Mirror’s Edge Catalyst | Beta e a cidade do Parkour! (Impressões)
Aconteceu no final de abril, entre 22 a 26 de abril, o beta fechado de Mirror’s Edge Catalyst. Finalmente alguns jogadores, aqueles que já efetuaram a pré-venda no game e aqueles que se cadastraram no site do game quando abriram as inscrições para este beta, puderam testar e ver como está ficando o título, que caso você não se lembre, é um reboot de Mirror’s Edge de 2008, que mesmo apresentando uma proposta original, e sendo bem elogiado pela crítica, não vendeu de acordo com as expectativas da EA na época.
Entretanto o game ganhou fãs, tinha qualidade de sobra e com isso a EA resolveu dar uma segunda chance a franquia, acreditando que a DICE aprendeu um pouco com os erros do primeiro e acertou certos aspectos e elementos para um novo game, recomeçando tudo de novo, sem que haja a obrigatoriedade dos jogadores irem atrás da primeira versão do game.
E cá estamos, 2016, oito anos depois e um novíssimo Mirror’s Edge em uma nova geração de consoles! E com muitas mudanças em relação ao game anterior, e talvez você goste de saber que o game parece que amadureceu e evoluiu para melhor, ao menos foi o que senti nestas poucas horas que pude experimentar o beta, ainda que haja algumas preocupações que só poderemos tirar a limpo quando o game for lançado, no dia 07 de junho.
Um beta com cara de demo!
Uma coisa que me soa estranho foi a EA chamar esta demonstração de Mirror’s Edge Catalyst de um beta. A menos de dois meses do lançamento do título, não acho que os desenvolvedores vão arrumar ou mexer muito com base no que os jogadores puderam testar e ver nessa demonstração do final de abril.
Claro que há que se pensar que é muito mais natural e comum o público receber betas de modos multiplayers de games, enquanto aqui apesar do beta ter elementos de seu mundo e comunidade online, era muito mais sobre a experiência single player, com inclusive um bom pedaço das primeiras missões inicias da campanha e da história do game.
Se a EA liberar esse beta, próximo ou algumas semanas após o lançamento de Catalyst e chamá-lo de demo, não faria muita diferença. Alias, eu acho que deveriam liberar. Beta ou demo, essa demonstração de Mirror’s Edge Catalyst diz muito sobre o game e apresenta de forma satisfatória sua proposta. Quem gostou do que viu aqui, certamente vai procurar ter o game quando ele for lançado em junho.
Sendo reapresentado
Não quero amarrar muito estas impressões inicias a campanha e história do game. Até porque não vi toda a história, não cheguei até seu ápice e nem mesmo arranhei a superfície da história de Faith e dos Runners, organização rebelde do game – que não sabe andar nas ruas, apenas no topo dos prédios.
O mundo de Mirror’s Edge é interessante, em um futuro disfarçado de utópico, comandado por uma corporação privada e com esse grupo de jovens corretores no topo da cidade, tentando provar o quão ruim estes caras são. É legal ter Faith como protagonista do game, com personalidade, com um passado trágico e é uma protagonista forte na era dos games com grandes personagens femininas. Tem tudo para dar certo.
Infelizmente aqui no beta o game ainda não estava localizado para o português, possuindo apenas áudio e legendas em inglês. Prestei atenção o suficiente para pegar a ideia por cima da trama, porém muitos dos diálogos acontecem junto a ação do gameplay, que já exige um certo esforço e atenção do jogador para saltar, desviar e correr para os lugares certos. Quando o game sair em junho, torço muito pela localização em português, pois vai facilitar muito prestar atenção ao jogar e ouvir ao mesmo tempo, ainda que isso seja apenas uma questão de se habituar e acostumar com os controles e comandos. Alias não sei porque, mas senti que os diálogos dos personagens estavam abafados no beta, como se o som ambiente do game fosse mais alto. Precisei mexer nisso as opções do áudio do game, o que melhorou bastante. Que bom que existe essa opção de rebalancear sons e diálogos.
