Edição de Colecionador | Uma espiada em Warcraft – Por Trás do Portal Negro (Guia Oficial do Filme)
Passei parte da manhã do último domingo fotografando, lendo e admirando este fantástico encadernado que a Editora Pixel trouxe oficialmente aqui para o Brasil no final do mês de maio, por consequência do lançamento do filme Warcraft – O Primeiro Encontro de Dois Mundos. E agora apresento aqui um pouco mais deste material feito para colecionadores, fãs e interessados em saber mais sobre os bastidores de um dos filmes que muita gente sempre achou que nunca viria a ser lançado.
A iniciativa faz parte do projeto que mencionei aqui há alguns dias atrás, sobre comentar e mostrar mais materiais de leitura diferentes, incluindo lançamentos de edições especiais que estão chegando cada vez mais ao mercado nacional. Este por sinal é o segundo material da Editora Pixel que trago para o site, sendo que o primeiro foi Mirror’s Edge Exordium, que quem ainda não viu, recomendo que dê uma olhada.
Ao contrário das resenhas e impressões na qual ando escrevendo por aqui, esta edição chamada Warcraft – Por Trás do Portal Negro – Guia Oficial do Filme não é exatamente um livro de contos, com uma história de ficção dentro do universo da franquia. O guia está mais para um documentário, um registro do processo que levou para se consegui levar Warcraft para uma outra mídia de entretenimento e o peso e implicações disso para todos os envolvidos.
Decidi então fazer este artigo de uma outra maneira, já que parte das outras resenhas que sempre publico por aqui, há um peso importante na avaliação da narrativa e da história em si. Sendo assim, achei que seria bem mais interessante o mostrar visualmente a obra e, por isso, há mais de 50 fotos na galeria que abre a postagem, com algumas espalhadas pelo texto, para deixar a página mais agradável de se rolar e admirar.
Antes de ir para o livro…
Talvez seja um ponto importante a se comentar aqui: não consegui ir assistir Warcraft – O Primeiro Encontro de Dois Mundos no cinema. Até queria, mas os finais de semana na qual o filme esteve em exibição em minha cidade acabei tendo outras ocupações e obrigações com a vida de adulto a serem cumpridas, e acabou que o filme saiu de cartaz antes que tivesse a chance de ir conferir.
Vontade realmente não faltou, ainda que pelas críticas que li na época, houve uma certa divisão entre os que gostaram do filme, ainda que com certas ressalvas, e aqueles que odiaram a produção, alegando diversos problemas em relação a adaptação de certos personagens ou aqueles que acharam que o filme não conseguiu simpatizar e conquistar aqueles que não conheciam o universo de Warcraft. Não sei, gostaria de ter uma opinião a respeito e infelizmente no momento não tenho. Sei que ainda quero muito conferir a produção e provavelmente irei assim que possível.
Dito isso, outra confissão: nunca joguei Warcraft ou World of Warcraft. Não que isso seja exatamente uma surpresa para aqueles que já seguem o Portallos há algum tempo. Nunca neguei aqui ter um certo incomodo pela ideia de jogar games no PC. Parece babaca dizer isso, mas não leve por esse lado. Sou relativamente um gamer velho. Cresci com o Atari, NES e SNES até a minha adolescência. Computador foi algo que tive acesso muito tarde na vida, ao contrário de muitos que nasceram já com o pé na era digital. Enquanto sou de uma época onde nem internet existia e as pessoas iam a biblioteca pesquisar sobre coisas que hoje você simplesmente bota no Google e 5 segundos depois já assimilou o que queria saber.
Então nunca me interessei por games nos computadores, sempre tive (pois trabalho desde os 14 anos) consoles domésticos e sempre gostei deles. Nunca me senti na necessidade de migrar para o PC, como sei que muita gente, da minha idade ou até mais velho inclusive, acabou fazendo por causa de N fatores, sendo o mais comum jogos gratuitos, pirataria ou simplesmente por causa dos games na plataforma PC serem bem mais baratos. Enfim, em resumo, nunca tive acesso, vontade ou tempo para conhecer o mundo de World of Warcraft no PC. E estou okey com isso.
