Infinite Warfare anunciado | Vamos conversar sobre o futuro de Call of Duty? (Reflexão)
O futuro chegou! Mas não o futuro que vimos em Black Ops III ou Advanced Warfare, mas aquele futuro onde a guerra nos levará para o espaço e aí, meus amigos, as barreiras não terão mais limites! O novíssimo trailer, que pode ser conferido acima, mostra um pouco do que esperar no horizonte de Call of Duty, e há inúmeras razões para ficar empolgadíssimo com isso!
Uma das últimas cenas, que mostra um planeta semelhante a Saturno, pois tem anéis, dá a entender que a batalha vai muito além do espaço ao redor da Terra. A guerra irá realmente longe e admito que estou bem curioso para saber o que diabos a humanidade fez para causar uma guerra que nos levaria tão longe no espaço, presumindo que pudéssemos viajar tanto.
A Activision liberou hoje vários detalhes oficiais a respeito do game e em um dele há vários detalhes a respeito da nova campanha. Esse documento já está na íntegra lá no Ponto de Checagem a quem estiver curioso. O segundo comunicado, mais focado ao anúncio em si, também está lá, neste link.
— Viu como é maneiro e importante ter o Ponto de Checagem? Conforme discutido no editorial publicado aqui no site neste final de semana. Agora eu já posso conversar sobre o assunto, sem necessariamente precisar em dar a notícia também.
Está tudo bem com Call of Duty?
Esta é uma preocupação que se vem tendo nos últimos anos com a franquia. Foi justamente Modern Warfare que deu o pontapé a febre da franquia e que a tornou anual. Com Infinite Warfare chegamos a dez games principais de Call of Duty desde 2007. Quer contar comigo? Modern Warfare (2007), World at War (2008), Modern Warfare 2 (2009), Black Ops (2010), Modern Warfare 3 (2011), Black Ops II (2012), Ghost (2013), Advanced Warfare (2014), Black Ops III (2015) e, finalmente, Infinite Warfare (2016). Repito: 10 games em 10 anos!
Fazendo aqui a ressalva de que foram 10 games, mas não do mesmo estúdio. Inicialmente a Infinity Ward e a Treyarch se revezavam, lançando um game de uma em um ano e no próximo de outro. A partir de 2014, a Sledgehammer, que havia trabalhado em 2011 com a Infinity Ward em Modern Warfare 3, entrou no revezamento da série, produzindo sozinha Advanced Warfare. E assim a franquia de Call of Duty ganhou um ciclo de três anos por título, com um game de cada estúdio por ano, onde cada estúdio cria sua marca individual e sua visão de como será o próximo game, apenas pegando o melhor e a linha de raciocínio que toda a franquia vem tendo desde então.
Porém é inevitável se perguntar: Call of Duty está realmente bem? Quer dizer, a franquia passou por sérios problemas em 2013, quando Ghost não foi muito bem recebido pelos fãs, a ponto até mesmo de prejudicar as vendas de Advanced Warfare no ano seguinte, e ainda ter tido algumas sequelas em Black Ops III. As vendas da franquia já foram maiores e melhores, essa é a verdade, ainda que Black Ops III tenha feito um excelente trabalho de recuperar o público perdido. Cheguei a escrever algumas impressões inicias sobre o game aqui no site e admito que até hoje sinto vontade de retornar a ele para conversar mais por aqui. Talvez eu o faça em breve, pegando carona no hype de Infinite Warfare.
Voltando um pouco, preciso dizer que gostei da campanha de Advanced Warfare. Em 2014 já achava que a franquia está indo para uma direção sólida e interessante, porém foi o ano em que a EA chutou o pau da barraca ao apresentar Titanfall na nova geração, sem mencionar que a própria Activision veio com Destiny no mesmo período. Era inevitável sentir que Advanced Warfare chegou apenas para somar, sem realmente conseguir se destacar sobre os demais games que estavam chamando a atenção.
Ano passado a coisa se inverteu. A Activision abriu um beta para o multiplayer de Black Ops III que despertou o interesse de todo mundo pelo título. Era algo novo, diferente e modernizado. E funcionou! Mas a campanha parece que não teve o mesmo brilho, o que talvez isso se acerte agora com Infinite Warfare, já que a Infinity Ward é a precursora nisso tudo. Foi ela quem redefiniu a narrativa da série em 2007 com Modern Warfare. As chances são boas de que este ano eles acertem ainda mais em elementos que Call of Duty andou carente nos últimos anos.
