Ninja Slayer – Vol. 01 | Nunca enfureça um ninja! (Impressões)

Já percebeu a quantidade de novos mangás que andam sendo lançados em 2016? É uma quantidade impressionante, não? Ninja Slayer é mais um dos mais recentes títulos lançados pela Editora Panini, sendo que a primeira edição chegou as bancas entre o final de junho e começo de julho, junto com Arakawa Under the Bridge e em breve a segunda edição já deve estar para chegar as bancas, o que faz este ser um bom momento para apresentar o mangá por aqui.

Para a minha felicidade só descobri esta mangá com o advento de seu lançamento em solo nacional, pois acabei indo pesquisar depois sobre o mesmo pela internet e acabei descobrindo que foi produzido uma animação dele ano passado, pelo estúdio Trigger – que não é pouca coisa – na qual a animação é muito, mas muito bizarra. Vi alguns clipes no You Tube e me deu até medo. Parece que tentaram uma brincadeira muito ruim com a versão animada, com cores com o efeito gama estourado, cortes de animação que deveriam ser toscos para causar uma piada nonsense, mas que pra mim me pareceu um completo desastre. Então assim, na boa? Não vá procurar a versão animada de Ninja Slayer. Esteja certo que a versão de mangá é bem mais sensata, ainda que… bem, eu vou chegar nessa parte. Aguente aí.

A versão lançada pela Panini segue o padrão mais econômico da linha de mangás da editora. Nada de luxos extravagantes aqui. Impressão no tradicional papel jornal, porém seguindo o ritual das capas e contra capas coloridas e extras do mangá original também impressos na edição. Preço atual da linha de 13 reais e nada mais de diferente para ser relatado na parte gráfica do volume impresso.

Acho que se faz relevante dizer que Ninja Slayer é um mangá escuro. Impressionantemente escuro. Chega a ser admirável que não custe mais do que o normal da linha tradicional ao pensar na quantidade de tinta que deve ter custado só para imprimir essa primeira edição. Faz muitos anos que não me encontrava naquela situação na qual o mangá é tão escuro que o preto do papel jornal chega a sujar os dedos. Isso me aconteceu com esta edição. Não durante a leitura, já que não o li de uma só vez, assim talvez não tenha dado tempo para ficar com os dedos por tempo demais nas folhas a ponto de visivelmente sujá-los, mas durante o momento em que o tive que manusear bastante para tirar as fotos para esta matéria, aí sim os dedos ficaram bem sujos.

Papel jornal e muita tinta preta, nunca é uma combinação bacana para os dedos. Não que isso seja um problema da edição ou de gráfica, e sim porque o mangá é ridiculamente escuro, com a utilização de muito preto. Papel jornal é isso, não tem como fugir. Porém me pergunto se toda edição será assim…

Ninja caçando ninjas!

Como mencionei o animê mais acima, talvez alguém tenha levantando a mão para perguntar qual a origem dessa série e se ela surgiu aqui, neste mangá. Na verdade, não. Ninja Slayer vem de uma séries de livros criados em 2012 e que já consta com mais de 16 lançados deste então. A adaptação em mangá surgiu em 2013 e até então já constam com 7 volumes encadernados.

Uma observação importante aqui, e que está em uma espécie de nota de rodapé no final da edição, é que aparentemente o mangá não tem uma grande preocupação de ser uma obra cronológica espelhada nos livros. Não há uma correta linha do tempo aqui. O que dá a entender é que as histórias do mangá são fechadas entre si, como se fossem uma extrapolação visual de alguns contos dos livros. Estranho e curioso. Tanto que este primeiro volume apresenta o conto Máquina da Vingança, totalmente fechadinho, sem amarras para a próxima edição.

A segunda edição, que já teve a capa divulgada pela Panini, trará outro conto, que se chamará “A Última Garota a Cair (Parte 1)”, o que dá a entender que será um arco maior e que levará mais do que um único encadernado. Interessante esse formato e essa propostanão? Acaba não sendo exatamente uma exigência que o leitor leia todas as edições do mangá ou que sequer as leia em ordem cronológica, ainda que aparentemente o primeiro conto deste volume inicial estabeleça bem o universo da série, seus personagens e as motivações de cada um sem, entretanto, ficar se apegando a detalhes profundos a respeito. A primeira edição serve para estabelecer parâmetros.

Ninja Slayer é, como o nome obviamente diz, um ninja que caça outros ninjas. Seu desejo é exterminar todos os ninjas e ponto. O mangá não faz esforço para explicar porque ou como o protagonista se tornou esse ninja inacreditavelmente forte, ainda que ele dê a entender que talvez seja por causa de alguma tragédia envolvendo a morte de sua esposa e filho, por ninjas é claro. Precisa explicar mais? Aqui, nesse momento não senti a necessidade. O próprio clichê fala por si só, sem mencionar que não se trata de um mangá de drama, mas um mangá de ação.

