Sébastien Loeb Rally Evo | Aprendendo sobre corridas de Rally (Impressões)
Volte quatro ou cinco gerações atrás e tente se lembrar de como eram os jogos de corrida mais antigos. Eram de uma simplicidade absurda se comparados com os games de corrida que existentem hoje em dia. Era algo como correr e chegar em primeiro e pronto. A complexidade do gênero dos games de corridas hoje é impressionante, e é aí que chego em Sébastien Loeb Rally Evo e vejo o game me apresentando ao mundos das corridas de rally profissional de uma forma extremamente realista. Não é mais apenas correr e ganhar? Bem isso é importante também, só que me parece que agora é mais sobre ter uma experiência mais realista, e neste caso, envolvendo o mundo do rally.
Não é para menos que o nome do game é o de um campeão mundial de rally, Sébastien Loeb. O game foi criado em colaboração com Loeb, que inclusive possui vídeos e documentários dentro do game contando mais sobre sua carreira profissional, em uma espécie de linha do tempo, desde o começo de tudo, até os dias atuais. Darei mais detalhes sobre isso mais a frente deste review.
O elefante na sala (Dirt Rally)
Antes de começar a me aprofundar em Sébastien Loeb Rally Evo acho necessário tirar o grande elefante da sala: Dirt Rally. Bem, primeiramente já posso dizer que haverá aqui no site, em breve, um review dedicado ao Dirt Rally. E vamos todos ser honestos? Por mais méritos que Sébastien Loeb Rally Evo tenha, ele ainda não tem a qualidade visual de Dirt Rally.
Em termos de jogabilidade? Isso é muito relativo entre jogador a jogador. A física dos carros são diferentes entre os games, cada um com suas vantagens e desvantagens. Vale comparar e dizer quem é melhor ou pior? Acho bobagem, pois mesmo diferentes, em nenhum dos games ela chega a ser ruins ou falhas. Dirt Rally tem uma física mais fluída e menos dura, enquanto Sébastien Loeb Rally Evo segue com uma física mais pesada, porém achei o processo de aprendizado mais amigável aos novatos dentro deste gênero de corrida/simulação. Destrincharei mais sobre isso mais a frente.
O grande dilema então é “se eu só tenho grana para um game, vou de Dirt Rally ou Sébastien Loeb Rally Evo?” – Sendo sincero, não acho que eu deva decidir isso por você, mas posso estabelecer dois parâmetros para lhe ajudar a decidir: Dirt Rally me parece mais bonito e tem um sistema de controle mais profissional, enquanto Sébastien Loeb Rally Evo me deu a sensação de ser mais amigável para iniciantes, para aqueles não acostumados a complexidade da simulação e do realismo que esse subgênero dos games de corrida possuem.
E não consigo deixar de imaginar que é um azar ambos títulos, tão semelhantes, terem sido lançados com apenas uma semana de diferença um do outro. São games únicos, dentro dessa pegada de rally, feito para fãs que realmente gostam desse estilo de jogo, e certamente se eles fossem lançados em uma janela espaçada de alguns meses, seria muito mais fácil dizer “compre ambos“. Mas não dá. Meu conselho então é: escolha um agora e futuramente, se você curtir muito o estilo e o gênero em si, pegue o outro.
Enfim, ambos são parecidos, tem até mesmo pistas semelhantes já que simulam pistas reais desse evento esportivo, mas ao mesmo tempo são diferentes ao ponto de valer a pena a experiência individual de cada um. Mais uma vez: para quem gosta desse tipo de game. Se puder experimentar antes de comprar, experimente, e aí decida qual gostou mais.
Dias de um novato em Rally
Conforme comentei lá no começo do texto, esta é a minha primeira experiência com um game de rally com tanto realismo. Posso ter jogados outros games parecidos no passado, mas faz tanto tempo a ponto de não me lembrar, ou seja, não chegaram a me marcar. Até mesmo os primeiros games da série Dirt não tinham toda essa pegada do rally profissional, e a jogabilidade deles eram mais solta, menos realista, e mais focado em uma experiência arcade – ao menos o primeiro e segundo Dirt, que foram os que mais joguei na geração passada.