Só que é impossível não pensar que talvez Call of Duty precise de um ano sabático, tal como a Ubisoft resolveu fazer este ano com Assassin’s Creed. Um ano para a franquia descansar, fazer os jogadores sentirem falta dela. Dar saudades. Porém indo mais além, eu gostaria de ver a Activision fazendo outros blockbusters de peso. Gastar suas energias em outras coisas. Ela mandou muito bem com sua parceria com a Bungie em Destiny. Por que não se arriscar mais? Fazer mais?
Atualmente a Activision é responsável por outros games menores, de franquias de outras mídias de entretenimento, como Tartarugas Ninja, Transformers e heróis da Marvel (tal como X-Men e Spider-Man). Mas são títulos do segundo escalão, menores, que nem chegam ao pé do barulho que Call of Duty e Destiny andaram fazendo. Sinto que a empresa carece de um terceiro blockbuster.
Entretanto concordo que 2016 precisa haver um novo Call of Duty, tendo como pensamento que Destiny 2 só será lançado em 2017. E aí entra uma boa questão: com Destiny 2 no próximo ano, será que não seria perfeito um descanso para Call of Duty em 2017, deixando Destiny 2 brilhar sem precisar disputar com Call of Duty vendas de final de ano? É de se pensar.
O que Call of Duty precisa fazer de diferente?
Aqui entra uma questão totalmente diferente da discussão acima. Ser ou não ser anual não é um problema para muitos fãs. Nem todo mundo compra todo ano, uns preferem seguir o ciclo de seu estúdio favorito, e querendo ou não, o game muda de ano para ano. Com novas propostas, novos modos, novas mecânicas, ainda que se jogado todo ano haja muito mais semelhanças do que distinções entre os novos games da série. Porém há uma questão aqui: Call of Duty não soa como um título que não anda acompanhando as tendências dos games da atual geração?
Eu entendo que a série não andou indo muito bem nos últimos anos, mas ainda é um dos títulos mais vendidos no mercado de games na última década (provavelmente, não fui atrás dos números). Não é como se a Activision andasse tendo prejuízo com os games da franquia, ou pelo menos é o que acho, também não fui a fundo nos números da empresa. E mesmo assim, já percebeu como Call of Duty é um dos títulos mais caros do mercado atual?
É uma franquia que até mesmo lá fora não custa o normal para os fãs. O Season Pass dele não é brincadeira. Todo ano ele custa quase o preço do game em si e libera uma quantidade massiva de conteúdo, a ponto de quem tem somente o game normal acaba se sentido deslocado por não ter todos os mapas e conteúdos, quase como aquela sensação de ter um game pela metade.
E parece que Infinite Warfare não mudará nada disso. Há a versão normal (U$ 59), a versão que trará Modern Warfare Remastered (U$ 79) e a versão que também terá o Season Pass (U$ 99). Até mesmo para os padrões americanos sinto que são valores bem altos para uma franquia tão sólida e segura para Activision. “Se vende milhões, que tal vender ainda mais caro?” – É um modelo de negócio que bebe o sangue do gamer e é meio que uma pena isso.
Posso dizer que me incomodou um pouco o fato de Modern Warfare Remastered custar 20 dólares e estar sendo vendido no formato de venda casada. OK, trata-se de uma remasterização, não é exatamente como a liberação do título na retrocompatibilidade do Xbox One (que ainda não rolou, e agora a gente sabe porque). Mesmo assim, admito que ficaria muito mais contente de ver uma remasterização da trilogia original custando 60 dólares do que ver Modern Warfare Remastered inflacionando um pouco o preço de Infinite Warfare. Isso para não lembrar que com isso, a versão com Season Pass foi nas alturas. 100 dólares não é muito para se gastar com um título anual?
E olha que estou apenas comentando sobre o preço americano, mas o preço oficial das versões nacionais já foram reveladas (ao menos na Xbox Store): a versão normal (sem Modern Warfare Remastered) ficou em R$ 249, a versão com Modern Warfare Remasterd ficou em R$ 319 e (se estiver em pé lendo isso, sente) a versão com tudo (Remastered + Season Pass) custará R$ 379! Faltou muito pouco para que Call of Duty 2016 completão, com tudo que você provavelmente quer no game, saísse por 400 reais. Complicado, não?
Nestas horas penso no que outros estúdios andam fazendo, especialmente nos títulos recentes da Microsoft. Há DLCs, há Season Pass, mas são de conteúdos que não segregam o multiplayer. O sistema de Cards dentro de games como Rise of the Tomb Raider, Halo 5 Guardians, Forza Motorsport 6 e até mesmo do futuro Gears of War 4 é exatamente o tipo de sistema que me agrada. Gasta quem quiser e há muita gente que gasta em games nesse formato (a Blizzard e seus games é prova disso) e os gamers mais humildes, que não podem gastar tanto, não saem perdendo com ausência de mapas. Fora que todo mundo, pagantes ou não, não vão sofrer com modos e salas só para donos de DLC, segregando o multiplayer online.
