Terminei há alguns dias atrás a leitura do segundo Henshin! Mangá, encadernado de volume único que contém os cinco mangás vencedores do Brazil Manga Awards, concurso de talentos promovido pela Editora JBC para descobrir e apresentar aos leitores brasileiro o potencial (adormecido e pouco creditado no mercado como um todo) de artistas brasileiros e suas respectivas obras em quadrinhos, ou neste caso, em mangás.
Antes de começar a falar sobre a segunda edição, acho válido voltar e comentar que o resultado da primeira edição se deu em 2014, junto com a publicação do primeiro Henshin! Mangá, na qual – relembrando – os ganhadores foram: Starmind de Toppera e Ryot, Entre Monstros e Deuses de Pedro Leonelli e Dharilya, [Re]Fabula de Nameru Hitsuji, Quack de Kaji Pato e Crishno: O Escolhido de Francis Ortolan e Lielson Zeni.
Dois anos depois, eis que saiu o resultado do segundo Brazil Manga Awards. Posso estar enganado, mas acredito que a intenção original da JBC seria promover este concurso anualmente. E se provou não ser um trabalho fácil organizar algo tão grande assim. O resultado é que acabou levando 2 anos para o segundo BMA ser finalizado. Vamos torcer para que logo seja aberto o terceiro Brazil Manga Awards, quem sabe para 2017, e que desta vez não leve tanto tempo assim ter seu resultado nas páginas de uma nova edição da Henshin! Mangá. Se não for possível finalizá-lo em um ano, quem sabe na próxima leve 1 ano e meio, e aí veremos o terceiro Henshin! Mangá no primeiro semestre de 2018. Não custa sonhar.
Os vencedores do segundo Brazil Mangá Awards, e que estão sendo publicados nesta nova edição em 2016, são: Maria de Fábio Ferreira, As Loucas Aventuras de Joy Comet de João Eddie, Träumen de Oro8oro, Chuva de Meteoros de Rafael Brindo e Escarra Brasa – O Cangaceiro Gentil de Rafa Santos e Wagner Araújo.
— Além dos cinco ganhadores, a edição também lista os que ficaram entre o 6º ao 12º lugar na escolha dos jurados. Eis os quase ganhadores nas imagens abaixo.
Antes de descrever e dar a opinião acerca de cada uma das obras selecionadas para este BMA preciso apenas comentar a respeito da edição física deste mangá. Esta edição chega as bancas do Brasil custando R$ 12,90, um preço bem honesto para suas quase 180 páginas. Dois anos depois do primeiro volume, chegou custando apenas um real a mais. Bom preço (e já dá para achar a edição com um descontinho).
Porém o que não ficou bom desta vez foi o cuidado gráfico da revista. A JBC seguiu o mesmo padrão do volume de 2014, mantendo o tradicional papel jornal aqui, mas não sei o que aconteceu, mas eita papel fedido. O odor do papel jornal nesta edição realmente me incomodou, algo que me fez ir tirar da prateleira a edição de 2014 só para cheirar e ver se estava exagerando aqui. Não estou. Soma-se isso uma impressão bem carregada no papel, daquelas que seus dedos ficam sujos após um tempo folheando e lendo a revista. E a transparência aqui não ajudou muito, pois há várias páginas onde o preto carregado vaza para o verso da mesma página. (isso fica bem claro em algumas das fotos tiradas e publicadas em nosso Instagram – veja mais abaixo)
Assim, eu entendo que seja um título que precisa de um orçamento amigável. Que não deve vender tanto quanto os mangás japoneses de sucesso da casa, e que até a tiragem precisa ser mais humilde (a edição de 2014 até hoje por ser encontrado para venda em lojas online), mas ainda assim é um trabalho de gráfica bem aquém de todo resto que a editora vem publicando hoje em dia, e até mesmo inferior a versão de 2014, que também já tinha esse trabalho com a parte gráfica e papel bem mais humilde do que os títulos da época. Se há uma crítica que vale a ser feito aqui é esta.
Eu torço muito para que se houver um próximo BMA e um terceiro Henshin! Mangá, que a editora consiga melhorar o aspecto gráfico do título. Os ganhadores e os leitores que apoiam esse evento merecem algo um pouquinho mais caprichado, menos mal cheiroso e menos dedos sujos de tinta gráfica de jornal. Por favor JBC, pense nisso!
