Ainda não é tempo do review de Homefront: The Revolution, lançado oficialmente na semana passada, dia 17 de maio, pois ainda quero explorar mais o mundo do game, tendo jogando apenas suas duas ou três primeiras horas iniciais e sem ter visto tudo que o game tem a oferecer.
Entretanto achei que seria legal vir aqui no site conversar um pouco sobre o game, pois os primeiros reviews que saíram semana passada e com eles muitas pedras foram arremessadas. Algumas justificadas e outras, na minha opinião, foram um tanto exageradas. Claro que muito disso parte das experiências pessoais de cada profissional da área em seu review e as vezes até mesmo o momento do tempo em que jogaram o game.
Digo isso porque no release inicial do game já havia um alerta de que um patch de 3.22GB estava sendo liberado junto com o lançamento do game e que este consertou bugs e melhorou a experiência do game como um todo, em especial problemas com a taxa de framerate presente nas versões de consoles.
Tudo bem ter problemas técnicos no lançamento?
Não sei como alguns sites internacionais fizeram, acho que alguns puderam jogar o game de forma antecipada, o que por sinal nem sempre é tão legal quando jogar junto com o lançamento oficial e vendo as primeiras opiniões e dicas da comunidade. Posso citar um exemplo recente que vivenciei com Quantum Break, onde o acesso ao site foi bem cedo, e antes mesmo de um patch pré-lançamento que melhorou consideravelmente a experiência do jogo. Eu cheguei até mesmo a parar com o game até o patch ser lançado, justamente para não prejudicar a minha experiência com o título para review. No fim deu tudo certo e isso em nada estragou a minha experiência com o game, que foi uma das melhores desse semestre (pena que o game é só aquilo… jogou, encerrou, discutiu e acabou, sem multiplayer não tem longevidade – um dos pontos de deméritos de seu review final aliás).
Enfim, voltando a Homefront – The Revolution. Então… sem situação de acesso antecipado, patch atualizado e jogando agora, na semana do lançamento, como um jogador normal deve estar fazendo, o meu relato é do status atual do game em seu lançamento. E aí vem a questão importante: o game está redondinho e sem problemas? Aparentemente não.
Vi jogadores reclamando do sistema de saves e checkpoints, que precisa tomar cuidado para que o jogo não salve ou dê checkpoint em momento de aperto, e se isso acontecer é avançar até o próximo checkpoint para não ficar no risco de retornar, após morrer, justamente em uma situação que lhe trave ou dê trabalho para passar. Eu não passei por isso ainda, que fique bem claro. Apenas vi relatos em alguns reviews. Meus checkpoints ainda foram pontuais e sempre dentro de bases, fora de confronto contra inimigos. Menos mal.
Posso estar enganado, mas sinto que esse problema com os checkpoinst já pode ter sido consertado. A menos que o game gere mais situações mais a frente de onde estou onde e haja a necessidade dele salvar dentro de certas missões e confrontos. Infelizmente não encontrei no fórum oficial mais detalhes sobre o assunto para poder detalhar mais. Nem mesmo as especificações do primeiro patch de lançamento do game saiu de forma completa (ou eu não encontrei nos canais oficiais em que olhei). Curioso que este detalhe poderia ser facilmente consertado utilizando saves manuais em paralelo aos automáticos, tal como Hitman vem usando.
Aí vem a questão do framerate, este sim bem alardeada no fórum oficial. Há vídeos no You Tube sobre o assunto (vide abaixo), mostrando as quedas. Esse é um ponto sempre complicado para mim, pois não tenho as habilidades visuais que muitos tem para perceberam quando certas quedas acontecem nos jogos, a menos é claro que seja algo muito descarado. Sinceramente durante as horas iniciais que joguei Homefront The Revolution não percebi a oscilação do framerate de uma forma que impactasse a jogabilidade, como tiros ou ação falhando por conta desse tipo de problema. Porém há sim um bug bizarro no game onde cada vez que ele salva e dá checkpoint, o jogo simplesmente trava (framerate zero) por algo como 3 segundos e aí tudo retorna ao normal. Obviamente isso não deveria acontecer e o processamento do game deveria aguentar o simples fato do jogo estar sendo salvo. É bizarro, mas também não é o fim do mundo.
E é meio que isso o que precisava levantar a respeito de problemas técnicos. Tirando isso não li ou vivenciei mais nenhum outro tipo de problema. Não encontrei problemas clássicos como texturas que carregam no meio da ação ou exploração e personagens que aparecem do nada, tal como Assassin’s Creed Unity teve no começo de sua janela de lançamento. O jogo comigo não travou do tipo de parar totalmente e não me deixar continuar ou aqueles bugs onde o personagem ou algo vaza do cenário. Nestes pontos o game fez seu dever de casa.
