Deadpool | É o que se espera, com ressalvas! (Opinião)
Deadpool já é um sucesso de bilheteria, certo? Quer dizer, ele custou 58 milhões de dólares para ser produzido e hoje já arrecadou mais de 500 milhões de dólares por todo o planeta, sendo que ainda deve permanecer mais algumas semanas nos cinemas em várias partes do mundo. Nesse ponto acredito que seja quase certo de que uma sequência será inevitável, afinal faz um tempo que a Fox não dá um acerto tão grande com seus filmes de super heróis…
E com isso fico um pouco contente de pensar nas possibilidades de uma sequência para Deadpool. Especialmente se o orçamento do próximo puder ser um pouco maior do que o este primeiro filme, já que claramente é perceptível que o orçamento do filme foi o menor possível, sem que isso prejudicasse a qualidade do mesmo.
Não estou tentando dizendo que Deadpool é um filme ruim porque custou pouco. Estou dizendo que ele nem de longe explorou tudo que poderia fazer porque talvez fosse um primeiro filme, com riscos e apostas que poderiam dar tudo errado, somado a toda aquela lenga lenga de precisar explicar origem que todo primeiro filme de super heróis precisa.
Só sei que fiquei empolgadaço enquanto assistia o filme no cinema. Chorei de rir com as piadas, vibrei com as galhofas e tirações de sarro, achei foda o palavrões e violência gratuita do filme. Deadpool é isso mesmo e mais um pouco. Foi uma adaptação crível de um personagem maluco dos quadrinhos, muito bem adaptado e agradável a sua audiência. E com um fanservice totalmente necessário de se ter, principalmente pelo público na qual o filme conversa.
Porém ao longo da exibição também percebi que é um filme de poucas cenas (atos), exceto nos flashbacks, que se misturam a narrativa ao longo da trama, não acontecendo de forma linear. Basicamente Deadpool tem duas grandes cenas de ação. O da rodovia que os trailers mostraram incansavelmente (e você meio que chega a sessão sabendo 80% do desenrolar dela) e a cena final, em um porto com um navio cargueiro. E só! O resto do tempo de tela é tomado pelo flashback de origem do personagem, que não é ruim, porém é totalmente previsível para onde a história vai levar o espectador.
Achei meio chato isso. Sai do cinema com a sensação de que gostaria de ter visto mais do Deadpool em ação e menos do drama dele ganhando seus poderes e ficando do jeito que ficou. Novamente é a sensação de que os trailers estragaram um pouco a experiência final do filme. Você meio que sabe onde tudo ia dar. O filme não tem surpresas inesperadas, exceto nas piadas não mostradas no trailer e que o cinema veio abaixo de tanto que as pessoas estavam rindo (a briga do Deadpool contra o Colossus é de dar dor no estômago de tanto rir).
Entretanto há que se elogiar a direção e edição do filme, que não teve preguiça em quebrar a narrativa, impedindo o filme de ser linear, apresentando assim a história do passado em paralelo a história do presente, pulando entre as linhas narrativas constantemente. Obviamente uma decisão de orçamento. — Note que a cena da rodovia leva quase metade do filme para ser concluída.
O mais curioso é que Deadpool de Ryan Reynolds me lembrou muito de um personagem que o ator interpretava em 1998 em um seriado americano: Two Guys, a Girl and a Pizza Place:
Deadpool é meio que uma versão super herói de “Berg”, personagem “avoado” de Reynolds na série. Eu já curtia o ator e esse arquétipo de Reynolds desde 98, quando acompanhava esta série, que passava no Brasil no Canal Fox na época (alguns anos atrás o Comedy Central daqui a reprisou). Não é uma série icônica como um Friends, mas eu gostava muito mais dessa série do que Friends.