Claro que dos males o menor, pois mesmo assim, este é um título na qual vale a pena apoiar. E quando digo apoiar, quero dizer comprar mesmo. Que os leitores deem valor ao talento nacional, ao que é possível fazer e produzir nacionalmente. A editora fez sua parte, promoveu, procurou, selecionou obras e talentos nacionais e publicou. Agora resta os leitores fazerem sua parte, adquirir a edição e também opinarem se gostaram e se querem mais investimentos disso aqui no Brasil. O BMA é um evento que precisa de barulho, precisa de divulgação e precisa das pessoas dizendo o que acharam das obras selecionadas. Isso não faz com que a gente seja contra o material estrangeiro, não se preocupe com isso.
O mercado de quadrinhos independente tem melhorado nestes últimos anos, mas não significa que não sinta falta de ver muito mais obras nacionais recebendo espaço e atenção. Quadrinhos feito por pessoas que possuem capacidade para serem brilhantes, e que por vezes que encontram empecilhos em nosso mercado para terem seus trabalhos publicados por aqui. Não é surpresa que muitos desenhistas e roteiristas de sucesso acabam indo trabalhar lá fora, e isso é mal para o nosso mercado, que poderia estar apoiando essa galera. Por isso, ajude e apoie a produção nacional sempre que puder. E se você for fã de mangás, apoie a Henshin! Mangá. Isso é importante.
Por fim, uma última observação antes de comentar individualmente cada título. E antes de dizer, quero lembrar que esta é uma opinião baseada apenas levando em consideração as cinco obras ganhadores deste BMA, selecionadas pelo júri montado pela JBC. Bem, o caso é que no geral tanto ao próximo júri da JBC, quanto os artistas que participarem dos próximos BMA, todo mundo deveria reavaliar essa ideia de que as obras selecionadas precisarem soar como capítulos zero de títulos que poderiam ganhar um serialização. Explico melhor.
Digo isso pensando no excelente The Wedding Eve, que acabei lendo um pouco antes desse Henshin! Mangá e que trata-se de uma coletânea de curtas, todas de um mesmo autor. São curtas que não apresentam a proposta de serem algo além do que são. São histórias fechadas, com uma finalidade e propósito, tal como um One-Shot mesmo. Tudo bem, eu sei que é injusto a comparação com um mangá e autor premiado lá no Japão. Só estou dizendo que um conto curto é muito mais rico, muito mais incrível, se ele não soar como uma espécie de prequel para algo que precisa virar uma série para fechar todos seus detalhes. E isso acontece demais nos ganhadores desse BMA. A sensação de que estou lendo apenas as 15 ou 20 primeiras páginas de uma série que teriam que ter mais 80 ou 200 páginas para me sentir saciado é meio decepcionante.
Claro que há o revés, afinal as obras parecem visar um público mais jovem e às vezes até infantil. Nesse ponto, elas enchem os olhos desse público. Personagens chamativos, ganchos para mais histórias, piadas e bom humor em todas, várias referências aos mangás japoneses etc. Talvez as obras deste BMA podem não ter a cara de One-Shots, mas certamente parecem ter o propósito desejado pelos idealizadores do concurso.
É óbvio que se dos 5 ganhadores, todos ganhassem novas revistas, na qual suas obras pudessem continuar sendo exploradas, tal como Quack e Starmind tiveram a chance após o BMA de 2014, seria excelente. Mas a gente sabe que não é bem assim. Tanto que o Arnaldo Oka, um dos membros do júri desse BMA é um dos críticos mais duros da edição nesse ponto, sempre questionando a necessidade de tantas pontas soltas e lacunas nas obras. Se é para as obras serem contos curtos e fechados, eles não precisa ter essa fórmula do “este é apenas o começo”. Acho que as obras precisariam aqui precisariam pensar menor, elas não podem ser apenas o pontapé inicial. E mesmo que você diga que não são, elas são. Os autores apenas conseguem fechar a ideia principal em cada uma, dando um fim a uma das propostas presente nas tramas, mas não significa que aquela obra acaba ali. E isso me incomodou um pouco desta vez. Exceto por uma (Träumen), mas já falo dela.