Claro que dentro do subgênero da simulação já joguei outros games parecidos, com mecânicas focadas em realismo e com diferentes tipos de pistas que influenciam nisso, só que a imersão aqui me soou bem diferente dos demais games como Forza Motorsport, por exemplo.
Admito que sofri um pouco para pegar o jeito de se jogar Sébastien Loeb Rally Evo. Felizmente o game é amigável com qualquer um que tenha zero experiência com esse tipo de jogabilidade.
Dá para ajustar os parâmetros do jogo em níveis que equalizam a inexperiência do jogador. Tipo, basta selecionar “novato” e todos as opções personalizáveis do game se ajustam para que o jogador não tenha que se preocupar com mais nada (como assistência de freios, estabilidade, transmissão etc). Saia jogando e pronto, esqueça a complexidade que o joga dá para aqueles que querem algo customizável e mais profissional.
Claro que aos jogadores profissionais e que entendem de cabo a rabo todas as opções personalizáveis, o game também oferece isso. Não vou poder afirmar se o nível de profundidade é de fazer bonito ou feio em relação a outros games, porque realmente não sou o especialista nesse tipo de suporte que o game dá. Mas elas existem e estão ali, então já é algo importante para aqueles que buscam por algo mais personalizável.
Voltando ao modo novato. Pelo que me parece o grande segredo dos games de rally é aprender a fazer suas curvas, enquanto mantém estabilidade do carro, uma boa marcha e velocidade a ponto de não ter que voltar a primeira marcha e assim perder preciosos segundos na cronometragem do percurso. Parar por completo ao fazer uma curva fechada então é a morte.
Um detalhe diferente de outros games de corrida de outros gêneros é a adição de um copiloto que fica no seu ouvido cantando os próximos trechos do longo percurso de cada prova. Não há o mapa da pista em algum canto da tela, para que o jogador faça essa função do auxiliar. E não ache que vai sair de cara entendendo o que o copiloto está dizendo, pois ele fala tudo em códigos (que são explicados nos tutoriais do game).
Claro que eventualmente você passa assimilar o que ele diz, assim como o símbolo mostrado na tela com aquilo que você vai encontrar na pista. Curvas abertas (6), curvas fechadíssimas (2), lombadas, quando ter atenção a obstáculos, etc. É uma questão de se acostumar e se adaptar, o que pode soar como algo ruim, mas eu achei bem divertido. Bem mais legal do que ficar olhando para um mapa no canto da tela. É um elemento interessante, que acrescenta um desafio diferente do normal, ao menos para um novato como eu, é claro.
Também posso comentar sobre dois aspectos da jogabilidade que encontrei em Sébastien Loeb Rally Evo e não em Dirt Rally: a guia de percurso, que indica onde você deve ficar na pista e lhe alerta se estiver em uma velocidade muito alta para uma curva, e o outro aspecto é a opção de rewind, voltar alguns segundos do percurso caso faça uma besteira (o que, novamente, é útil para iniciantes). Claro que estes elementos não são algo exclusivo do subgênero do rally. Pelo contrário, são duas mecânicas facilitadores que existe em quase todos os games de corrida da atualidade, e eu sei que alguns se irritam com estas opções. Porém, só estou dizendo que estes recursos também existem em Sébastien Loeb Rally Evo e pra mim foram úteis.
E acho importante esse pensamento dos desenvolvedores de que um game, por mais real e complexo que seja dentro do gênero dos simuladores, precisa ser amigável com quem está chegando agora e assimilando as regras desse mundo. Não é que como se ao escolher a opção de “novato” em Sébastien Loeb Rally Evo isso vá transformar o game em um estilo corrida arcade, sem qualquer técnica ou exigência de destreza e habilidade. Não é este o caso. O jogo exige sim do jogador, mesmo o mais novato, que haja uma obediência nas regras impostar pelas suas mecânicas: aprender fazer curva, prestar atenção no na simbologia e falas do copiloto, na forma de se dirigir por diferentes tipos de carros e como cada um se adapta aos diferentes tipos de pistas e terrenos. O jogo lhe ajuda no que é mais difícil, mas em nenhum momento a dificuldade novato transforma o game em algo em que ele não é. Ao menos no meu ponto de vista.
Rally não é um tédio!
