Slime Rancher | Dia a dia na fazenda das gelecas! (Preview)
A primeira vez que percebi a existência de Slime Rancher aconteceu na E3 deste ano, naquele trailer da ID@Xbox na qual os títulos possuem apenas 2 ou 3 segundos para despertar a curiosidade do jogador. Naquela ocasião os poucos segundos ali mostrados não me empolgarma. Visão em primeira pessoa, com o jogador segurando uma arma estranha e caçando “gelecas” que parecem ter saído do universo de Dragon Quest? “Hoje não“, pensei naquele momento.
Porém há situações em que é muito benéfico estar errado e morder a língua e este é um caso assim. É a velha história de não julgar um livro apenas por sua capa. O que acontece é que Slime Rancher foi disponibilizado para Xbox One agora no dia 18 de agosto, dentro do programa Game Preview, que concede acesso antecipado a games que ainda estão em desenvolvimento. E então me deparo com um game extremamente viciante e divertido. É sempre uma sensação muito boa descobrir um bom título quando se acha que o mesmo não deve ter nada de especial. Nestas situações adoro que os meus instintos tenham falhado em um primeiro olhar superficial.
— Importante mencionar que Slime Rancher, no momento da publicação deste preview ainda não foi liberada na Xbox Store nacional, estando disponível apenas na versão norte americana. Resta torcer para que game seja liberado na loja nacional o quanto antes, fazendo com que assim possa chegar por aqui custando um preço em nossa moeda local. Mesmo que lá fora seu preço não seja nenhum absurdo, 19 dólares, ainda assim a conversão para reais acaba sendo maior do que normalmente os games custam ao serem lançados na loja nacional oficialmente. Update 31.Ago.16 – de acordo com uma resposta de hoje lá no Twitter da Monomi Park, sim o game será disponibilizado na loja BR do Xbox em breve, mas ainda sem uma data exata.
Mix de elementos e mecânicas
Slime Rancher, como o nome em inglês meio que já diz, é um game de fazenda, na qual o jogador precisa coletar e criar estas pequenas criaturinhas coloridas e fofinhas, chamadas slimes, para que elas gerem minerais que ao serem vendidas geram o dinheiro do game, e com isso o personagem pode expandir e aprimorar seu rancho.
O game mistura alguns elementos de diversos gêneros, como a visão em primeira pessoa, atrelado a uma mecânica de shooter, ainda que você não dê tiros exatamente (já explico isso), enquanto coleta criaturas diferentes, e microgerencia uma estrutura (no caso uma fazenda) na qual é possível criar estruturas, plantar, entre outros aprimoramentos. Este gerenciamento parte da premissa que ao comer os simpáticos slimes meio que defecam uma espécie de mineral que são a fonte de renda do game. Sendo que, como há diferentes tipos de slimes, cada um dá um tipo diferente de mineral, com diferentes valores de mercado.
Há também um pé de exploração no título, pois o jogador pode sair de sua fazenda para caçar os bichinhos em algumas áreas abertas. Sendo que, como o jogo ainda está em desenvolvimento, é cedo para avaliar o quão grande são tais áreas, porque inicialmente algumas estão fechadas com chaves, que podem ser abertas já nesse acesso antecipado, porém mais a frente explico melhor isso.
Curioso dizer que Slime Rancher não possui nada de criação de ambientes gerados proceduralmentes. Então as experiências dos jogadores ao rodar pelo mundo do game é sempre igual. Não que isso seja algo ruim, apenas achei curioso não ser, especialmente em uma geração de indie games que talvez abusem desse elemento mais do que seja necessário as vezes. Entretanto, para manter uma conexão progressiva do jogador, o game possui ciclos de dia e noite, sendo que a noite os slimes mudam um pouco e o caos da fazenda tente a ser mais tranquilo.
Também não há elementos de sobrevivência. O jogador não precisa comer ou dormir. Até acho isso interessante, pois se talvez fosse aplicado tais elementos isso deixasse o game meio cansativo, especialmente porque o jogador já precisa cuidar da fazenda, de olho na horta e nos slimes, já que eles também exigem certos cuidados, ainda que bem básicos.