Maria
de Fábio Ferreira
A edição abre com uma arte conhecida. Fábio Ferreira é também o desenhista do mangá Super, lá do Portal Lamen. Gosto do traço dele, então me senti confortável lendo seu mangá vencedor deste BMA. Maria conta a história dessa personagem que dá nome a obra, que vem de uma família de sete irmãos, sendo ela a caçula.
Maria brinca um pouco com o folclore nacional, sem ser explícito, o que significa que a história não perde tempo explicando suas referências. Por exemplo, Maria é uma “lobisomem” porque é justamente a sétima filha, tal qual dizem algumas das lendas do mito do lobisomem. Só que ela é um lobisomem invertido, o que significa que ela é meio lobo todo o tempo e apenas nas noites de lua cheia é que fica na forma humana completa.
O mangá não fica apenas nessa referência, utilizando outros termos e até mesmo criando uma vilã também baseada no nosso folclore. Maria vai representar o bem, a força da vida e da luz, enquanto a vilã as trevas, a morte, tudo que é ruim. Nesse ponto a obra do Fábio é bem simples, sem criar áreas cinzas em torno do confronto.
A minha crítica fica justamente nesse caldeirão de referências. Maria é protetora da vila, uma entidade ruim chega para arruinar a vida de todos e cabe a Maria derrotá-la. E é isso. A história até traz algumas reflexões, como o sonho da Maria de ser desenhista, além da vontade dos irmãos de protegê-la (e bom trabalho do Fábio em dar personalidade a todos eles), mas no fim fica tudo por isso mesmo.
Não é exatamente uma história original. Maria basicamente segue a fórmula de todo shonen do tipo Dragon Ball – Akira Toriyama, aliás, parece influenciar quase todas as obras desse segundo BMA -, sendo que o atrativo da obra são suas referências ao folclore nacional (sem se tornar algo educativo, ainda que tenha sentido falta de um pouquinho de contexto) e o bom traço do autor.
Há humor, há batalhas, há referências. Mas está dentro do que considero como uma jogada de segurança. Não há uma tentativa de ir além do básico. Certamente Maria merece estar entre os finalistas, mas não significa que o título esteja perfeito. A própria crítica dos jurados ao final do conto menciona tal fato.
Para encerrar, um aspecto que gostei foi a forma como o autor encontrou para a batalha presente na história funcionar, pois já que Maria é um lobo, nada mais justo do que utilizar seu fôlego e sopro como uma técnica de combate. Ficou muito legal essa ideia.
As Loucas Aventuras de Joy Comet
de João Eddie
Para esta edição do BMA, tenho dois mangás preferidos que me chamaram bastante a atenção, e que se virasse uma série ou ganhasse mais histórias, certamente gostaria de acompanhar. As Loucas Aventuras de Joy Comet é um destes mangás.
O mangá apresenta uma espécie de sátira espacial, utilizando metalinguagem e muito humor para criar uma patrulheira especial chamada Joy Comet e seu parceiro, o Gatinho, para viver boas humoradas missões espaciais. Humor nonsense e absurdo. Exatamente o meu tipo de humor.
Mesmo sendo uma das obras que mais curti, também vejo alguns probleminhas. A metalinguagem, ou seja, a personagem falar com o leitor, com o autor do mangá, faz referências sobre técnicas de se contar uma história tudo isso se faz presente na obra, mas o tom acaba saindo um pouco exagerado. O autor precisa aprender a dosar um pouco isso, pois há uma ou duas ocasiões na qual esse tipo de situação acaba quebrando o ritmo da história.
Também é um tipo de obra na qual a história da vez, a missão do dia, pode ou não impactar negativamente a obra. Para este BMA o autor não se preocupou em contar ao leitor quem é Joy Comet. De onde ela veio? Por que é uma patrulheira espacial? Quem é o Gatinho? Etc. Dito isso, acho que a aventura no mundo do feijão é fraca. Não é ruim, mas claramente há um potencial aqui que ainda não foi totalmente explorado.