Por que diabos então esse interesse pelo filme de Warcraft? Pelo mesmo motivo de adorar a trilogia de O Senhor dos Anéis no cinema e nunca sequer ter tido contato com a obra original, os livros do Tolkien. Aliás, é esse sentimento de ter mais uma vez nos cinemas uma história de fantasia épica que incentivou muitas pessoas a irem conferir o filme, sem também ter tido qualquer acesso as origens dessa franquia. E foi justamente por causa dessa porta aberta pelo Senhor dos Anéis que foi possível que o filme de Warcraft finalmente saísse do papel, ao menos segundo o guia que estou em mãos.
Do que então se trata este livro Warcraft – Por Trás do Portal Negro?
Sabe uma comparação boa? Volte alguns anos atrás. Lembra como todo filme de sucesso quando chegava ao mercado de Home Vídeo era sempre lançado em DVD duplos, sendo o segundo disco sempre recheado de extras? Hoje em dia isso anda meio difícil de acontecer e a própria produção destes extras meio que acabou sendo terrivelmente limado pelos estúdios e distribuidoras (aparentemente as pessoas não se interessam tanto por esse conteúdo como inicialmente se achava). Enfim, esta edição que tenho em mãos é justamente um maravilho segundo DVD de extras em torno da produção do filme de Warcraft, porém em formato de livro.
Não é uma adaptação ilustrada do filme, ou sua romantização adaptada em um livro de texto. Não é nada disso. É realmente um documentário, um registro histórico de como foi a produção deste primeiro filme, que muitos esperam que se torne uma franquia. E os produtores e envolvidos não escondem o desejo para que isso realmente ocorra, seja em entrevistas ou até mesmo aqui, em alguns momentos descritos no guia.
O livro conta a árdua batalha da Blizzard para transformar uma de suas maiores franquias em uma adaptação hollywoodiana. Como tratava-se de um projeto de décadas atrás, que ninguém queria comprar, até que, como disse, o sucesso de O Senhor dos Anéis abriu algumas portas.
Há um pouco a respeito da história do game, como Warcraft surgiu em 1994 e como a base do filme é justamente o primeiro game Orcs & Humans e não o estouro que foi quando em 2004 a Blizzard lançou World of Warcraft, o mais famoso MMO de toda história dos videogames. Ainda que haja inserções do universo em geral da série como um todo no filme (como localidades no pano de fundo que só fazem sentido para aqueles que conhecem os games).
Como ainda não assisti ao filme, não me aprofundei muito em tudo que o livro traz de conteúdo, em especial a história dos personagens e como eles foram adaptados para a tela, porém o guia dedica boa parte de seu tempo para mostrar cada um e tecer comentários a respeito dos personagens. Acabei me focando mais na história e na linha do tempo que levou até o filme conseguir ser produzido e de toda a batalha que foi encontrar as pessoas certas para tal feito.
Há uma boa introdução de como foi extremamente importante a adição de Duncan Jones ao projeto do filme, na qual ele se tornou o diretor, e como sem ele provavelmente o filme não teria um dos pontos mais importantes da essência de Warcraft, que é sua dualidade, dois pontos de uma história onde os lados são conceitualmente ruins e bons, o que justifica essa mantra dos fãs, de torcerem ou pela Aliança ou pela Horda.
O guia conta como um dos roteiros antes da entrada de Duncan tinha uma visão errada do universo da série, que se preocupava muito mais como o lado dos humanos, da Aliança, e como pintava de uma forma errada a Horda, dos Orcs. Há o relato de como foi difícil pensar em um formato na qual os Orcs precisavam ser humanizados até o ponto de estarem em equilibro com tempo de exposição da história e do ponto de vista dos humanos. Que os Orcs não poderiam e nem deveriam fazer o contraste dos vilões, até porque não é isso que é visto nos games da franquia. E quão importante foram os efeitos especiais do filme para conseguirem transpassar essa barreira.