Quanto aos controles, eles se parecem muito com o original de 2008. Os gatilhos e pumps superiores são responsáveis pela parte parkour do game, enquanto os botões convencionais, A, B, X, Y respondem a parte da interação e combate contra inimigos. É intuitivo e tranquilo esse formato de comandos e não apresentam algum tipo de confusão na cabeça do jogador. Alguns minutos após ter começado o game, vencido o útil (porém longo) tutorial, o jogador já está com tudo na cabeça e fluindo razoavelmente bem.
Vale lembrar que Mirror’s Edge apesar de possuir uma perspectiva em primeira pessoa não é um shooter. Uma das grandes mudanças em relação ao game anterior foi justamente abolir de vez este elemento de suas mecânicas. Nada de atirar então. Faith resolve todos os problemas com seus punhos e pernas, e sim, há inimigos que usam armas contra a personagem! Cabe ao jogador fugir ou descobrir meios de combater estes inimigos sem tomar uma bala na cara. Mas não se preocupe, pois estes inimigos, ao menos no começo da campanha apresentado no beta, foram bem raros. Grande parte dos inimigos aqui funcionam como seguranças, usando cassetetes. Dentro do mundo do game, isso faz bastante sentido.
Corra, desvie, salte e seja livre!
Um das grandes mudanças feitas para Mirror’s Edge Catalyst, possivelmente sua maior mudança, seja a linearidade do game. O game agora pertence ao gênero Sandbox, ou seja, lhe dá um mundo tridimensional para explorar, fazer dezenas de missões e desafios paralelos, caso o jogador não tenha qualquer pressa para terminar a trama principal do jogo.
Isso é um contraponto interessante, já que uma das grandes reclamações do game de 2008 era justamente o quão curto e linear sua campanha era. E apesar de ter jogado não me lembro de tê-lo terminado (o game tinha também outro defeito para mim: sua jogabilidade cansava rapidamente, o que não parece ser o caso aqui), entretanto há análises e críticas da época a respeito de ser possível encerrar sua campanha entre seis a sete horas de jogatina. O que não é muito, convenhamos.
Entretanto a DICE parece ter prestado bastante atenção nesse elemento. Catalyst certamente não pode ser vencido em tão pouco tempo. Claro que ainda não dá para ter certeza, entretanto, o game apresenta um catálogo muito maior de coisas a serem feitas, em paralelo a campanha e são missões e desafios tão divertidos e interessantes quanto seguir a história do game. Muitas alias complementam a história em si.
Há mais elementos de exploração. Até onde dá para ir, até onde se pode subir, o que mais pode ser explorado dentro e fora de alguns dos prédios do game. Existem muitos colecionáveis espalhados por toda a cidade do game e o jogador é livre para escolher seus próprios percursos, sem ficar preso em trilhas pré montadas pelos desenvolvedores. Ou quase isso. Não é tão linear quando o primeiro game, mas mesmo com toda a liberdade que Mirror’s Edge Catalyst lhe dá, o jogo ainda lhe guia para seguir certos objetos dentro dos múltiplos caminhos. Vai subir? Tem que ser pelos canos ou escadas. Vai pular? É sempre por tábuas e grades. Nesse sentido, vendo pelo beta, não há muitos elementos que permitam a criatividade. Você escolhe seu caminho sim, e uns são mais curtos do que os outros, porém os objetos que permitem o parkour se repetem muito mais do que eu gostaria.
Um game Sandbox também sempre tem um problema em que muitos títulos não se atentam: passar constantemente pelos mesmos caminhos até a base. E Mirror’s Edge Catalyst parece que também não prestou muito a atenção nisso. A ideia de retornar a base várias as vezes no beta me incomodou um pouco. Apesar da base ter três ou quatro entradas, são as mesmas entradas toda hora! Cansa um pouco executar uma missão que começa em um lugar da cidade e que vá terminar na base. Se a ideia é ter aliados e Runners espalhados pela cidade, por que não fazer Faith concluir os desafios ao se encontrar com eles em novos pontos fora da base? Eu espero que isso seja apenas um tique nervoso do começo do game.
Por outro lado, se tem algo que Mirror’s Edge Catalyst acertou muito bem foi o combate. Está mais dinâmico, mais interessante do que o game anterior. Há combos e artimanhas para vencer os oponentes. Não é um combate que pode ser resolvido apenas “amassando” um mesmo botão. É preciso socar, chutar, pular, desviar e empurrar os oponentes. O inimigo é inteligente, fazendo com que o jogador que faça o mesmo comando sempre, seja bloqueado e atacado. É preciso mudar as perspectiva de ataque e seus padrões.