É um novo modelo que vem se tornando bem interessante e espero que a Activision possa olhar para isso no futuro e não somente em Call of Duty, onde sua comunidade está acostumada a pagar por esse tipo de DLC, afinal o próprio Destiny já causou um certo barulho ano passado quando dividiu a comunidade com The Taken King, apesar que recentemente a Bungie pareça ter refletido sobre esse modelo e vendo que pode lucrar de quem quer mais conteúdo estético e que isso não prejudica o game e sua comunidade online em si.
Eu gostaria de ver um modelo de negócios diferente em Call of Duty, sem que o game sangrasse tanto os jogadores na parte de DLCs e conteúdos extras. Não digo que esse modelo é errado, apenas digo que esta geração tem aprendido a lidar de forma diferente como rentabilizar a longo prazo seus títulos e não apenas vendendo Season Pass caríssimos, independente do conteúdo de qualidade dentro do pacote.
Menos é mais?
Um último ponto que preciso comentar e prometo que vou ser rápido porque sei que o texto já está enorme. Só que isso é algo que senti jogando Black Ops III ano passado. Quando testei o multiplayer no beta vibrei com sua jogabilidade, quando testei a campanha no lançamento do game (dois meses depois na verdade) adorei sua narrativa e intensidade (o que me lembra que não a terminei, preciso corrigir isso) e quando fui para o modo zumbi fiquei pensando “uau, não é coisa demais para fazer“?
Quer dizer, depois fui para o multiplayer e percebi que ele estava ainda maior no game completo. Mais modos, mais classes, mais de tudo. Hoje então, com duas expansões já lançadas (que não as tenho, infelizmente) o game me parece ainda maior. Sempre que inicio Black Ops III no meu Xbox One fico meio perdido, sem saber o que fazer. Há tanto conteúdo e boa parte desse conteúdo não necessariamente possui uma química ou linearidade entre si. O modo zumbi de Black Ops III é um bom exemplo, porque ele me parece tão destoante do resto da proposta do game. Não que isso seja ruim, deixando bem claro para não irritar algum fã fervoroso da franquia.
Veja só, essa quantidade massiva de conteúdo, modos, campanha, milhares de mapas e DLCs talvez justifiquem um dos meus pontos acima: do porque o game ser tão caro pela sua experiência completa. E talvez para os fãs ou dos jogadores que não jogam muitos títulos ao longo do ano corrente até o próximo Call of Duty isso seja até insuficiente para mantê-lo ativo por meses e meses dentro do game, mas certamente é um grande pratão de comida para encher o bucho de qualquer jogador. E comer demais mesmo sendo satisfatório na hora, faz um mal danado depois.
Assim, como um gamer normal, que gosta de jogar de tudo um pouco, tenho que admitir que essa quantidade enorme de conteúdo e o alto custo do game me assusta um pouco sempre que penso em jogar um novo Call of Duty. Não seria apenas a questão de não jogar esse modo ou esse extra do game? Mas aí não fica aquela sensação de mal aproveitamento? Pagar para não jogar tudo? É muito complicado, ao menos pra mim.
São em momentos como esses em que penso se menos não é mais? Toda essa discussão que levantei, se a série anual não a degastou, se o formato de venda dela não é inchado e se há mais conteúdo do que necessário não é exatamente o tipo de megalomania que se reformulado não faria a série respirar um pouco de uma forma diferente, sem soar massiva da forma como as vezes vejo fóruns e comunidades discutindo por aí. Call of Duty não precisa ser simplificado um pouco?
Não me entenda errado. Não estou aqui discutindo que Call of Duty está ruim ou que anda sendo um desastre em termos de qualidade. Pelo contrário, em dez anos, com tantos games lançados é notável a evolução e amadurecimento da série. Acredito que Infinite Warfare tem de tudo para elevar o nível de uma forma estratosférico, brincando um pouco com o fato de que finalmente iremos para o espaço em Call of Duty.
Estamos indo para um lugar aqui, e mesmo com seus altos e baixos, Call of Duty ainda é uma série interessante e divertida de se acompanhar. Porém parar e refletir sobre ela um pouco não deixa de ser uma ótimo exercício de reflexão, especialmente se você é um verdadeiro fã da franquia.
Então vale perguntar: o que você está achando de Call of Duty, como uma franquia, nestes últimos anos?
Um extra: os desenvolvedores da Infinity Ward falam sobre Call of Duty!