentro de seu gênero. A nave pode receber updates que melhoram todos os pontos de comandos da nave. Basta colocar joias que ativam estes updates em cada painel de comando. Até mesmo as armas podem mudar, indo do famoso raio laser até mesmo a uma bola com espinhos que você controla como se ela estivesse amarrada a nave. A física no geral é bem satisfatória, com bons pontos de mira e uma navegação em qualquer direção do plano da fase sem trancos e barrancos.
As fases no geral são enormes. Dá facilmente para levar de 15 a 20 minutos em uma única fase caso você queira abrir todo seu mapa e descobrir os amiguinhos de todas as fases. Ah sim, o objetivo de cada fazer é recolher os amigos fofinhos desse mundo todo meloso (no bom sentido), que foram aprisionados quando a máquina que trouxe paz, amor e harmonia na galáxia foi danificada. Cada fase tem um número de amigos a serem coletados para que você possa passar de fase, porém há uma quantidade maior de resgates a serem feitos em cada nível. Cabe ao jogador escolher salvar todo muito ou apenas o suficiente para ir adiante. Ao final de cada mundo você recolhe uma peça da grande máquina do Ardor que se espalhou por algumas constelações.
Cada mundo tem cinco níveis, sendo que em alguns deles há fases de horda, ou seja, você fica apenas em uma tela fechada, tentando sobreviver as hordas de inimigos que surgem de todos os lados. Nos demais níveis, você precisa sair em busca dos amigos presos. E as fases mesmo com mapas não revela onde todos estão e nem mesmo como ela é. O jogador precisa navegar por ela para ir destravando o mapa.
Ao final de cada mundo há uma batalha de chefe! Ah que saudades eu tenho desse tipo de elemento nos games atuais: grandes chefes de fim de cada mundo! Lovers in a Dangerous Spacetime tem isso e que alegria enfrentar um boss gigante que faz de tudo para fazer sucata da minha nave.
Além disso Lovers in a Dangerous Spacetime tem alguns extras legais, como novos personagens e novas naves que possuem habilidades melhoradas que podem ser destravadas. O jogo também tem um sistema de level, então a cada X resgates, novas melhorias passam a possíveis em cada nova nave. Por exemplo, o primeiro destrave que o jogo lhe dá é poder colocar duas joias de poder em um mesmo painel! E a coisa só vai melhorando a cada nível desbloqueado.
Nesta avaliação geral eu só tenho duas pequenas reclamações. Uma eu mencionei mais acima: nada de modo cooperativo online. Não estou dizendo que o game precisava ter matchmaking, mas um modo privado para jogar com amigos de sua lista não faria mal algum. É uma funcionalidade que casaria com a ideia de amigos ou casais que estão longe e que precisam aprender a se comunicar pelo headset para vencer o game. A segunda coisa é que o game é um pouco mais curtinho do que eu gostaria: há apenas quatro mundos. Poderia ter um pouco mais (mais uns dois e me daria a sensação de satisfeito). É possível terminar o game e ficar com aquele gostinho de “quero mais”.
Em relação as fases, elas são bem diferentes uma das outras e cada mundo vai adicionando novos elementos. Há passagens apertadas, locais onde há portas fechadas que o jogador precisa atirar em um botão ou dois botões ao mesmo tempo para abrir e deve entrar logo pois ela fecha após alguns segundos, há armadilhas que você só passa se defender com escudo, entre outras coisas. Eu achei bem legal, por exemplo, no segundo mundo existir bolhas de água como planetas onde o tiro da nave não entra dentro delas, mas se você enfiar a torreta dentro da bolha consegue atirar em seu conteúdo.
Os inimigos também são bem variados. Todos basicamente atiram, mas são diversos tiros diferentes, indo de bolas verdes, fogo, mísseis teleguiados etc. Uns voam ao redor da nave, outros atacam com um booster para cima da nave, uns andam em superfícies, podendo estar de cabeça para baixo de onde você está e também os que rebatem tiros. Há uma boa diversidade e as fases vão misturando eles enquanto adicionam novos.
E não posso esquecer de mencionar, mas o jogo está todinho localizado para o português do Brasil! Ele não tem áudio (os personagens apenas emitem sons), mas há textos entre as fases, onde um coelho lhe conta a história e explica novas coisas do jogo. Tudo no nosso belo português.
Sei que as vezes é clichê dizer isso aqui, até porque ando fazendo muitos reviews de Indie Games aqui no site (e mais estão vindo aí), porém o caso é que eu realmente vou atrás dos indies que são elogiados por aí, que pesquiso e sei que possuem um potencial de me agradar, então Lovers in a Dangerous Spacetime acabou sendo mais uma grande surpresa pra mim. E justamente porque achei que seria um game que restringiria muito o gameplay focado somente no cooperativo, mas acabei encontrando uma excelente experiência solo, que talvez tenha me agradado até mais que o cooperativo. Claro que aí é algo realmente mais da minha pessoa como jogador do que uma regra geral.
O game está disponível digitalmente nas plataformas do Xbox One, PlayStation 4 e Steam. Seu preço médio fica na faixa de 29 reais, mas é comum Lovers ficar em promoção as vezes. Semana passada mesmo, aproveitando a semana de dias dos namorados internacional o game estava com 30% de desconto. Pena que o review não saiu a tempo para os leitores daqui aproveitarem o desconto, porém quem anda procurando algo para jogar com uma amiga ou amigo e não pode ficar pagando os altos preços dos blockbusters atuais, que estão acima de 200 reais no país, os indie game são sempre uma ótima ideia. E na minha opinião, 29 reais por Lovers in a Dangerous Spacetime é um preço justo para um game tão legal!
Fica a recomendação!
Genuína proposta cooperativa (até mesmo com um Pet)
Ausência de multiplayer online
Ótimo gameplay com boa diversidade de elementos
Batalhas de chefes empolgantes
Totalmente localizado em português
Sistema de upgrades da nave
Somente 4 mundos
Nem todo game que clama por cooperatividade tem a essência da proposta, Lovers in a Dangerous Spacetime tem, até mesmo no single player!