Jurassic Park | Três trechos de um clássico de 1990! (Indicação)
Prólogo. “Lendo vários livros de uma só vez”
Sigo agora em um novo modelo de leitura para livros: não leio mais apenas um por vez! É estranho pensar como desde pequeno as crianças são condicionadas a lerem um livro até o fim antes de poderem ler um outro. Ao menos é esta a lembrança que tenho dos meus tempos de escola e da minhas visitas a biblioteca.
O caso é que hoje em dia qualquer outra mídia de entretenimento não consumimos desta maneira. Não assisto um só seriado até o fim para começar um outro. Não leio um único mangá regularmente antes de começar outro. Nem mesmo o cinema escapou desse modelo de uma história dividida em partes! Por que então no caso dos livros eu só devo ler um livro por vez? Todas as histórias que consumimos hoje em dia são segmentadas.
E não é como se os próprios livros não permitissem isso. Todo bom livros tem seu respiro. São divididos em atos e capítulos. As vezes dentro dos capítulos há outras divisões, outros subcapítulos. São ferramentas narrativas para dar um momento para o leitor pausar sua leitura. Para que a leitura não se torne maçante ou cansativa. É aquele momento em que você para e tem para absorver a leitura, pensar no que leu até aquele ponto antes de continuar.
Tomei essa decisão de ler múltiplos livros depois que fiz aquela reflexão a respeito do tempo e da disposição que a vida adulta nem sempre dá para me dedicar a um único livro. E o grande problema de ler apenas um livro é o tempo em que isso pode levar (para quem não tem muito tempo), me deixando ansioso para ler outros, me encontrando em uma situação onde me sinto obrigado a ler um livro rapidamente, sem apreciar sua jornada as vezes, só para poder começar um outro da enorme fila de livros que tenho em casa. Não estava funcionando comigo.
Não é diferente do que faço com mangás, por exmeplo, já que acompanho trocentos títulos. Acho normal pausar um mangá por meses, antes de me dar vontade de voltar a sua história. E nisso vou revezando entre outros títulos.
Veja o exemplo deste livro do Jurassic Park, lançado em 2015 pela Editora Aleph, adquirido ano passado e que até então não havia nem sequer o iniciado. — Que absurdo, não! Chega dessa situação! E por isso mudei meus padrões para encarar livros. Estava (estou) lendo A Guerra do Velho, até já o indiquei aqui, e cheguei em um ponto ao final de um capítulo da história onde podia fazer uma pausa sem que eu fosse me perder quando decidisse voltar para ele, então fiz a pausa (e já estou com saudades dele, então quando o retornar, vou apreciar a leitura muito mais do que se tivesse continuado direto) e assim resolvi finalmente pegar Jurassic Park!
E valeu a pena, pois é um livro que sempre quis ler e nunca encontrei um momento ideal para começá-lo. Li um belo trecho dele e ainda lerei mais um pedaço, e depois disso devo voltar ao A Guerra do Velho ou dar um pulo em Gears of War Slap: A Prisão (sim, eu ainda não o terminei, mas estou bem próximo do fim), ou começar outro antes de voltar para lá (sinto que Star Wars Marcas da Guerra está me chamando). E assim, me sinto aliviado por ser maluco o suficiente para ler livros desta maneira!
Talvez meu treinamento com anos de quadrinhos e mangás que nunca possuem fim ou com arcos e sagas que são segmentados para durar meses (as vezes anos) tenha me ajudado a encarar os universo e histórias de livros também nesse formato fragmentado, evitando a fadiga que uma maratona possa causar. Aliás é por isso que nem sempre eu aprecio estes eventos da Netflix na qual as pessoas fazem maratonas de finais de semana inteiro vendo uma única série. Eu não consigo. Dois ou três episódios no máximo e já me dá vontade de mudar de série, de história, independente do quão maneiro eu goste do seriado. Histórias longas preciso apreciar de forma segmentada.
Dinossauros. Um clássico de 1990!
Já disse aqui no site, muitas e muitas vezes, que Jurassic Park é o meu filme favorito de todos os tempos. Assisti quando criança, me maravilhei e tenho no coração até hoje. Pode não ser um daqueles filmes cabeça, com uma história digna de Oscar, e é até bem pipocão para os dias de hoje, mas eu o adoro. E sempre achei um absurdo nunca ter ido procurar o livro para ler.
