Teslagrad | Deslumbrante e cheio de energia eletromagnética! (Impressões)

Apesar de Teslagrad só ter debutado no Xbox One no último dia 09 de março, o indie game foi lançado há bastante tempo em outras plataformas. Chegou ao Steam em dezembro de 2013 e no segundo semestre de 2014 chegou ao eshop do Wii U. Depois disso em 2015 foi a sua vez de estrear nas plataformas do PlayStation, chegando ao PS3, PS4 e também PS Vita. Chegou até mesmo a ser um dos títulos da PSN Plus meses atrás. E agora, no dia 09, está no Xbox One. Como é bacana ver um pequeno indie game viajar entre todas as plataformas atuais assim e chegar cada vez mais ao conhecimento de novos gamers. Eu mesmo só o fui conhecer agora!

Aqui vale apenas um adendo, pois até o momento de publicação deste review Teslagrad segue ainda indisponível na Xbox Store BR, em um caso que acredito que tenha sido bem semelhante ao que aconteceu com The Flame in the Flood. A classificação indicativa deve ter atrasado ou alguma burocracia deve ter ocorrido, pois não faz sentido o game estar de fora da nossa Live nacional sendo que o mesmo já está localizado em nosso português. Claro que quem não curte comprar pela Xbox US e pagar em dólares basta esperar mais um pouco, pois acredito que em breve ele deve chegar a loja nacional no Xbox. E também é bom dizer que há sempre outras opções para quem está em diferentes plataformas. Na Steam mesmo ele custa a simpática quantia de 19 reais. Preço honesto!

Fuja para a grande torre!

Teslagrad pertence ao gênero de game plataforma puzzle 2D side-scrolling. É um game nos moldes de títulos como, por exemplo, Limbo e Braid. O jogador segue um caminho linear, testando suas habilidades de pular em plataformas e resolver puzzles para poder seguir adiante na história.

Dá para se destacar a diferença de Teslagrad dos demais games do gênero em dois pontos: a sua belíssima arte, que dá a impressão do jogador estar jogando em um belo desenho animado e as mecânicas de magnetismo e eletromagnetismo que o pequeno protagonista do game encontra ao invadir uma enorme torre de sua cidade.

O que me impressionou é como a história do game é apresentada ao jogador. Não há diálogos, seja por texto ou áudio. Toda a história é narrada diretamente no jogo e por pequenas cutscenes que são vistas por meio de uma peça teatral de fantoches, quando o jogador já estiver bem adiante do game.

Tudo começa com alguns caras maus, vestidos de vermelho, invadindo a cidade na qual seu personagem, sem nome, vive. Sua mãe faz um gesto para que você corra antes que estes caras lhe peguem e assim o jovem o faz!

O jogo não explica nesse começo quem são estes soldados em vermelho e o porque de estarem lhe perseguindo. Parece estranho, mas vai por mim, conforme o jogo avança, tudo vai sendo esclarecido por meio de uma inteligente linha narrativa.

Seu personagem acaba indo parar em uma estranha torre, a mais alta da cidade. Lá ele descobre pequenos artefatos que permitem a manipulação de campos magnéticos e eletromagnéticos que existem dentro do edifício, e com isso o jogador começa a subir dentro da imensa torre, por meio de suas muitas câmaras e salas, cada um com puzzles que precisam ser resolvidos para poder seguir em frente. E conforme se sobe, mais se descobre a história desse reino e da própria torre em si. E aí é que tudo começa a fazer sentido! Claro que não contarei estes detalhes, pois seriam spoilers que estragariam a experiência de quem for jogar eventualmente.

É uma experiência bem surpreendente, já começa sem que o jogador entendo muito do que está acontecendo, tal qual o jovem protagonista e juntos ambos descobrem os segredos e revelações do game. Não é sempre que se vê um empenho assim por parte dos desenvolvedores e que se consiga criar um game com uma linha narrativa tão agradável e satisfatória. E obviamente parte disso vem do belíssimo visual em animação 2D do jogo, que torna tudo expressivo e imersivo.

O poder do eletromagnetismo!

As mecânicas de Teslagrad se passeiam então em magnetismo, em polaridades opostas e idênticas, tais como um game de manipulação de grandes ímãs e campos magnéticos.

Ao longo do game o protagonista encontra pequenos artefatos que vão permitir continuar sua jornada dentro da Torre. Por exemplo, o primeiro artefato é uma luva que permite mexer na polaridade destes pequenos e estranho blocos mecânicos. Positivo e negativo aqui é transposto visualmente por cores, azul e vermelho. Cores semelhantes se repelem e cores diferentes se juntam.

E com essas mecânicas o game vai mesclando áreas de plataformas e de puzzles, na qual o jogador precisa mudar blocos de posições ou arremessar o personagem através de ondas magnéticas que o personagem pode ser envolvo mediante alguns robôs, plantas ou um outro artefato que vai ser adquirido lá pela metade do game.

No geral alguns dos puzzles são tranquilos e não devem fazer a maior parte dos jogadores fundirem seus miolos. Entretanto há bons momentos onde mesmo sabendo como o puzzle pode ser resolvido, o fato dele exigir reflexos rápidos pode fazer o sangue ferver um pouco. As coisas ficam um pouco tensas nestas parte pois se você tentar muito resolver um puzzle e não conseguir o jogo vai ficar travado, pois é impossível seguir adiante sem resolver o puzzle. Há um em particular envolvendo uma bola magnetizada que fez meu dedo ficar dolorido de tanto que apanhei para passar.