Não querendo pagar de bonzinho aqui, mas há um policiamento pesado por parte de alguns jogadores em torno de games que são lançados com bugs ou problemas hoje em dia. Não acho que seja a gota d’água como alguns pintam por aí. Há muito mais coisas no mercado de games que me incomoda atualmente do que problemas técnicos no polimento de games em seus lançamentos. Exemplos? Jogos que saem pela metade e o resto vem em DLCs carinhos. Certos games onde a campanha é suprimida sobre o pretexto de fortalecer o multiplayer. Falta de ampla localização. Jogos anunciados, fazendo o hype crescer e vender consoles, e no fim levam anos para serem lançados ou as vezes nem mesmo são lançados. Nada é perfeito, ao menos acho importante a desenvolvedora estar ciente e prometendo outros patchs e melhorias para a performance do game. Quer dizer, eu vim de uma era onde os videogames não podiam fazer algo assim, então meio que fico aliviado desse recurso existir hoje em dia, sempre em busca de uma performance ou polimento melhorado. Foi algo que aliás comentei recentemente por aqui quando mencionei a respeito da melhoria gráfica de Killer Instinct.
E volto a dizer, mesmo com alguns problemas que estão sendo relatados com Homefront The Revolution, a minha experiência nas primeiras horas do game foi satisfatória. Gostei, me diverti e cá estou para falar um pouco dela. Chega de questões puramente técnicas. Claro que futuramente, tendo avançado no game e se isso chegar ao ponto de me incomodar, volto a tocar no assunto. Fique tranquilo.
Uma boa experiência acima da ânsia pela inovação
Talvez o grande ponto de Homefront The Revolution, que acaba fazendo as pessoas a prestarem atenção mais em questões de tecnicalidades do que outros pontos, seja porque em tese o game em si não está reinventando a roda, fazendo algo que nunca foi feito. Ele apenas tenta ser um First Person Shooter divertido e competente dentro de seu gênero, sem soar clichê.
E seus desenvolvedores, a meu ver, não estão errados em querer algo assim. Há tantos títulos atuais que prometem mundos e fundos, dizendo que vão mudar a forma como os jogadores veem certos games e que no fim nada acontece. É uma questão mais de marketing, da venda pela inovação e não pela diversão propriamente, do que de desenvolvimento querendo mudar paradigmas.
Não é muito diferente no cenário indie, por exemplo. Inovações e ideias geniais surgem, mas não em tudo e na frequência que muitos vezes games maiores se sentem obrigados a terem. Há indies aos montes sendo lançados todos os dias que não inovam nada, porém ainda são divertidos dentro de seus gêneros e subgêneros.
E não é como se Homefront não tivesse boas ideias. De fato há sim algumas. O sistema de armas é curioso e muito bem pensado. O jogador usa a mesma estrutura da arma para encaixar armas de maior calibre, e há um sistema de customização de partes removíveis da arma que é rápido e impressionantemente simples. E olha que customizar armas, tal como Call of Duty possui hoje em dia no multiplayer, para mim é um terror com tantos menus e seções divididas para cada mínimo aspecto da arma. Aqui, em Homefront, é tudo muito prático, com apenas um clique e alguns segundos. E feito em tempo real, enquanto o game segue funcionando, o que é um diferencial muito maneiro.
Visualmente o game é também impressiona. Eu me surpreendi com a quantidade de detalhes existem espalhados pela cidade de Philadelphia nos Estados Unidos da ficção de uma invasão da Coréia do Norte em 2029. O jogo tem uma bela apresentação, posicionando o jogador em uma realidade em que é potencialmente crível, em uma cenário de revolução norte americano e opressão de uma cidade tomada por inimigos de uma cultura diferente da deles.
Os cenários são riquíssimos em detalhes, e há ainda efeitos de clima, como chuva e vento, e também preocupação com luz e sombras nos primeiros cenários do game. Talvez aí seja o problema das oscilações de framerate (coisas demais em tela), mas enfim, já discuti esse ponto mais acima. Quando o game abre para cenários maiores, tudo ainda continua impressionante. E há um ambiente original que não se espelha necessariamente em outros games que tenha jogado ultimamente. Nesse ponto a imersão visual me ganhou completamente.
Na questão da história, ainda é cedo julgá-la. Me senti animado com a ideia de participar de uma revolução, de existir uma população sendo mantida sobre a linha dura de uma governo opressor. Dá para sentir um gostinho disso vivendo no Brasil atual, onde estamos sendo sufocados por um Governo incompetente e corrupto. Claro que nós não chegamos ao status de uma revolução violenta e complexa, então o game mostra uma realidade um pouco mais adiante da nossa, e isso é bem interessante em termos sociais, ainda que culturalmente seja coisas diferentes a forma como EUA e Brasil pensam e agem em certas situações.