Os jurados também criticam ao final da história o traço. Eis que também concordo. Há algumas páginas e quadros que não me agradaram. O visual do Gatinho, se fosse possível, faria um novo redesign, pois há muitos ângulos e enquadramentos bizarros com o personagem. Porém o autor demonstra capacidade no traço, especialmente no capricho dado as cenas com a Joy, que sabe ser sensual, sem ser explícito ou ofensivo. Há uma vibe de Penélope Charmosa com Jessica Rabbit na personagem.
É um título que poderia ter uma revista e novas histórias. Pela estrutura apresentada pelo autor, Joy Comet é uma série que poderia estar em uma animação do Cartoon Network que a criançada iria adorar.
Uma última coisa: provavelmente Joy Comet tem o melhor final de todos os cinco vencedores deste BMA. Adorei. Me pegou de surpresa. Achei inesperado. Parabéns ao autor pela ótima ideia.
Träumen
de Oro8oro
No ranking dos prediletos, ganhando um tantinho só de Joy Comet (vide acima) há Träumen. De todos os cinco finalistas, foi a obra que mais achei condizente com a proposta de ser um One-Shot. Não dá nem para dizer exatamente sobre o que a obra trata. Há esse protagonista que tem um sonho (bem bobo), mas que vê sua vida virada de ponta cabeça ao derrotar um monstro que estava a atrapalhando este seu sonho. Se eu contar mais do que isso, o mangá perde a graça para quem for ler.
É interessante que Träumen não é necessariamente o capítulo zero do que pode vir a se tornar uma série. A obra funciona por si só, sem mais sequência ou continuações. Ela satisfaz o leitor por completo. É aquilo que comentei mais acima de quando li The Wedding Eve. A história é sobre um evento, um momento, e pronto. Não precisa ser mais do que isso.
Só que ao contrário da melancolia de The Wedding Eve, Träumen aposta na ironia e no bom humor para ser divertido. O final, assim como em Joy Comet, é inesperado, porém é um pouquinho fraco. Não sei o que faltou ali. O autor teve uma boa sacada, mas fiquei com a impressão de que a história daquele personagem em si não precisava ter terminado exatamente dessa forma. Talvez tenha faltado mais uma piada ainda mais absurda para fechar a trama.
Gostei do traço do autor, gostei do fato do mangá ter poucos diálogos, gostei da simplicidade proposital. Gostaria de ver mais histórias desse ganhador. Não necessariamente no universo de Träumen, mas nessa pegada minimalista com bom humor.
Chuva de Meteoros
de Rafael Brindo
Chuva de Meteoros não ficou entre os meus favoritos deste BMA, mas certamente soube chamar a minha atenção. Dentro os finalistas, ele por diversos elementos não me lembrou exatamente um mangá. O traço estilizado do autor lembra mais o formato do quadrinho independente nacional, realmente bem estilizado, porém com traço firme e grossas linhas pretas. Se estivesse totalmente colorido me pareceria um storyboard para uma animação na TV.
Os protagonistas também me lembraram de alguns personagens dos meus dias de criança em frente a televisão, em particular de Animaniacs (no segmento do menino arteiro e o cachorro que faz de tudo para protegê-lo) e de Tiny Toons (a energética Felícia). Mas a temática de guerra, ou do soldado arrependido, me lembrou um pouco daquele humor inocente do Recruta Zero. Fora que há o clássico “cachorro falante”, lá da era de ouro da Hanna-Barbera, com Scooby-Doo e tantos outros semelhantes. Sei que de todos os títulos presentes nesse BMA, achei que Chuva de Meteoros foi o que mais arriscou ser um ponto fora da curva. E que bom que fez isso.
Só lamento a questão da narrativa, pois o autor tenta criar um valor sentimental a situação criada ao final do mangá, mas que não funciona muito bem (os jurados também comentam isso). A narrativa precisaria mudar certos eventos ou talvez ter mais páginas. Há um foco maior do que necessário na menina e no cachorro, enquanto tanto o soldado quanto a mãe da menina ficam perdidos na trama.
Sei que a trama precisaria de um clímax que a destacasse dos demais concorrentes do concurso, então há toda a cena do foguete. Entendo a necessidade da ação aqui, mas foi justamente a cena na qual achei mais desnecessária da história. Gosto da ideia da menina ter super força, gosto da ideia do cachorro falar (e não precisa explicar porque isso ocorre), mas a transformá-la em uma espécie de Goku de saias não me agradou muito. Mas é como disse mais acima, esse BMA veio com uma pegada muito forte da influência de Dragon Ball e isso acaba cansando um pouco o leitor que busca por algo diferente, fora da curva do esperado.