Satisfação ao se descobrir suas mecânicas
Talvez o mais interessante da proposta de Slime Rancher, ao menos em suas primeiros horas, é a satisfação pela descoberta. O game não é um simulador de fazenda tradicional (ainda que nunca tenha jogado um para poder comparar), e portanto não segue algumas regras convencionais que um game de simulação normalmente precisaria ter. Os slimes são estes personagens simpáticos e carismáticos, mas que o jogador precisa aprender a lidar com eles.
Existe esse elemento da curiosidade que permeia toda a experiência inicial do game. Como prendo os Slimes? Por que eles existem em cores diferentes? O que eles fazem? O que comem? O que há na área além da minha fazenda e o que posso fazer dentro da fazenda? O game não apresenta um longo tutorial que fica lhe explicando tudo isso, ele simplesmente te joga no mundo do game, lhe dá algumas explicações de botões e o resto cabe ao jogador descobrir por conta própria. Isso acaba tornando boa parte do início do game absurdamente divertido. O jogador aprende sobre o game o jogando, testando, observando e experimentando as coisas.
Que fique claro, entretanto, que Slime Rancher não é um game de ação. Ainda que o elementos de microgerenciamento não sejam estressantes ou complexos. E até mesmo quando tudo sai do seu controle acaba sendo algo inesperado de uma forma positiva de se imaginar. É um ótimo título para queimar horas de um sábado a tarde em frente a televisão, apenas aprendendo como fazer sua fazenda de gelecas expandir.
Lembra muito aquela experiência diferente que Viva Piñata teve na geração passada, se isso servir de comparação. Entretanto suas mecânicas são, certamente, bem mais simples, com regras menos complexas e até menos coisas para administrar simultaneamente.
Um pouco do básico para começar uma fazenda
Acho que vale a pena explicar o básico do game. A começar pela jogabilidade. O jogador então tem essa arma, que lembra um pouco o aspirador em pó dos games da série Luigi’s Mansion. A arma pode sugar um determinado número de Slimes e depois regurgitar as criaturinhas no local em que o jogador desejar. O mesmo vale para outros itens do game, como frutas, vegetais e até mesmo galinhas.
Essa arma coletora tem vários slots separados, então dá para coletar várias coisas ao mesmo tempo, e cada uma fica separada em seu próprio slot. Cada slot suporta um certo número de itens. Assim dá para gerenciar o reverso da máquina, o que mandar para fora da arma e o que manter dentro dela. Acaba sendo algo simples, porém engenhoso.
Na fazenda é possível construir baias para conter os slimes, caso contrário eles ficam pulando como maluco por todo o terreno da fazenda, comendo tudo que estiver acessível para tal. Inicialmente, quando se tem apenas uma única cor de slime na fazenda isso normalmente não é um problema, mas quer uma dica? Quando estiver explorando estas criaturas lá fora da fazenda, preste atenção no que acontece quando slimes de cores diferentes ficam em um mesmo ambiente e interagem entre si. Caso você não faça isso, vai descobrir quando os deixar juntos na fazenda.
Voltando as baias, que são uma espécie de cercado de slimes, esse é um tipo de construção que tem diversos aspectos. Não pretendo explicar com detalhes isso, basta saber que vai chegar um momento do game que se faz necessário modernizar e sofisticar as baias, caso contrário os slimes sobem uns nos outros e começam a fugir, ou em outra situação, entrar nas baias para recolher os minérios pode ser realmente complicado com certos tipos de slimes, fazendo necessário que haja um sistema que automatize isso. Sem mencionar nos slimes que não podem tomar sol, o que te leva no tipo de aperfeiçoamento de baia que resolve tal problema.
Outra coisa importante de se ter na fazenda, além dos slimes, são os diversos tipos de comidas para alimentá-los. Há criaturas que comem apenas frutas, outras só vegetais e tem as que até mesmo só comem carne. É preciso aprender a gerenciar o pouco espaço inicial da fazenda para os slimes e a produção de comida para eles, pois como disse, sem comida os slimes não conseguem produzir o minério que rende grana.
Além desse básico há outras coisas dentro do sistema do game, que não são complicadas, mas que dão uma ótima profundidade as mecânicas do jogo. Por exemplo, os slimes maiores. De onde eles surgem? Dá para criar alguns? E como eles se tornam negros e malvados? São coisas legais para descobrir por conta própria. Eu tinha uma situação onde dei mancada e uma fazenda com mais de 200 slimes se tornaram negros e tive que recomeçar toda a fazenda do zero! Sem mencionar que fiquei por um fio de morrer. Há segredos e detalhes bacanas para se descobrir por conta própria.