Uma das coisas que aprendi jogando Sébastien Loeb Rally Evo é que rally não é chato ou tedioso. Quer dizer, ao menos aqui na experiência do game em si. Nunca assisti estas corridas na TV, porém admito que se tivesse TV por assinatura em casa, procuraria dar uma espiada se esse tipo de evento passa em algum canal esportivo. Só pela curiosidade em si.
O jogo tem muitos modos de corrida diferentes, ainda que algumas sejam parecidas, e a mais maneira é o modo de corrida por Etapa Única, com o copiloto cantando na sua orelha e as pistas sendo enormes. E é o modo que mais tem fases ao longo do modo carreira. Quanto as outras modalidades, há as tradicionais pistas de corrida com vários carros ou alguns modos com regras diferentes, como as corridas de eliminação, na qual um contador fica lhe agourando, pois ao final de alguns segundos o jogo vai eliminando o corredor que estiver em última posição até restar apenas o primeiro. É um modo tenso. Bacana também que as corridas mais tradicionais possuem uma tal regra de Joker Lap, na qual todos os corredores são obrigados a fazer uma das três voltas da corrida por um trajeto mais longo. Há modos como o de Etapa Única sem copiloto e outras variações do rallycross, em pistas de múltiplos terrenos diferentes, como asfalto e terra tudo junto, e aí o jogador precisa segurar carro em cada entrada de terreno diferente.
E como não pode deixar de ter em um game de corrida baseado em simulação, Sébastien Loeb Rally Evo contém diversas classes de corridas para diversos tipos de carros. O modo carreira te coloca no zero, lhe dando seu primeiro carro e um evento para disputar e conforme vai vencendo algumas das pistas deste evento, sem a real necessidade de ficar em primeiro lugar, o jogador vai ganhando reputação e créditos que servem para comprar outros carros que destravam outros eventos ainda mais difíceis.
Isso porque as classes de carros são progressivas. Você começa, por exemplo, com carros de tração nas rodas dianteiras, mas mais a frente você terá que ter um carro com tração nas quatro rodas para os eventos e pistas mais avançados. E aí a jogabilidade também muda um pouco, pois a física de um 4 rodas é diferente do carro normal.
Achei o modo carreira, que funciona apenas em um modelo offline, amigável. Sem complicações ou frustrações. Se o jogador já tem o carro para o evento, todas as pistas e provas dentro do evento ficam disponíveis ao jogador. Jogue na ordem que quiser, sem aquela burocracia que existe em alguns games na qual o jogador precisa seguir uma ordem exata de pistas e ainda ganhar em alguma colocação considerável (tipo 3º colocado) para seguir adiante. Aqui você só precisa ter um carro. Tendo a máquina, os eventos são abertos para o jogador ter a liberdade que quiser para entrar neles e em suas diversas provas, sem precisar seguir qualquer ordem.
Claro que existe um modo mais exigente. Há alguns eventos dentro do modo carreira na qual o jogador só destrava indo muito bem nas corridas e subindo a sua reputação no ranking offline da campanha. Estão dentro da categoria que leva o nome do Sébastian Loeb.
Falando no tal, há um outro modo, fora da campanha principal, que narra e conta a carreira do Sébastien Loeb. Apresentando mini documentários sobre o famoso campeão (que chuto ser bem conhecido na Europa, onde o rally é mais apreciado por muito mais pessoas – muitas pistas do game são européias). Nesse modo que coloca o jogador reprisando importantes corridas na carreira do Loeb, utilizando carros em que ele utilizou em tais corridas. Aqui há a exigência de chegar em primeiro para poder seguir adiante. É um modo mais difícil. Admito que não fui muito a fundo nele por conta disso. Mas achei um modo muito bacana para conhecer o cara que dá nome ao game!
Online?
Há um adendo que preciso fazer agora. Pode ser algo importante para alguns interessados no game, não sei. Se o game tem um modo offline bacana, longo e divertido – dados oficiais: 300 quilômetros de estradas reais, 8 rallies diferentes, 64 fases especiais, 5 circuitos de Rallycross, a pista oficial Pikes Peak Hill Climb, 16 fabricantes de carros, 58 modelos de carros e 15 modos de jogo – não posso dizer o mesmo do modo multiplayer online. Isso porque simplesmente não consegui jogá-lo.