Chuva de Meteoros não me impressionou como alguns dos outros vencedores conseguiram fazer, entretanto é um mangá bem competente, com uma boa ideia e dois protagonistas realmente simpáticos. Poderia ter novas histórias, mas eu preferia que a história fosse reformulada, sem que a menina fosse tão forte (ou quem sabe alguma outra habilidade menos clichê?). É uma obra que daria muito bem se soubesse ter uma pegada no ritmo de um Goonies e Scooby-Doo, sem apelar demais para os clichês do protagonista com força sobre humana.
Poderia manter o clima de tempos de guerra, de soldados e das reflexões em torno disso, mas acho que o valor melancólico, as vezes sério demais que esse tema traz criaria um contraste bem estranho com as aventuras uma menina e seu cachorro falante. Funcionou aqui, mas será que funcionaria sempre? Não sei.
Escarra Brasa – O Cangaceiro Gentil
de Rafa Santos e Wagner Araújo
Por último, mas não menos importante, há Escarra Brasa – O Cangaceiro Gentil. Talvez um dos mangás mais estranhos da edição. Para os jurados parece ter sido um dos favoritos deste segundo BMA. Já eu, não gostei muito.
É sempre complicado ser cricri com obras nacionais. Fica parecendo birra ou picuinha. Mas não acho que seja realmente isso. Vou me explicar. Antes de cada título, os autores puderam escrever algumas palavras em relação a sua obra e eis que neste caso eles comentam que pesquisaram bastante sobre o Cangaço e os cangaceiros para produzirem este mangá. Mas onde é que essa pesquisa está devidamente refletida na obra?
Quer dizer, muito pouco se fala sobre cangaceiros ou qualquer contexto histórico a respeito. A história se passa em qualquer lugar. Parece um sertão, mas não há período histórico, não há referência de localidade. Os bandidos são bandidos, a mocinha em apuros é apenas uma mocinha em apuros, e protagonista é um cangaceiro, mas ele poderia ser um pirata, um líder de bando de motoqueiros, um gangster, um cara mal qualquer, que a história funcionaria de qualquer forma, não?
Parece que há uma skin de cangaceiro na obra que poderia ser trocada por qualquer outra coisa. E isso achei bem ruim. E essa é a minha maior crítica em relação a Escarra Brasa. O mangá conta a história desse cangaceiro realmente mal, que após um certo evento, desaparece por 10 anos.
E agora que ele voltou os leitores ficam sabendo o porque ele sumiu e porque ele não consegue mais se “do mal”. A história é até bacana no sentido de criar regras e fórmulas na qual o protagonista anti-herói não poder agir como bem quiser. Só que é mais um título que parece um capítulo zero. A trama começa aqui, mas não conclui direito sua ideia. Funciona como uma premissa.
Vale os elogios ao traço aqui, pois o responsável fugiu de um estilo infantojuvenil. Escarra Brasa lembra quadrinhos adultos independente. Me remeteu ao traço de Angeli quando ele fazia histórias grandes lá na revista Chiclete com Banana nos anos 80. Há uma cena realmente boa de violência ao final da história.
Dá para ver que Escarra Brasa é um título com um potencial. Se virasse uma série, aí sim os autores poderiam explorar o cangaço, o personagem, as premissas criadas aqui. É um título que cairia muito bem se pudesse virar série regular na internet, como no Portal Lamen, por exemplo. Poderia agradar um público bem específico, e isso seria interessante de se ver.
Acabou, mas que venha mais!
E assim encerro as impressões dessa edição do Henshin! Mangá 2016. Espero que os fãs de mangá possam dar uma chance ao título. Dá para comprar a edição 2014 e a de 2016 online e pagar um único frete. Comprem, apoiem e opinem sobre cada uma das obras pela internet. Certamente os ganhadores querem saber o que as pessoas acharam de suas obras. Tanto as críticas quanto os elogios. Por fim, fica meu desejo para que o terceiro Brazil Mangá Awards aconteça logo e que não demore mais dois anos pelo próximo Henshin! Mangá Vol. 3!
É isso!