Realmente há atores que não são versáteis, que funcionam apenas em um único tipo de personagem e só. Reynolds está nesta categoria e tudo bem, contanto que ele encaixe na proposta do filme ou série que participe. Em Deadpool ele funcionou como uma luva. Bem diferente de quando foi chamado para o filme do Lanterna Verde. O que estou querendo dizer é que ele não é uma ator ruim, porém não é versátil, funcionando em qualquer situação. E vale dizer que há muitos filmes legais de drama e ação com ele, mas não são nada memoráveis. Os melhores acabam sendo justamente aqueles que Reynolds faz esse tipo meio sarcástico, meio maluco, meio retardado. E não há nada errado nisso!
Deadpool cumpriu o que prometeu. Não entregou um filme censurado, fez piadas de tudo o tempo todo e é impressionantemente bem encaixado nessa geração jovem que vai ao cinema, fazendo inclusive piadas a respeito. Não é um filme família (nada de crianças no cinema, por favor!). Não vi motivos para ser um filme 18 anos como aconteceu em vários países lá fora. Aqui no Brasil ele recebeu a classificação de 16 anos, o que é uma boa faixa etária a meu ver. Não há sexo explícito (há cenas picantes, porém cômicas as vezes), a violência é gratuita (e o que não é hoje me dia?) e os personagens são desbocados, e não há uma moralidade ou ética errada, o que não deturpa valores ou ofenda classes ou raças. O filme é até “certinho” com isso. 16 anos é uma boa faixa etária!
Também não tive coragem de ir conferir o filme dublado, apesar de ouvir elogios de que estaria muito bem dublado, sem palavrões açucarados no lugar dos palavrões reais. Isso é bom, mas ainda assim preferi ver legendado. E não me arrependo, o áudio original está excelente. O sotaque russo do Colossus ficou perfeito!
Pra encerrar, digo que Deadpool é um excelente filme, se você entender a sua proposta e suas limitações orçamentárias. Não é um filme para se comparar com os filmes da Marvel como Capitão América ou Homem de Ferro. É um filme escrachado, quase como uma paródia desse mundo dos filmes de super heróis e tudo bem ele ser assim! Há momentos em que ele se leva a sério demais e nem precisaria, mas até que acabou sendo bom isso.
E não acho que convidar Ryan Reynolds para levar seu personagem para um filme mais sério, como um próximo dos X-Men funcionaria. Se faz necessário que Deadpool fique em seu próprio universo e obedeça suas próprias regras, ganhando como este filme fez, a participação especial de outros personagens Marvel. Agora é tomar cuidado em como Deadpool irá continuar sua carreira nas telonas para que a Fox não o estrague!
Que venha mais Deadpool, ele fez por merecer!
Entregou o que prometeu!
Piadas épicas acontecem
Limitações de filme de origem
Ryan Reynolds é o Deadpool (e vice-versa)
Poucas, mas ótimas cenas de ação
Te faz querer uma sequência pra ontem!
Deadpool é um excelente filme, que provou tudo que precisava provar. Que venha mais agora!
Gostei muito também, minha opinião ficou mais ou menos nessa mesma idéia, fiquei com um gostinho de quero mais. A parte da origem dele talvez foi longa demais, mas como você falou necessário pelo baixo orçamento, então colocaram o que deu de cenas de ação.
Luta com Colossos foi demais, eu lembrando aqui já esotu rindo.
Cara, eu precisei assistir dublado, não teve escapatória, mas no final das contas não estragou a experiência. Realmente ficou muito boa a dublagem, apesar de ainda não ter gostado muito da voz escolhida para o Deadpool, não que a dublagem tenha sido ruim, mas sei lá, não soa Deadpool.
Se tu gostou do sotaque do russo do Colossos, imagine a hora que ver o sotaque russo dublado, hahaha!
De resto, concordo com tudo o que disse, Thiago, show de bola o filme. Quero o novo Deadpool em 2017, quero nem saber, hahaha!
Ótimo texto, só vim dizer que a namorada do Deadpool no filme, na vida real é BRASILEIRA S2