E não posso dizer com exatidão o porque do online não ter funcionado. Minha conexão é ruim? Com certeza, mas no geral os jogos funcionam em seus modos online. São raros os casos de derrota total de um modo online e em geral são problemas de servidores ou Xbox Live fora do ar. E eu testei em dias diferentes e horários diferentes tentar conectar o game online.
A minha suspeita porém fica no fato de que hoje em dia os servidores no Xbox One são regionais e talvez não tenham muitos brasileiros jogando Sébastien Loeb Rally Evo no servidor BR. Se nestas primeiras semanas de lançamento já não há muita gente online aqui, imagine como estará o online do game daqui alguns meses?
Mas que fique reforçado que essa foi a minha experiência pessoal tentando encontrar partidas online em Sébastien Loeb Rally Evo, e na específica plataforma do Xbox One. Talvez no PC (via Steam) ou no PlayStation 4 a história seja outra, só que aí nada posso afirmar.
E na boa? Não que eu tenha sentido falta de um modo online aqui. Quer dizer, há muitos games hoje em dia que abusam dessa coisa do “estar sempre online” – vide o Need for Speed do ano passado – e isso as vezes atrapalha um pouco a experiência mais individual e pessoal do jogador, especialmente dos que não são tão profissionais assim nesse estilo de game. Quem é mais competitivo, e tira de letra os desafios do modo offline, certamente vai sentir falta do online onde os jogadores são, via de regra, mais agressivos e profissionais do que os tempos de corrida padrões do modo offline.
Bem, como o modo carreira single player me deu uma boa experiência, uma imersão bacana e ele é bem longo, o fato de não ter conseguido jogar um modo online contra outros corredores mundo afora não me incomodou. Provavelmente eu comeria poeira destes jogadores. Mas é um demérito sim, não dá para nega. E é algo que poderia ser resolvido permitindo ter uma conexão com os jogadores europeus – que acredito estarem jogando online – para facilitar partidas encontradas (mas aí tem o problema do lag, não?). É, não é fácil uma solução, se a comunidade regional do game for muito pequena.
Vale ou não vale?
Sébastien Loeb Rally Evo é um game inesperado. Ele surge em uma janela de lançamento complicada, competindo com Dirt Rally, que no Brasil me parece ser um título mais famoso (na Europa eu não duvido que Sébastien Loeb tenha um peso bem maior aos fãs do subgênero), porém o game não faz feio em vários de seus elementos.
De longe o que mais me agradou foi essa camaradagem que o jogo tem com quem não tem qualquer experiência com o estilo e gênero rally/simulação. Ele é agradável e em nenhum momento me causou frustração, que por sinal é algo que tenho frequentemente com games de corrida e simulação.
É um jogo de experiência focado mais no single player. O modo multiplayer está ali, setado em uma modalidade de partida rápida (com algumas pré-configurações que você pode mexer ou deixar tudo como “o que tiver rolando online, me coloque“), porém como afirmei acima, para mim não rolou. Fiquei apenas na experiência mais pessoal e individual de seu belo modo carreira. Com uma jogabilidade também mais amigável aos inexperientes no gênero.
Há que se elogiar também o grande mérito do game estar totalmente localizado com dublagem em português! Inesperado acho, afinal não faço ideia de qual é a fama e o quão popular é este tipo de jogo por aqui, no mercado brasileiro. Até mesmo os documentários com Sébastien Loeb foram dublados. É um cuidado e capricho que merece os elogios.
Boa jogabilidade, boas mecânicas, acessível a diversos níveis de jogadores e com um repertório agradável de modos de corridas, com muitos percursos e pistas diferentes em climas, tempo do dia e terrenos diversos.
Visualmente perde para alguns games de corrida desta geração, mas nem por isso demonstra gráficos ruins ou defasados. Isso também vem a calhar como um ponto a ser considerado, como o tamanho do game. Enquanto Dirt Rally consome 40GB de espaço em disco, Sébastien Loeb Rally Evo só precisa de 27GB. Para quem tem problemas de espaço é uma diferença que pode valer a pena.
Concluindo então, para quem procura uma experiência diferente nos games de corrida, talvez dar uma olhada no mundo do rally seja uma boa ideia! E Sébastien Loeb Rally Evo é uma opção a se considerar levando em conta os pontos aqui abordados.