Claro que nem tudo são flores. Os acontecimentos iniciais são rápidos e o meu personagem não tem uma… bem… personalidade. É aquela bobeira que os FPS tem de quererem dizer “olha, esse personagem é você“. Não, não é. Mas é o que dá para tirar nesse momento do game. Há personagens bem expressivos que interagem com o jogador, onde demonstram que foram construidos para um objetivo narrativo, e isso é bem legal. Pena, novamente, que o protagonista não tenha o carisma que talvez deixasse o jogo ainda melhor. Quem sabe ele não melhora mais a frente da campanha? Afinal pelo que reviews confirmaram a campanha tem mais de 20 horas de gameplay, o que é um boa média, talvez até mais do que precisasse, mas desde quando reclamamos de mais e mais para se jogar? Não muito.
No que diz respeito aos combates e a jogabilidade, também ainda sinto que é cedo para consolidar uma opinião. O jogo começa em um ritmo bem diferente de quando tudo é aberto ao jogador. Há uma construção narrativa do personagem, então é tudo bem nos trilhos. Depois, após ser recrutado e se tornar parte oficialmente da revolução, o game meio que solta um pouco a mão do jogador e deixa ele livre para se virar.
Um bom começo, cheio de empolgação!
A primeira regra inicial de Homefront é não entrar em combate. Não saia na rua querendo peitar policiais achando que dá conta deles. Não rola. Mais são chamados, drones vão chegando e o jogador não dura nada. Inicialmente é um game para se jogar de forma sorrateira. Fique dentro de construções, fuja se descoberto e vasculhe tudo, pois o game tem colecionáveis e muita sucata em que o jogador reverte em dinheiro. E mais dinheiro significa mais armas e equipamentos, sendo que há muito disso que como jogador você irá querer ter o quanto antes! Eu fiquei maluco para comprar uma besta, só para atirar flechas de longe, mais especificamente do alto de edifícios.
É incrível que o game tenha esse mundo semiaberto (por enquanto é semi) onde o jogador vai se deslocando pelas áreas da cidade, mas que é composta de muitos edifícios abertos, onde você pode entrar, subir escadas e se entocar por lá até a rua ficar calma novamente. Há terrenos baldios, caminhões com cadeados que podem ser abertos, e muitos segredos em dutos de esgoto. Nessa questão o game me lembrou um sandbox, mas destes realmente bem detalhados. A minha primeira missão, por exemplo, era chegar em um ponto e invadir esse local hackeando seu terminal (imagem acima). Sem confronto. O game te dá o ponto da missão, mas como o jogador vai chegar até lá que é divertido. Faça o seu caminho, jogue do seu jeito.
Só reclamo da jogabilidade com a moto, mas talvez o problema seja eu. Caramba como é difícil dirigir uma moto na visão em primeira pessoa! Cruzes! E para tornar a coisa ainda mais complexa, há rampas enormes que vão dar em plataformas em meio a edifícios em construção, que requerem malabarismos com a moto para não cair de lá. Óbvio que cai depois da minha primeira rampa. Terminei o resto da missão a pé mesmo. Ah, quer algo chato nisso? A moto não dá respawn em seu lugar inicial se o jogador morrer. Eu tive isso na primeira missão, onde a moto é liberada pela primeira vez. Morri preso em um bloco de concreto que empinou minha moto e fui alvejado pelos policiais. Ao retornar ao checkpoint, nada de moto, que ficou lá no local em que morri. Isso eu achei meio mancada.
E é meio que isso. Homefront The Revolution nesse momento para mim, tendo apenas umas 3 horas iniciais de campanha não se mostrou nenhum bicho papão ou um game que não deva ser jogado por ter muitos problemas. Pelo contrário, quem curte o gênero e a pegada do título, acho que pode ir sem medo. É um título com um sistema engenhoso de armas, ainda que inicialmente se deva evitar a todo custo o combate, visualmente é bem impressionante (melhor do que alguns games no começo dessa geração, mais bonito alias que os atuais Assassin’s Creed, por exemplo), e é daqueles jogos que incentiva a exploração e a fome por destravar tudo que o jogo tem a oferecer, incluindo seus colecionáveis. E, olha só eu me esquecendo, está localizado por aqui com legendas em português!
Bem, esse foi só um esquenta de Homefront. Prometo continuar jogando e testando o game, e voltarei a falar mais sobre o título aqui no site em breve. Aguarde!