No filme, Duncan equilibrou a narrativa do filme para que tanto Aliança quanto Horda tivesse um tempo certo de exposição. Isto aliás foi um dos muitos elogios presentes nas críticas que cheguei a ler a respeito do filme, então acredito que ele tenha tido êxito. Admito que depois de ler boa parte do guia, acabei me interessando ainda mais pelo mundo de Warcraft e de querer ver o resultado de tudo isso no filme.
Além destes contos de bastidores, o guia ainda se dedica a comentar a respeito das locações, dos personagens e da escolha dos atores, das armas, vestimentas e dos efeitos especiais utilizados para a produção do filme. Como disse, é um guia para a jornada da viabilidade para se produzir o filme, e não um guia do universo da franquia nos games, ainda que a todo o momento se faça certas comparações com o material original.
Tudo isso regado a toneladas de ilustrações e artes oficial. Que enchem os olhos e torna a experiência da edição algo bem vibrante. É mais vívido, do que apenas um livro direto, com apenas textos e sem qualquer imagem. A experiência visual do guia é tão importante quanto o seu conteúdo escrito.
Vale até mesmo se atentar ao fato de que o livro funciona em duas vias. É possível começar a leitura pelo lado da Aliança ou pelo lado da Horda (veja as fotos da galeria para entender melhor). O guia é bem dividido, trabalhando muito bem essa dualidade proposta por Warcraft como um todo.
Warcraft – Por Trás do Portal Negro tem o tamanho físico de 28 x 25,4 cm, com 172 páginas. Capa dura, claro, e o papel é aquele que sempre esqueço o nome, o lisinho, brilhante, da melhor qualidade possível. Aquele se só se vê em edições realmente especiais. Tem todo um acabamento de luxo, pois realmente é um material dedicado aos colecionadores e fãs da franquia.
A edição chegou a ser lançada aqui no Brasil custando 130 reais, mas já é possível encontrá-la em sites como a Amazon BR custando bem menos (no momento da publicação deste post, está saindo por lá pelo valor de 75 reais). Pelo tamanho do livro, pela qualidade do material, da impressão e até mesmo da raridade que isso vai se tornar daqui um tempo, é um preço válido.
Talvez você possa pensar — “Ah, mas o filme não é tão épico ou legal a ponto de justificar a existência desse guia.” Aí já não sou a melhor pessoa para responder a isso, até porque não é um livro que tem como objetivo vangloriar ou justificar se o filme é bom ou ruim. É um livro que traça uma trajetória de uma das maiores franquias dos videogames de todos os tempos e como tal game conseguiu se tornar um filme. Para quem é fã de Warcraft, me parece um material incrível mesmo. Porém fica o alerta, ele é ridiculamente grande. E quadradão, ou seja, não fica tão bom em uma prateleira regular de livros. Acaba sendo uma edição que precisa de um espaço próprio para ser guardado, caso você o queria ter a amostra em algum lugar da sua coleção.
De qualquer forma é admirável o lançamento de um material assim aqui no Brasil. Sei que lá fora, esse tipo de publicação faz bastante sucesso e é bem mais frequente do que vemos aqui. Acho bem interessante que esse tipo de especial seja lançado por aqui. Fico imaginando que irado seria algo assim com produções de mega sucesso, como Star Wars. Precisamos de mais guias como este por aqui (ou eu preciso ficar mais atento a esse tipo de lançamento, pois realmente vejo muito pouco disso saindo no Brasil).
E é isso!
— Ah e não se esqueça que na galeria que abre a postagem há muito mais imagens do guia do que as mostradas ao longo deste texto! Vale a pena olhar elas!