Pit People Beta | Eloquência e bizarrice no 4º título da The Behemoth! (Impressões)
No momento em que estou escrevendo estas impressões, Pit People segue em beta fechado na Steam, sendo que este mesmo beta aconteceu por vários dias, no começo de setembro, na plataforma do Xbox One. Foi assim que pude testar e jogar por várias horas um dos projetos mais ambiciosos da The Behemoth, que é um dos maiores estúdios indies da atualidade. E que se você não conhece deveria imediatamente procurar conhecer. Vá jogar Alien Hominid, Castle Crashers ou Battleblock Theather. Qualquer um deles, o quanto antes. Todos são excelentes games!
Pit People por muito tempo foi conhecido apenas como “Game 4”, mas hoje já há muitos vídeos e informações a respeito do título, mas posso dizer algo? É muito provável que você só vai entender como esse game é insanamente viciante quando puder ter a chance de jogá-lo. Comigo pelo menos foi assim, só após esse beta é que posso afirmar o quão maluco fiquei para colocar minhas mãos no game completo, que infelizmente ainda não tem uma data exata de lançamento. Nem mesmo a dica se sai ainda em 2016.
Durante o beta os jogadores tiveram acesso apenas a parte do game. Seu contexto inicial, boa parte de suas mecânicas de combate, navegação, menus e as muitas formas de desfrutar e se jogar os vários modos do título. Abriu-se uma boa parte do conteúdo do game, ainda que sua campanha principal só se avançava até determinado ponto. Dá para perceber que Pit People está em um estágio bem avançado de desenvolvimento. Deixando dúvidas do porque a The Behemoth ainda não lançou oficialmente essa belezinha, ou do porque o título não estar presente em programas como o Game Preview ou Steam Early Access. Poderia tranquilamente pelo que se deu para ver por meio desse beta.
A Behemoth que todo mundo adora!
Pit People é um game de estratégia e ação baseado em navegação e combate por turnos, com fortes elementos de RPG. É um título ambicioso, ainda que mantenha-se naquele estilo de arte e direção visual simples e cômico, característico do estúdio em si. O visual e seu bom humor são partes imprescindíveis pelas quais o game funciona tão bem.
E é ambicioso porque é um título que pensa fora da curva. A The Behemoth está trabalhando dentro de um gênero que normalmente não aposta em modo cooperativo ou competitivo, mas em Pit People os jogadores podem montar times de personagens e irem se gladiar online, time contra time, colocando a prova a estratégia individual de cada jogador. Isso enquanto consolida um modo campanha e uma experiência cooperativa dentro de um surreal modo história, em um universo de personagens e criaturas super estranhas.
E é justamente esse universo proposto pelo estúdio que torna o game tão incrível. O jogo começa com um urso espacial gigante colidindo com um planeta, tornando o solo hexagonal, como um tabuleiro. É motivo o suficiente para dizer “agora estamos no apocalipse, criaturas bizarras como robôs, vampiros, monstros cabeludos, fadas, mulheres com corpo de aranhas, ciclones e até mesmo estranhos e surreais pessoas cupcake existem“! E no mundo da The Behemoth, na onda do humor do estúdio, isso tudo é inacreditavelmente crível. O jogador aceita e fica aguardando o quão mais pirado o game vai ser pelas próximas horas em que você o jogar.
Um dos melhores pontos em Pit People é o retorno da voz de Will Stamper fazendo a narração do título. Quem? É a mesma figurinha que brilhantemente fez a narração de Battleblock Theater. Dê uma olhada no vídeo abaixo para entender melhor o timbre hilário que é a sua voz e o trabalho de gênio que o mesmo fez para o terceiro game do estúdio. É muito bom saber que Stamper estará de volta em Pit People. No beta já foi possível ouvir a sua voz em vários momentos.
Mas além dele, todo o game, ao menos neste beta, está sonoramente incrível. A trilha sonora contagia muito, com todo um clima de batalhas e festa quando se está na cidade que serve como um Hub (Quartel General) para o game. Todos os personagens falam, mas em ruídos e sons engraçados, que os tornam extremamente charmosos. E chega a ser impressionante o quão diferente um soa do outro, mesmo após horas e horas com vendo tantos personagens diferentes falando e conversando entre si.
Todo personagem é jogável!
Outro ponto muito bom, agora voltada as mecânicas do game, é a possibilidade de recrutar qualquer personagem de qualquer momento do game. Vou repetir, qualquer personagem pode ser recrutado para o time do jogador. É muito insano isso. Qualquer!
O jogo tem dezenas de personagens diferentes, inimigos de diversas classes, e ainda assim, qualquer um, a qualquer momento, pode ser recrutado e assim se tornar membro da sua equipe. Exemplo: precisa de um personagem de veneno? Vai no mapa, próximo aos pântanos, tu vai encontrar um lá. Derrote todo mundo e deixe por último aquele que você quer recrutar. Tenha um personagem de rede e um item de jaula e pronto, personagem capturado.
Em outro momento, lá estava eu fazendo uma missão secundária do game, e fico olhando ali esse personagem, um monstro peludo, com uma habilidade muito apelona de jogar os adversários longe no tabuleiro e fazê-los andar mais lentamente pelas casas em cada turno. A missão era derrotar todo mundo, em especial um personagem que não era esse monstro. Ali na hora, me decidi: quero esse personagem no meu time. O jogo me deixou capturá-lo? Sim! Derrotei todo mundo e peguei esse personagem (de uma missão secundária) para minha equipe.
Há um sentimento de Pokémon nesse sistema. Pegue todas as classes, teste diferentes personagens, armas e estratégias diferentes para os muitos tipos diferentes de personagens. E o mais legal é que até mesmo estes são customizáveis, podendo mudar a estética, as armas e ataques dos mesmos.