Quer dizer, eu até tentei, há muitos anos atrás, mas era uma edição esgotada da editora LPM e que nunca encontrei para comprar. Imagine a minha felicidade então ao ver a editora Aleph relançando o livro aqui no Brasil ano passado, ainda mais nessa versão lindíssima, com o belíssimo trabalho artístico e visual que a editora dá a todos os seus livros! Aliás eu conversei lá sobre isso, e eles realmente se preocupam com esse aspecto do visual do livro, de entregar uma experiência visual ao leitor. E tendo tido a oportunidade de mostrar alguns de seus livros aqui no site recentemente, isso fica mais do que comprovado: funciona!
Adoro, em particular esse aspecto do vermelho sangue que cobre todas as laterais da versão da Aleph de Jurassic Park. É algo que chama a atenção de qualquer um que me vê com o livro para baixo e para cima. As pessoas ficam curiosas. No trabalho algumas pessoas chegaram a ir até minha mesa para abri-lo e verem se o livro tinha páginas vermelhas. Rá!
No que diz respeito ao livro, separei três trechos para hoje (futuramente trago mais) de seu começo, sem grandes spoilers pode ficar tranquilo, que apresentam um pouco da narrativa que se faz presente na obra. Sendo que vale lembrar que o livro é bem antigo, lançado em 1990. Então é preciso fazer uma pequena viagem no tempo para lembrar que era um mundo diferente do atual.
Menciono isso porque há um momento no começo do arco com o Alan Grant onde há uma conversa sobre eventos que aconteceram em 1985 e aí os personagens tratam disso como se fosse algo recente, e para o livro de 1990 era mesmo! Demorei uns cinco minutos até cair a ficha de que para a história lá, faziam apenas 5 anos, e não mais de 30 anos como estava na minha cabeça, como se ela se passasse agora, em 2016.
Sem mencionar outros aspectos de costumes e da própria tecnologia da época, como a ideia de documentos por fax ou na demora para mandar exames de laboratório para tudo quanto é lado. Eram tempos pré-internet. E não é um livro escrito hoje, com o autor preocupar em contextualizar o mundo em 1990. É um livro de 1990 que trata a sua época como algo que não se faz necessário se contextualizar, obviamente. Há uma sutil diferença então. Não que isso impacte a leitura ou que alguém que nem sequer viveu a década de 90 vá ficar viajando ou sem entender a narrativa. É apenas realmente um exercício de imersão.
Outro ponto em que pode parecer uma surpresa para alguém que não saiba muito sobre o livro é que o filme de 1993, de Steven Spilberg, não o segue fielmente. Eu li as primeiras 100 páginas para poder vir aqui indica-lo (ele tem mais de 500 páginas), para sentir o fluxo narrativo original, e até então o livro mal sequer teve alguma cena que se parecesse com o filme.
O livro tem muitos personagens que nem sequer estão no filme. Há uma situação envolvendo um casal e sua filhinha que se parece muito com a cena de abertura de O Mundo Perdido, o segundo filme, mas há muitos aspectos diferentes, incluindo um desfecho para o que aconteceu com a garota e de toda uma reação que isso acaba gerando com outros personagens do livro. Não é a mesma coisa do filme então.
Ah e não se assuste com a introdução “O incidente Ingen“. Após terminar a leitura dessa introdução fiquei com medo do livro ser muito técnico ou confuso. A introdução, de poucas páginas, é confusa, estranha, e até meio bizarra. Como fico o tempo todo com o filme na cabeça, ela também se mostrou muito complexa. Como se um narrador precisasse explicar demais sobre tecnologia, a própria Ingen e suas origens, e a ética da ciência genética. Mas passado isso, são poucas páginas, tudo melhora, e muito!
O prólogo mesmo, “A Mordida do Raptor” já coloca o clima do que se esperada de um Jurassic Park. É tenso, é assustador, é misterioso. A gente (o leitor) já sabe que os dinossauros foram clonados, que existe um parque sendo montado, porque já vimos esse “filme”, mas entre na brincadeira da proposta, e o que se tem é um incrível momento onde o mundo ainda não sabe da existência dos dinossauros, isso nem sequer é uma hipótese possível, e é sempre arrepiante quando o autor dá as dicas dos eventos que acontecerão a frente!
O trecho abaixo acontece envolvendo na emergência de um pronto socorro no litoral da Costa Rica, em uma noite de tempestade na qual um helicóptero surge do nada com um operário envolvido em suposto acidente de trabalho que acontecera em uma ilha próxima na qual, bem você sabe o que estão fazendo lá, certo?