Para todas as idades
Um aspecto do game que me animou muito foi o quão interessante ele se torna para crianças pequenas. Independente delas entenderem ou não todas as mecânicas que o game possui o título ainda é impressionantemente acessível aos pequenininhos. Meu filho de 4 anos passou dias e horas jogando o game, apenas curtindo as mecânicas básicas: pegue slimes, dê comida para eles e os proteja para não se tornarem slimes negros. Ele simplesmente amou o game no momento em que comecei a jogá-lo. Tanto que precisei disputar com ele alguns dias para que o mesmo me deixasse avançar no game para conseguir fazer esse preview.
Aos adultos, o game cativa apresentando mais mecânicas que permitem progredir no game, seja expandindo a fazenda, seja descobrindo novas cores de slimes, seja abrindo novas áreas. Já para os menorzinhos, a simples mecânica de sugar um slime, e o colocar em uma baia e ir coletando mais e mais, enquanto os alimenta já é mais do que suficiente para prender a atenção. E o melhor é que apenas fazendo isso já é o suficiente para ganhar dinheiro e ir aprimorando a fazenda. É maravilhoso um game que consiga conquistar duas faixas etárias tão distintas e funcionar de forma diferente para cada faixa etária.
É uma pena que o game, por enquanto, esteja totalmente em inglês. Torço muito para que a produtora do game, a Momomi Park, considere localizar o título para mais idiomas, em particular no nosso português. Ainda que seja impressionante que bastou que eu explicasse algumas coisas básicas para meu filho pequeno para que ele não mais dependesse do idioma do game para apreciá-lo. Acabou não sendo uma barreira intransponível para ele. Isso é bom sinal, mostrando que o game, apesar de seu idioma, se esforça para ser o mais intuitivo possível.
Vale ou não vale testá-lo já em acesso antecipado?
Essa é sempre uma pergunta válida, afinal Slime Rancher é um game ainda em desenvolvimento, sem uma data certa para ser finalizado. Ainda não tem como ter certeza de tudo que estará presente no game final. Por exemplo, na versão de acesso antecipado não há qualquer indício de que o jogo terá uma história ou campanha. É apenas o gerenciamento da fazenda na qual o jogador fica ali jogando até ficar milionário e conseguir adquirir tudo que o game pode oferecer (o que mesmo assim é coisa pra caramba). Isso não é ruim, ainda que não me importasse com apenas uma pequena abertura bacana para apresentar o game antes de começá-lo.
Como um game em desenvolvimento, não vi muitos problemas estruturais que o prejudiquem. Talvez, com o avançar das horas e do tempo de jogo, conforme novas localidades acabem sendo abertas, seria bacana ter alguma espécie de Fast Travel (Viagem Rápida), já que como disse lá no começo, o fato do game não ser procedural, isso faz com que a saída da fazenda, por uma área inicial, seja bem repetitiva após diversas horas jogando o título. Porém a repetição não é algo que acabe sendo uma surpresa desagradável devido a proposta do game.
Slime Rancher, por se tratar de um indie game e ter um preço camarada (na Steam custa 37 reais) acaba sendo um jogo divertido e carismático. Basicamente é um passatempo para desestressar após algumas sessões de games mais pesados. Há uma pegada meio casual nele, quase como o já mencionado Viva Piñata. E isso é algo bom.
Quem tem filho pequeno acaba sendo um game mais do que recomendado. Porém reforço que não é um game apenas para crianças, já que possui uma progressão e mecânicas mais avançadas que acaba fazendo com que os mais velhos se divirtam também. Vale sim testá-lo caso este preview tenha lhe deixado curioso!
Seja acesso antecipado ou não, dá para ver que boa parte do game e suas mecânicas já estão bem definidas neste estágio de seu desenvolvimento. Ainda que leve um certo tempo para que o estúdio o finalize, Slime Rancher já é maneiro o suficiente neste estágio, sem muitos bugs ou crashs que estraguem sua experiência. Dê uma olhada e não se deixa levar pelo fato de ser um game todo colorido, que parece ser dedicado apenas as crianças. Vai por mim, não é!
Mais imagens!
Muito boa review. Esse jogo é muito viciante