Falando em reflexos o game tem uma habilidade adquirida logo nos primeiros momentos do jogo que faz toda a diferença no gameplay: o dash elétrico! É quase como o “escorregão” que existe em games como Mega Man, porém funciona como um pequeno teletransporte, na qual o jogador usa esse dash para atravessar raios elétricos e portões, pois sem isso é impossível atravessar estes obstáculos. E o dash só funciona para esquerda ou direita. Nada de dash para cima então. Ah e além de permitir atravessar obstáculos, com o dash seu pulo aumenta, já que é permitido o jogador usá-lo em movimento e no ar, assim no meio de um pulo é possível usar o dash e ir ainda mais longe, alcançando obstáculos distantes do pulo normal.

Há situações realmente engenhosas em Teslagrad, na qual o jogador se vê obrigado a combinar técnicas e habilidades para atravessar puzzles que exigem boa agilidade. Há alguns que lembram um pouco aquele ritmo frenético de Super Meat Boy, por exemplo.

Alias cabe aqui explicar que apesar do objetivo do game seja subir a torre, o caminho do game não é necessariamente vertical, sempre subindo. O fato é que os andares da torre estão trancados, então o pequeno protagonista do game precisa explorar os andares para destravar os mecanismos que abrem o acesso do piso principal de cada andar para poder ir subindo aos poucos.

Outro ponto que vale elogios são os pequenos chefes que existem ao longo do game. O primeiro talvez seja mais simples do que se espera, mas a partir do segundo os chefes são realmente desafiadores. Eu gostei em particular do pássaro-gaiola, que usa de forma engenhosa as mecânicas de plataforma e o dash elétrico. Admito que demorei algumas vidas até conseguir derrotar esse chefe. E foi gratificante quando consegui.

Em outro momento do game, com um chefe envolvendo tiros e plataformas, esse também me queimou bons neurônios até aprender a pegada do desafio, e que não contarei aqui para não estragar a surpresa. Depois que o jogador aprende, é até fácil passar, mas é interessante ver que o game apresenta um bom desafio para entender estes confrontos e como reagir aos chefes.

Uma pena que tirando os confrontos contra chefes o game não ofereça inimigos menores. Quer dizer, há algumas criaturas em alguns dos momentos iniciais do game, mas o jogador deve mais evitá-los do que confrontá-los. Acaba funcionando apenas como um obstáculo para se desviar do que inimigos a serem eliminados. Não é um problema, mas houve alguns momentos em que senti falta de alguns inimigos para me atrapalhar em algumas partes do gameplay.

O caminho da campanha de Teslagrad pode ser quase sempre linear, porém o jogo oferece alguns pontos de replay, já que há alguns colecionáveis dentro da campanha que nem sempre ficam óbvios como pegá-los ou até mesmo aqueles que ficam condicionados a serem acessados no futuro, quando algumas das habilidades futuras do personagem são destravadas. No Xbox One cada colecionável parece destravar uma conquista, então é meio que um objetivo duplo ao jogador nesta plataforma. E além da campanha o game apresenta um modo desafio. Pena que no entendo os desafios são poucos, apenas dez.

Uma pequena, porém valiosa aventura

Em um aspecto geral Teslagrad não é um indie game gigante. Sua campanha tem umas três ou quatro horas, dependendo de quão ligeiro o jogador é com os puzzles. Há alguns speedruns impressionantes no You Tube, com jogadores batendo a campanha com 60 minutos, porém não acho que estes representam a totalidade dos jogadores que encaram a campanha pela primeira vez.

O interessante é que o game não se torna cansativo após sua primeira hora. Há um sentimento de progressão satisfatório ao continuar avançando na campanha, destravando novas habilidades e vendo a evolução dos obstáculos e dos puzzles que vão se apresentando conforme se avança nos andares da Torre. Não existe a sensação de estar fazendo a mesma coisa, o que foi um sentimento que tive quando joguei Limbo por um tempo, só pra deixar o exemplo. Talvez o fato de Teslagrad não ser longo demais o tenha beneficiado em termos de qualidade de gameplay.

Há ainda que se dizer que o estilo gráfico que remete as tradicionais animações torna o game charmosamente genuíno. Deixa o jogador compelido a querer ver mais, a descobrir novos cenários e novos mecanismos de gameplay. A ambientação sonora também faz um papel competente, mesclando momentos de quase silêncio para batidas de tensão quando algo complicado está prestes a acontecer. Não é uma trilha memorável, mas está longe de desapontar.

Ao fim, Teslagrad apresenta um envolvente gameplay, com um charmoso visual e uma instigante história. Funciona muito bem como um indie game, apresentando um preço justo para um game de menor porte, e se mantém original e interessante, sem que ele soe apenas como uma repetição de outros games do gênero. Certamente vale a pena ser jogado!

Belíssimos gráficos em animações 2D
Ótima progressão de mecânicas e gameplay
História narrada de forma progressiva
Game é um pouco mais curto do que se espera
Puzzles engenhosos, mas com risco de travar o jogador
Fantásticas batalhas de chefes

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