O legal é que o livro começa com estes pequenos incidentes, esse pequeno mistério, que ao leitor fica claro do que trata, mas para os personagens da história estes eventos não fazem qualquer sentido. E conforme a história avança, estes incidentes vão fazendo conexões e pontes para o surgimento de outros personagens e escalonando a dimensão da trama.
A galera famosa do filme, o Alan Grant e a Ellie? Eles demoram muito para surgirem na história. Outros eu ainda nem seu se vão aparecer (mas eu chego lá me breve). E é tudo meio que acidental. É bem diferente da versão do filme, com o “Hammond Walt Disney” chegando no trailer do Grant, todo alegre e serelepe, como um papai noel que chega com presentes para uma criança.
Mas antes disso, há uma passagem envolvendo o incidente com a menina, que mencionei acima. Após ter sido atacada por algo que supostamente não existe! O biólogo da região fica suspeito com o suposto lagarto. Segue o trecho:
O último trecho, é uma conversa com um personagem que todo mundo conhece. É bem no começo da introdução de Alan Grant no livro. Uma conversa sobre Fundação Hammond já financiarem o Grant antes mesmo do encontro que existe no filme. E o que é a tal fundação!
Esse tipo de discussão a respeito da idoneidade da Fundação Hammond ou sobre o próprio nunca existiu no filme. No filme ele é retratado como uma espécie de Walt Disney dos dinossauros, mas aqui no começo do filme já existe uma preocupação com Hammond e a Ingen e que diabos eles estão fazendo na Costa Rica, e a respeito de toda a ética do projeto.
Há por exemplo, a menção dos mosquitos em âmbar e de todo o trabalho de anos que a Hammond provavelmente teve para conseguir criar aquilo que no filme é mostrado de forma bem simplificada. É muito legal quando o livro começa a fazer estas pontes com o que eu já conheço do filme, mas segue sua própria narrativa, a história original sem o enfeitar de Hollywood.
Não é como muitos livros que se tornam filmes hoje em dia e os roteiristas seguem a história original da forma mais fiel possível (porque os efeitos e orçamento de hoje permitem tal proeza). O livro tem muito mais conteúdo, mais cenas, mais situações que nunca caberiam no filme de 1993.
Eu avancei um pouco mais na leitura, porém por hoje paro por aqui. Acho que isso já serve para dar aquela curiosidade para quem curte Jurassic Park mas nunca teve a curiosidade de saber exatamente como é sua versão original.
Onde encontrar Jurassic Park? Quem gostou e se interessou pode encontrar o livro em lojas virtuais como a Saraiva (R$ 27 reais no momento em que publico o post), mas vale ficar de olho em sites como Submarino ou Livraria Cultura, pois sempre rolam promoções nestes sites também.
Para encerrar, a sinopse oficial do livro, direto lá da página do mesmo no site da Editora Aleph!
Uma impressionante técnica de recuperação e clonagem de DNA de seres pré-históricos foi descoberta. Finalmente, uma das maiores fantasias da mente humana, algo que parecia impossível, tornou-se realidade. Agora, criaturas extintas há eras podem ser vistas de perto, para o fascínio e o encantamento do público. Até que algo sai do controle. Em Jurassic Park, escrito em 1990 por Michael Crichton, questões de bioética e a teoria do caos funcionam como pano de fundo para uma trama de aventura e luta pela sobrevivência. O livro inspirou o filme homônimo de 1993, dirigido por Steven Spielberg, uma das maiores bilheterias do cinema de todos os tempos.
Extra. O Mundo Perdido em breve no Brasil
Vale alertar que em breve (provavelmente entre o final de junho e começo de julho) a Aleph irá lançar no Brasil O Mundo Perdido, que é uma sequência que o próprio autor original, Michael Crichton, publicou em 1995, cinco anos depois da obra original e 2 anos depois do filme nos cinemas. Já li relatos por aí que dizem que o livro é ainda mais diferente do filme com o mesmo nome. Curiosidade a mil aqui! Fiquem de olho na página no Facebook da Aleph para mais detalhes do lançamento!
Sempre tive vontade de ler esse livro, o filme é um dos meus preferidos de todos os tempos!
Terminei de ler esse livro ontem, que experiência fantástica. Não pensei que pudesse ser tão bom. Fiquei decepcionado comigo mesmo por não ter o lido ainda na adolescência. Certamente entrou para a lista dos meus livros favoritos.
Incrível como diversos pontos interessantes abordados no livro acabou sendo deixado de lado. Uma pena mesmo.