Quem tiver a curiosidade de ler este mangá, esteja preparado, pois é algo totalmente diferente de tudo que está nas bancas nacionais ultimamente. Eu pelo menos não saberia citar outro título em publicação que seja parecido com o que essa obra se propõem a ser. O que talvez pudesse ser um demérito aqui, talvez não seja, pois parece que é exatamente o que os envolvidos na obra quiseram fazer nesta versão em mangá.

Pense assim, se é um livro que surgiu em 2012 e já tem 16 edições lançadas nestes últimos 4 anos, é um sucesso, certo? Sendo um livro, a obra já trabalha nessa mídia de entretenimento com história e narrativa. Não tendo o recurso visual, o autor só pode trabalhar e manter a qualidade usando textos. Então nada melhor que levar outros elementos, agora visuais, para uma outra mídia diferente. O mangá é, além de um recurso narrativo, muito mais sobre o visual, querendo uma imersão gráfica. E é isso que Ninja Slayer parece pretender ser: um mangá com forte apelo ao visual, aos desenhos que pega o leitor e o mande para dentro do mundo frenético de Ninja Slayer.

Trata de um mangá, ao menos nesta primeira edição (sempre acho importante reforçar isso, é apenas a primeira edção), absurdamente poluído, seja visualmente, seja textualmente. É escuro, é cheio de onomatopeias gigantescas, há um trabalho gráfico pelo efeitos de movimento, cenários riquíssimos em detalhes, em ação, em violência com sangue espirrando pelas páginas direto na sua mão etc. E é um mangá eufórico, que não dá tempo para o leitor respirar, pois o Ninja não para por um segundo sequer enquanto não cumpre o objetivo de destruir tudo na qual a trama lhe apresenta como desafio. É como uma grande cena de perseguição e batalha de um filme como Matrix. É um show de pirotecnia. E não de uma maneira ruim. Mas é diferente, muito diferente do que os leitores de mangá talvez estejam habituados por aqui.

Outro recurso desta primeira edição é narrativa. Há um narrador falando durante todo o arco. Dizendo o que os personagens estão sentido, o que estão fazendo, o que está acontecendo. Em uma parte na qual o Ninja cai para a morte o narrador até mesmo grita em desespero pelo Ninja, entende o que quero dizer? É surreal. É como se fosse uma animação em mangá, mas uma boa animação, não a monstruosidade na qual a Trigger fez ano passado com a série.

Vale a leitura?

É divertido? Caramba como é! Me lembrou séries como Ninja Gaiden nos videogames. Os movimentos, os golpes, o estilo de batalha e acessórios de ninjas. Que mangás com outra vibe, tipo Naruto, jamais poderiam sonhar em trabalhar. É algo mais sombrio, mais adulto, mais violento, e portanto muito mais maneiro. Porém, mais uma vez, não deixa de ser muito fora da bolha daquilo que é publicado no Brasil hoje em dia.

Imagino que como algo diferente, fora do convencional, haverá muitas pessoas que podem achar Ninja Slayer péssimo. Eu quando o terminei de ler me peguei pensando se gostei ou não do mangá. Depois de refletir e pensar sobre sua proposta não achei o de todo mal. É empolgante no momento de sua leitura, mas não é uma obra que oferece algo mais complexo ao leitor. Me pareceu mais como um típico filme pipocão para cinema, só que em mangá. É para se divertir e nada mais além disso.

É interessante para quem é vidrado nesse universo de ninjas, estilos, golpes e movimentos. Os envolvidos na produção da série parecem ir bem a fundo nesse aspecto das técnicas ninjas e do mundo ninja em si. As batalhas desta primeira edição são alucinantes e recheadas de adrenalina. Nisso o mangá acerta em cheio. Não é para ser um mangá cabeça, com uma trama profunda ou complexa.

Feita todas estas observações, acredito que Ninja Slayer é um destes títulos de ler para crer. É um mangá 8 ou 80. Certamente haverá quem irá pirar com o título e terão aqueles que vão achar ele muito, mas muito estranho. Vale conferir ao menos a primeira edição e descobrir em qual situação você se encaixa.

Mangá de ação, que não deixa o leitor tomar fôlego
Visual escuro e poluído, mas que combina com sua proposta
Prepare-se para sujar um pouco seus dedos no preto do papel jornal
Alerta ser desnecessário seguir um linha narrativa cronológica
Para quem gosta do tema Ninja, é um prato cheio
Falta profundidade narrativa, porém a adrenalina é contagiante
Não é zoado quanto seu animê de 2015

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