Personagens regulares, também mudam de aparência e classe. Tire a espada de um, dê um arco e flecha e pronto, há um arqueiro no time! Tire o arco e flecha, e lhe dê um escudo, ou uma rede de captura, um uma arma pesada. Há muitas possibilidades em Pit People, permitindo que cada jogador tenha um time único, com estratégias bizarras graças as bizarrices dos muitos personagens existentes no game.
E o bolinho humano Cupcake? É a classe de cura, alimentando toda a sua equipe, ou ao menos os próximos a ele em cada turno! Ao todo, o jogador pode ter entre seis ou cinco membros no time. Há personagens que ocupam dois slots de espaço, e normalmente é válido utilizá-lo e perder um membro extra no time.
Estratégia por turnos!
Pit People parece ter muito a oferecer. Gostaria de ter tido mais tempo para testá-lo ao longo dos dias do beta fechado no Xbox One. A verdade é que acabei não testando muito à fundo as funcionalidade online. Passei meu tempo no game passeando pelo imenso mapa e recrutando novos membros e fortalecendo meu time, já que além de tudo há um sistema de nível na qual o personagens sobem de level, ficando mais fortes e podendo equipar melhores itens.
O game tem uma maluquices excelentes no mapa por sinal, como o fato do urso espacial pegar a cidade principal do game, o Hub do jogador, e simplesmente mudar sua localidade no mapa. Isso muda tudo ao redor da área social do game. Novos caminhos, novos inimigos, e tudo no mapa é coberto por uma névoa, na qual o jogador não vê muito além de onde está indo ou andando.
Missões principais e secundárias são recrutadas nessa cidade principal, sendo que após isso cabe o jogador investigar o mapa principal e seguir a direção até o local, sendo que nunca se sabe se é longe ou próximo. Nesse meio tempo, outras missões e batalhas vão surgindo, de uma formas inesperadas.
E o game ainda tem um grau de dificuldade que não torna tudo tão mamão com açúcar. Perder algum membro da equipe em batalha faz com que esse membro tenha que retornar para a cidade, deixando a sua equipe desfalcada pelo resto da missão. Isso significa que o jogador precisa ter cuidado, pois nunca é fácil saber o grau de dificuldade dos inimigos que você pode encontrar pelo caminho. As vezes é preferível fugir ou desviar dos inimigos do mapa, do que batalhar contra todos.
Nem tudo também se resume a batalhar e vencer. Existem missões onde no combate é preciso cumprir algum objetivo ou proteger um personagem. Em outras, como fortalezas, os jogadores precisam detonar portões, barracas que liberam infinitos inimigos por turnos e tomar para si canhões. Elementos assim dão novas dinâmicas e ritmo as partidas, que podem sim ser bem demoradas.
As áreas de batalhas também se provaram bem diversificadas nesse beta. Com obstáculos no meio do campo de batalha que obrigam o jogador a repensar estratégias. Afunilar o inimigos, atacar pelas laterais, onde se posicionar e quais personagens mexer? Pit People não funciona de forma lógica ou automática, como normalmente encaro games de estratégia por turnos (aquelas na qual você apenas avança com tudo e ataca sempre).
As posições dos personagens importam aqui. Um arqueiro que não se mexe atira 4 flechas (se mexer atira apenas duas flechas). O Cupcake pode curar vários aliados, dependendo de onde ficar, mas morre fácil se ficar muito a frente, junto com outros personagens, pois os inimigos irão atacá-lo primeiro. Um personagem de escudo que se porte à frente de um aliado o protege com seu escudo automaticamente. Já um personagem que pode arremessar itens é mais eficaz se ficar a uma casa de distância do inimigo, pois pode o atordoar e fazê-lo perder seu turno, ainda que seja possível também coloca-lo para atacar diretamente um inimigo. O jogador controla em seu turno todo os personagens, posicionando onde cada um deve ficar ao final do turno, quando aí sim todos se movem ao mesmo tempo. E não tenha pressa, cabe ao jogador encerrar seu turno. Não há um relógio obrigando a ser rápido.
É para se aguardar com empolgação!
Não nego que quando Pit People mostrou suas mecânicas de gameplay pela primeira vez, o título havia me deixado com um pé atrás, sem saber o que pensar dele. O fato é que muitos esperam até hoje por um Castle Crashers 2. Eu mesmo não nego que adoraria se a The Behemoth resolvesse visitar seus primeiros projetos. Porém, após testar o beta de Pit People, posso dizer que estou confiante que o título terá o mesmo sucesso de tudo que o estúdio fez até hoje.
Trata-se de um game com charme, que é viciante, engraçado, criativo e original. Não é um gênero fácil das pessoas curtirem, mas ele está totalmente acessível, sendo fácil assimilar suas mecânicas básicas, enquanto também apresenta um esquema mais complexo para os veteranos do gênero.
Este talvez seja o primeiro game com uma forte pegada online da The Behemoth, já que até então o estúdio apenas trabalhou, e muito bem trabalhado, com games com modos cooperativos locais. Porém, ainda que com a opção de lutar online, o que agrega valor e replay ao game, é seu modo história, que parece insano e divertido o bastante para ser impossível dos jogadores não quererem ver como tudo vai terminar.
Ainda é cedo para atribuir uma nota a Pit People, especialmente por estas impressões terem sido baseadas apenas pelo beta do game, que ainda segue em desenvolvimento. Mas não duvido que quando o mesmo for lançado, o título receberá notas bem altas. Dignas de tudo que a The Behemoth andou desenvolvendo desde que surgiu em 2003. Que o game seja lançado logo!
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