Veja só que legal: essa semana marca a chegada de Gryphon Knight Epic aos consoles da nova geração, Xbox One e PlayStation 4. O game lançado em 2015 na Steam, para quem não está sabendo é um game produzido aqui no Brasil, pelo pequeno estúdio independente chamado Cyber Rhino Studios!
Meu primeiro contato com o game aconteceu na Brasil Game Show do ano passado. O jogo foi um dos destaques da área de indie games no stand da Microsoft e foi um dos poucos games que consegui testar no evento. E lá ele já havia me conquistado.
Claro que o rápido teste feito lá na BGS nem se compara com a possibilidade de testar e jogar o game completo. Há algumas nuances que não cheguei a entender lá e que ficaram bem mais claros agora que passei vários dias ao longo dessa semana com o game em meu Xbox One.
Um dos primeiros elementos chave que Gryphon Knight Epic passa ao jogador talvez seja a sua dificuldade elevada. Apesar de ter três níveis de dificuldade, o game não é tão fácil quanto ele possa aparentar. Há momentos em que o jogador fica realmente tenso por não conseguir passar certos trechos de algumas fases sem tomar dano. E pense comigo o quão difícil é ver uma tela de Game Over nos dias de hoje. Eu a vi jogando o game essa semana! Me senti desafiado quando o game me disse que eu estava jogando tão mal que merecia um Game Over. Rá!
Influências de Mega Man!
Outro impressão inicial que o game desperta ao jogador é a roupagem da apresentação do game em si, que lembra o formato de como os games da série Mega Man funcionam. Há seis chefes divididos em seis estágios (que se dividem em dois setores distintos). Para cada chefe de fim de estágio derrotado, o jogador ganhar a arma do chefe, que também serve como um ponto fraco para um dos outros chefes do game. Cada estágio possui segredos, que são runas que dão uma habilidade ou benefício ao seu personagem. E elas estão bem escondidas. Além disso o jogador pode escolher qual chefe e fase ir primeiro… ou quase isso. O game abre dois estágios e após vencer ambos, mais quatro são liberados. E a ordem de conclusão de cada um deles fica por conta do jogador.
Há ainda mais dois estágios, um inicial que funciona como tutorial e um estágio final, que é mais difícil do que se espera e possui uma sala onde o jogador irá enfrentar todos os chefes do game novamente.
Notou como há uma enorme influência da forma de como os games de Mega Man funcionam? Claramente o time de desenvolvedores foram inspirados por esse clássico dos videogames. E isso não é ruim! Gryphon Knight Epic não soa como uma cópia ou paródia de Mega Man. Ele apenas se inspirou no estilo de como o game permite ao jogador avançar pelas fases e trouxe uma roupagem de gameplay diferente, mais inspirado em games de shooter side-scrolling, como aqueles games de nave que existiam na geração Super Nintendo. Alias, outro fator nostálgico do jogo é o seu visual retro pixelado, que molda perfeitamente todo esse saudosismo que existe em Gryphon Knight Epic.
Legal dizer que para cada estágio há duas batalhas de chefe. Como cada estágio se divide em duas áreas, ao final da primeira área há uma batalha contra um chefe gigante, enquanto na segunda área, a batalha final é contra um humano com um animal, tal como o protagonista controlado pelo jogador. Isso cria dois ritmos diferentes de batalha e torna os estágios bem divididos em duas áreas próprias e com ponderados checkpoints.
História é outro ponto bem amarrado no game. Esse pequeno cavaleiro andando por aí em cima de seu grifo não está criando caos por querer. Mas o caso é que a história é tão divertida que detalhar ela por aqui pode ser uma judiação para quem for jogar o game posteriormente após a leitura desse review. Basta saber que Sir Oliver é um cavaleiro que já venceu na vida, se casou com a princesa e diante de um efeito colateral de sua grande batalha final agora precisa voltar a ativa ao descobrir que artefatos malignos estão dominando seus antigos amigos de batalha e aparentemente só ele tem a resposta para colocar um fim nessa terrível nova ameaça que está prestes a surgir.
Gostei bastante do plot do game, sem mencionar no fato que está tudo muito bem localizado para o português. E isso é bom considerando a quantidade de diálogos em texto que o game possui.
Alias, pesquisando sobre as origens de Gryphon Knight Epic descobri que o game só foi possível ser desenvolvido porque esteve no Kickstarter e conseguiu atingir a meta inicial da campanha na época. O chato é que olhando a página da campanha e vendo as metas estendidas bateu uma vontade de ver como o game teria ficado se estas metas extras tivessem sido atingidas. Mais fases, novos chefes, modo cooperativo, novos personagens, melhorias gráficos. Putz, teria sido incrível se o game tivesse conseguido arrecadar mais. Agora fiquei querendo um Gryphon Knight Epic 2 com tudo que os criadores não conseguiram colocar no game e muito mais! Espero que isso seja possível em algum futuro não tão distante. Potencial para isso certamente existe!