Um último elemento que precisa ser comentada é a respeito da visão dos objetos interativos e do caminho a ser mostrado. Não gosta desse elemento? É possível desligar esse visor nas opções do game, assim não há mais a indicação de onde fazer o parkour, apenas o ponto final de destino. E há algumas missões dentro da campanha em que Faith chega a uma área onde sua “visão de runner” fica offline (a personagem usa uma lente especial para enxergar os objetos em vermelho). É interessante essa ideia de jogar como quiser, com visão para facilitar ou sem visão para que você se vire pelos cenários do game.
É diferente, é divertido
Devo dizer que não joguei tudo que o beta de Mirror’s Edge Catalyst tinha para ser destravado e explorado. Por motivos diversos. Tenho um certo problema com estes betas que duram poucos dias, pois não consigo jogá-los todos os dias e sempre tenho medo de não ver o modo principal e até onde devo ir nele. Acabo jogando de uma vez só e me satura um pouco a voltar para ele nos dias seguintes. Fora que a gente aqui no Brasil sempre perde ao menos o primeiro dia do beta só para baixá-lo, ao menos casos como o meu, onde a banda larga é baixíssima (a minha é de 4MB).
Segundo que ao começar o beta percebi que estava jogando a campanha do game, cheia de spoilers e coisas que talvez eu não quisesse ver aqui, nesse momento de demonstração do título. “Exploro ou não as primeiras 4 ou 5 horas do game, para depois, em junho explorar tudo de novo?” – Para alguém sem muito tempo para jogar todos os dias, com uma turbulenta vida adulta de casado, com filho e de trabalho diário, me parecia meio chato gastar tanta energia em algo que teria que fazer novamente em menos de dois meses. Posso estar enganado, mas a progressão aqui no beta não vai ser exportada para o game em junho. Então resolvi jogar o beta apenas por três horas, nenhum minuto a mais.
Foi o suficiente para terminar as missões da campanha até onde a demonstração permitia, ver algumas (não todas) missões paralelas e explorar a cidade, além de explorar um pouco a árvore de habilidades de Faith. Também serviu para entender como será o modo multiplayer, ou melhor dizendo, o modo social do game.
Isso porque Mirror’s Edge Catalyst não terá um multiplayer com dois jogadores no mesmo game. Será algo mais como um leaderboards mundial. Todos os time trials serão rankeados e competitivos com todos os jogadores online do game. Será sobre bater recordes. E os jogadores poderão criar seus próprios time trials (isso sim é legal), criando trilhas e desafios aos jogadores do mundo todo. A DICE mandou bem pensando em uma cidade inteira para parkour e liberando para que os jogadores criem desafios malucos entre si.
Claro que o beta em si também serviu para ver alguns problemas. Os loadings, ao menos no Xbox One, estavam mais demorados do que gostaria. O problema de fazer os mesmos caminhos múltiplas vezes no começo me incomodou um pouco e a visão de trilha nem sempre me mostrou o caminho mais rápido (nos desafios de tempo isso é ruim). Fora que mesmo graficamente bonito, as vezes os locais parecem todos iguais devido o estilo artístico, ainda que não tenha conseguido ver toda a cidade.
Mirror’s Edge Catalyst é diferente de outros games com a perspectiva em primeira pessoa, mas de uma forma positiva. Parece apresentar um mundo original e criativo, com um belo design e uma jogabilidade refinada em relação a sua versão de 2008. Parece mais divertido, parece maior, parece um game que vale a pena experimentar!
Mais imagens do beta
Mudar para sandbox e expandir foi uma boa ideia
Jogabilidade refinada, especialmente nos combates
Não precisa ir atrás do game de 2008, tudo recomeça aqui!
Liberdade sim, mas ainda há algumas trilhas e repetições
Beta com cara de demo?
A proposta social online parece interessante
Visualmente parece deslumbrante
Importante! Esta nota não reflete o game final (que ainda nem foi lançado), mas apenas as impressões que o beta proporcionou!