Aspectos da jogabilidade
Voltando um pouco ao gameplay, mencionei alguns parágrafos acima a respeito da dificuldade do game, mas não dei muitos detalhe sobre as fases do jogo. E vale elogiar algumas das mecânicas da jogabilidade de Gryphon Knight Epic.
Gostei, por exemplo, da ideia de pequenos parceiros que são equipados ao redor de Sir Lock. Não há muitos, mas cada um dos que existem tem funções bem especificas. Proteção, ataque frontal, ataque em direções opostas, um que permite recolher mais moedas, um que revive o jogador etc. Cada um destes mini parceiros criam uma dinâmica diferente ao se jogar as fases do game.
Importante dizer que as moedas recolhidas em fases podem ser utilizadas para comprar melhorias das armas que o jogador ganha em cada estágio vencido, além de permitir comprar poções que causam diversos efeitos, como recuperar energia, fortificar ataques ou explodir inimigos. Os mini parceiros mesmo só podem ser utilizados ao se comprar na lojinha cada um deles. Alias, é apenas um mini parceiro equipado por vez.
E apesar das fases do game não possuírem grandes diferenças entre si, cada uma segue um ritmo próprio, encaixando momentos onde aparecem hordas de inimigos fracos e fortes, até momentos onde é preciso derrotar todo mundo para a fase permitir o avanço do jogador.
No caso há algumas fases mais complicadas do que outras. A torre do mago, por exemplo, é uma das mais difíceis, pois possuem inimigos que envenenam o jogador, outros que funcionam como paredes, limitando o caminho e alguns que chegam até mesmo a inverter os controles (baixo vira cima e assim por diante). Em outra fase há inimigos que ganham campos de força que só são desativados eliminando pequenos insetos que se escondem atrás destas proteções. A dificuldade vem de momentos assim, onde situações inesperadas surgem.
E todas os estágios tem segredos espalhados por diversos cantos. Segredos que não necessariamente sejam as runas que dão habilidades. Muitas vezes são apenas baús, mas ainda assim o jogador fica instigado a procurar pelos segredos de cada fase. E estes nem sempre são simples. Um dos locais secretos, por exemplo, exige que o jogador pegue uma das runas de um outro estágio para poder viajar por baixo d’água em outra fase. Sem essa runa não se consegue a runa do outro estágio. E há também alguns lugares onde encontrei pequenas participações especiais de personagens de outros games nacionais, como o pequeno Aritana. Admito porém não ter reconhecido todos ainda, mas é uma sacada de camaradagem, pois instiga o jogador a querer conhecer quem são estes personagens e de que outros games eles se originaram. É um excelente easter egg.
Outro detalhe importante do aspecto do gameplay de Gryphon Knight Epic é que mesmo que a fase siga em trilhos, o jogador pode virar a direção do estágio há qualquer momento, voltando se assim o desejar. Com isso o game também permite que os estágios tenham múltiplos caminhos, ainda que eles sejam curtinhos. Acabam servindo como estímulos para procurar todos os segredos e jogar os estágios diversas vezes. Acaba sendo um bom estímulo para o fator replay do game.
Vale ou não vale?
No geral Gryphon Knight Epic não é um game gigantesco. Há um speed run no You Tube que conclui o game em um pouco menos de duas horas. Entretanto para um jogador normal, que não vai trapacear olhando os esquemas e segredos do game no You Tube, o jogo vai levar um pouco mais do que isso. Em 3 ou 4 horas dá para ao menos ver todas as fases do game sem dúvida algum. No meu caso, levei uma hora e meia só para conseguir virar duas fases do game e fracassar em outras duas durante umas das diversas sentadas que tive ao longo da semana para poder escrever esse review.
Para terminar estas impressões, é importante mencionar que o preço do game é honesto pelo seu conteúdo e capricho. Lá fora custa apenas 10 dólares, enquanto aqui está custando 19 reais no Xbox e na Steam, e 30 reais na PSN (não sei informar porque ficou mais cara nessa plataforma, mas ainda assim vale seu preço). Fora que é sempre legal prestigiar e dar uma olhada em nossa produção nacional, que vem se aprimorando muito nos últimos anos. Vale a pena dar uma olhada em Gryphon Knight Epic e tentar virar o game descobrindo todos seus segredos. Sem olhar no You Tube é claro! Fica o desafio!